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Hoje é dia de mais um ensaio para o concurso de dança e Jota está animado dançando com passos rápidos como a música. O clima está quente então eles abrem as janelas, e mesmo ambos estarem usando roupas leves, não é o suficiente e o rapaz tira a camisa. Jota tem apenas 17 anos, mas devido a escola militar, seu tórax é definido e impressiona a amiga.
Lunna já havia prometido a si mesma não dançar tão próximo a ele, mas de repente, sente uma atração tão forte que não resiste, aproxima-se então e toca delicadamente o tórax dele e leva até o ombro, enquanto dança com a cintura bem solta e percebendo o quanto ele está transpirando. Tentando acompanhá-la, o rapaz a agarra ainda mais firme como na última vez e aproxima seus rostos devagar com um sorriso sapeca.
Ambos parecem não perceber o que estão fazendo, respiram o mesmo ar quente de tão próximos que estão. O clima que a música traz é irresistível, Jota toma coragem e toca seus lábios vorazmente, fazendo a garota fechar os olhos e agarrar o pescoço dele para intensificar o beijo, cada toque dos lábios é feita de forma única e especial, delicioso como ela imaginara. A garota mal consegue conter seu coração dentro do peito, sente as pernas bambas e a música é esquecida completamente, enquanto ele só quer saborear o gosto de beijar alguém que tanto sonhou.
Em seguida, e sem parar de beijá-la, Jota pega a garota em seus braços e deita-a no sofá, ficando sobre ela.
- Como esse beijo foi desejado, você não tem ideia. - Diz ele em uma pausa e sorri. Essas palavras soaram tão profundamente, que Lunna consegue sentir em cada batida do seu coração.
Logo, Lunna escuta o barulho ensurdecedor do despertador. Jota desaparece, junto com a sala de estar e o sofá. Ela abre seus olhos, está sobre a cama em sua casa.
Ah não, não acredito que foi um sonho! Poxa vida! Coloca a cabeça em baixo do travesseiro, decepcionada.Aliás, que sonho maravilhoso... Nossa, era tão real. Será que se eu voltar a dormir consigo a continuação?Fecha os olhos com força e se lembra que precisa se levantar para ir a aula.
Quando ela chega na escola, vê o rapaz dos seus sonhos no jardim conversando com alguns colegas de classe e entra rapidamente não querendo ser vista. Não vou conseguir olhar para ele depois do que sonhei! Irei ficar vermelha, com certeza. Mas o garoto percebe a pressa da amiga e acha um tanto estranho.
Senta-se em sua mesa suspirando fundo lembrando do sonho. Tensa, sequer olhou quem está na sala de aula. Será que o Jota aceitaria ser meu melhor amigo e meu amor ao mesmo tempo? Preciso urgente terminar com o Cauã, na verdade, não deveria nem ter começado. Neste momento, sente alguém sutilmente abraçando seus ombros.
- Oi, linda!
- Oi, Cauã.
- Hoje é o seu último dia aqui, não é?- Diz, sentando ao lado dela.
- Hoje é o meu último dia? - Pergunta, confusa. Sua mente está cheia de outras informações no momento.
- Sim, lembra quando você disse isso para mim? Amanhã você já vai para a escola nova.
- Verdade! Agora me lembrei. - Ela ri.
- Poxa, eu estou tão triste por ter que ficar longe de você e quero ficar o tempo todo ao seu lado hoje. - Ele diz, pegando a mão dela e fazendo a namorada sorrir. A professora chega conversando com os alunos:
- Bom dia, meus queridos. Formem duplas, hoje vamos fazer um trabalhinho.
Cauã beija a mão de Lunna e cochicha:
- Já tenho o meu par. Aliás, é a coisa mais linda desse mundo.
- Ai Cauã, para com isso... - Ela ri baixinho.
Acho que terminar com ele vai ser tão difícil quanto fazer um fouette.
No intervalo, Cauã quer cumprir a promessa de ficar com a namorada e a leva até o jardim da escola, onde tem vários bancos e bastante vegetação.
- O que você acha de sair neste final de semana?
Lunna se lembra dos ensaios, os quais pretende realizá-los todos os dias e sequer contou para Cauã, pois com certeza irá ficar enciumado. Bom, um dia só sem ensaio não vai nos prejudicar, aliás, posso arrumar um momento para terminar.
