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VII- PASSAGENS OCULTAS

CAP. VII.       REVOLUÇÃO N°.150

    Naquela manhã nublada, acordei ao som da leve chuva que batia suas gotas no umbral da janela. Não abri meus olhos de imediato. Não estava conseguindo discernir em que lado da cama meu corpo se encontrava. Só abri meus olhos quando as árvores secas do lado de fora se movimentaram com o vento e deixaram os raios de sol alcançarem minhas pálpebras. Tudo indicava que eu estava do lado direito. Mas... como? Afinal, Demétrio era quem dormira do lado direito na noite anterior, não eu.

    Ergui meu corpo com ajuda dos meus braços e dei um pequeno vislumbre em toda a cama para ter uma ideia da situação. Os travesseiros estavam bagunçados, os lençóis embolados um no outro e três singelas gotas negras jaziam em um dos travesseiros: o de Demétrio, jogado num canto mais afastado da grande cama. Ao juntar minhas memórias, me lembro de tê-lo visto se deitar ao meu lado na madrugada e mal me tocar; e isso era um alívio. Logo depois caí no sono em meio a risos internos. Sem sonhos ou pesadelos até de manhã. Contudo, creio que por volta das cinco da manhã, pouco depois de ter se deitado, senti ele se levantar rapidamente e pude ouvir seus passos rápidos e pesados pelo piso de madeira como quem corre para longe com certa pressa. Era provável que tivesse passado por um mal-estar ou coisa parecida. Contudo, se ele iria morrer ou rolar no chão de agonia, não me interessava realmente. Eu era a única pessoa importante ali. Era eu quem estava sendo usada como moeda de troca naquele pesadelo estranhamente calmo e eu não me renderia tão fácil, nem abaixaria minha cabeça.

    Me levantei da cama vagarosamente e fui em direção ao espelho da pequena escrivaninha em frente à cama. Meus cabelos estavam para cima e meus olhos pareciam mortos. Estava pálida e já estressada quando o dia mal havia começado. Por um momento, a cena de Demétrio semi-nu me observando invadiu minha mente como um arrepio. Cheguei a sentir repulsa daquele homem quando parei para repensar minhas tolices da madrugada. Entretanto, não poderia me esquecer que antes de ser esposa dele, eu era uma dama da alta sociedade e deveria me portar como tal, assim como minha família sempre me instruiu. E em razão disso, me apressei e tomei um banho na suíte do quarto, logo após relaxando por alguns minutos. A suíte era realmente bela. Escura, mas confortável. A banheira era espaçosa e os sais de banho eram da mais fina qualidade. Os cremes eram separados por cor e tipo, com pequenas etiquetas nas tampas de cada um indicando de qual se tratava e quais suas utilidades. Pareciam escritos à mão; as toalhas estavam dobradas nas gavetas de baixo do pequeno armário ao lado da porta e os arabescos dourados do espelho oval brilhavam com a pouca luminosidade que entrava por um pequeno círculo vazado no canto da parede oposta. Tudo muito bem limpo e sem odores ruins. Deixei minha observação para trás e logo saí do banho coberta por uma das toalhas, logo me sentando em frente ao espelho enquanto enxugava meus cabelos. Porém, algo me chamou atenção: Por cima do meu ombro, olhando pelo reflexo, pude ver que dentro do guarda-roupa, perto da cama, algo cintilava com os raios de sol que fugiam pela cortina fechada. Aquilo aguçou minha curiosidade.

    Ergui-me e coloquei um dos vestidos que trouxe na bagagem. Aparentemente, alguém já havia resgatado minhas malas de dentro da neve quando sofremos aquele estranho acidente. Um trabalho impecável e estranhamente ardiloso. Assim, quando já estava devidamente vestida, me aproximei do guarda-roupa, cuja porta estava entreaberta. Ao abri-la cuidadosa, pude ver que dentro do maciço móvel jazia um relógio de bolso antigo. Ele possuía detalhes negros e uma longa corrente igualmente escura. Era um belo objeto, certamente. Contudo, algo mais chamou minha atenção: um livro. Embalado exatamente como os que eu recebia em minha casa. Havia algo de estranho naquela situação e o pior é que meus pensamentos faziam sentido mais uma vez, ao mesmo tempo que não. Era confuso. Uma certa felicidade subiu para mim quando toquei meu mais novo livro. Obviamente, ele era destinado à mesma dona dos recebimentos de antes. Entretanto, se um daqueles livros lacrados ali, então era mais do que claro que aquilo significava que, obviamente, Demétrio era o remetente. As cartas enviadas ao meu pai foram entregues juntamente com o livro lacrado e quando Demétrio entrara em cena, os livros pararam de chegar. Respirei fundo. Se era realmente ele quem me dava aqueles presentes, então ele os reconheceria, certo? Era minha única teoria, afinal. Mas de certa forma, me senti mal com minha descoberta. Não havia magia alguma em meus presentes, nem mesmo um admirador amoroso por trás deles. Aquela se tornou a minha forma de fugir dos pensamentos errôneos da noite passada, no jantar e nos aposentos. Saí de meu quarto e comecei a buscar por Demétrio por toda a casa aproveitando para conhecer de vez o local, desta vez, com calma já que não havia conseguido tempo para isso anteriormente.

