" Fiz varias promessas, uma delas é ajudar as pessoas "
Nos próximos dias conseguimos arrecadar uma boa quantidade de cartas. Perguntei a mamãe se ela poderia arrecadar na escola e obtemos muito sucesso com isso, vários alunos colaboraram com o projeto.
-- Aqui -- coloca uma bolsa em cima da mesa -- foram tantas que tive que arranjar uma sacola -- ela termina a frase com um sorriso. Lanço-lhe outro e aceno satisfeita com tudo que estava acontecendo.
-- Agora, provavelmente ganharei a aposta -- falo e vejo que a expressão orgulhosa da dona Lúcia se desfaz. -- O que foi? Eu e os meninos apostamos um extramilk pra quem arrecadasse mais até o final de semana. -- ela balança a cabeça negativamente mas volta novamente a transmitir aquele sorriso destacado que tem. Todas as vezes que a vejo desse jeito, um alívio satisfeito surge dentro de mim, é bom ver mamãe entretida sem suas preocupações e seu estresse acumulado nas olheiras, ela até se animou quando a contei que estava participando desse projeto e precisava do seu impulso, posso até dizer que chorou de emoção em algumas horas quando eu contava sobre meu dia arrecadando.
-- Eu vou levá-las ao meu quarto, ok? -- pego a bolsa e subo as escadas.
Por um momento, penso na expressão dos meninos quando chegar no final de semana com essa quantidade de envelopes, irei me prender e ser o mais honesta possível. Solto uma gargalhada feliz e idiota.
Nos últimos dias, o Matheus até que está menos... não sei, provocador? Eu gosto disso, mas seu jeito com as sobrancelhas ainda continua. Na maioria dos dias, quando acabávamos de fazer mais entrevistas e arrecadar cartas, ele pegava seu violão e tocava no meio do calçadão fazendo todos se alegrarem com seu o seu cantar e tocar. Isso me divertia, e não estou mentindo, confesso que teve um momento que ele largou seu violão e me puxou pra dançar no meio do povo ao som de " All I want for Christmas is you" da Mariah Carey enquanto um carro de som passava. Que dia bobo!
Enquanto todos aqueles momentos passavam, eu continuava a tomar os remédios eficazes para meu rim manter-se intacto até pelo menos o fim de ano, além das horas impassíveis no hospital. Nesses tempos hospitalares eu sentia muita falta da Flay e o quanto ela tentava me tirar do tédio antes de minha pessoa arranjar uma discussão com qualquer criancinha que passasse no corredor.
Volto pra realidade quando me assusto com o barulho das mensagens do meu celular.
"MATHEUS: Viu a quantidade de cartas que tem na cesta voluntária? Eu consegui muitas hoje e conseguirei nos próximos dias. Será que posso comemorar vitória antes? Kkkk"
Leio a mensagem duas vezes antes de responder.
"EVA: Você acha mesmo que tá no papo? Desculpa, mas você é um iludido. "
Respondo e ele demora um pouco para digitar; Releio a mensagem que mandei e penso se escrevi algo errado.
O celular vibra.
"MATHEUS: Ok então. Pera. Você me acha iludido? Isso é um elogio? "
Franzo o cenho enquanto penso numa responda para tal comentário completamente singelo.
"EVA: se você considera um elogio, sim :)"
Mordo meu lábio inferior retirando as pelancas soltas devido a minha impaciência.
"MATHEUS : Se você ganhar, eu mesmo irei fazer o extramilk "
"Que ironia" penso e faço uma careta para a tela do celular.
"EVA: Dependendo de como você faz o extramilk, vou considerar a proposta então ;)"
Digito e penso no Matheus fazendo realmente isso. Eu irei gargalhar muito, apesar de ser interessante de assistir.
"MATHEUS : irei fazer isso, mas se eu ganhar... eu quero... um passeio. "
Levanto minhas sobrancelhas e fecho os olhos desejando que o final de semana venha logo.
"EVA : Ok "
"MATHEUS : Ok ;) "
Vovó e Julia me ajudaram com o recebimento dos envelopes. Vovó pediu para seus amigos idosos, além do mais, também perguntamos a vizinhança se eles poderiam ajudar e não nego que obtemos tal sucesso.
Contenho as lágrimas enquanto as lembranças surgem em meus pensamentos. Saudades de quando minha mãe me levava pra passear nos calçadões em frente a praia e aproveitávamos para comer a incrível tapioca da vendinha que existia ali perto. Todos os verões, todas as passadas, todos os anos, momentos como esses serão guardados e preservados em minha memória como um presente mais valioso que existira em minha vida.
Espero que esteja orgulhosa de mim aí do alto, Mãe!
-- Fiz várias cartinhas na casa do Kauan -- diz a pequenina garota puxando a borda da minha calça distanciando meus pensamentos. -- vovó vem aí atrás com elas. -- sorriu e dou um beijo em sua testa. Meu pequeno pingo de gente que prometi a mãe que iria cuidá-la por toda minha vida.
-- Eu vou pegar, está bem? -- pisco e a vejo entrar dentro da humilde e pequenina casa atrás de nós, com seus curtos cabelos cacheados se movimentando enquanto pula.
Caminho até uma senhora morena de cabelos grisalhos que tagarela com uma das vizinhas.
-- Boa Tarde vó Rita! -- quando percebe minha vinda pega meu braço me puxando mais pra perto.
-- Olha aqui Madalena, esse é meu neto mais velho, Matheus.... -- a partir desse ponto, começa a aquela apresentação repentina que todos os avós tem.
-- Vó, as cartas...
-- Verdade -- ela retira sua bolsa dos ombros e pegar alguns envelopes com gliter e canetinha. -- toma, sua irmã disse que teve muito trabalho pra fazer com aquele amiguinho dela e falou que é pra ter o maior cuidado pra não estragar.
Pego os envelopes e a agradeço.
Hoje eu optei levar, como na maioria das vezes, meu violão. Depois da entrega das cartas talvez eu o toque como em alguns acontecimentos passados. Espero eu que tenha envelopes suficientes para ultrapassar a quantidade da Eva, ainda não acredito que fizemos aquele trato "sem noção". Bom, pode ser "sem noção" pra ela, mas pra mim é uma boa oportunidade, além de que passei a gostar de sua presença durante esses dias. Ela pode parecer bem na maioria dos casos, mas algo me diz que a Eva censura o que tens. Lembro da primeira vez que nos vimos, e do momento em que ela começou a discutir com uma garota chamada Carolaine, minha intenção era interromper aquilo antes que uma puxasse os cabelos da outra, mas a Eva, no momento, falou algo sobre ajudar as pessoas que fez a tal da Carolaine se render no conflito e sair cambaleando com seu salto fino. Uma raiva se formou em mim quando a garota a chamou de " pobrezinha sem rim ", é por isso que a Eva rejeita qualquer preocupação, ela ignora seu problema, não se permite acreditar na cura.
Alguns dias antes de receber a notícia que mamãe tinha falecido, fiz várias promessas pra ela, uma delas é poder ajudar as pessoas no que precisarem, com isso, fiz um voto de ajudar a Eva, por mais que ela não ligue muito para a situação.
https://youtu.be/uMjmewBoeTc
" Eu lutarei por você
Até meu coração está machucado
Mesmo quando ninguém acreditar
Eu não vou desistir não facilmente"
( Música dedicada ao Matheus para a Eva )
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