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III- RECÉM-CASADOS EM VIAGEM

CAP. III.     REVOLUÇÃO N.150

     Mesmo após quatro horas desde o término da celebração, Demétrio parecia exausto. Saíra do salão quase cambaleante sendo acuado pelo cocheiro que nos aguardava do lado de fora. O cansaço era bem perceptível em seus olhos já fundos de sono e as olheiras, aparentemente antigas, começavam a surgir abaixo dos cílios inferiores. O cocheiro da carruagem por sua vez, se mostrava atento à estrada e conduzia em velocidade considerável. Demétrio não me contou sobre para onde estávamos indo, o que não me foi estranho. Apenas disse que seria meu novo lar, então, supus que era onde o mesmo morava. Me perguntava como deveria ser. Talvez bem iluminado, ou escuro; alegre ou medonho; organizado ou um caos. Levando em consideração sua forma de agir e aparência, não pude imaginar bem como poderia ser o local. Na verdade, eu só estava tentando tirar minha cabeça da ideia de ter de me deitar com ele àquela noite, ou em qualquer outra. Minha mãe se recusara a dizer qualquer coisa que deveria acontecer, mas escondera em minha bagagem sua antiga camisola. A mesma que usara em sua noite de núpcias, apenas uma única vez. Apesar de incomum, era uma ação necessária, visto que não tive tempo suficiente para bordar a minha própria antes do casamento. Mas, de uma forma ou de outra, Demétrio era realmente um homem estranho. Por conta de sua exaustão crescente após mais alguns minutos na festa, me enchi de esperança sonhando com a possibilidade de que não me procuraria. Entretanto, após nossa fuga da festa e depois de ter ignorado minha pergunta, mal nos falamos. Ele se mostrou um tanto frio, ou até preocupado. Não entendi o porquê, mas parecia ser algo a mais do que simplesmente receber uma empresa. Estava além dos meus conhecimentos. Meu pai, Conde Luzzafey, me vendeu dessa forma sem nada mais a dizer e de modo um tanto sorrateiro. Não era bem seu jeito de negociar. Tinha mais do que eu podia ver ali, contudo, mesmo sem ter como seguir alguma pista do que poderia estar acontecendo em minha vida, eu tinha a certeza de que em algum momento, uma linha iria se soltar deste enorme emaranhado de cores e eu poderia obter alguma resposta plausível.

    Já era madrugada quando iniciamos nossa viagem pelas cidades afora, portanto, Demétrio dormia pesadamente no assento acolchoado à minha frente. Ele parecia ainda mais cansado quando estava dormindo, como se o sono o perseguisse a todo custo. Dormir não adiantava. Eu o observava sorrateiramente enquanto me perguntava o porquê de sua ligação repentina com o Conde. Eu já tinha a certeza de que era ele quem conversava com meu pai por meio das cartas, mas mesmo assim, não entendia nada do que era aquilo, do que poderia ser realmente. Se fui vendida a ele, acredito que deveriam me explicar ao menos um ponto da tal negociação ou qual era verdadeiramente meu papel nela - como se fizesse diferença. Apenas delírios da mente de uma mulher sem voz. Um homem como Demétrio, belo e jovem, jamais se casaria com uma dama desonrada como eu por amor e agora era claro que uma empresa não valeria todo esse empenho, afinal, muitas pessoas da alta sociedade que participaram da celebração cochichavam sobre como Demétrio era bem sucedido e como possuía um futuro brilhante diante das demais empresas de seu ramo. Mas então, qual era seu ramo de negócios? E no que a empresa de engenharia de meu pai contribuiria para seu aumento no sucesso econômico? Enfim, mesmo que eu não tivesse resposta alguma naquele momento, me senti feliz e realizada quando percebi que meus nós mentais poderiam ser desatados graças à minha curiosidade ardilosa. Pelo jeito que eu conseguia ligar pontos que não pareciam interligados na vida social de outras pessoas, a leitura dos livros que recebi ao passar daqueles meses fôra realmente útil. Quem sabe, tudo não passasse de um jogo maquiavélico. Uma surpresa atrás da outra, um mistério inebriante e um homem de passado desconhecido. Eram perguntas demais para uma só noite. Deixei meus pensamentos de lado e passei a observar a paisagem iluminada pela lua da janela. Era tudo muito belo, diferente e curioso. Mesmo com o balançar da carruagem, pude notar que as árvores nos cantos da estrada pareciam ser de espécies diferentes das que eu costumava ver em minha cidade. Mais bem detalhadas, com grandes ramos e folhas saudáveis. Até mesmo os rochedos cheios de musgo verdejante ao lado da estrada eram mais bem conservados do que os que eu via todos os dias de minha sacada. Porém, algo me chamou atenção sob a luz da lua: Demétrio já tinha acordado e me observava com um olhar divertido. Aqueles olhos... sempre eles. Me observando maliciosamente. Pensei em perguntar algo ou dizer qualquer coisa, mas aqueles olhos âmbar sob a lua me encantaram de tal forma que todas as minhas meditações fugiram depressa. Senti minhas veias ferverem quando ele apoiou seus braços nos joelhos e me olhou de forma curiosa.

