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12 - Verdade ou desafio

Kazuo sabia que em algum momento encontraria Jaqueline, mas não esperava que fosse ali naquela festa. Ele ainda não estava preparado para vê-la. Portanto, não será uma surpresa dizer que ele pediu licença a Luana e se afastou com a irmã até um canto reservado para conversar mais à vontade com ela sobre o assunto.

— Eu sei, Akemi. — ele disse, sentindo-se traído pela irmã. — Eu sei que você não é mal resolvida com a Jaqueline. Mas você poderia ter tido um pouco de consideração por mim, não acha?

— Kazuo... se eu dissesse a você que ela estaria aqui, você não teria vindo — ela falou, percebendo o quão magoado ele ficou. — E eu queria que os dois estivessem aqui na minha festa, poxa. E outra, não acho justo desfazer a amizade que tenho com a Jaque por algo que aconteceu entre vocês.

— Tudo bem, mas ainda assim... Você deveria ter me dito! Me pouparia de passar por esse constrangimento todo. Mas não. Você além de trazê-la aqui, não me fala nada. O que você pensou, Akemi? Achou que eu ficaria à vontade com a minha ex-esposa aqui?

Enquanto Kazuo e Akemi conversavam, Luana observou a mulher que havia desestabilizado Kazuo. Ela realmente era linda, de tirar o fôlego. Um ponto muito delicado ainda para ele, com certeza. Um misto de sentimentos dolorosos e devastadores. Assim como Olga era para ela.

— Por favor, não deixa o meu oniisan ir embora, tá? — Akemi surpreendeu Luana tocando rapidamente em sua mão. — Fique à vontade. Vou receber os outros convidados.

— Tá bom.

— Luana! — Kazuo a chamou — Eu não sabia que a Jaqueline também estaria aqui. Peço desculpas.

— Tá, tudo bem.

— Farei de tudo para evitá-la.

— Tudo bem!

— Tudo bem? Tudo bem mesmo?

— Tudo bem... A não ser que você queira ir embora. Eu vou entender. Mas não acho que a sua irmã tenha feito de propósito.

— Tenho minhas dúvidas. Bom, vamos seguir com o planejado, então, o que acha? Ficamos aqui por uma hora ou duas e depois vamos embora.

— Okay — Luana sorriu.

— Está com fome, certo? Vou pegar alguns petiscos.

— Não precisa. Estou bem.

Kazuo a olhou com um sorriso de lado.

— Eu não acho que isso seja verdade.

— Ué, por que não?

— Porque consigo escutar a sua barriga dizendo "Oh! Estou com fome... fome... Muita fominha! Não me negue comida. Não agora! Oh..."

Luana não reagiu do jeito que Kazuo esperava.

— Eu sei — ele apertou os lábios, constrangido. — Sou um desastre quando tento ser engraçado.

— Eu realmente tenho que te dizer que... Como humorista você é um excelente médico. E um excelente professor de literatura também.

— Caramba! É tanta sinceridade que fiquei até comovido.

— Kazuo!

— Tô brincando, sua boba... Ei, vou buscar uma bebida pra mim, você quer?

— Quero.

— O que você gosta?

— Qualquer coisa sem álcool, por favor.

— Você não bebe?

— Não.

— Ih, droga! Sério?

— Por que o espanto?

— Digamos que nas festas de Akemi Watanabe é mais fácil encontrar um unicórnio dando sopa por aí que uma bebida que não seja alcoólica.

— Poxa.

— Pois é. Mas posso tentar achar alguma coisa na cozinha. Aposto que na geladeira deve ter algo. Se não tiver, eu me arrisco a preparar algo especial para você. Um suco, um milk-shake... Não faça essa cara, sou bom nisso.

— Eu não falei nada.

— Vou lá.

— Tá.

— E você fica aqui.

— Okay.

— E não aceite nada oferecido por estranhos.

— Kazuo!

— Tem muitos estudantes de cinema aqui. E você sabe como é. Essa gente é perigosa.

— Mais perigosa que os estudantes de medicina?

— Opa. Muito mais.

— Ah, sim. Okay. Prometo que vou ficar vigilante.