- Pode ser no domingo?- Ela pergunta.
- Pode sim.
O rapaz se aproxima para lhe dar um beijo na boca e sorri em seguida. No lado de dentro, atrás de uma grande janela que ilumina a cantina, há outro rapaz bufando de raiva.
- Toda a vez que eu vejo esses dois juntos, fico com vontade de matar um.- Jota dá meia volta e caminha depressa- O que ela viu nesse Cauã? Ele é tão magricelo quanto eu quando tinha 13 anos. Bom, talvez ele seja um pouco mais gordinho, mas sou muito mais bonito atualmente!
Ele está tão nervoso, que nem vê a aproximação de Cris.
- Oi Jota!- Beija o rosto dele- O que está fazendo?
- Procurando você.- Responde um pouco ríspido, sem pensar muito.
- Sério? Que fofo!
- Vamos tomar um lanche?- Olha para trás com cara fechada.
- Vamos!- Empolgada, agarra o braço dele para entrarem na cantina. Depois que pegam o lanche na máquina de por moedas, sentam-se à mesa e o olhar dele vai direto para a janela, mesmo que o local de onde estão não permite ver o casal no lado de fora.
Enquanto Cris tagarela sobre coisas aleatórias, Jota tem o pensamento longe e resolve revelá-lo assim que a garota faz uma pausa.
- Cris, o que você acha de namorar comigo?
Ela quase se engasga.
- Eu? Namorar com você?
- Isso.
- É claro que eu aceito!- A menina se empolga tanto, que solta um gritinho fino, depois agarra o rapaz pelo pescoço e o beija na boca, porém, ele sequer fecha seus olhos ou reage.
Não acredito no que acabei de fazer.
Depois do intervalo, Lunna tem uma surpresa assim que coloca os pés para dentro da sua sala, sua amiga Sofia, segura um presente.
- Ainda bem que você não se atrasou amiga, isto é para você.
- Para mim?- Pega a caixinha rosa e puxa o lacinho da mesma cor, seu queixo cai quando reconhece um par de uma linda sapatilha da cor violeta, e nele estão gravados os nomes de cada colega de sala. Depois de sorrir mais uma vez e olhar para a amiga, todos os colegas se aproximam para abraçá-la.
- Muito obrigada gente-Agradece emocionada, depois de abraçar a todos.
- É para você se lembrar da gente, Lunna.- Diz uma colega.
- Vou guardar para sempre, com carinho.- Limpa as lágrimas com a mão.- Sorte que dentro de alguns meses o ano letivo termina e então poderei sair daquela escola estranha.
Quando Lunna chega em sua sala de aula na escola nova, repara que chamou a atenção de todos os alunos. Escolhe então um lugar vago e senta-se. Nossa, como é ruim ser a aluna nova, espero que a professora não me mande ir na frente me apresentar.
Uma garota logo em sua frente, com traços negroides e cheia de simpatia, vira-se rapidamente:
- Oi, sou a Nívea, qual é o seu nome?
- Lunna, prazer em conhecê-la.
- O prazer é meu, seja bem vinda!
- Obrigada!- Sorri, satisfeita pela recepção.
Isso me faz lembrar do dia que conheci o Jota lá na 3ª série. Eu fiz com ele exatamente como essa moça fez comigo, foi a partir daí que surgiu a nossa amizade. Quando a professora mandava a gente fazer trabalho em dupla, ele sempre ficava sozinho, então eu fazia com ele. Sorri com suas lembranças.
Nesse mesmo dia, depois da aula, Lunna espera Cauã numa praça para fazerem o passeio como haviam combinado, mas na verdade, ela quer aproveitar e arrumar uma brecha para terminar. Enquanto olha uma fonte de vários peixes jogando água pela boca, ensaia a conversa:
- Cauã, precisamos conversar. Não, eu preciso conversar com você. Eu estive pensando e... Eu acho que eu não gosto de você. Não, se eu falar isso, vou ser rude... Você é um cara legal, fofo... Mas eu estive pensando sobre meus sentimentos, gosto de outra pessoa, por isso eu...
- Cheguei, meu amor! Demorei?
Lunna leva um susto, pois sequer percebeu a aproximação do rapaz.
