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Adrian

Hoje é sábado, o que significa que eu podia acordar a hora que eu quiser, mas o despertador tocando alto no meu ouvido me faz lembrar que eu não tenho esse privilégio. Meu pai me obriga a correr no quarteirão por 1 hora todos os sábados e domingos de manhã. Já tentei contestar contra isso, mas o velho não me deu opções.

Levanto da cama e ponho minha roupa de corrida, que no caso são uma calça de moletom, uma camisa preta e tênis esportivos. Sempre corro de fone também, para tornar esse sacrifício mais suportável. Vou ao banheiro e faço minhas higienes básicas antes de descer pra tomar o café da manhã que Nilda sempre prepara pra mim.

Desço as escadas e a encontro no lugar de sempre, na cozinha.

- Bom dia, Nilda. — Vou até ela e lhe dou um beijo na sua cabeça, o que a faz sorrir.

- Bom dia, Adrian. Bom, o café está aqui — aponta para a mesa farta. — Preciso ir ao mercado fazer algumas compras, e não demoro. Seu pai está no escritório.

- Tudo bem, obrigado Nilda.

Ela se despede e segue para a porta indo ao mercado.

Começo a comer quando meu pai aparece na cozinha e se senta à mesa.

- Como estão indo os treinos? — Pergunta ele sem nem dizer bom dia. Típico.

- Normal.

- E o técnico tem reclamado de alguma coisa que você tenha feito?

- Não.

- Bom, espero que você esteja pronto o suficiente para o jogo de semana que vem.

- Estou. — Digo mordendo um pedaço da minha torrada.

Nossas conversas sempre foram monossilábicas da minha parte, até porque não tinha vontade nenhuma de trocar palavras com ele.

- Ótimo. — Se levanta da mesa depois de comer algumas frutas e uma xícara de café e segue para o escritório.

Não me surpreendo mais com esse jeito dele, até porque já me acostumei. Mas no fundo, é claro que isso me incomoda. Até demais. Não ter diálogo direito com o próprio pai é sinal de que não é uma relação de pai e filho, e sim de estranho para estranho. É assim que me sinto com ele.

Um completo estranho.

Levanto da mesa depois de comer e sigo para a porta de casa com os fones na orelha. Assim que chego na calçada, ponho as músicas no aleatório, e começo a correr. Um Rock começa a tocar e na hora minha mente vai para a festa de hoje a noite. Não nego que estou doido para chegar a hora e poder tirar meus pensamentos daquela garota e de todos os outros problemas que tenho.

Jonas e Oliver vão vir me pegar de carro e Breaker vai na frente. Pretendo ir pra casa de algum dos três ou pra casa de alguma garota no final da festa que por mim, poderia durar a noite toda.

Meus pensamentos novamente se voltam para  a garota de olhos verdes e me pego imaginado como seria beijar aquela boca rosada e sentir sua pele com os dedos. Houve uma vez em que passei por ela no corredor e senti um leve aroma de morango exalar de seus cabelos. Imagino como seria sentir esse cheiro mais de perto...

O que?

Que caralho é isso, Adrian?

Pensar em sentir cheiro do cabelo de uma garota?

Não.

Eu só posso estar ficando louco. Eu tenho um jogo muito importante semana que vem e só consigo pensar nessa garota. É por isso que eu não gosto de relacionamentos sérios, porque me distraem do meu objetivo de me concentrar nos jogos. E agora essa menina que nem conheço bagunça meus pensamentos o tempo todo.

Me recuso a pensar mais um segundo nela e me concentro em pensar no jogo de semana que vem, até porque meu pai vai estar lá, como em todos os jogos que a Wood High School joga.

Chego em frente a minha casa depois de 1 hora de corrida e caminhada, e respiro fundo. Estou morto. Preciso descansar se não, não vou conseguir estar disposto para a noite.

Assim que entro, corro para o meu quarto e tomo um banho gelado. Visto uma cueca boxer qualquer e me jogo na cama dormindo logo em seguida, mas não sem antes colocar o despertador para tocar daqui a umas 5 horas, porque estou realmente morto.

***

Aperto o botão do despertador pela segunda vez no dia. A diferença é que dessa vez eu acordo animado e disposto.

Me levanto da cama e sigo para o banheiro me arrumar. Tomo um banho para me acordar mais, e visto uma calça preta, blusa branca e tênis preto, junto com o meu boné surrado que eu tenho desde pequeno quando meus pais me levaram pela primeira vez a um jogo de basquete que era Chicago Bulls contra os Wizards. E claro, o Chicago Bulls ganhou e minha mãe me deu um boné  com o símbolo do time. Foi incrível, tirando o fato que meu pai dizia para eu prestar bastante atenção porque dali a alguns anos seria eu enterrando uma bola em uma cesta profissional.

Saio dos meus devaneios quando ouço o meu telefone tocar. Jonas.

- Chegamos, cara, cadê você?

- Já estou descendo.

- Beleza. — Diz, e desliga.

Passo um perfume, pego minha carteira e celular e desço. Assim que chego no carro, logo vejo que Oliver sentou no banco de trás e deixou o do carona livre pra mim.

- Até que enfim aprendeu que seu lugar é no banco do cachorro. — Brinco com Oliver assim que me sento e fecho a porta do carro.

- Cala a boca, babaca, só tô aqui porque o Jonas vomitou nesse banco quando saímos da festa passada.

Imediatamente levanto um pouco do assento e vejo que está limpo e sem mancha. Ouço uma gargalhada.

- Você ainda acredita. — Continua rindo igual um palhaço junto com Jonas.

Fecho a cara.

- Será que dá pras meninas pararem de rir e irmos logo pra porra da festa?

Eles logo param de rir, não sem antes fecharem a cara para a expressão que eu usei, e Jonas sai da vaga.

Assim que chegamos em frente a casa de Julius, já posso ver nitidamente que a casa está cheia e barulhenta. Do jeito que eu gosto. Algumas pessoas estão do lado de fora da casa e a maioria dentro dançando com a música.

Entramos, e cada um vai para um lado. Sigo para a cozinha me esbarrando em algumas pessoas, e pego uma cerveja na geladeira. Quando estou saindo da cozinha, uma loira alta, Madson, me para com um sorriso malicioso e a mão no meu peito.

Abro o meu sorriso mais cafajeste e passo o braço em sua cintura a puxando para perto de mim.

Realmente a festa vai ser boa.







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