𝙑𝙤𝙩𝙚 ✰
𝘾𝙤𝙢𝙚𝙣𝙩𝙚 💬

❅ Capítulo escrito por: nskslamansjakanz

❃ 𝐎 𝐢𝐧í𝐜𝐢𝐨 𝐝𝐞 𝐭𝐮𝐝𝐨

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L𝐨𝐬 A𝐧𝐠𝐞𝐥𝐞𝐬, C𝐚𝐥𝐢𝐟ó𝐫𝐧𝐢𝐚

Prédios caíam como uma maçã madura, pessoas eram levadas sem mais nem menos, incêndios por toda parte, um caos total.

Jade corria desesperada pelas ruas destruídas, sua irmã logo na frente gritando por ajuda, mas era apenas cada um por si.

- Por favor, nos ajude! - Kate implorou para um homem que estava subindo em uma van.

- Se vira, sua vadiazinha ruiva.

Ele disse, cuspindo perto dela.

- Vadias. - Uma morena disse de dentro da van.

Jade cerrou os punhos irritada.

Sua irmã mais velha pegou-a pelo pulso e a levou para o mais longe possível da fumaça, mas estava quase impossível.

Uma garotinha tentou se esconder, mas um dragão enorme de escamas cinzas pegou-a pela boca e engoliu sem mais nem menos.

Horrorizada com tal cena, Jade quase vomitou, mas conseguiu segurar.

- O que é isso? Por que do nada essas coisas estão aqui? - Ela indagou começando a chorar de desespero.

- Eu queria saber também. - Kate respondeu com o tom de voz ameno.

Um dragão de escamas escuras, voou por cima delas, cuspindo ácido por toda parte.

Kate empurrou sua irmã para debaixo de um viaduto para se esconderem, e mais a frente entre os escombros em chamas viram uma garota caída.

- Temos que ajudar. - Jade falou, indo até a garota.

Relutante, Kate foi atrás da sua irmã.

- Ela está viva? - A mais velha indagou chegando perto.

- Está. - Jade disse, após checar a pulsação dela. - Deve ter desmaiado por causa da fumaça.

Kate olhou para cima, vendo mais dragões atacando.

- Temos que correr.

Falou olhando ao redor.

O medo, a raiva, a curiosidade e a determinação misturaram no corpo da ruiva mais velha.

- Me ajude. - Jade pediu pegando a garota.

As duas colocaram-se uma de cada lado, para carregar a loira desmaiada.

Eu posso garantir que o meu ódio está maior que a minha confusão.

O que caralhos está acontecendo? Por que répteis voadores estão causando o inferno na Terra?

A loira desmaiada no meu ombro prova que isso não é projeção da minha mente odiosa, o fogo, a fumaça e as mortes.

Consequentemente eu penso nos meus pais no Texas, o que é longe daqui, mas não tanto, mesmo assim, anseio que essa merda seja apenas aqui em Los Angeles.

Como se essas criaturas não fossem voar para longe.

Minha consciência zomba de mim, o que, em partes, não está totalmente errado e isso me enfurece mais ainda.

- Ei, vocês precisam de ajuda?

Uma garota grita, falando com um sotaque, que aparentemente não é daqui do país.

- Sim. - Minha irmã mais velha diz.

A garota está em um carro, um que não faço ideia de qual seja, mas isso não importa muito agora.

- Entrem. - Ela chamou, com um tom desesperador em sua voz.

Corremos até o veículo e minha irmã abriu a porta, entrou e pegou a garota dos meus braços, acomodando-a em seu colo, em seguida eu entrei e fechei a porta.

A garota correu com o carro, desviando do fogo nas ruas e das pessoas mortas.

- Eu sou a Summer. - Uma loira disse, sentada no banco do passageiro. - E essa é a Zoey. - Apontou para a motorista.

- Jade. - Falei. - Kate. - Apontei pra minha irmã. - Garota desmaiada.

Apontei pra loira que dormia no ombro da minha irmã.

- O que houve com ela? - Summer indagou.

- Acho que foi a fumaça.

Falei dando de ombros.

Olhei para a janela e pude perceber que estávamos na estrada de saída da cidade.

O fogo se espalhou rapidamente e a fumaça tomou contado céu, está escuro e difícil de ver algo.

Ouvi murmúrios ao meu lado, então olhei com certa rapidez.

