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Adrian
5 anos antes
- Adrian, sua mãe quer falar com você. — Ouço meu pai dizer enquanto estou com os olhos grudados em um livro que minha mãe me deu.
Não olho pra ele quando me levanto e vou em direção ao quarto em que ela está há uma semana, depois que seu estado piorou.
Dou uma batida na porta e entro. Ela me olha e abre um sorriso amplo , mesmo estando com vários fios no braço. Mesmo estando doente, ela ainda quer me passar a sensação que está feliz. Ela parece feliz. Mas não tenho a cabeça de uma criança de 12 anos pra pensar que ela está mesmo feliz. Meu pai me explicou tudo, e disse que ela vai morrer, e que era para eu me despedir. Por esse motivo eu não abro o mesmo sorriso que ela.
- Adrian, amor, venha aqui. — Ela está sentada na cama apoiada em travesseiros e me chama com o braço sem fios.
Ando em sua direção segurando o livro em minha mão com força. Subo na cama e me sento ao lado dela.
- Me conta, o que achou do livro que eu te dei?
- Legal.
- Só legal? Me conta a história, quero saber. — Diz com interesse nos olhos.
- É sobre zumbis. Você não quer falar sobre zumbis antes de morrer.
O sorriso em seus lábios vacila quando digo isso. Ela desvia o olhar para um ponto na cama, mas logo olha para mim de novo.
- Adrian, quero te dizer uma coisa que você deve levar pra sempre na sua vida.
A encaro esperando o que ela tem pra me dizer.
- Eu sei como o seu pai é com você, e o futuro que ele planejou desde que você nasceu. Mas nunca deixe de lutar pelo que te faz feliz, e tenha pessoas corajosas e gentis ao seu lado sempre. — Nesse momento, algumas lágrimas escorrem pelo seu rosto e faço a única coisa que deveria fazer nesse momento. A abraço.
Ela soluça mais alto no meu pescoço, e me dá um beijo na cabeça.
- Agora vai, que seu pai deve estar te esperando para ir.
Saio da cama e me viro para ela. Coloco o meu livro no seu colo e abro um sorriso grande.
- Talvez você não queira falar sobre zumbis, mas a história é legal. Se você ainda tiver tempo, leia ele se quiser.
Ela abre um sorriso em meio ao choro e segura o livro em suas mãos e leva ao peito.
- Vou sim, meu amor. Nunca se esqueça que eu te amo, para sempre.
- Também te amo para sempre.
Me viro para a saída e saio do quarto, fechando a porta atrás de mim. Meu pai está em pé ao telefone e assim que me vê, acena pra mim e sai na frente.
Continuo com o sorriso no rosto porque de alguma maneira, sei que foi o único sorriso verdadeiro que já dei pra alguém que eu amo e que foi recíproco.
Vontade de pegar o Adrian e colocar em um potinho, sim ou com certeza?
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