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09. Ele e 𝘦𝘭𝘢

As trevas, para Vanessa, de repente se dissiparam e aos poucos sua consciência foi retornando. De início, ela tentou abrir os olhos, mas a claridade súbita e demasiadamente incômoda a fez cerrá-los.

Nesse ínterim, sentiu que estava deitada em algo macio, uma cama, para ser mais preciso. Todavia, não estava confortável. Seus braços pendiam esticados e acima da cabeça, sendo que os pulsos estavam doloridos devido a uma pressão exercida.

O estranhamento daquilo fez com que ela tornasse a abrir os olhos e constatasse a situação a qual se encontrava. E foi com desespero que viu que... estava amarrada!

Começou a ofegar. Rapidamente se lembrou do que havia se sucedido quando estava praticamente do lado de fora da casa de Inácio. Quando o assassino, ou melhor, a assassina a capturou! Quando, após uma luta vergonhosa, foi feita de refém por... ela!

E por falar na referida residência, não demorou para perceber que o local ao redor era um em que estivera em tantas ocasiões. Sem grandes surpresas, ali era nada mais e nada menos que... o único dormitório do sobrado ocupado por Inácio.

Mais uma vez, indagou para si própria o que se passara com o rapaz. Ao mesmo tempo, sua mente – traiçoeira – se recordou de Roberto, morto no andar inferior, fazendo-a se questionar, com muita sofreguidão e ansiedade, se um destino similar havia ocorrido com Inácio. Não era justo que isso tivesse acontecido com ele!

Mas os instantes de dúvida não perduraram, não com a porta do quarto se abrindo e dela saindo uma figura.

Não era qualquer figura, e sim... ela.

A assassina.

Elisa.

Ainda trajava o mesmo sobretudo de antes, o mesmo capuz e a mesma máscara que cobriam parcialmente o rosto. O jeito de andar claramente efetuado por alguém do sexo feminino e os famigerados e longos fios capilares negros, não contidos pelo capuz, só reforçavam o que estava mais do que evidente.

Entretanto, conforme ela se aproximava, um sentimento de desconforto e ansiedade foi se apossando de Vanessa, que, impressionada com a chegada repentina, nem sequer gritou. Estando mais perto da outra, a estudante logo percebeu algo... inquietante.

Existia um quê de familiar naquela pessoa.

Para piorar, Elisa, já diante de sua refém, levou um de seus braços ao rosto da moça aprisionada, realizando uma carícia, uma mórbida carícia. Porém, não foi isso o que alarmou Vanessa, e sim... o toque assustadoramente conhecido por si. Era como se a pele dela já soubesse de quem se tratava, embora a visão ainda estivesse a enganando, tal qual uma miragem no deserto.

A sensação não foi em vão. Segundos depois, o capuz e a máscara caíram do rosto, permitindo que Vanessa visse, dessa vez com riqueza de detalhes, quem, de fato, era aquele indivíduo.

A maquiagem um tanto exagerada, com ênfase nas sombras pintadas nos olhos e um batom fortemente avermelhado nos lábios, até fazia aquilo parecer uma grande brincadeira de mau gosto, especialmente porque... não era uma mulher que ali se encontrava!

Será possível...? Porém, como ir contra o que seus olhos, agora alinhados com o que seu tegumento sentira, enxergavam? Ainda mais com aquela pessoa exibindo um diabólico e doentio sorriso?

Bem que sua intuição tinha a alertado...

O que Vanessa, em um fio de voz, conseguiu murmurar fechou finalmente aquele quebra-cabeça:

— Iná... cio!?

Ele fez um gesto agitado de negação, sem tirar o sorriso macabro do rosto.

Inêsele disse. A entonação afinada e até infantilizada demais não lembrava em nada o timbre rouco e manso que tanto o caracterizava.

Mas... Inês? Quem era Inês? A resposta, em forma de lembrança, veio logo à mente de Vanessa ao passo que Inácio, com o mesmo tom agudo, prosseguiu:

— Finalmente estamos a conhecer-nos, minha cara cunhada! Foste uma menina muito malvada, principalmente com o meu amado irmão!

