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Capítulo 3

                   Jonas definitivamente não brincava em serviço. Jenna pensou em enviar-lhe uma mensagem advertindo-o por sua negligência no quesito discrição, mas sabia que não surtiria efeito. Deixou o livro de lado, terminou de preparar o macarrão e comeu. Sentou no sofá de jacquard xadrez, acendeu uma vela aromática de capim limão, a qual acreditava fervorosamente que lhe espantava o sono, e começou a escrever um artigo completo sobre a invasão da biblioteca para publicar em seu blog.

          Ainda nas primeiras estrofes Jenna se questionou sobre os rumos profissionais que estava seguindo. Não acreditava que Jonas tivesse encontrado o livro por puro acaso, então ou ele havia invadido a biblioteca ou sabia quem o tinha feito. Quando se formou em jornalismo, jamais imaginou que dependeria desse tipo de infração para ter algum tipo de matéria relevante para reportar. Era ridículo.

          Enquanto digitava, não conseguia parar de pensar no livro, quase como se o objeto inanimado a estivesse observando, convidando-a a conhecer os seus mistérios, a folhear suas páginas amareladas usadas para esconder algum segredo obscuro. Jenna riu. Era bem provável não conter nada demais ali, afinal, o que poderia haver de tão obscuro em Varsinas?

          Mesmo tentando convencer-se de que não era algo importante, Jenna escreveu o artigo mais rápido que o comum, beirando a negligência, e começou a ler o livro.



          Sagrado Sangue Inocente

          Uma tarde, levantou-se Davi do seu leito e andava passeando no terraço da casa real; daí viu uma mulher que estava tomando banho; era ela mui formosa. Davi mandou perguntar quem era. Disseram-lhe: É Bate-Seba, filha de Eliã e mulher de Urias [...].¹

          Senti-me um fotógrafo ou pintor ao mirá-la pela primeira vez, adentrando a aduela principal, provando que o arabesco outrora cravado em madeira sobre o grande portão de entrada fora feito, desde sempre, para a sua entrada.
          Seus cabelos dourados, jamais vistos soltos outra vez, repousavam serenos sobre o ombro estreito. E eu, contingentemente no centro do altar, fui atingido com violência pelo que seria, até o fim dos meus dias, minha ruína e salvação. A cruz majestosa atrás de mim deveria servir-me de sinal, para que eu soubesse bem o que estava fazendo.



          Jenna devorou apressadamente as primeiras páginas, surpresa ao ser arrebatada pelo calor familiar no peito de alguém que lê um bom livro. Como suspeitava, não havia nada tenebroso ou arrepiante como Lurdes a sugerira. Era, na verdade, bastante triste. Sagrado Sangue Inocente contava em suas primeiras páginas a triste história de amor de um padre pela mulher de um poderoso líder político regional. Os obstáculos entre a união dos apaixonados, a certeza do padre de que tal sentimento deveria ser combatido e, contrariamente, a total entrega dele causou-lhe um certo desconforto. Acreditava que era a intenção do autor, o que a fez valorizar ainda mais a qualidade da obra.

          Havia, de fato, algumas características peculiares no manuscrito. O próprio fato de ter sido escrito à mão levantava em Jenna algumas questões. Os personagens — padre, político e esposa — não tinham nomes. A ordem dos fatos também parecia um pouco confusa, pois em poucas linhas havia a passagem de vários anos; enquanto o sentimento do protagonista era evidenciado ao extremo, grandes acontecimentos eram escritos superficialmente. O impasse da impossibilidade de união entre o padre e a mulher do político se estendeu por uma tortura de anos, enquanto o protagonista via sua amada adoecer e enfraquecer-se, sendo negligenciada pelo marido que a desprezava por não lhe dar um filho.



          Talvez pela certeza de que não fora abençoada com o dom da vida, numa tentativa desesperada de aliviar a agonia de minha alma e corpo, pedi-lhe o que jamais deveria ter pedido. Tive medo. O amor de uma mulher pode destruir um homem, o Reverendo dissera-me certa vez. Eu podia conviver com a certeza de minha própria destruição, mas não a dela. Uma vez foi o suficiente. Aprendi na liturgia das últimas décadas que todo pecado tem uma consequência; a nossa nasceu alguns meses depois, com os cabelos dourados da mãe, tão parecidos com os meus também, e os olhos arredondados de pura bondade.



