10 - A festa
O sábado chegou tão rápido que Kazuo se surpreendeu. Talvez tenha sido o fato de sua mente ter se ocupado demais com os plantões no hospital — que haviam se tornado mais caóticos naquela semana, já que ele havia ficado responsável pela emergência e estava havendo um surto de sarampo na cidade —, as aulas de literatura nas quartas-feiras e ainda tinha que lidar com o fato de que Luana parecia estar um pouco aérea desde que havia resgatado a caixa que seu pai havia lhe deixado.
Então o sábado chegou e ele acordou com o barulho irritante do celular anunciando uma ligação. Era muito cedo para Akemi telefonar para qualquer pessoa, mas ele sabia que se ignorasse, sua irmã bateria na sua porta.
— Alô. — ele disse, com a voz ainda rouca de sono.
— Oniisan (1), bom dia! Não esquece da festa de hoje, você me prometeu que viria. Amo você. Ja ne!(2)
E desligou na cara dele. Kazuo olhou para a tela do telefone, tonto com as loucuras de Akemi. Ainda não entendia essa mania que ela tinha de misturar português e japonês nas mesmas frases. Ninguém mais tinha esse costume na família, nem mesmo seu pai, que passou grande parte da sua juventude no Japão. Levantou da cama e lamentou ter prometido que ia a qualquer lugar naquele dia. O plantão exaustivo estava cobrando seu preço.
Porém, ele se lembrou de Luana e de como uma festa poderia animá-la. Com isso em mente, começou a providenciar o que fosse necessário para a tal festa e enviou uma mensagem para Luana, lembrando-lhe do compromisso e avisando que mais tarde a buscaria em casa.
Os últimos dias foram difíceis para Luana. Receber aquela caixa com recordações do pai, trouxe a tona muitas lembranças e sentimentos que mexiam com sua saudade.
Era sexta à noite e não via Kazuo desde a última aula, mas seu coração acelerou quando o celular apitou com o lembrete que ela tinha salvado. Amanhã seria a festa da irmã do Kazuo, e se dar conta disso a fez ficar nervosa.
— Que besteira. Para já com isso. — Ela disse para si mesma. Respirou fundo e correu para o quarto. Precisava escolher uma roupa e faltavam menos de vinte e quatro horas para a festa.
O sábado amanheceu brilhante. Luana acordou cedo para fazer logo tudo o que precisava. O som de uma nova mensagem soou. Ela olhou para todos os lados e começou a se desesperar quando não achou o telefone, até encontrá-lo no vão entre o colchão e a grade da cama.
Era Kazuo, lembrando que viria buscá-la para a festa de mais tarde. E ela sorriu sem perceber.
(1) - Expressão japonesa para irmão mais velho.
(2) - Expressão japonesa informal equivalente a "até mais".
Olá! E aí, estamos aqui só pra atiçar um pouco sobre a festa. Comentem ai suas expectativas para o que pode acontecer...¬u¬
Não esqueçam da estrelinha, e até amanhã <3
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