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6

Acordei com um barulho alto vindo debaixo da cama, me soltei de Kamily lentamente para não a acordar e sai abaixando para observar o que estava emitindo o som. Estendi a minha mão e peguei o celular e vi que não era o meu.

Desliguei o alarme e pelo relógio digital do celular percebi ser cinco da manhã, onde quer que a Kamily fosse, ela tinha que acordar cedo para um caralho, mas garanto que ela não contava com quase doze horas de sexo. Coloquei o aparelho em cima da mesa de cabeceira e ele começou a tocar novamente.

— Hum.

Kamily se remexeu na cama e abriu os olhos, revelando um lindo tom de azul, ela piscou algumas vezes e então abriu os olhos de uma vez, franzi o cenho e ela levantou rápido, pegando o celular rapidamente de cima da mesa.

— Precisa ir em algum lugar? Posso te levar.

— Não precisa — ela se cobriu com o lençol.

— Precisa ir agora? Vou te pagar o mesmo tanto que te falei pelo celular.

— Não preciso, é aqui perto o lugar tenho que ir.

— Ok, volte a dormir, você deve estar cansada.

Ela deitou novamente e eu deitei do lado dela, seus olhos se fecharam e logo depois os meus. Acordei novamente com o barulho irritante do alarme do celular de Kamily. Abri os meus olhos e ela está vestindo uma calça jeans clara, rasgada no joelho. Uma regata branca, com uma jaqueta jeans por cima e está calçando um tênis de uma loja que desconheço.

— Que horas são? — perguntei esfregando os meus olhos para acordar.

— Seis e cinquenta — ela amarrou o cabelo em um rabo de cavalo alto.

— Vou preparar um café para você tomar antes de sair — ela abriu a boca para argumentar, mas levantei a mão para ela ficar em silêncio — Não deixarei você sair daqui com fome.

Me levantei e fui para a cozinha, peguei uma xícara e coloquei na máquina de expresso e depositei uma cápsula de cappuccino com doce de leite. Deixei a máquina em funcionamento e peguei alguns biscoitos, pães e frutas. Pus tudo em cima da mesa de jantar e chamei a Kamily, que não demorou muito para chegar.

— Pode ir comendo, que eu vou pegar o dinheiro.

Saí da sala de jantar e fui para o meu quarto, entrei no closet e empurrei as minhas roupas para um lado, abri o cofre e peguei quatro maços de dinheiro. Voltei para a sala e me sentei em frente à Kamily e coloquei oito mil reais na sua frente.

— Oito mil reais.

— Mas eram sete mil?

— Sim, mas decidi te dar oito mil. Fique com o dinheiro, não quero de volta — ela guardou o dinheiro na bolsa e se levantou.

— Tenho que ir.

— Te acompanho até o saguão.

Fiquei observando a inquietação de Kamily no elevador. As portas se abriram e ela saiu rapidamente, balancei a minha cabeça negativamente, achando graça dela não conseguir correr com as pernas fechadas. Ela tentou abrir o portão e o alarme apitou pedindo o código.

— Você está em um prédio de luxo, entrar e sair não é tão fácil assim — coloquei o meu dedo no leitor de biometria e o portão se destravou.

— Adeus, Luka — dei um sorriso por ser a primeira vez que ela me chama assim sem estar tendo um orgasmo.

— Adeus, Kamily.

Ela saiu andando pelo passeio tranquilamente, mantendo as suas pernas juntas. Quando ia fechar o portão, escutei alguém chamar o meu nome. Olhei para a calçada e um homem, que se mudou para décimo nono andar do prédio, vinha em minha direção correndo. Então me lembrei que ele ainda não tinha o código de entrada.

— Bom dia, senhor Garcia. Sou Ethan — ele estendeu a mão para mim e eu apertei.

— Bom dia. Pode me chamar de Luka.

— Claro, o seu pai me avisou que você poderia fazer o meu cadastro para ter o código de entrada.

— Tenho uma hora. Você pode agora?

— Sim.

Ethan entrou no saguão e eu fechei o portão. Digitei o código na fechadura da sala de computação e entrei no programa de cadastro, preenchi todas as lacunas com os dados do Ethan. Verifiquei se ele tinha algum antecedente criminal ou processo em aberto, mas não encontrei nada.

— Pode colocar o seu indicador no leitor biométrico.

Ethan colocou o dedo no leitor e a digital dele apareceu no computador. Automaticamente, a senha foi enviada para o e-mail dele.

— Pronto, o seu cadastro está feito, a senha foi enviada para o seu e-mail. Peço para usar a biometria  quando estiver entrando com alguém.

— Pode deixar.

Fomos para o elevador e Ethan apertou o botão para o décimo nono andar, peguei o meu celular no bolso, analisando a agenda do meu dia, já que todos os departamentos estão sobre os meus comandos.

— Tchau! Até qualquer dia — se despediu quando as portas metálicas se abriram.

— Até — as portas se fecharam e eu digitei o código da cobertura.


Guardei as pastas no cofre e desliguei o iMac, olhei pela parede de vidro do meu escritório, vendo todas as propriedades Garcia, prédios, restaurantes, loja, supermercado e salão de festa, tudo construído com o suor dos meus pais e que um dia será meu e das minhas irmãs.

— Senhor Garcia — me virei para encarar minha secretária Rebeca —, seu pai está na linha e mandou avisar que é urgente.

— Ok, pode passar a ligação.

Ela fechou a porta, me sentei na minha cadeira e atendi o telefone.

— Como vai, pai?

Aqui está correndo tudo bem, mas temo que aí as coisas vão ficar mais corridas.

— O que me espera?

Hoje à noite terá uma festa na universidade onde somos patrocinadores de bolsas de estudos.

— Sim, eu sei qual é. Minha roupa já está pronta, a sua secretária passou toda a sua agenda para a minha, então estou ciente de todos os lugares que terei que ir esse mês.

É bom ver que você está dando conta dos negócios, agora tenho que desligar. Sua mãe está mandando um beijo.

— Manda outro para ela e para as minhas irmãs.

Mandarei, tchau filho.

— Tchau! Pai.

Encarei a ligação e mandei uma mensagem para a minha secretária, mandando ela pedir para o manobrista trazer o carro do meu pai. Vesti o meu terno, peguei minha pasta e o meu celular. Sai da minha sala, encontrando com Rebeca no seu posto.

— Até amanhã! Rebeca.

— Até amanhã! Senhor Garcia.

Entrei no elevador e apertei o botão para o saguão, comecei a ler o discurso que a secretária do meu pai enviou para mim. As portas se abriram, saí do elevador e acabando de ler o discurso totalmente formal e sem graça que o meu pai fala todo ano. Se não fossem as bolsas de estudos, nenhum aluno o escutaria.

— Senhor Garcia, sua chave — o manobrista estendeu a chave para mim.

— Obrigado.

Entrei no carro, coloquei o meu cinto e acelerei, fazendo o automóvel correr pelo asfalto.

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