d e z o i t o
Chloe
Assim que chego em casa, sou recebida pelo meu pai, que se preocupa de imediato por me ver mancando um pouco, e por chegar cedo em casa. Pelo acidente no treinamento, fui liberada mais cedo, mas me demorei um pouco por causa do momento com Adrian. Deus, isso era loucura. Eu estava tentando processar ainda tudo o que aconteceu há poucos minutos atrás. Uma coisa eu não podia negar. Ele era totalmente diferente do garoto que eu imaginava que ele era. Bem, não tão diferente assim, já que o encontrei em uma festa, bebendo, e com uma garota a tiracolo. Mas eu percebi nesse pouco tempo de convivência, que ele esconde coisas que não quer que ninguém saiba. Acho que todos nós temos.
- Filha, o que aconteceu? Está machucada? Precisa de ajuda? Por quê saiu cedo da escola? — Assim que chego na sala, meu pai me bombardeia com perguntas e com um semblante preocupado.
- Está tudo bem, pai. Não foi nada, só caí e machuquei o pé, mas nada grave. — O tranquilizo. Isso o faz ficar mais aliviado.
- Precisa de gelo, ou alguma coisa?
- Gelo seria ótimo, obrigada. — Resmungo enquanto me jogo no sofá e tiro os tênis.
Ele volta com um saco de gelo nas mãos e me entrega. Aceno em agradecimento e coloco no ponto dolorido.
- Melhor? — Pergunta.
- Sim, bem melhor.
- Que bom. Tenho que ir para o trabalho, você vai ficar bem sozinha?
- Sim, vou, pode ir, e bom trabalho.
- Obrigado, filha. Não se esforce tanto.
- Vou ficar bem. — Sorrio em sua direção.
Ele acena e vai embora. Fico alguns minutos com o gelo no tornozelo até ouvir um toque no celular. Zoe.
Zoe: Sua doida, o que aconteceu?
Zoe: Você está bem?
Zoe: Me responda assim que puder.
Zoe: Como assim aquele gato te carregou com aqueles bícipes divinos pela escola e você reage daquele jeito?
Zoe: Já chegou em casa?
Zoe: CHLOE BROWN.
Decido acalmar Zoe, antes que ela surte de vez. Mando uma mensagem dizendo que estou bem e que fui liberada. Não comento nada sobre os bícipes divinos de Adrian, até porque não fiquei muito tempo neles para raciocinar...
Novamente influência de Zoe.
Subo para o meu quarto devagar para não piorar a minha situação, mesmo sendo de leve, e tomo um banho gelado. Me demoro um pouco para pensar em tudo o que aconteceu. Nitidamente foi mais que um beijo. Ele parecia tão quebrado, na minha frente. E parecia que ele precisava tanto de um abraço, que eu simplesmente agi. E mesmo sendo para ele, me afetou também. Aquele abraço, o beijo, o contato, disseram tantas coisas, mas que ainda não compreendo o que possam ser. Sei que não posso me envolver com Adrian. Sei que não sou o tipo de garota suficiente para aquele tipo de garoto. Sei que pode ser uma coisa passageira, e que daqui a pouco ele vai perceber a burrada que fez em se envolver comigo, e ir atrás de outras opções que sejam o seu tipo.
Saio do chuveiro, enrolada na toalha, e ponho uma calça de moletom e uma regata. Assim que penteio meus cabelos, me jogo na minha cama, e fecho os olhos. Ainda tem o time de líderes de torcida. Provas, Adrian, Zoe, meus pais, agora isso também. Suspiro. Tenho certeza que daqui pra frente as coisas não vão ficar fáceis. Com isso, me viro e fecho os olhos, dormindo em seguida.
***
Assim que me dispeço dos meus pais, corro para o Flores encontrar Zoe. O sono estava tão bom, que dormi até demais, mesmo eu tendo ido dormir de tarde, e acordado no dia seguinte. Eu estava realmente precisando. Não deu tempo de eu tomar café da manhã, então decidi comprar um suco no Flores mesmo. Quando chego perto na entrada da padaria, avisto Zoe mexendo no celular distraidamente. Dou um pulo na sua frente, o que faz ela soltar um gritinho.
- Chloe! Não faça mais isso. — Diz pondo a mão no coração.