- Onde...Onde estou? Quem são vocês?

- Kate.

- Summer.

- Jade.

- Zoey.

Apresentamos para ela.

- E você é? - Kate perguntou.

- Arielle. - Ela respondeu desajeitada, como se tentasse lembrar de algo, mas não conseguia. - Por que estou aqui?

- Te encontramos desmaiada. - Falei.

- Os dragões! - Ela disse de forma histérica. - Eles são...Eles estão....

Ela balbuciou amedrontada.

- Shhh. - Acalentei-a com o meu tom de voz suave. - Está tudo bem agora.

Mal terminei minha frase e o carro freou bruscamente.

- Saiam! - Zoey gritou desesperada.

Corremos para fora do veículo, e bem a tempo, antes que o carro virasse apenas sucata, por causa de um enorme dragão verde aparecer e pisar em cima do veículo, depois cuspiu ácido quente pela estrada.

Zoey nos guiou pela estrada e sempre tomava cuidado com os dragões voando por perto, às vezes tínhamos que nos esconder em baixo das árvores e prender a respiração.

Droga, eu me sinto em um maldito filme de terror daqui de Hollywood e isso não é legal! Não é nada legal!

Andamos por horas, e quando olhei para cima, percebi que o sol já estava se pondo.

- Estou cansada e com fome. - Arielle choramingou. - Precisamos de um lugar para passar à noite.

Zoey olhou em volta e depois sorriu, andando mais.

Bem, estou começando a pensar que caminhar será um bom exercício físico aqui.

Andamos por mais um tempo até chegarmos em um posto de gasolina, que por incrível que pareça, ainda está intacto.

- Vai servir. - Zoey disse olhando em volta.

A loja não é muito grande e não há energia aqui, então procuramos por isqueiros e velas.

- Vamos colocar as prateleiras nas portas e cobrir as janelas, depois vamos pegar os produtos de limpeza e espalhar para camuflar o cheiro.

Zoey falou, olhando em volta, como se analisasse todas as opções.

- Por que não colocamos gasolina? O cheiro vai ser mais forte. - Summer deu a ideia.

- Esqueceu dos dragões que cospem fogo? Eles iriam explodir tudo aqui.

Respondeu exasperada.

Bem, ela tem razão.

- Kate e Jade colocam as prateleiras nas portas, Arielle e Summer cobrem as janelas, eu vou procurar por suprimentos e montar nosso acampamento. - Zoey direcionou.

Nos dividimos para a realização das tarefas.

Pela noite, tínhamos bastante enlatados e água.

Uma vela branca é a nossa única iluminação nesse lugar.

Bem, depois da nossa arrumação, Zoey encontrou diversos sacos de dormir nos quartos dos fundos, algumas roupas masculinas, desodorante, dinheiro, camisinhas extra grande de vários sabores e um canivete.

- Uhm, de onde vocês são? - Indaguei para quebrar o silêncio sufocante.

- Brasil. - Zoey começou. - Eu estudava na UFMG, meu curso era de física e eu vim por causa de um intercâmbio que a universidade ofereceu, iria completar meu mestrado aqui em Los Angeles. - Falou nostálgica, e com certo orgulho. - Mas aí tudo mudou, de uma hora para outra haviam dragões voando e destruindo tudo, às pessoas morreram e o caos se instalou completamente. Eu nem pude falar com os meus pais, não consegui perguntar se está tudo bem, se os dragões chegaram lá. - Sua voz se tornou melancólica.

- Boston. - Summer disse. - Eu nasci lá, mas meus pais são daqui, então vim visitá-los. - Sorriu triste. - Aí, Um dragão branco apareceu e congelou tudo, meus pais viraram nada menos que pedras de gelo humanas.

Uma lágrima solitária caiu pela sua bochecha direita.

- Vancouver. - Arielle respondeu melancólica. - Eu vim a intercâmbio pela faculdade, porque eu sou fascinada pelos filmes da Hollywood, então quis vim conhecer. Eu estava indo para o letreiro, quando tudo começou, inalei tanta fumaça que acabei desmaiando. - Contou triste.

- Somos daqui mesmo. - Minha irmã tomou a liberdade em contar. - E nossos pais foram para o Texas, então não sabemos como eles estão.

- Esperamos que seja somente aqui esse inferno. - Falei nervosa.