    A mansão era tão antiga quanto pensei que fosse: a pintura de algumas das portas e paredes era mais nova do que as de outras. Mas, qual a razão de repintar algumas peças da casa e outras não? De qualquer forma, prossegui com minha caminhada pelos corredores na tentativa de me animar e melhorar meu humor. E após passar por alguns candelabros, mesinhas e a enorme escadaria da frente, me dirigi até a sala de caça na esperança de que Demétrio estivesse lá, mas, para minha surpresa, encontrei algo inesperado: O homem das cicatrizes e um grisalho senhor sentados em poltronas fogosamente consumindo uma quantidade considerável de Whisky em taças de vidro detalhado. Não acreditei no que vi... mesmo tendo duas mulheres dentro de sua casa, sendo uma delas sua esposa, Demétrio teve a audácia de permitir que seus amigos bebessem de forma tão largada em sua própria sala e ainda por cima, diante dos olhos de qualquer um? Aquela cena me subiu à cabeça. Contudo, não quis perturbar-lhes o momento. Ainda não entendia bem o por que de ter hesitado tanto e desistido de dizer qualquer palavra que me viesse à mente. Por isso, analisei seus olhos. As 'janelas da alma' de Escor fitavam a taça com desgosto: Era um olhar vazio e solitário. Provavelmente o homem mais velho só estava ali para o acompanhar e não permitir que bebesse até cair desmaiado. Pelo menos, era o que aparentava estar fazendo. Deixei ambos quietos em suas poltronas e voltei à minha busca. Indo pela trajetória contrária a da sala, adentrei a cozinha onde Saori estava. Quando cheguei, ela parecia estar quase saindo de lá, pois se assustou com minha aparição repentina na cozinha.

— Ah, Sra. Sorbon! Perdoe-me a falta de atenção— gaguejou fazendo uma pequena reverência com a cabeça à mim. Vê-lá se curvando em minha presença era algo com que eu poderia me acostumar. Aquela mesma sensação do jantar retornara.

— Saori, não é?— perguntei sem hesitar.

— Sim, isso mesmo. Eu estava...— ela olhou para a bandeja de prata com alguns lenços e medicamentos em suas mãos. Saori estava escondendo algo, certamente.

— Estava...— fitei a bandeja com os olhos semicerrados encorajando-a a continuar. A menina pareceu desesperar sua respiração e olhar de forma súbita, como quem não consegue dizer uma mentira.

— Estava indo repor alguns itens do banheiro!

— Pareciam todos em seus devidos lugares até alguns minutos atrás. Para que repô-los agora?— minha tentativa de emboscá-la se tornava cada vez mais infantil, o que não era do meu feitio.

— Deixe-a fazer seu trabalho, Sra. Sorbon.

    Salva pelo gongo. Escor adentrou a cozinha quase esbarrando em mim e sendo recebido com uma reverência da parte de Saori que foi completamente ignorada instantaneamente. Sua voz grave desapareceu do recinto com a mesma velocidade que surgiu. Ele já não parecia tão vazio e aquilo me tirou o foco da servente por alguns instantes. Ele mesmo lavou as taças por vontade própria e as colocou para secar sem dar atenção à nós duas. Eu ainda não havia percebido aquilo, mas Saori não havia se levantado de sua reverência ainda. Com a presença do homem ali, suas pálpebras e mãos tremiam juntamente com seus lábios. Percebi o quão temerosa aquela singela garota era. E, para piorar, Demétrio parecia se importar com a garota, já que na noite anterior a ajudou com os pratos sujos após o jantar e, por isso, eu poderia usá-la para ferí-lo de alguma forma. Eu poderia maquinar algo, mesmo que minha consciência dissesse que aquilo era errado. Mas assim que o homem das cicatrizes deixou o local, a garota se levantou e respirou fundo, dizendo: "Com licença, minha senhora", e logo depois saiu de minha presença sem dizer mais nada.