          Jenna devorava as páginas, absorta na história trágica que se desenrolava rapidamente em descrições abreviadas. A mulher sem nome dera a luz à criança que foi aceita como filha do seu marido. Alguns fotos pareciam ter sido intencionalmente omitidos. Detalhes que para alguém como Jenna, fariam toda a diferença. O casal continuava se encontrado escondido? O marido desconfiava de algo? O padre continuava exercendo seu ofício? Em alguns momentos a leitura dava a entender que não, mas era confuso. A criança cresceu e nenhuma dessas respostas foi revelada.

          Alguns anos depois, que Jenna chutava ser entre treze e dezessete anos, a mulher adoeceu novamente. Passou meses sem ser vista na congregação e então o político anunciou a sua gravidez, arriscada por conta da idade avançada. A maneira como o padre descreveu esse período chegou a ser perturbador para Jenna. Algo entre ciúme, angústia e arrependimento visceral que a sufocava. De acordo com o padre, o filho não poderia ser seu, não desta vez. 

          Então, depois de meses sem conseguir se comunicar com a amada, recebeu uma missiva. Sem grandes explicações, a mulher dava-lhe as coordenadas de um lugar específico na floresta, onde supostamente fora erguido uma espécie de altar muitos anos antes. Pedia-lhe que encontrasse a filha deles em determinado dia e hora, sem margem de erro, e a levasse embora da cidade.



          Minha carne tremia descontrolada desde o momento em que li as palavras dela pela primeira vez. Cheguei a pensar que estava doente, mortalmente doente, mas bem pode ter sido o peso do que estava por vir pesando em meus ombros e cabeça, para que eu não ousasse me sentir inocente. Eu estava lá uma hora antes, deixando para trás tudo o que pude chamar de meu na vida, carregando comigo a roupa do corpo e documentos necessários para fazer o que fora-me solicitado. Elas estavam em perigo, era tudo o que eu verdadeiramente sabia, e sentia, em cada batida dolorosa do meu coração.
          Esperei no degrau de pedras do que provavelmente foi um altar pagão, tentando sobreviver a dor que latejava em meu peito como um prelúdio sádico do que me aguardava. Faltavam nove minutos para o horário marcado quando ouvi agitação na floresta. Havia tanto o que ser dito, feito, tempo perdido a ser recuperado. Perdi-me na agitação dos pensamentos de revê-la e demorei para perceber os sinais de perigo. Gritos ou grunhidos, talvez os dois.
          — Pai, pai! Por favor, pai! — ela gritou. A voz que jamais esquecerei. Não pensei que a ouviria chamar-me de pai em algum momento.
          E então o som que pegou-me de surpresa e me derrubou sobre as pedras duras. Um estrondo seco e rasgante no ar. Depois, a floresta inteira ficou em silêncio, ou talvez tenha começado ali a perturbação mental que me acompanharia; estava aturdido pela febre há dias, perguntei-me se de repente estava delirando. O único som que percebia era do medo sacodindo meus ossos.
          Encontrei-a no chão, pegadas rastejantes ao redor do corpo já sem vida e uma fenda em seu peito por onde escorria em ondas o sangue vermelho, tingindo de uma cor ardente os cachos loiros. Talvez eu tenha desmaiado, eu não sei. Foi a primeira vez que perdi a consciência, ou memória. Quando recuperei a consciência, abondonei-a. Fora a atitude mais desonrada de toda minha vida hipócrita, em uma disputa acirrada com tudo o que fiz a sua mãe e a mim mesmo. Deixei seu corpo magro sobre o chão frio e úmido da floresta.
          Quanto ao que houve depois, foi demais para mim. Saber que perdi minha filha e mulher em tão curto intervalo de tempo fez-me perder o controle do meu consciente. Colapsei. O Reverendo disse que fiquei mais de um mês daquele jeito, eu não lembro. Não consigo trazer à memória quase nada depois daquela noite e o pouco que consigo não sei se é real. Ainda agora, não posso pisar os pés sobre a terra sobre a qual foi derramado o sagrado sangue inocente da menina, às custas também da vida da que tanto amei; impotente. No fim, o reverendo estava errado, e foi o amor de um homem que destruiu a vida da mulher.


Pois o salário do pecado é a morte, mas a dádiva de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.²





¹ BÍBLIA, A. T. 2Samuel 11:2-3. In: Bíblia Sagrada. Tradução ARA, 2ª edição de 1993.

²BÍBLIA, N. T. Romanos 6:23. In: Bíblia Sagrada. Tradução NVT, 1ª edição de 2016.

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