v i n t e e n o v e
Te encontrei quando seu coração estava quebrado
Eu enchi seu copo até transbordar
Fui tão longe para mantê-lo perto (mantê-lo perto)
Eu estava com medo de deixá-lo sozinho.
— Without me - Helsey
Aconselho ler ouvindo a música
Chloe
As ruas que passam rapidamente pela janela do carro não são familiares para mim. A estrada some dando lugar às árvores de copas altas, dando um ar de floresta. Não faço ideia de onde Adrian está nos levando, mas visivelmente é algum lugar no meio do mato. Fico um pouco apreensiva, mas ignoro, pois confio nele. Ele dirige mais um pouco, até passar por uma clareira, e subir uma espécie de pedra alta. O carro desacelera aos poucos, e finalmente chegamos no centro do local, parando completamente. Os faróis do carro iluminam o pouco do local.
Sinto os olhos de Adrian sobre mim, mas apenas consigo olhar em volta e encarar o espetáculo prestes a se iniciar a minha frente. Entreabro a boca levemente, encantada com a visão. Sigo o olhar pela paisagem de fora, até parar os olhos em Adrian, que tem o semblante sério.
Sem dizer uma palavra, ele abre a porta e desce do carro, deixando-a aberta, e logo em seguida vindo para o lado do passageiro abrir a minha, fazendo a mesma coisa. Assim que coloco os pés no chão de pedra e grama, olho em volta novamente. As árvores altas e escuras complementam o cenário perfeito de um filme de terror. Porém, a vista de frente para a floresta escura contradiz totalmente o ar aterrorizante. A paisagem bucólica traz um ar silencioso e calmante imediatamente.
Coloco as mãos nos bolsos de traz da calça e caminho para a ponta da pedra, encarando a cidade luminosa abaixo de mim. Vários pontos de luz se acendem na minha frente, criando algo diferente de qualquer ponto de vista que eu já poderia ter tido. O céu acima é a parte mais espetacular. O sol prestes a se pôr, para dar lugar a noite. Olho o infinito céu como se estivesse vendo uma pintura em algum museu. Pintado com cores quentes junto a tons pastéis em vários tons de laranja, amarelo, rosa, lilás e azul, limpo de nuvens. Apenas a grande esfera quente protagonizando o cenário de cores suaves.
Sinto a mão quente de Adrian tocar a minha cintura, e olho em sua direção.
— Adrian, isso é.... - tento buscar a melhor palavra para expressar o quão encantada estou - Eu não sei nem o que dizer. - completo, por fim.
Ele abre um sorriso tímido e encara o cenário a nossa frente.
— Eu venho aqui quando sinto que carrego o mundo nas costas, e poder me sentir melhor, vendo tudo de cima. Isso... Me traz paz, Chloe. - seus olhos voltam para mim. Seu tom âmbar fica mais amarelado com a luz do sol projetada em seu belo rosto. Adrian estava mais bonito do que nunca. - Desde a morte da minha mãe eu sinto que carrego várias coisas nos ombros, e me sinto pressionado em todos os sentidos. Percebi, a uns dias atrás, finalmente, que eu não conseguiria fazer outra coisa se não o basquete. Eu amo o esporte, e me sinto livre nas quadras, apesar de estar sob o orgulho do meu pai. - Ele respira fundo e quando solta o ar, conclui - Eu me sinto perdido.
Encaro seu semblante que se contorce em uma careta adorável de confusão. Abro um meio sorriso tranquilizador e me aproximo. Vejo a sombra do seu maxilar ser trincado pelos seus dentes e sua expressão forte e dura tomar conta do seu rosto. Coloco a mão direita na sua bochecha e a acaricio levemente com o polegar. Adrian fecha os olhos, suavizando sua expressão.
— Você é a pessoa mais forte que eu conheço, Adrian. Não importa a sua escolha, saiba de duas coisas: escolha o que o seu coração mandar e saiba que eu vou te apoiar independente de qual seja ela - digo em voz baixa próxima do seu rosto, para que ele note a seriedade em minhas palavras.
Ele aperta os olhos, fechados, e vejo uma lágrima descer pelo lado direito do seu rosto, e isso me quebra. Fecho o espaço entre nós e o abraço forte pelo pescoço. Sinto imediatamente seus braços abraçarem forte o meu corpo pela cintura e enterrando o rosto no meu pescoço. O silêncio do local reina, porém permite que eu escute os primeiros soluços de Adrian. Ele chora silenciosamente nos meus cabelos e sinto que suas lágrimas começam a molhar a minha pele, e não poderia me sentir mais segura com essa sensação. A sensação de pertencer a alguém, a sensação boa de ser o porto seguro dele. O abraço mais forte, e ele faz o mesmo.
— Eu amo você. - ouço a sua voz abafada dizer baixinho. E eu sorrio, mesmo ele não podendo ver. Me aconchego mais ao seu corpo e beijo levemente o seu pescoço, acariciando os seus cabelos.
— E eu amo você. - digo a maior verdade da minha vida.
Viro o rosto para a paisagem especial ao nosso lado, e vejo o sol diminuindo aos poucos. A sensação boa de ter o corpo de Adrian colado ao meu em um lugar que me trouxe paz assim que coloquei os pés mexe com alguma coisa dentro de mim. Como se me fosse familiar. Como se tivesse me conectado com toda a sensação que o lugar proporciona. Sorrio quando sinto beijos delicados sendo plantados na minha nuca pelos seus lábios macios. Fecho os olhos quando sinto o sol iluminar diretamente onde nós dois estamos, criando o momento perfeito.