   Escor saíra pela porta da frente deixando o cheiro forte de Whisky para trás. Me aproximei e olhei pela janela rapidamente ainda com o livro e o relógio em mãos, que acabara esquecendo pelas situações que presenciei. Do lado de fora, em frente ao imenso portão, um outro rapaz o aguardava com a carruagem. Sequer compreendi o porquê da minha esperança de ver Conrad no lugar do cocheiro. Naquele mesmo momento me recordei das últimas notícias sobre ele. Estaria melhor a esta altura? Como estariam sendo tratados seus machucados? E... Demétrio? Eu havia visto na noite passada a quantidade de cortes que conseguiu naquele acidente. Alguns ainda pareciam estar em carne viva e isso, por um único momento, me preocupou. Ele havia sido ferido me protegendo e por isso, me senti um tanto culpada por ter sido tão insensível. Com essa lembrança, veio a ideia de que Saori estaria levando os remédios para alguém, obviamente. Sendo assim, o melhor a se fazer caso eu quisesse saber o que estava acontecendo, era segui-la de alguma forma.

    Segui o som de seus passos pela madeira velha. Saori virou a esquerda assim que subira as escadas entrando logo em seguida no corredor mais escuro da casa - aquele ligado à cozinha pelos poucos degraus - e seguiu até alcançar o único candelabro na parede do corredor. Meus passos foram cuidadosamente silenciados com o mínimo de força neles. Assim, quando Saori o alcançou por completo, virou suas costas e empurrou o que parecia uma passagem oculta na parede. A segui sem hesitar, mas com o máximo de cuidado. Aquela sim era uma grande descoberta! Se eu fosse vista ou ouvida, ela poderia tentar mentir de alguma forma e a situação ficaria pior, fazendo com que eu perdesse a chance de obter uma resposta. Por isso, com cautela, me aproximei do candelabro e esperei alguns segundos. Não pude ouvir nada. Com a curiosidade pulando dentro de mim, empurrei calmamente a mesma parcela da parede e consegui abrí-la o suficiente. Por pouco consegui que ela não fizesse som algum. Respirei aliviada. Eu só queria saber o que estava havendo... o que poderia ouvir daquele momento. Mas o que consegui com minha curiosidade... não, eu não estava pronta para aquilo. Ao abrí-la, desencadeei inúmeros sentimentos dentro de mim. Lá estava Demétrio: Deitado por sobre um divã vermelho com sua camisa jogada por debaixo de sua cabeça. Saori próxima o suficiente para beijá-lo se quisesse, sem sequer ser afastada. Havia um calor dentro de mim que eu não conseguia suportar. Não vi forma de resfriá-lo e muito menos de aquietar meus pensamentos. Tudo se tornava cada vez mais uma confusão sem limites.

    Os recipientes que carregava na bandeja estavam dispostos em cima de uma pequena mesinha com rodas prateadas, ao lado de duas toalhas e algumas ervas secas num lenço amarelado. Ele estava tão ferido... mas ainda sim, não o suficiente para sobrepor minha raiva. Era uma situação delicada, seu olhar, agora, demonstrava toda a dor que guardara na noite passada. Agora eu sabia: Ele não havia dormido nem por um segundo. Suas olheiras eram visíveis e sua aparência era de um bêbado cansado. E mesmo assim... tocava a mão de outra mulher com a mesma ternura que usara comigo. Foi naquele momento, naquele maldito momento que meu coração congelou completamente. Saori era a mulher que tocava meu marido para curar-lhe as feridas. Esse era o trabalho de uma esposa. Não de uma servente... mesmo que eu não fizesse e não quisesse fazer jus ao meu título. Meus sentimentos estavam a mil, assim como meus batimentos cardíacos. Nós mal havíamos nos casado e muito menos consumado o casamento e ele já aproveitava seu caso com uma serva? Então eu realmente nunca seria e nunca fui o suficiente para ele? Tudo aquilo, todo aquele carinho não passava de um jogo ilusório em que eu era a peça principal? O que eu sentia... não valia nada?

    Eu não entendia os limites de um casamento, e tão pouco eu os conhecia. Ser uma boa esposa era apenas uma desculpa para ser uma boa mulher? Uma mulher calada, que não se exalta, fica em casa com os filhos, cuida do lar e dos desejos do marido como uma ratinha mansa e nada mais, enquanto o homem sai e se diverte com a quantidade de mulheres que quiser e puder pagar.

    Eu era uma mulher da alta sociedade, mas de que valia aquilo se eu não fazia parte da sociedade? Se eu seguisse o exemplo dos grandes senhores do mundo, eu diria que uma mulher não deveria nem mesmo pensar. Sem esperança de que aquele momento fosse uma mentira ou coisa da minha cabeça, me afastei o suficiente da passagem. Contudo, ainda pude ouvir algo que condenou de vez a realidade.

