t r e z e
Adrian
(6 anos antes)
- Mãe, o que namorados fazem?
Minha mãe está na cozinha preparando o almoço, como sempre faz e eu me sento no banco em frente a bancada da cozinha.
- Por quê quer saber, Adrian? — Ela estreita os olhos na minha direção.
- Porque eu estou lendo um livro onde o garoto fala que quer uma namorada.
- Que livro é esse?
- Peguei na Libélula na sessão de romances. Nunca tinha lido um antes e fiquei curioso.
Ela ri levemente e desliga o fogo.
- Bom, namorados são duas pessoas que se conhecem, têm algo em comum, e se amam. Não é nada de outro mundo, filho, mas isso é uma coisa que você vai entender mais pra frente.
- Você já teve um namorado?
- Sim, seu pai e eu namoramos por um tempo, nos casamos, e tivemos você. — Ela abre um sorriso doce pra mim.
- Eu também vou ter uma namorada um dia?
- Claro que sim, amor. Você é um garoto lindo, esperto, inteligente, e tenho certeza que vai encontrar alguém que te mereça.
- Me mereça?
- Sim. Quando você encontrar a pessoa certa, você vai sentir algo tão bom que não vai querer ficar longe dela. E ela vai sentir o mesmo por você, se te merecer. É isso que namorados são.
- Entendi. Hoje é macarrão? — Me viro para a panela no fogão e sinto o cheiro da massa.
- Sim, Adrian, macarrão com almôndegas, as suas preferidas. — Ela ri.
- Eba! Já posso comer?
- Pode, mas antes vá lavar as mãos e chame seu pai no escritório dele.
- Ok.
Subo as escadas e corro para o meu quarto. Lavo as mãos, e vou para o escritório do meu pai.
Bato na porta e abro.
- Pai, a mamãe pediu pra te chamar.
- Já vou. — Murmura e não olha para mim em nenhum momento. Dou de ombros mesmo ele não vendo e fecho a porta.
Volto para a cozinha, sento na mesa, e começo a comer o prato a minha frente.
- Está gostoso? — Pergunta minha mãe.
- Muito bom! — Digo com a boca cheia e sem tirar os olhos do meu prato.
Ela ri e começa a comer também, e nem sinal do meu pai durante todo o silencioso almoço.
(...)
Assim que terminei o almoço, fui para o meu quarto ler. Peguei o livro de romance que estava lendo e me sentei na minha cama. Eu achava aquilo meloso demais. Eu nunca teria uma namorada, elas não vão acrescentar em nada na minha vida como jogador de basquete. Meu pai sempre diz que qualquer coisa fora do basquete pode me atrapalhar, então evito. Minha professora de idioma disse que tenho talento para inventar histórias, e que minhas ideias são muito criativas e boas. Minha mãe gostou muito de ouvir isso, e me elogiou, mas meu pai brigou comigo e disse que não me quer criativo, mas que eu tenha capacidade de correr mais rápido. Ao mesmo tempo que ele me trata como uma criança, ele me obriga a enxergar coisas muito complexas e às vezes eu não entendo.
Meu pai nunca levantou a mão pra mim, mas me põe sempre de castigo, e sempre tira meus livros, então tento fazer sempre o que ele me manda fazer.
- Adrian. — Olho em direção à porta do meu quarto e vejo meu pai em pé. — Vá correr um pouco, porque amanhã nós temos um jantar de negócios para ir, e você não poderá treinar.
Dito isso, ele sai e fecha a porta. Suspiro para o meu livro e para o cara apaixonado e o fecho indo fazer o que meu pai me mandou fazer.
Capítulo duplo pra compensar o anterior. Essa fase está mais curtinha porque é necessário, como eu disse, mas não se acostumem com capítulos seguidos porque tem que ter aquele gostinho, né? Haha💕
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