Ele tira o rosto delicadamente do meu pescoço e eu faço o mesmo. Continuamos abraçados quando sem dizer nada, ele aproxima o rosto do meu e me beija. A princípio, ele apenas junta os nossos lábios, sem se mover, apenas apreciando o contato. Meus dedos acariciam a sua nuca, raspando as unhas levemente, o que impulsiona Adrian a mover os lábios sobre os meus. Ele adentra a minha boca com a sua língua, e a sensação já conhecida me invade. Seu sabor se mesclando com o meu, a sua língua quente em contato com a minha. Seu nariz perfeito molhado raspando levemente na minha bochecha me causa arrepios.
Ficamos segundos, minutos, eu não saberia dizer, apreciando o momento silencioso e inesquecível, até afastarmos nossas bocas, e colar nossas testas uma na outra.
Assim que abro os meus olhos, sinto que estou com um sorriso no rosto e ao olhar na direção de Adrian, vejo as duas esferas amareladas mais brilhantes do que nunca, iluminada pelos últimos raios do sol, me encarando, também com um sorriso aberto no rosto.
— Nosso lugar preferido, agora. — digo, quebrando o silêncio.
Ele leva a mão a minha bochecha, por baixo dos cabelos que caíam no meu rosto, e a segura firme.
— Fico feliz que tenha gostado.
— Eu não gostei, Adrian. Não tem como apenas gostar desse lugar. Eu simplesmente estou apaixonada. - desencosto minha testa da dele, e encaro o sol menor do que a minutos atrás. As cores, antes pastéis, se intensificaram, ficando mais vibrantes. Um traço amarelo e laranja cortam o céu rosa.
Adrian gruda a lateral do rosto no meu, e me abraça mais forte, olhando na mesma direção que eu. A cidade fica cada vez mais iluminada ao mesmo tempo que o céu vai escurecendo aos poucos.
— Eu vejo você no meu futuro, Chloe. E isso é uma das coisas mais sérias que eu já te disse. Eu vejo nós dois conquistando os nossos sonhos juntos, passando pela nossa vida confusa juntos, e encarando os problemas com um sorriso cúmplice no rosto, e as mãos dadas, prontos para qualquer desafio. Eu vejo isso. - confessa.
— Eu também. - apenas concordo, porque tudo o que ele acabou de dizer é exatamente o que estava guardado dentro de mim. Eu me vejo na vida de Adrian, e vejo ele na minha. Os dois completos, somando e nos amando.
Ele se afasta de mim, e imediatamente sinto o vento gelado passar pelo meu corpo. Ele vai até o carro e pega alguma coisa. Vejo quando volta com uma câmera fotográfica em mãos.
— Vamos registrar o momento. - diz ele, feliz.
Eu amava vê-lo feliz. Ele já tinha sofrido o suficiente para um garoto de 17 anos. E tido pouco amor na vida. E eu me sentia no dever de dar todo o amor que ele merecia, e não seria tão difícil fazer isso.
Sorrio genuinamente para a sua lente quando ele mira em mim, com a cidade atrás. Como se planejado, o vento bate nos meus cabelos no mesmo momento que o gesto é registrado. Tiro os fios do rosto, e mais um click da câmera.
Adrian para na minha frente, bem próximo de mim e mira a câmera a poucos centímetros do meu rosto.
— Seus olhos são tão lindos. Você não tem noção de como ficam lindos quando você sorrir. - Ele diz com a expressão mais sexy de todos, atrás da câmera. Com um olho fechado e outro aberto, e a câmera próxima do próprio rosto. Sua confissão me faz sorrir, e é exatamente quando ele registra mais uma vez.
— Tudo bem, agora sou eu. - pego a câmera e a posiciono em mãos da mesma forma que ele estava. Eu tinha experiência com câmeras, mas fazia tempo que não pegava em uma.
— Você...
— Sim, eu sei o que eu estou fazendo. - interrompo.
Ele levanta as mãos na altura dos ombros e sorri. Não perco tempo e capto pela câmera, o gesto.
Ele passa as mãos pelos cabelos e tiro mais uma. Tiro outra de corpo inteiro, e mais uma da mesma forma que ele tirou próxima ao meu rosto. Me junto a ele e viro a lente para nós dois, e congelo o momento pela câmera. Ele, sorrindo, puxa o meu rosto na direção do seu, segurando dos dois lados e me beija, e imediatamente fotografo.
O sol se põe por inteiro, dando lugar ao céu azul escuro. Aquele momento se eternizou completamente na minha memória, as cores do céu, as luzes da cidade iluminando por toda a extensão que nossos olhos podiam alcançar, as árvores altas, tudo.
Ele pega a minha mão, e vamos em direção ao carro, que com os faróis ligados na nossa direção nos cega por um instante. Entramos no carro, e eu ainda não consigo parar de encarar todo o cenário a minha frente e de reviver tudo o que aconteceu a minutos atrás.
Adrian e eu nos encaramos com um sorriso no rosto, e com o coração mais leve de ambos, saímos daquele que se tornou o meu lugar especial.
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