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Capítulo 3

O tempo passou e entre um drinque e outro, eu já não sabia mais em que canto daquela mansão eu estava. Só sabia que estava me atracando com uma piranha qualquer, que havia aceitado trocar saliva comigo, contanto que eu a acariciasse por baixo da micro-saia, fazendo assim ela se sentir desejada.

Despedi-me da garota ― que eu nem sabia o nome ―, e fui atrás da minha presa. Se àquela hora ela não houvesse sido devorada por aquela festa, não seria mais também. E eu não aguentava mais ficar ali, no meio daquele bando de pessoas dissimuladas e de baixa personalidade.

Eu queria me entrevar logo em minha cama, e ler cada página de "O desaparecer da Aurora", pois quando eu estava sozinho no meu quarto, vivendo em um mundo que não existia na realidade, eu podia ser simplesmente eu, de verdade.

Somente ali, eu podia me abrir completamente, porém, também não havia espectadores. E era melhor assim, pois eu desconfiava e muito das pessoas.

Caminhei meio zonzo pela multidão, que se fundia em danças lúbricas, porém não havia nem sinal de Agatha, em lugar nenhum.

Logo acreditei que ela não havia aguentado e havia se aventurado pelas ruas, ou quem sabe, estava juntando a sua trouxa para voltar à sua cidadela.

Porém, ao chegar perto dos enormes jardins da mansão dos Albuquerque, eu  notei que um cara, e para ser mais,  claro o João ― o homem-bomba ―, estava prensando o corpo pequeno de Agatha, contra uma árvore.

A garota gritava e chorava, como se estivesse sendo esfaqueada, enquanto as mãos do brutamonte apalpavam todo o seu corpo.

Eu achei que gostaria de ver qualquer cena em que a Agatha estivesse sofrendo,  mas assistir àquilo me doeu tanto, que a dor pareceu chegar até mesmo nos ossos; tanto que eu nem percebi que estava conseguindo arrebentar o cara mais forte e pesado do bairro, em meio a um monte de chutes e socos, enquanto a Agatha se encolhia em um canto, chorando e resmungando algo sobre morrer logo.

Ao eu conseguir sabe-se lá como, deixar o João todo machucado e choramingando feito um bebê, eu olhei para as minhas mãos, e me perguntei o que eu estava fazendo ali. E ainda mais, o que eu estava fazendo naquela palhaçada toda. Afinal, eu não era um ser sociável, e sempre que eu me atrevia a sair naquele mundo desconhecido, sempre arrumava alguma confusão para mim.

Então resolvi voltar para o único mundo que eu conhecia e que eu conseguia ser verdadeiramente humano: o mundo dos livros.

Aquele lugar para o qual eu tinha que me trancar em meu quarto e escutar de meu pai, que eu tinha problemas mentais, e ouvir também de minha mãe, que eu deveria apenas ter me apaixonado e acabava por ser rejeitado, sendo que eu nem mesmo conhecia o amor; não em um mundo palpável, mas sim, apenas de uma vaga sensação, quando eu lia algum romance.

Caminhei até Agatha, limpando a minha mão ensanguentada em minha calça, e logo depois a oferecendo a ela, para que se levantasse do chão.

Agatha se segurou em mim de uma maneira trêmula, tanto que eu achei que ela fosse desmaiar. O seu olhar estava desnorteado e por algum motivo, a sua pele estava toda machucada.

Eu me culpei no mesmo instante, pois por mais que eu a odiasse, a minha vingança não poderia ir tão longe assim.

Eu não era cruel. Então por que eu estava fazendo isso com uma garota tão desinformada como aquela?

Eu quase havia permitido que um babaca drogado roubasse a pureza de Agatha, e aquilo não era justificável; nem mesmo se ela roubasse todos os dez mil livros da minha biblioteca.

Nós não nos gostávamos, mas não precisávamos ser inimigos a esse ponto. Poderíamos apenas ser indiferentes, fingindo que não existíamos; assim como fazemos com os livros que lemos e não gostamos.