— Você deveria contar a ela, Demétrio— a voz de Saori soou terna, como uma petição, como quem seduz alguém, um ronronar.

— Sei disso. Mas...- ele hesitou com a dor massageando a têmpora.— não creio que ela aceitaria muito bem. Camélia tem uma personalidade forte— Olhei novamente pela fresta que abri e vi a feição séria e pálida de Demétrio.

— Sabe, mas não age? Que homem covarde é esse que se tornou?

— Não brinque comigo— disse ele em um tom de ameaça.

    Após um breve silêncio, Saori começou a tratar dos machucados de Demétrio novamente, o fazendo gemer com a dor que a ardência provocava. A garota de cabelos negros chegou a assoprar um pouco o ferimento tratado para que ardesse um pouco menos. Ela parecia mesmo saber como cuidar dele, assim como também querer.

— Você deveria, pelo menos, contar a ela sobre— sendo interrompida, calou-se abruptamente.

— Não me diga o que devo ou não fazer. Camélia não tem nada a haver com esse tipo de assunto agora.

    Por alguns instantes, Saoria manteve seu silêncio, porém, logo resolveu quebrá-lo.

— E quanto a mim? Não valho o suficiente para ser honrada?— afastou o lenço que usava para fazer a limpeza dos ferimentos com certa raiva, colocando-o sobre o colo junto de ambas as mãos.

    Demétrio se levantou e vestiu sua camisa novamente, demonstrando sua falta de paciência para com o diálogo, o que me obrigou a dar um passo atrás, ou seria descoberta.

— Não cabe a você decidir nada sobre honra nesta casa— com uma feição de superioridade e raiva, se apartou de perto dela.

    Com um pressa quase desengonçada, me retirei de próximo da passagem e me dirigi até a cozinha pelo corredor mais escuro à esquerda, o que dava direto para o cômodo no andar de baixo, após alguns degraus. Meu coração disparado e os olhos lacrimejantes dificultaram a saída. Cambaleantes, minhas pernas tremiam, enquanto minha respiração permanecia presa. Eu parecia estar vivendo num tipo de ilusão fantasmagórica, uma alusão aos meus mais velhos medos e anseios desesperados. Aquela sensação de que tudo estava perdido foi ainda mais eficaz no psicológico fraco que eu mantinha, que no enorme estrondo provocado por um trovão, deixei-me enfraquecer e despencar em um ou dois degraus. Não foi o suficiente para me machucar, mas certamente surgiriam manchas arroxeadas mais tarde. Com o baque, provoquei sons que não queria. Jogada nos degraus, senti atrás de mim uma presença forte o suficiente para fazer tremer todos os meus nervos. Uma aura forte envolvia aquele ser, o mesmo que me observava com olhos atentos. Não ousei virar-me para vê-lo. Estava travada, inerte na escada, sem mover. Um. Músculo. Sequer.

— O suicídio por afogamento se trata de submergir-se em líquido, geralmente água, privando o cérebro de oxigênio trazendo à pessoa uma morte agonizante, em razão do ato involuntário de reflexo que deve ser mantido por algum objeto pesado. No entanto, é apenas quando o nível de oxigênio se torna baixo demais para sustentar as células do cérebro que, ainda involuntariamente, o sistema nervoso central envia sinais para contrair os pulmões enganando-os com o ato da respiração, o que provoca a aspiração da água e então, finalmente, a morte... E isso me leva à minha pergunta: Como pretende matar a si mesma pelo método de afogamento, se está fora d'água? Não creio que conseguirá prender a respiração por mais tanto tempo. Suas pequenas pausas involuntárias para contrair seus pulmões e obrigá-los a tomar o oxigênio para si logo já não serão mais eficazes.

    Do que aquele louco estava falando? Que tipo de pessoa explica detalhadamente uma forma de suicídio para outra numa situação dessas? Sua voz e rapidez com as palavras expressavam com facilidade sua curiosidade para com meu contexto.

— O Relojoeiro. Eu não estava esperando sua visita— a voz de Demétrio soou inesperadamente.

— Não aja como se devesse esperar— respondeu o homem, autoritário, enquanto eu me virava na tentativa de entender realmente o que se passava, me deparando com a visão de Demétrio, no topo da escadaria, e o homem, um degrau acima de mim. Mesmo estando um abaixo do outro em razão dos degraus, o homem estranho excedia a diferença ficando da mesma altura de Demétrio, olhando-o nos olhos sem dificuldade alguma. Certamente, era um homem de estatura incomum.

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