- Não, pelo contrário, chegou até rápido demais- Ela ri de nervoso. Em seguida, ele toca os dois lados do rosto dela para depositar vários beijos suaves e apaixonados sobre seus lábios.
- Estava falando sozinha?- Ele a abraça para começarem a caminhar.
- Sim, às vezes eu faço isso.- Ela ri.
- Muito a sua cara. Hoje está um dia quente, vamos tomar um sorvete?
Enquanto caminham em direção a sorveteria, o casal conversa sobre coisas aleatórias, mas ao mesmo tempo, Lunna continua com o ensaio em sua mente barulhenta. Ela escolhe um sorvete de morango, ele de creme. Sentam-se em bancos de plástico para apreciar as delícias e a mente ansiosa da garota não para um minuto.
Cauã, eu acho que a gente não deveria ter começado a namorar. Não, muito rude...
- Ah, eu contei para a minha mãe que estou namorando.- Ele diz com um sorriso largo.
- É mesmo? E o que ela disse?- Pergunta um tanto tensa.
- Ela adorou saber e quer te conhecer. Quer ir almoçar lá em casa?
Nossa, esse namoro está mais sério do que pensei.Suspira, observando a casquinha no fim. Eu não posso magoá-lo, aliás, nem sei se o Jota gosta de mim, e se eu trocar o certo pelo duvidoso?
- Então, Lunna?Quer ir almoçar lá em casa?- O rapaz permanece observando-a.
- Quero, sim.- Ela termina o sorvete e sorri.
- Legal!- Cauã a abraça e a beija ao lado da cabeça.
No outro dia, a garota sente um friozinho na barriga quando chega na casa de Jota para ensaiar, pois o garoto a recepciona usando uma regata azul estampada agarradinha que deixa seus braços à mostra e muito atraente, ainda uma calça jeans rasgada. Mas a fisionomia parece não muito contente.
- Oi Lunna. Pode entrar.
- Está tudo bem?- Ela percebe que ele está um tanto alterado.
- T-tudo- Gagueja.- Por que a pergunta?
- Você está diferente.
Ele abre a porta e Lunna entra logo em seguida, deparando-se com Cris sentada no sofá. Jota olha para a amiga já esperando um questionamento.
- O que ela está fazendo aqui?- Pergunta, entre dentes.
- Ela e eu estamos namorando.
- Hein?
- Aí eu contei sobre os ensaios, então ela quis vir assistir.- Coça a cabeça, sem jeito.
- Não acredito, Jotanael! - Ela faz uma cara tão feia, que é fácil perceber que pode matar o amigo a qualquer momento.
- Oi Lunna!- Cumprimenta Cris, ainda sentada no sofá.
- Oi, Cris.- Suspira, decepcionada.
- Bom, então vamos começar? - Ele corre ligar o rádio, mas Lunna perdeu totalmente a vontade de dançar.
- Deixa pra lá, Jota. Não quero mais dançar.
- Hã? Por quê?
Ela dá uma olhadinha para Cris antes de responder.
- Sei lá, perdi a vontade.- E sai pela porta da frente, Jota tenta alcançá-la, mas o quintal é pequeno e ela rapidamente desaparece.
- O que deu nela? - Pergunta Cris, mas ele não responde, pois está concentrado em seus pensamentos, sorrindo para o portão.
Será que ela ficou com ciúmes? Finalmente tenho alguma esperança.
Cris se aproxima dele, que finalmente olha para ela.
- Vai atrás dela - Diz, negando com a cabeça olhando fixamente para ele.
- Hein?
- Vai atrás dela. Vocês se amam, acha que eu nunca percebi seus olhares e seus ciúmes um para o outro?
O rapaz a observa assustado.
- Tchau. - Passa pelo batente da porta, visivelmente chateada.
- Espere, Cris - Ela vira-se para ouvi-lo - Me desculpe por isso, eu realmente não deveria ter pedido você em namoro, pois gosto mesmo da Lunna.
- Está tudo bem. - Sorri de canto. - É a vida.
A garota vai embora e ele senta-se no sofá, pensativo com o que acabou de acontecer.
https://youtu.be/k2C5TjS2sh4
No último volume, está tocando a música It must have been love - Roxette várias vezes seguida no quarto de Lunna. Essa música combina muito comigo. Thomas bate várias vezes na porta pedindo para ela abaixar o volume, mas ela não escuta.