A moça amarrada continuou sem entender. Apesar do ar de criança que emanava, Inácio – ou Inês – pareceu captar a sua confusão e continuou:

— O meu irmão não mentiu ao contar-te a história dele, aliás, a nossa história, naquele dia em que estiveste aqui. Realmente, houve uma complicação quando eu estava para nascer e acabei por desencarnar. — Baixou a cabeça, aparentando estar em um momento solene para si própria. — Mas quem diria que, de certo modo, eu tornaria a viver, embora não nos mesmos moldes que a maioria das pessoas? Houve coisas que ocorreram na vida do meu irmão que contribuíram para a minha volta. Uma delas foste tu, cunhada querida!

— Eu? — indagou Vanessa, ainda incrédula com a sucessão daqueles eventos e com o que estava ouvindo.

Por um minuto, ela pensou e também desejou que tudo não passasse de um pesadelo. Aliás, era incrível o modo que Inácio se expressava, como se ele não estivesse ali, e sim outra pessoa; talvez, isso procedesse de certa forma...

— Tu que traíste o meu irmão, o que permitiu que ele quase se afundasse na depressão e quase cometesse uma grande sandice irreversível contra ele próprio, se é que me entendes. — Ela piscou enquanto se manifestava de um jeito apático, mas também com um quê de brincadeira. — Foi assim que eu, Inês, voltei, de maneira a conseguir um lugar só meu na mente dele, mas também para salvá-lo. Não é bonito?

Vanessa não pôde dizer mais nada. Encontrava-se ainda em estado de negação.

"— Como era possível tudo aquilo?" — Era o que ela tanto se questionava.

Alheia a esse tormento, Inês seguiu com as suas palavras:

— Não demorou, com o meu retorno, para que eu decidisse e começasse a... matar. — Seu sorriso mórbido se alargou. — E quais as melhores vítimas senão quem que, de um jeito ou de outro, prejudicou o meu estimado irmão? Aquele rapaz bonito e musculoso, mas estúpido, as duas irmãs gémeas metidas a inteligentes, o teu namoradinho que está a apodrecer lá embaixo...

A atenção da graduanda em Psicologia, que já era grande, se intensificou diante dos últimos dizeres de sua algoz. Era muita audácia e falta de sentimentos ela declarar aquelas coisas como se as pessoas que vitimou fossem simplesmente nada. Contudo..., não era assim que os seus amigos encaravam justamente Inácio? Que bela e cruel ironia do destino as coisas terem ocorrido daquele modo...

— Aliás, prezada cunhada — Inês ainda se pronunciava —, sabes como me livrei do Roberto? Ele simplesmente veio aqui em casa querer tirar satisfações com o Inácio após aquela confusão que engataram na universidade. Acreditas que eles brigaram, com direito a mais socos e pontapés, de novo? Homens conseguem ser tão ou mais irracionais que nós, meninas frágeis e delicadas... Felizmente, aquele idiota não era páreo para o meu irmão, que é um rapaz muito mais viril e dono de uma personalidade muito menos intragável. Trocaste muito mal um pelo outro — suspirou. — Enfim, aproveitei para apossar-me deste corpo que te fala e simplesmente matei aquele estorvo. Depois, Inácio, tomado pelo desespero, telefonou-te e cá estamos.

Finalmente, algo começou a fazer sentido para Vanessa. Era por esse motivo que Inácio se mostrara tão aflito quando ele ligou. Ainda assim, tudo soava inverossímil para ela, que não ousou abrir a boca e permitiu que a outra prosseguisse:

— E por falar em morte, vou explicar as minhas, digamos, assinaturas quando executo o que gosto de chamar de as minhas obras de arte. Creio que mereças pelo simples fato de Inácio amar-te, embora tu não sejas a mulher ideal para ele. — Fez uma pausa. — Primeiro, vem o estrangulamento com o auxílio de uma corda. Sabes por que faço isso? O meu irmão não contou a ti, mas a verdade é que morri, ou melhor, desencarnei do meu corpo original porque..., pouco antes de eu nascer, o cordão umbilical enrolou-se no meu frágil e pequeno pescoço, de maneira a ter me enforcado. Infelizmente, os médicos não tiveram competência para intervir a tempo. Nasci com vida, porém já para morrer, devido a pouca oxigenação que recebi, especialmente para o meu cérebro. Foi muito dolorosa essa experiência...