- A, para sua boba. Vamos, tenho que comprar um suco e ir para a escola, estamos atrasadas. — Ando em direção à padaria, e compro o suco.
- Como está o seu pé?
- Está muito bem, obrigada. — Brinco com ela.
Não demora muito para atravessarmos a porta dupla do colégio e caminhar pelo corredor em direção aos armários. Quando paro diante do meu, abro minha mochila para pôr os meus materiais do dia. Fecho o armário, depois de colocar todos os livros, e levo um pequeno susto quando vejo Adrian se aproximar de mim. Ele está conversando com seus amigos, e assim que para de frente para o seu armário, ao lado do meu, ergue os olhos para mim. Ele parece um pouco receoso, mas abre um sorriso tímido para mim. Nem parece que ontem estávamos nos beijando, e ele chorando no meu pescoço.
Ele abre o seu armário e olha para mim.
- Está melhor? — Pergunta.
- Sim. E você? Melhor? — Ele entende o que quero dizer e se vira para o armário também pegando seus livros.
- Acho que sim.
- Aconteceu alguma coisa? — Pergunto, pois noto que ele quer dizer algo.
- Nada, só que... - engole em seco - Eu não consigo tirar você da minha cabeça. — Confessa, me pegando de surpresa.
- Como?
- Nada, esquece. Vou para a aula, até depois.
Com isso, ele sai e some no corredor.
Não consegue me tirar da cabeça?
O quão estranho seria se eu dissesse para ele que eu também não conseguia tirá-lo da minha cabeça?
Zoe me tira dos meus pensamentos, e me puxa em direção à sala, para começar mais um dia.
***
O jogo seria nessa semana, sexta. As meninas combinaram de treinar todos os dias depois das aulas, e ninguém questionou. A nossa torcida não era tão difícil quanto eu imaginava. Era mais leve, e sem tantos rodopios, apenas balançar os ponpons para cima e pular sincronizado enquanto tomamos o centro da quadra de basquete. Não era tão complicado.
Hoje era mais um dia de ensaio, levando em conta que meu pé já estava bom, e que estávamos ensaiadas o suficiente para o grande dia. Os meninos também estavam treinando duro ao longo da semana, e sempre saiam do campo onde a gente ensaiava, suados. Não tinha folga para ninguém. Os jogos de basquete realmente eram muito importantes para a reputação da escola pois o time vencedor entre os colégios poderia ser visto por alguma empresa e poderiam ser patrocinados. A escola inteira ficava em êxtase com a temporada de jogos, e não era para menos, nosso time era um dos melhores.
Eu nunca fui muito ligada ao esporte na Wood High School, até porque entrei esse ano, e por estarmos entrando no último semestre, aprendi algumas coisas durante esse tempo sobre a importância desses jogos.
Ensaiamos mais do que o necessário e quando somos liberadas, estou puro suor. Estou morta, pra falar a verdade. Meu corpo chama a minha cama e meus pés, pedem arrego. Estou um caco, literalmente. Zoe não está diferente de mim, nem Nicola. As outras meninas já são acostumadas com isso, mas eu não.
Digo a Zoe que preciso ir para casa, e ela acena, dizendo que está tudo bem eu ir na frente. Assim que pego minha bolsa e caminho pela pista de atletismo em direção a saída, olho para o campo, e vejo os meninos encerrando o treino de hoje. Adrian está se alongando, quando Madson para na sua frente e fala alguma coisa. Ele lança um sorriso forçado em sua direção, e olha por cima do ombro dela, para o grupo das meninas da torcida, como se estivesse procurando alguém. Quando ele não acha o que procura, franze o cenho, e começa a olhar ao redor, ignorando completamente Madson.
Seus olhos me encontram, e ele me fita por um momento. Ele faz um movimento com a cabeça indicando os vestiários. Franzo um pouco o cenho, e olho pra onde ele indicou. Volto meus olhos para ele.
-Vestiário masculino em 10 minutos — ele diz sem emitir som.
Mesmo não entendendo o motivo, aceno com a a cabeça, e sigo o meu caminho para o banheiro para esperar os dez angustiantes minutos. Não sei por que ele quer se encontrar comigo no vestiário masculino, mas sinto que não é algo inocente.
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