Chegamos em casa finalmente, eu não suportava a conversa no carro, detesto ter que mentir, sempre fui um homem directo e verdadeiro, mas agora que tenho um filho preciso mentir em certa medida, paradoxo como mudanças afectam toda uma vida, até uma picada de mosquito ou uma bicada em uma pequena pedra pode mudar todo rumo de um homem, a forma como respiras, o que dizes e como o dizes, até um átomo! Imagina só, você apanha uma doença qualquer porque um átomo não funcionou bem, depois vem a célula e a célula afecta o tecido e o tecido afecta o órgão e o órgão afecta o corpo e o corpo muda o mundo, a energia baixa e tudo parece mais complicado para pessoas mais próximas, isso é mais trabalho para o resto do universo. Eu chamo a isto a lei “Dominó do cosmo” até parece o título de um filme não acha?
Larson abriu a porta com pressa gritando “Maaãe! Voltei mãe, estou aqui.”
Eu não ouvia a voz de Suziane, ela nem se quer veio a correr para o filho. “Deve estar a dormir ainda.” Foi o que pensei.
Eu andava lento atrás de Larson, não queria atrapalhar o reencontro dos dois, já imaginava a cara dela quando visse seu filho.
Larson entra em nosso quarto ainda gritando pela mãe até que ouvi um grito arrepiante:
-“Maaaaaaaaaãe! Não mãe, não faças isto comigo mãe.”
Eu não podia pensar noutra coisa, devia ser alguma tragédia!