~Prólogo
As coisas nem sempre eram fáceis para a maioria das pessoas. Todos os dias alguém se decepcionava, todos os dias alguém era vítima de traição, todos os dias alguém ficava gravemente doente e sentia um instantâneo vazio incapaz de ser preenchido facilmente, todos os dias alguém morria e deixava os parentes mais próximos desolados sem sua presença. A morte era um medo real e vivenciado por todos, como viver sabendo que um dia você deixará de existir? Algumas crenças introduzem a ideia de que mesmo morto jamais deixará de existir, mas para aquele que nunca mais terá notícias suas, sua existência já não é mais válida.
A morte é um fardo que todos devem suportar, mas nem todos sabem como, apenas vivem a evitar.
Um pouco após de Seattle, existia um pequeno povoado de no mínimo quinhentos habitantes. Era chamado do que era, um povoado, seu nome era Country. Começou a habitar pessoas depois que um hotel de luxo foi criado em uma área bastante vazia, com o sucesso do hotel e alguns problemas que começaram a surgir, muitas pessoas passaram a construir casas na região, mas todas as pessoas dependiam dos hóspedes do hotel para comerciar e ter um bom estilo de vida.
O povoado foi criado ao redor do hotel e mesmo com a fama dos assassinatos do passado, várias pessoas construíram suas vidas naquele lugar, todos deixaram as mortes no passado, mas ela sempre volta para amedrontar.
No alto de uma colina, morava um casal, eles estavam juntos a quatro anos e sonhavam em ter um bebê. David Drummond vinha de uma família rica, seu pai tinha construído à casa que moravam em um lugar calmo, para ficar em seus últimos dias de vida. Acabou morrendo três dias após ver o casamento de seu filho, que com o mesmo intuito do pai, se mudou para a região a fim de morar com a esposa em um lugar sossegado onde os dois pudessem ser felizes. Com a morte do pai ele teria o dever de tomar conta das indústrias que a ele foram designadas, mas sua paixão era aquele povoado, passar os dias na beira do rio olhando o nascer e o pôr do sol, aquela era a vida que ele queria. Tornou-se o xerife da região e deixou outro presidente ser nomeado à empresa.
Margareth Drummond era uma mulher solitária, era aquele tipo de mulher que estaria ali para realizar o sonho das pessoas que amava e nunca o dela. Se mudou de Rosewood na Pensilvânia contra a sua vontade, ela nunca gostou de dormir cedo ou ficar muito tempo longe de sua família. Era uma esbelta mulher, seus cabelos negros sempre bem curtos como os de um homem, sempre deixando uma pequena franja cobrir sua testa, tinha uns olhos verdes bem claros que a deixaram fofa por não ser tão alta. Mas, David era seu oposto, bem alto e musculoso, tinha seus cabelos castanhos e olhos azuis que as vezes pareciam verdes por conta da luz, também muito amoroso e um marido dedicado.
Para ter um filho, confiaram em um médico que ensinou maneiras dos dois ficarem menos tensionados para conseguir ter um bebê. Depois de uns meses tentando o teste deu positivo para seu primeiro filho, o nome já tinha sido escolhido, se fosse menina seria Alexia e caso fosse um menino seria Alec. No sétimo mês de gestação não aguentaram a tensão e foram descobrir o sexo do bebê, era Alec que estava por vir. A casa tinha dois quartos vagos e um logo virou o do garotinho, tudo foi bem pensado e não pouparam recursos para deixar a casa bem adaptada a sua chegada.
O dia que esse menino veio ao mundo foi mágico para as dois, nasceu de parto normal. Ao contrário dos pais ele não teria os olhos claros, mas negros iguais aos do avô e dependendo da luz podiam se tornar castanhos, os cabelos seriam negros iguais aos da mãe era notável. A felicidade foi tanta que nesse dia os pais não conseguiram para de chorar. O cuidaram com o maior amor e carinho durante dois anos inteiros e nunca se cansaram da presença do filho por perto, mas o garoto se sentia sozinho sem uma outra criança.
O povoado não era um lugar no qual os pais deixavam seus filhos soltos, tinha rios e vários penhascos, então as crianças de menos de dez anos eram mantidas a mercê da vontade de seus pais.