— Estou depositando toda a minha confiança em você.

— Pode depositar.

— Certo. Volto num minuto.

A cozinha estava vazia. Enquanto Kazuo inspecionava a geladeira a procura de ingredientes que rendessem algo decente para beber, uma voz feminina chamou pelo seu nome.

— Kazuo...

Ele fechou a porta da geladeira e se virou em direção a voz.

— Oi, Jaqueline — ele disse friamente.

— Como você tem passado? Como você está?

— Bom, eu estou bem... como pode ver! — ele vai para pia, começa a picar as frutas que pegou na geladeira e as coloca num liquidificador.

— Kazuo... você não precisa me tratar com indiferença... eu ainda sou e sempre serei a sua Jaque.

— Jaqueline... De coração, eu não quero ter uma conversa com você aqui, no aniversário da minha irmã.

— Então quando teremos oportunidade para conversar? Eu só vim a esta festa porque imaginei que...

— Jaqueline, não temos mais nada para conversar, okay? — Ele disparou um pouco irritado. — Eu não tenho nada a dizer para você, e eu imagino que você já tenha dito tudo o que queria quando teve a chance. Agora, por favor, não estraga a minha noite.

— Eu queria que soubesse que estou feliz por você ter conseguido seguir com a sua vida amorosa. Muito rápido, por sinal. A moça que você trouxe parece meio fora de órbita, mas é muito linda.

— A moça que você diz estar fora de órbita está passando por uma fase difícil na vida dela. Mas quando essa fase passar, ela vai ficar bem. Não tenho dúvidas disso.

— Ah, é? E vocês estão namorando?

A abordagem de Jaqueline tirou Kazuo do sério. Será que ela estava testando-o? O que ela queria afinal?

— A Luana é alguém que eu valorizo. Especial. Alguém muito importante pra mim. Ela é uma amiga! Sinto-me mais feliz quando estou ao lado dela.

— Percebe-se. Nos quatro meses que ficamos casados, eu nunca vi você rir, como riu com ela hoje.

— Qual é o seu problema, Jaqueline?

— Nada. Só preocupação. Isso! Preocupação! Tá cheio de garota interesseira por aí. Não quero que você se decepcione com a primeira que aparecer na sua vida.

Kazuo pegou uma taça e a encheu com a bebida que tinha terminado de preparar.

— Agradeço a sua preocupação, mas eu estou grande e sei me cuidar — ele disse, retirando-se. — Com licença.

De volta à festa, Kazuo se perguntou: Cadê Luana? Ele não conseguia vê-la em nenhum canto. Talvez tenha demorado demais na cozinha? Sim, mas sabia que ela não iria embora sem ele. Esse sumiço o fez se sentir culpado por tê-la deixado por tanto tempo naquele lugar, sozinha, sem conhecer praticamente ninguém. Tudo culpa da Jaqueline! Mas talvez Akemi tenha visto onde Luana foi. Claro! Akemi sempre estava atenta a tudo, nada fugia dos olhos dela. Mas espera! Onde estava Akemi? Ele não a viu também. E prestando mais atenção notou que os amigos mais próximos da irmã também haviam sumido.

— Ei — ele chamou o DJ. — Você viu a Akemi por aí?

— Ela saiu com uns amigos dela.

— Saiu pra onde?

— Não sei. Eles estavam brincando de verdade e desafio e de repente se levantaram e saíram todos. Alguém deve ter escolhido desafio. Você conhece bem a sua irmãzinha. Não tem ninguém mais criativo do que ela para criar desafios. Por isso ninguém escolhe desafio quando ela está brincando. A não ser que seja um sangue novo no pedaço. Alguém fora do círculo.

Kazuo quase deixou a taça que segurava cair no chão quando um único nome passou pela sua cabeça. Luana.


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Oi. Eu to meio que nervosa agora, depois desse final, me dá um tempinho.

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MEU PAI!!! O QUE TU TA APRONTANDO, AKEMI WATANABE????

Me ajudem, pessoal, quero sugestões do que vocês estão achando que vai acontecer, comentem tudo aqui. Não esqueçam a estrelinha e até amanhã <3

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