Enquanto isso, Jota está no portão da casa deles, cansado de chamar e bater palmas. Depois de pelo menos trinta minutos tentando ser recebido, resolve pular o portão e bater na porta.
- Sua mãe não te ensinou que não se deve invadir a casa dos outros? - Thomas o recepciona com muita rispidez, abrindo a porta rapidamente.
- E a sua não te ensinou como abaixar o volume de um rádio? Se essa música estivesse mais baixa, você poderia me escutar!
- Escuto no volume que eu quiser! - Ele o empurra e fecha a porta.
Por que ele precisa ser tão insuportável?
Jota dá a volta na casa e chega no pé da janela do quarto de Lunna, ela está fechada e a cortina a cobre por inteiro. O rapaz a chama e bate na janela, mas sem resposta, ele acaba desistindo. Quando vira-se, escuta ela abrindo a janela e abre um sorriso enorme.
- Ah, é você! - Ela ri e corre desligar o rádio, quando vira-se, Jota já havia acabado de pular a janela.
- Poxa, que difícil falar com você! - Reclama. - Quero conversar com você. O que foi que te deixou tão chateada?
Lunna senta-se sobre sua cama. O coração de Lunna acelera enquanto senta-se, ele faz o mesmo, ficando lado dela. Ambos ficam em silêncio, o rapaz percebe que ela está envergonhada de cabeça baixa, e aos poucos abre um sorriso quase convencido de que a amiga estava mesmo com ciúmes.
- Você estava com ciúmes? - Pergunta repentinamente, fazendo-a olhar rapidamente, surpresa.
Droga! Foi a música que me entregou!
- Quem? Eu? Por que ficaria? Que bobagem! - Ri, nervosa.
- Não minta, você estava sim! - Insiste, com o cenho franzido.
- Que isso, garoto? Se eu disse que não, é não!
Ambos se encaram de cara feia.
- Então o que foi que te deixou tão chateada?
- Na verdade eu estava... Na verdade eu fiquei... Eu... - Lunna se enrola nas palavras, fazendo seu amigo cruzar os braços, impaciente - Só não gostei da presença da sua namorada. É que o concurso é uma coisa nossa, não queria a presença de terceiros, você me entende?
- Sim, acho que sim.
- E outra coisa: Não quero mais participar do concurso.
- Como assim? Olha, se for por causa da Cris, saiba que não estamos mais namorando.
- Eu já disse que não estou com ciúmes! Espera, vocês não estão mais namorando?
- Não.
- Ai não me diga que vocês discutiram por causa de mim?
- Não, não é nada disso! Eu não gosto dela, na verdade eu... - Ele é interrompido por batidas na porta, fazendo-o se assustar e saltar da cama.
- Filha, venha me ajudar com essas compras!
- Já vou, mãe! - Dirige-se a Jota - Minha mãe chegou.
- Então é melhor eu ir embora - Levanta-se rapidamente. - Se ela me pega aqui, estou morto.
- Está bem, mas termine o que começou a dizer, - Levanta-se da cama também - na verdade você...?
- Não é nada de importante. - Beija o rosto dela - Depois nos falamos, tchau. - Ele pula a janela e Lunna se apoia para observá-lo.
Poxa... Eu queria tanto que ele dissesse que gosta de mim... É pedir muito?
Sozinho sentado num canto qualquer do pátio escolar, Jota respira fundo muito triste e pensando na conversa do dia anterior com Lunna. Realmente, ela não parecia estar nem um pouco enciumada, além disso, não quer mais dançar comigo. Por que insisto em gostar dela? Alguém senta-se ao lado dele sutilmente.
- Oi Cris... - Cumprimenta desanimado.
- Oi. Conseguiu falar com ela?
Ele assente, tristonho.
- Mesmo? E contou tudo?
- Não.
- Como não?
- Acho que o colégio militar não foi tão útil afinal, ainda continuo covarde.
- Nossa, não fale assim de si mesmo... Tive uma ideia: O que acha de eu contar para ela que você a ama?
- Melhor não, esse tipo de coisa eu mesmo deveria falar.
- Tem certeza?
- Sim, e na verdade, acho que vou desistir dela.
- Não Jota, não desista de seu amor! Você ainda pode se arrepender.
O rapaz lança um olhar sério para ela, e sem falar mais nada, levanta-se e vai embora.
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