Quando Alec completou três anos, pediu um irmão ao apagar as velinhas, David ouviu seu sussurrar e ficou vários dias pensando no assunto, até que conversou com sua esposa e juntos decidiram ter mais um filho.
O segundo filho do casal se chamava Nicholas e teria os cabelos negros que nem seu irmão, mas seus olhos seriam castanhos bem claros como mel. Foi ele quem causou uma reviravolta na família, com sua chegada os pais tinham que dobrar a atenção com os dois filhos e se preocupar com as necessidades de ambos, sem falar que o David precisava ser o xerife da cidade todos os dias e a Margareth teria de ficar sozinha em casa com seus filhos.
Nunca deixaram de ser uma família unida. Iam ao rio todos os domingos, jogavam baralho aos sábados, assistiam aos jogos de futebol das quartas, dormiam os quatro na cama após uma maratona de séries na televisão do quarto maior e sempre que podiam acampavam juntos.
Os dois foram crescendo e fizeram novas amizades, antes garotos solitários, agora andavam em grupos. Mas, sempre cumpriram os compromissos que tinham com a família, todas as sextas jantavam em uma lanchonete no centro do povoado, as vezes alugavam um quarto no Hotel Country apenas para se divertir. Viajaram em família uma vez para Rosewood e conheceram as mães dos amigos do Nicholas, mas após aquela viagem ficaram mais enraizados no Povoado Country e não tornaram a viajar novamente.
Quando menos perceberam dezesseis anos tinham se passado, eles assistiam futebol juntos e gritavam quando o time que torciam ganhava. Eles cozinhavam juntos todos os dias e jantavam logo após, gostavam de ver filmes e pegar no sono um por cima do outro no sofá ou juntar todo mundo em um dia de chuva no quarto do casal para ficar um aconchegado no outro e passar a noite. A família cresceu unida e por muito tempo ficaram assim. Quando Alec completou dezessete anos, Nicholas ainda tinha seus quatorze e teve de se despedir do irmão que foi estudar na universidade Hollis em Rosewood. A saída do garoto abalou a família por uns dias, porém tudo voltou ao normal com o tempo, até a primeira perda finalmente acontecer.
Eles descobriram a morte de Alec numa manhã de quarta-feira, tinha acontecido um incêndio no campus e apenas ele estava dentro quando ocorreu, tinha sido a única vítima. Foi a primeira vez que Nicholas foi a um cemitério e estava arrasado com a morte do irmão, sua mãe atendeu o telefone e foi a primeira a descobrir o ocorrido. Chovia bastante no dia do enterro, a maioria dos conhecidos estavam lá, ele foi enterrado na cova da família no cemitério de Rosewood. Nicholas contou com o apoio de seu melhor amigo, Callen Marin — ou Call como todos gostavam de chamar — e a irmã dele Mylenna Marin também ex-namorada de Nicholas.
Os dois eram filhos da grande estilista Hanna Marin, que decidiu que os filhos deveriam ter seu sobrenome depois de um término repentino com o marido quinze dias após o nascimento do primeiro filho. Quando Mylenna nasceu ela não colocou o Rivers de seu marido Caleb e ele pareceu concordar com a ideia, os dois vivam voltando e terminando o relacionamento, no momento estavam juntos no cemitério ao lado de Spencer Hastings, uma das melhores amigas da estilista e intitulada tia dos garotos.
Spencer teve um caso com David Drummond alguns anos atrás e tinha ido prestar apoio a família. Das amigas era a única que não tinha tido filhos, mas tinha um amor especial por seus sobrinhos.
— Sente-se bem, Nicholas? — Call colocou uma mão no ombro do amigo e o puxou até seu abdome. Um abraço quente foi dado enquanto os dois tomavam chuva ao lado de Mylenna. Nick começou a chorar com mais tristeza e Jared Dilaurentis se aproximou e começou a fazer um cafuné na cabeça do amigo.
Jared Dilaurentis era um garoto em nada reservado. Filho de Alison Dilaurentis e Emily Fields, tinha duas irmãs gêmeas que faziam faculdade um pouco distante, então tinha a casa toda apenas para ele. Invadia a escola do Povoado Country quando ia passar uma semana no lugar e se passava por aluno, para ficar um tempo a mais com Call, Mylenna e Nicholas. Suas mães também eram amigas de Hanna e assim como a regra tias deles.