Puxei Agatha para a saída, enquanto ela cambaleava, assim como se houvesse sido abduzida para outro planeta; como se estivesse em transe.

Ela parecia tão traumatizada, enquanto não se importava em arrumar a roupa esgarçada e muito menos, o cabelo despenteado.

Agatha apenas repetia sem parar que algo era ácido, mas eu não sabia o quê.

Mas ao dar uma olhadela na garota, quase cheguei a acreditar que alguém houvesse mesmo atacado ácido nela, pois as suas coxas estavam completamente feridas; quase em carne viva.

E eu estaria ferrado dali por diante, mas merecia o pior dos castigos, por ter deixado aquilo acontecer.

Era fato que depois daquela cena que eu havia dado, eu não conseguiria me encarar no espelho mais.

Eu havia jogado sujo, como todos os humanos desprezíveis que eu tanto odiava. A garota havia somente me acordado, e que eu a odiava, era fato,  mas nada poderia justificar a opressão que eu permiti que caísse sobre ela.

Aquilo era mais do que típico de vilão de livro.

Não, era coisa de monstro mesmo!

Adentrei ao casarão, sentindo-me gelado, como se eu desejasse a minha própria morte, como pagamento por aquilo.

Vi-me indigno, ao encarar aquela garota, porém depois do que eu havia feito com ela, eu não poderia abandoná-la assim, no meio da noite.

Agatha atracou na sala, olhando para todos os lados, muito aterrorizada e nem por um segundo, parou de repetir que algo era ácido.

Eu estava começando a ficar com medo de ter deixado ela louca; de ter causado graves problemas psicológicos naquela na moça.

Eu era capaz daquilo, soltando uma garota humilde e interiorana no meio dos selvagens que habitavam os colégios e faculdades estimados da minha cidade.

Não importava quanto a Agatha me irritava, nem o quanto eu a odiava, ou que ela me afetava, eu era o responsável por ela naquele instante.

Tentei arrastá-la escada acima, mas ela parecia encravada no taco do chão, assim como se fosse uma estátua chumbada no concreto. Peguei-a então nos braços, enquanto os seus olhos pareciam estar em brasa naquele segundo.

E enquanto eu a carregava para o meu quarto, eu me perguntei se não havia acontecido algo a mais, antes de eu encontrá-la com o João.

Engoli a seco, torcendo para que não mesmo, ou então eu nunca mais me perdoaria.

Fechei a porta, para que ninguém pensasse que estava acontecendo ali, coisas que nunca iriam rolar entre nós dois. Apontei-lhe então o banheiro, e com um gesto de cabeça, indiquei que ela se lavasse.

― Aonde é o seu quarto? ― perguntei, a fim de lhe buscar uma roupa fresca.

― Junto da tia Sônia ― ela respondeu, com uma voz que ia além de trêmula.

Acenei com a cabeça, mesmo sabendo que seria impossível invadir o aposento de dona Sônia, sem acordá-la. Mas o problema era meu. Eu havia arrumado aquela arruaça, agora eu que me virasse para consertá-la!

Desci as escadas como um fugitivo, largando o tênis no corredor e seguindo somente de meia até a ala dos empregados. O chão estava frio, mas era bom para me acordar daquele estado meio entorpecido, em que eu me encontrava.

Aproximei-me da cozinha e aproveitei para roubar alguns bolinhos que estavam sobre a mesa. Talvez a Agatha precisasse comer algo, para se acalmar um pouco mais.

Ao chegar à porta do quarto de dona Sônia, ― que ficava ao lado dos aposentos de todos os outros serviçais ― eu tentei abrir a porta com cuidado, mas foi inevitável fazer barulho, pois a porta rangeu com o menor giro na maçaneta.

Entrei assim mesmo, tateando as coisas no escuro.

