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Epílogo

Um ano depois

E voltemos ao Brasil, para o deleite dos fãs nacionalistas de Policarpo Quaresma. Conforme já dito, o narrador aqui não é nenhum deslumbrado com outros países, especialmente quando a nossa cultura consegue ser tão rica quanto a deles, senão até mais rica...

Voltemos também a São Paulo – sim! Sempre esse Estado... – e à sua capital homônima – sim! Sempre essa cidade... –, especificamente o bairro da Saúde, na Zona Sul.

Perto da estação de metrô, a qual leva o mesmo nome que o bairro, havia uma determinada localidade. Tratava-se de uma estrutura de dois andares, pintada em cores claras, contendo uma recepção espaçosa no piso inferior e... um consultório médico no andar de cima. Não era qualquer consultório de qualquer especialidade, e sim um... psiquiátrico.

Ora! Ali pertencia a nada mais e nada menos que à doutora Selma Passos.

Após ter matado Inácio e Vanessa, sendo esta estrangulada e tendo os olhos arrancados, além do poema de Fernando Pessoa deixado na cena do crime, a médica acionou a polícia. A conclusão foi justamente o que ela tinha planejado: um assassinato por motivos passionais – afinal, Roberto também era uma vítima naquele mesmo contexto – mesclado a uma desordem psiquiátrica tardiamente diagnosticada em quem foi alcunhado como homicida e suicida, o próprio Inácio.

— Ele era meu paciente, mas eu não poderia imaginar que as coisas eram tão profundas — foi o que Selma alegou. Os mais atentos teriam identificado um minúsculo e sutil sorriso em seu rosto. Os artistas poderiam tê-la pintado e a retratado como uma versão contemporânea de Mona Lisa, dada toda carga enigmática em seu semblante. E não era para menos isso...

Sendo então alguém que, de certo modo, sobreviveu a eventos sangrentos, ela, tempos depois, decidiu vir ao Brasil, onde abriu uma clínica em plena cidade paulistana.

Apesar da mancha no passado, conseguiu tocar a vida normalmente, atendendo aos seus pacientes e até tendo uns relacionamentos casuais por aí.

Era uma pessoa equilibrada e sensata, afinal.

No entanto, tal qual ela própria afirmara diante de Vanessa naquela noite insana, a vida tinha as suas ironias e as suas voltas. Uma delas estava para acontecer assim que alguém adentrou a sua clínica.

— No que posso lhe ser útil? — indagou a psiquiatra para uma mulher que se encontrava já sentada em uma poltrona de seu consultório, o qual, ironicamente, lembrava em alguma coisa o espaço que detinha na ULisboa. Era impressão ou... aquela moça exibia uma protuberância bem peculiar no ventre?

— Bem... Serei direta, até porque já tenho os profissionais de minha confiança com quem passo.

A réplica causou um sentimento de estranheza em Selma. Para falar a verdade, desde que pousou os olhos naquela mulher, a mesma sensação esquisita havia se apossado de si. Ela não sabia definir direito o que era aquilo. Porém, a resposta seria dada em breve.

— Então...? — a doutora insistiu.

— Eu sei quem é a senhora. Sei do que passou no seu país de origem.

Por um instante, Selma pensou que a moça era uma figura de autoridade, prestes a prendê-la pelo que fizera. Confabulou matar aquela intrusa ali mesmo. Jamais se arrependeu de seus atos. Faria tudo de novo, se fosse preciso, o que não queria dizer que uma pulguinha não apitasse atrás da orelha, alegando ainda existir a possibilidade de ser pega.

Entretanto, uma segunda parte de sua intuição alertava que havia algo a mais naquela mulher. Por isso, acabou optando por se calar e se limitar a apenas ouvir a outra, que logo prosseguiu:

— Antes que me pergunte, essas coisas, tais como crimes, que acontecem no exterior são noticiadas aqui no Brasil. Muitas vezes, são exaustivamente noticiadas... Com o perdão da insensibilidade, fica parecendo que não temos problemas no nosso país para a mídia focar tanto nas mazelas de outros lugares.

A vontade de Selma era gargalhar frente à ingenuidade de sua interlocutora. Mas... seria aquela mulher tão inocente assim? A postura tão viva era até, em certo grau, familiar. Respondeu:

— Tentei esquecer tudo aquilo ao vir para cá. Precisava mudar de ares...

— Além de toda a carnificina, que por si só é algo pesado, chega a ser um desrespeito de cunho nacional o fato desses assassinos ficarem usando das obras de autores renomados das nossas literaturas. Às vezes, eles até voltam...

— Os brasileiros conhecem Fernando Pessoa? — a doutora indagou com certa surpresa.

— São as vantagens ou desvantagens de, um dia, Portugal ter nos colonizado. Estudamos também a Literatura portuguesa, que em muita coisa nos inspirou em termos de produção textual.