Mais um instante de silêncio permeou o ambiente. Vanessa tinha ficado genuinamente consternada com o que Inácio havia lhe dito há alguns dias, mas aquela revelação deixava a situação muito mais tensa. Pesada. Insuportável.

Para piorar, mesmo com tamanho relato, parecia que Inês se deleitava com ele. E para variar, ela não parava com o que acabou virando o seu momento de monólogo:

— Pois bem. Depois do estrangulamento e de constatar a ausência de respiração no meu... modelo artístico, deixo um poema do Fernando Pessoa, publicado, claro, como pertencente a um dos heterônimos dele. Acredito que essa parte tenhas entendido, não?

Na mesma hora, a mulher aprisionada se lembrou de Selma e do pedido de socorro que tinha enviado. Naquelas alturas, estava mais do que nítido que as intenções de Inácio, ou melhor, de Inês não eram das melhores. Desse modo, um princípio de estratagema dominou-lhe os pensamentos. Era tudo ou nada para sair dali com vida!

Por isso que, de início, ela foi permitindo que a outra seguisse com a fala, numa tentativa desesperada de conseguir ganhar tempo.

— Outra coisa que Inácio não disse a ti: a nossa mãe trabalhava numa biblioteca. Ela tinha acesso aos mais variados autores, dos mais variados gêneros. Mas se tinha uma coisa que mamãe gostava muito eram justamente os textos líricos. Fernando Pessoa era simplesmente o poeta favorito dela. Gosto de pensar que todos os meus feitos até agora são uma espécie de homenagem...

Vanessa mal pôde conter a careta de nojo e pavor. Ainda estava de cara em como Inês falava aquelas coisas de maneira tão natural e sem sequer pestanejar.

— E a marca de batom, encontrada nos papéis com os poemas, era apenas um toque feminino de minha parte. Creio que isso também foi captado por ti.

Em um movimento involuntário, a garota em perigo assentiu. Chegou a se questionar se, diante de tanta insanidade revelada, não estava também ficando louca. Previa que não faltaria muito para ela própria começar a esboçar o mesmo sorriso doentio de sua carrasca e, quem sabe, entoar uma risada maligna. Uma nota se fez em seu íntimo: se saísse dali com vida e inteira, procuraria urgente por ajuda profissional. A doutora Selma tinha realmente razão.

— Por último, mas não menos importante, removo partes sugestivas do corpo. — Inês se interrompeu e, com uma entonação baixa, quase ao ponto do sussurro, emendou: — Vou contar um segredinho. Digamos que, além de eu mesma ter decidido querer fazer tudo o que falei, também tenho uma... garantia.

— Garantia?

— Não posso continuar assim, a manifestar-me na cabeça de Inácio quando ele precisa. Por isso, tenho uma garantia de, ao término de tudo..., ter total controle sobre o corpo e a mente dele. Não me interpretes mal — Fez um gesto indicativo para Vanessa. —, amo o meu irmão e sou eternamente grata a ele por permitir o meu retorno após anos de ausência. Porém, Inácio já viveu o que tinha para viver. E sofreu muito também, seja na infância, com o nosso pai, seja agora, contigo.

Mais um momento de longa pausa foi feito, inconscientemente, pelas duas pessoas naquele quarto. Um suspiro pesado, então, foi dado por Inês, que decretou:

— Portanto, vamos acabar logo com isso.

Ela abriu o sobretudo que vestia e exibiu algo que estava escondido: um pedaço de corda. Vanessa, que entendeu o que aquilo representava, começou a arfar, nervosa, e a se agitar em uma vã tentativa de se libertar de seu jugo. Novamente, não conseguiu proferir nada, tamanho desespero que estava sentindo e que aumentou com o que, em seguida, escutou:

— Cada um dos meus modelos artísticos representou um órgão do sentido. Vamos rever quais já foram? — Os olhos de Inês brilharam. O pânico perceptível vindo da refém lhe era deveras atrativo. — Audição, olfato, paladar... — Parou, na intenção de provocar um instante de suspense e expectativa, que só piorou o estado de nervos de Vanessa. — ..., tato, afinal, parte do rosto do teu namoradinho que foi visado. — Houve mais uma pausa. — Qual está a faltar?