Quando tive o menor vislumbre de uma pilha de roupas sobre a cama que estava vazia e eu deduzi ser da Agatha, dona Sônia abriu os olhos, se assustando com a minha presença ali.

― O que está fazendo aqui, menino?

― Eu sou sonâmbulo ― respondi com uma voz esquisita, e então respirei fundo, como quem dorme profundamente. ― E eu queria comer alguns brioches.

Imitei então um louco, como se eu estivesse tendo um passeio noturno, somente nos meus sonhos.

A mulher gargalhou, resmungando algum xingamento. Na verdade, acho que me chamou de moleque guloso e que nunca segura os freios do estômago.

Fechei uma carranca, mas segui em frente, abandonando o quarto com um pijama de florzinha em minhas mãos. Torci o nariz para ele, pois era fofura demais para o meu gosto muito amargo.

Cheguei então ao meu quarto e percebi que a Agatha já estava no banho, provavelmente trancada em meu banheiro.

Voltei para o corredor e lá eu comecei a andar de um lado para o outro, buscando na mente o que fazer. Eu deveria estar preocupado com o que meu pai faria comigo, quando descobrisse, mas a única coisa que me importava de verdade, era se Agatha iria se recuperar daquele trauma.

Eu estava tão desesperado, nervoso e tremendo, que não percebi que estava chorando, pior do que a minha irmã, quando tem pesadelos. Afinal, dizem que os piores prantos são aqueles que não produzem nenhum ruído, mas mesmo assim, eliminam uma torrente de lágrimas.

Depois de mais ou menos meia hora de banho para a Agatha, e para mim de tortura, ela saiu no corredor com o seu pijama de florzinha. Os seus olhos estavam inchados, como se ela também estivesse chorando, enquanto o chuveiro lhe aquecia a pele.

Ela abaixou a cabeça, seguindo pela escada, enquanto eu via horrorizado, o quanto os seus lábios estavam machucados.

Voltei a chorar no mesmo instante, porém, a Agatha não notou. Eu não sabia o que haviam feito a ela, mas eu estava atemorizado em pensar o que eu ― aquele que abominava as maldades do mundo ―, havia permitido que acontecesse com aquela moça, que de certo modo, parecia ser tão ingênua.

Em quem você está se transformando, Marcelo Canuto?

Porém, ao ver que ela estava seguindo o seu caminho e me deixando sozinho ali no escuro com a minha culpa, eu resolvi indagar uma coisa, que havia me deixado completamente confuso.

― O que é ácido?

― O toque na pele é ácido, Marcelo ― ela respondeu me encarando, mas logo em seguida, sumiu na escuridão da escadaria.

Voltei para o meu quarto, sabendo que a única coisa que poderia me salvar daquela onda de ódio que havia me tomado, seria a leitura.

Todavia, a única coisa que eu tinha em mãos era o livro de Agatha; o mesmo que me faria lembrar que eu havia sido um covarde, ao ceder aos meus sentimentos de menino mimado.

Aquela obra era a mesma que me mostraria como a vingança poderia machucar as pessoas. Porém, era a minha vez de ser torturado e sofrer, por tudo o que tinha acontecido.

Eu não podia simplesmente esquecer e me esconder no baú. Eu tinha que me lembrar, para me mostrar que quando se odeia alguém, deve-se deixá-la em seu canto, e não ir atrás da pessoa, atear-lhe fogo nas entranhas.

E foi naquele exato momento, que eu percebi que por mais que a Agatha fosse detestável e incômoda, ela ainda era mil vezes mais humana do que eu jamais seria.

Fechei então os meus olhos, sentindo as lágrimas aquecerem a minha face, enquanto eu segurava o livro de capa de couro no meu colo, sentindo assim a sua textura mágica e macia.

Adormeci pensando que se eu conhecesse toda a história de "O desaparecer da Aurora", talvez eu entendesse por qual motivo aquele livro era tão importante para a Agatha.


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