— Estou satisfatoriamente surpresa, confesso. E por falar em confissão, posso dizer que estou gostando de morar aqui... Vês? Estou até usando gerundismos... Olha só! De novo falei um... — Selma deu uma risada, que contagiou a outra moça. — Daqui a pouco, emprego "você" ao invés de "tu", tal qual os verbos em terceira pessoa no lugar da segunda. Quem sabe eu use próclise ao invés de ênclise também? — Mais uma risadinha foi efetuada. — O Brasil conta com um povo inteligente, pelo que estou vendo. Além de terem os próprios costumes, também estudam e se informam a respeito das coisas que vêm de fora.

— Não se engane. Às vezes, se informam mais do que vem de fora do que de dentro...

— Ah! Não pensa que os lusitanos sejam diferentes. Mas, de qualquer maneira, ainda estou impressionada com tudo isso. — Pausou e fixou o olhar, novamente, no abdome da outra. Emendou: — E por falar em estar impressionada, vejo que esse sentimento não parte apenas de minha pessoa... — Aquele mesmo sorriso emblemático se fez em seu rosto. — Uma vez, eu disse para uma paciente que me foi muito marcante que fui treinada para analisar o comportamento humano, ler as pessoas nas linhas e nas entrelinhas. Admito que comecei a fazer isso contigo a partir do momento em que lhe avistei.

Acuada, restou à moça retrucar:

— Bom... Eu sou casada e estou muito feliz com a minha união e o meu marido...

— Ah! Os homens... — Selma a cortou. — Nos dias de hoje, ansiamos tanto por viver sem eles, mas não conseguimos. Ainda assim, eles não são a nossa fonte plena de felicidade.

E nos pensamentos, ela completou "Falo isso por uma pavorosa experiência própria...".

— Estou casada há pouco tempo — afirmou a desconhecida —, portanto, insisto que parte do meu observável deslumbramento tem a ver com o meu esposo, que me é muito leal e me ama infinitamente. Acho que estou na típica fase gostosa do matrimônio em que os companheiros enxergam tudo como se fosse cor-de-rosa. Inclusive, estamos nós dois tendo uns dias de férias e viemos visitar uns amigos. — Parou. — Mas a senhora está certa. Mais uma coisa me faz vibrar de felicidade...

Desse modo, ela levou as mãos ao ventre e, sorridente, completou:

— Estou grávida.

Segundos de silêncio perduraram pelo ambiente. Sem a sua ouvinte notar, Selma discretamente tensionou, quase ao ponto de estremecer. Aquelas duas palavras, embora simples, significavam muito para si, especialmente em relação à gestação violentamente interrompida que havia vivenciado e que foi um dos pontapés iniciais para todo aquele jogo macabro de manipulação e morte.

— Meus... parabéns! — a médica se esforçou para pronunciar.

Em seguida, chacoalhou a cabeça, em uma tentativa de dissipar, ao menos por ora, memórias tão tortuosas. Esboçando o famigerado e enigmático meio-sorriso, tornou a repetir uma pergunta já feita antes:

— E então...? Vais desculpar-me, mas não é bem da alçada dos psiquiatras lidar com pessoas plenas em sua felicidade.

— Não, doutora, também não sou esse poço todo de alegria. Tenho e tive as minhas tristezas... É por esse motivo que vim para cá no instante em que soube que justamente a senhora tinha uma clínica nesta região. Vim oferecer uma espécie de... solidariedade. Quem sabe, podemos trocar experiências acerca das nossas vivências.

Novamente, aquela sensação de estranheza tomou o âmago de Selma. Era um sentimento crescente, que ia aumentando a cada palavra ouvida e a cada minuto que se passava diante daquela companhia inesperada. Algo em si a alertava que... talvez ela estivesse conectada com aquela moça. De que forma? Até aquele momento, ela não sabia dizer...

Respirou fundo e, com isso, uma nova lembrança veio feito um rompante. Disse:

— Muito bem! Se é assim, cortemos qualquer formalidade entre nós. Paremos desde já com esses "doutora" e "senhora", por exemplo. Podes chamar-me apenas de Selma. Muito prazer!

Para completar, ela se aproximou e estendeu a mão, esperando que o gesto de cumprimento fosse retribuído.

Seu desejo logo foi atendido ao sentir a mão da mulher em contato com a sua. Foi aí que, finalmente, Selma entendeu o porquê da estranheza sentida em relação à outra.

Realmente, ela não era qualquer pessoa.

As palavras que escutou coroaram o momento com um... encontro jamais planejado por qualquer uma das duas:

— Prazer..., Maria Joana. *


FIM?

Notas do autor:

* Protagonista dos títulos anteriores — Entre Letras e Sangue e Entre Prosas e Sangue.

Mais uma obra finalizada (snif snif)! Só tenho a agradecer quem acompanhou tudo até aqui. Como dito lá no capítulo de Avisos, "Entre Versos e Sangue" possui um enredo independente de seus títulos antecessores, mas esse finalzinho se torna uma experiência mais agradável para quem os leu antes.

No mais, é isso! Resta-me apenas agraciar meus cativos leitores com o clássico capítulo de Curiosidades sobre a obra. Até já então!

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