Mylenna e Call moravam com a avó Ashley no Povoado Country e sempre estavam se divertindo com o Nicholas.
Em um canto afastado, estava Chloe Maia olhando o enterro, ela tinha lágrimas em seus olhos pelo ocorrido, tinha um certo afeto por Alec e sempre o disputava com Mylenna que também era apaixonada pelo mesmo. Seus pais eram advogados bem sucedidos no povoado, mas se mudaram para Rosewood em busca de melhores condições para o ramo da moda que sua mãe estava entrando. A família Maia e a família Marin eram grandes concorrentes na cidade, assim como Mona Vandewaal — melhor amiga de Hanna.
Por último Kelly Fitz era consolada por sua mãe Aria Fitz, que tinha pegado o nome do marido para si, mas para todos seus fãs era a famosa Aria Montgomery — uma famosa escritora que tinha feito sucesso com seu marido — também fazia parte do grupo com Hanna e as outras e deixava a filha ser amiga de Nicholas e os outros garotos. Era adotada, pois sua mãe não tinha condições de gestar um bebê, mesmo assim sempre foi muito amada pela família.
Os garotos eram cópias fiéis de suas mães, Call tinha seus cabelos loiros e olhos azuis, era um pouco alto e tinha um físico de atleta, assim como Jared que era loiro igual a mãe e seus olhos mesclavam entre verdes e azuis, mas era um pouco mais baixo que Call. As garotas que se distinguiam, Mylenna tinha cabelos castanhos e olhos negros, Kelly era negra e morena, a única aparência com a mãe era a baixa estatura. Chloe era morena, porém tinha seus cabelos cacheados e não fazia mais parte do grupo devido uma briga que tiveram.
Aos poucos, saíram devagar do cemitério e puderam seguir com as vidas, esperando que a morte voltasse outra vez e querendo saber o que ela destruiria, além da vida de Alec.
A família começou a se distanciar e Nicholas era o que mais sentia essa mudança, passou a assistir os jogos sozinho e sem animação para comemorar quando o time vencia, passou a ver televisão a noite e dormir no sofá sem a companhia de ninguém com ele, acordava de manhã cedo com seu pai o acordando para ir continuar o sono na cama. Foi obrigatório contratar uma empregada, Margareth começou a tomar remédios para dormir e isso a deixava cansada durante o dia, pelo menos na primeira semana de uso do remédio, as coisas só pioravam por conta do mau humor que ela ficava e começou a brigar muito com David.
O passar de um ano foi bastante devagar, Nicholas passava mais tempo na casa de Call que na dele. Já tinha intimidade com toda a família do amigo e o lance com Mylenna já era algo do passado. De vez em quando os outros vinham passar um tempo se divertindo no povoado e eles faltavam aula para acampar — ou se Jared fosse sozinho iam juntos à escola. No decorrer do ano muitos livros foram lidos e séries terminadas junto com Call, se afastou completamente da mãe que ficou resmungona e brigando por qualquer coisa, tinha dias que o pai alugava um quarto no Hotel Country apenas para não ter que vê-la e não levava a família junto como antes.
Passar as noites de sexta jantando no restaurante sozinho, as tardes de quarta vendo os jogos sozinho, ir ao rio sozinho, jogar baralho sem companhia, foram situações que o Nicholas teve de se adaptar. Ele ainda chorava de vez em quando sentado no chão do quarto e encostado a porta para que ninguém abrisse.
Achou alívio nos estudos, começou a só tirar notas boas e tornou aquilo uma meta a seguir, ler 5 livros por semana e tirar a nota máxima em todas as provas. Sua mãe ficou cuidando de seus próprios problemas e David teve de cuidar de alguns assassinatos que estavam acontecendo no povoado, era uma situação que estava ficando sem controle, dois adolescentes tinham sido encontrados mortos e não se obtinha nenhuma pista da verdadeira versão da história, por isso passava os dias investigando o ocorrido.
Os dias se arrastaram até uma outra manhã de quarta-feira.
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