Todas ficaram em silêncio, porque no fundo sabem que não é bem assim, mas a esperança é a última que morre.

- Somos um grupo agora e devemos ficar juntas, vamos sobreviver a esse apocalipse juntas. - Kate disse, para tentar dissipar a melancolia que se instalou.

- Estamos juntas. - Zoey afirmou.

Arielle, Summer e eu acenamos em concordância.

Seis malditos meses haviam se passado desde o início de toda essa merda, e durante esses meses ficamos confinadas no posto.

Kate tomou liderança ao lado de Zoey e passou a cuidar de todas.

Arielle se isolou em seu mundinho, o que a deixou mais emotiva com a gente e principalmente comigo.

Summer, ou Sun, tem um medo terrível do dragões e por isso nunca quis sair do posto, o que é uma coisa boa para nós por um lado.

Eu tento ser útil em alguma coisa, mas a minha irmã não me deixa sair, ela fica me prendendo aqui.

- Vamos naquele restaurante que você disse amanhã pela manhã. - Kate falou com Zoey. - Os suprimentos estão acabando.

Seu tom de voz está cansado e demonstra sua preocupação com a gente.

Restaurante é? Interessante.

Esperei pacientemente até que todas fossem dormir para colocar meu plano em prática.

Basicamente, irei até o restaurante procurar por suprimentos e trazer de volta para o posto, assim provando para Kate que não há problema em me deixar sair.

Peguei um papel velho, escrevi com um lápis imundo que achei no chão, um bilhete para elas ficarem mais tranquilas e assim saí.

Quando pisei o pé para fora do estabelecimento, o vento gélido da noite bateu em meu rosto, arrepiando minha pele pálida e seca, deixando-me com frio e ansiosa.

Caminhei por algumas horas, - já que vi o dia amanhecer -, até que cheguei ao restaurante do qual minha irmã havia mencionado.

O teto está destruído, os vidros das janelas estão estilhaçados pelo chão, as portas estão quase despencando, mas algumas ainda estão em pé.

Entrei cautelosamente no local, olhando para todo lado, com medo de encontrar uma pessoa com más intenções ou um dragão.

Bem, depois de procurar pelos suprimentos, resolvi ir embora, mas o som gutural de um rugido soou pelo céu, chamando minha atenção e arrepiando minha alma.

Escondi-me entre os escombros do restaurante e torci para que a fera fosse embora.

Mas o dragão pousou no restaurante e começou a andar pelo lugar, rosnando e fazendo um barulho mais estranho com a garganta.

Ergui levemente a cabeça para saber onde ele está, e deparei com um enorme dragão dourado, maior até do que todos os outros que já vi, seus olhos são dourados brilhantes com uma fenda negra no meio, suas garras são afiadas o suficiente pra cortar esse estabelecimento, sua cauda é comprida e grossa, sua cabeça possui dois chifres enormes e suas asas são ainda maiores.

O dragão abriu a boca, exibindo seus dentes brancos e enfileirados perfeitamente, - devo ressaltar que são bem pontiagudos -, e cuspiu fogo em direção a porta do restaurante.

Abafei um grito de medo quando vi suas narinas dilatarem e ele olhar em minha direção.

Fudeu!

Gritei em pensamentos, quando a fera pairou sobre mim, olhando-me nos olhos e exibindo os dentes.

- Eu morri. - Murmurei assustada.

O dragão passou sua língua nojenta em mim e com a sua pata dianteira pegou-me e se lançou no ar.

Gritei assustada, enquanto esmurrava inutilmente sua pata.

No susto, acabei deixando a mochila com as provisões cair no chão.

- Me solta! Socorro, eu não quero morrer! - Gritei, enquanto me debatia.

O dragão apenas me ignorou e continuou a voar.

Por que eu sou tão teimosa? Por que eu não escutei a minha irmã? O que há de errado comigo? Mas que merda de vida!

Pensava irritada.

Tentei morder o dragão, mas as escamas dele são duras e parecem impenetráveis.

Voltei a socar, até me debater com as pernas, mas nada adiantou e juro que ouvi o dragão ronronar com isso.

Ele é masoquista?

Eu vou morrer e não posso fazer nada.

Não aguentando mais, comecei a chorar feito um bebê.

Continua...

©nskslamansjakanz
©Jaygogh