Não era preciso ser nenhum gênio para saber ao que foi referido. A imagem que veio feito um rompante na psique de Vanessa apenas agudizou as desagradáveis e indesejadas sensações que estava experimentando. Só de imaginar ela própria naquele suposto estado... Mais uma vez, sentiu vontade de pôr para fora o conteúdo armazenado no estômago.

E o complemento da fala de Inês coroou aqueles segundos de puro terror:

— Inácio vivia a dizer o quão belos são os teus olhos, cunhadinha.

Ela então pegou a corda nas duas extremidades e deu um leve puxão, balançando-a no processo. Foi se aproximando da prisioneira, que ainda se debatia, tomada pelo pânico.

Quando a corda já estava a poucos e perigosos centímetros de seu pescoço, Vanessa pôde encarar os olhos da inimiga. Desse modo, foi agraciada com uma ideia. Conforme ela própria havia concluído antes, era tudo ou nada ali.

— Eu sei que você ainda está aí, Inácio — ela disse. Apesar do tom embargado, esforçou-se para demonstrar firmeza na voz. — Sei que o homem por quem me apaixonei jamais deixaria um monstro dominá-lo.

— Cala-te! — Inês rebateu, furiosa.

— Resiste, Inácio! — Vanessa ignorou a ordem recebida. — Resiste por ti, por mim... Por nós dois!

— Eu disse para te calares! — rosnou a assassina para desferir um poderoso tapa na face da refém.

Vanessa, em que pesou a dor sentida, engoliu em seco, respirou fundo e tornou a se virar para Inês – ou Inácio. Não desistiu do que acabou se tornando um jogo macabro pela sobrevivência. Continuou:

— Podemos ainda lidar com essa situação sem nos prejudicarmos. Podemos, por exemplo, dar um jeito no corpo do Roberto lá embaixo e, depois, fugir... juntos! Há ainda esperança para a nossa felicidade...

— Para!

O novo esbravejar de Inês iria descambar para mais uma bofetada a ser executada no rosto de Vanessa, que fechou os olhos, prestes a receber o próximo golpe. Sem hesitar, ela bradou:

— Apesar de tudo, quero ficar contigo, Inácio. Eu... Eu amo-te!

As últimas palavras fizeram Inês, de maneira inesperada, travar. Subitamente, ela levou ambas as mãos à cabeça, largando a corda que portava no chão, aparentando ter sido acometida por uma sensação lancinante. Não demorou para começar a se contorcer entre gemidos e rogares de maldições, que oscilavam entre um timbre fino e infantilizado e um outro mais grave e viril. Parecia até que protagonizava uma possessão demoníaca!

Impressionada, embora não paralisada pelo acontecimento extraordinário, Vanessa insistiu:

— Eu amo-te, Inácio!

De repente, Inês parou de se debater. Ela ficou um tempo imobilizada e, depois, ergueu totalmente o corpo. Tornou a mirar Vanessa, que, temerosa, indagou:

— Inácio, és tu?

— Eu... Eu sinto muito! — respondeu... ele! A entonação rouca e que tanto fazia Vanessa suspirar não negava!

Inácio, em um movimento de frenesi, levou a mão à cabeça e retirou a peruca que usava. Era como se, naquele simples gesto, a mente dele tivesse sido invadida por uma clarão, fazendo-o compreender tudo em uma curta fração de segundos e, finalmente, permitindo que ele se desvencilhasse da imagem de Inês, a irmã dotada de péssimas intenções e ações.

E, pelo visto, Vanessa compreendeu isso ao afirmar, terna:

— Está tudo bem! Não foi tua culpa.

Inácio curvou os lábios em um sorriso contido. Não era um sorriso doentio igual ao de sua irmã, mas algo verdadeiro e cheio de afeto.

— Agora, desamarra-me, por favor! — a moça ordenou de forma brincalhona.

O rapaz soltou um risinho e estava prestes a acatar ao pedido feito...

No entanto, veio um novo acontecimento.

Alguém aqui está procurando por paz? Que tolice...

Notas do autor:

Revelação do assassino (ou assassina?) feita! E aí? Esperavam essa trama toda envolvendo Inácio e sua falecida irmã? O que tudo isso representa? E o que aconteceu nesse finalzinho? Próximo capítulo é o último, além do epílogo. Até! o/

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