— Porque a senhora não está dormindo? Está bem tarde, sabia?— Demétrio apoiou sua cabeça com uma das mãos. Com um sorriso no rosto, estudava minhas feições de surpresa e confusão.

— Não consegui dormir— respondi ao vê-lo completamente desperto. Não foi a primeira vez que me assustara, mas eu devia admitir: ele ficava deveras belo sob àquela luz.

— Entendo— concluiu.— Inclusive, estás com frio?— certamente, reparara em minha pele arrepiada.— Posso te aquecer se quiser. O vento vindo lá de fora tende a ser bem... congelante.- brincou ele olhando pela janela.

— Ah! Não, não. Não é necessário, eu... estou bem— menti. Não poderia deixá-lo se aproximar de mim desta maneira, numa carruagem. O frio vindo do lado de fora realmente era congelante, mas eu não abaixaria minha guarda, jamais. Não tão facilmente.

— Tens certeza?— perguntou ele franzindo o cenho sem perder o sorriso. Obviamente ele tinha percebido a mentira. Ele era bom, eu não sabia disso de maneira evidente, mas ele era mesmo muito bom.

— Tenho. Tenho, sim— menti novamente, quase desencorajada a falar.

— Nesse caso,— aproximando-se e se sentando ao meu lado rapidamente, ajeitou-se enquanto me seguia com os olhos.— peço que me esquente, você.

    Senti meu corpo inteiro congelar, e não era pelo frio. Ele estava tão próximo e sendo tão... atrevido! Ele estava apenas se aproveitando da situação, ou sua ousadia era fruto de seu estado exausto? Quem sabe, ele não estivesse tão cansado assim se desejasse consumar o casamento naquele mesmo dia. Eu não entendia mais nada e isso me deixou completamente desconfortável. Mesmo assim, sem nem mesmo compreender minhas palavras, concordei. Ele se aproximou mais, segurou uma de minhas mãos e repousou minha cabeça sob seu peito calmamente. Tentei hesitar, mas suas mãos firmes não me permitiram recuar.

— Tente dormir um pouco,— disse, agora com a voz menos ousada, sem o tom atrevido de antes.— a viagem ainda será ainda bem longa...— Era provável ter tamanha sorte? Agora, sim, estava claro que suas intenções no momento não incluíam consumação alguma. Respirei aliviada ao imaginar que ainda me restariam algumas horas de lucidez antes de enlouquecer completamente e entrar em pânico. Como fui tola, agi como uma mulher desesperada por nada.

    Poucos minutos depois e nós dois já havíamos caído no sono sob a mesma luz que me fez vê-lo com diferentes olhos. Sob a mesma luz que me trouxe a outros mundos desconhecidos. Era bom estar ali; tive de admitir. Sentindo o calor humano, o carinho, o toque da mão dele passando pelos meus fios de cabelo levemente antes de voltar a cochilar. Por mais que suas frases parecessem atrevidas, seus toques pareciam puros e com sensibilidade. Acabei me aninhando ao aliviar a pressão que mantinha em meu peito desde a cerimônia.

    Por fim, passaram-se poucas horas desde que fechamos nossos olhos. Consegui descansar um pouco, enfim. O cocheiro diminuía cada vez mais a velocidade da carruagem, o que me fez despertar e me afastar de Demétrio o mais rápido possível o fazendo acordar. Já havia passado tempo demais perto dele e aquilo me deixava cada vez mais desconfortável.

— Já chegamos?— gaguejei um tanto preocupada.

— Não, ainda não — respondeu ele com a voz rouca. Ainda sonolento, limpava os olhos com cuidado. Pensar no pior não ajudaria em nada na situação em que eu me encontrava.

    Assenti e passei a observar a paisagem pela janela. Bem ao lado, uma densa floresta crescia forte e com tons diversos. Flores belíssimas jaziam ao pé das enormes árvores e alguns ninhos podiam ser vislumbrados no topo das mesmas. Era um lugar encantador, sem dúvida. No estilo das Florestas encantadas dos livros que li em minha juventude.

— Agora, pegaremos a balsa até o outro lado. Será um caminho um tanto quanto longo, mas creio que não será um problema — sorriu ele.

— Uma balsa até o outro lado?— o próprio cocheiro me ajudou a descer da carruagem, enquanto eu me atentava à Demétrio e aos degraus à minha frente.— Mas eu não vejo nada além de água no horizonte — Demétrio riu com minha ignorância. De certa forma, me senti divertida ao fazê-lo sorrir daquela maneira, mesmo não demonstrando em minhas feições.

— Como eu disse, pequena — ele me olhou contente.— Será uma viagem um tanto quanto longa. Não é necessário se afligir, me preocupei em deixar a balsa o mais confortável possível para que você tenha uma viagem tranquila.

    "Pequena"... aquele maldito apelido... mal me conhecia e já estava me dando um nome como se dá à um cão. Eu não era uma criança. Eu mesma não sabia ao certo como chamá-lo, mas Demétrio já parecia decidido sobre este apelido sem sentido. Afinal, por que me chamar por "Pequena" quando era apenas alguns centímetros menor que ele? Demétrio também não era o homem mais alto de sua cidade, disso eu tinha certeza. Mas se eu o chamasse apenas de Demétrio, ele se importaria? Afinal, do que mais eu poderia chamá-lo? Marido? Esposo? AMOR? Não, de forma alguma. Ele deveria se acostumar a ser apenas "Demétrio", ou eu acabaria chamando-o por "Ei!", "Homem", ou coisa da espécie. Quem sabe, eu poderia chamá-lo de "Senhor". Não parecia uma ideia tão ruim em minha mente.

— Certo... Senhor — um teste, por via das dúvidas.

    No entanto, sendo tomado por uma risada suave, se limitou a repetir com uma feição supresa:

— "Senhor"?— ele riu novamente, cada vez mais perto de uma gargalhada, enquanto me guiava até a balsa segurando em meu cotovelo direito.

— Não seria melhor me chamar de "Chefe" então? Ou que tal...— ele colocou a mão no queixo fingindo pensar profundamente, o que me fez sorrir por um segundo.— "Senhorio"?

— Está bem, está bem — cedi ao riso como há muito não me permitia fazer.— Então como prefere que eu o chame?— Talvez as coisas funcionassem melhor com ele quando se tratava de diálogo. Por certo que sim, agora parecia que estávamos tendo uma conversa confortável.

— Apenas Demétrio, ou... Dem, se preferir— respondeu ao se sentar preguiçoso numa cadeira acolchoada na larga sombra que o teto sobrante da balsa causava.

— Dem?— estranhei sorrindo com as sobrancelhas curvadas. Foi a primeira vez em que pude agir de forma tão solta. Era estranho receber aquela repentina liberdade, o que me fez cessar o riso logo.

— Bom, tenho ciência do quão insólito é— concluiu ele fazendo gestos com as mãos em sinal de rendimento.— Realmente é um apelido horroroso!

    O sol havia saído a poucas horas, mas mesmo assim, Demétrio já conseguia arrancar de mim as risadas que contive por muitos anos. Não sei como, mas a feição de nojo dele era realmente algo engraçado e ele parecia saber disso, pois ria como se estivesse se olhando num espelho e vendo o mesmo cenário em seu rosto que minha pessoa. Aquela manhã ao lado dele fôra uma das melhores de toda minha vida. A forma como ele me tratava, como cuidava de mim e me fazia rir; Como causava em mim sensações que nunca havia sentido antes. Como fazia frases comuns parecerem audaciosas de uma forma totalmente inocente e como me dava liberdade para fugir de algumas etiquetas inúteis. Demétrio era, sem dúvida, um homem espetacular. No entanto, eu sabia que aquela manhã jamais retornaria e que em breve eu seria dele, apenas dele, sendo nada mais que isso. Meramente sua esposa, a mãe de seus filhos, a mulher da casa... Portanto, em tempo algum, eu poderia me apaixonar por ele... minha vida nunca seria como os romances descritos nos livros. Era sempre assim: Nos primeiros momentos, nas primeiras impressões, tudo parecia perfeito, feliz e realizado. Contudo, logo em seguida, tudo se tornava um pesadelo sem fim. Minha vida acabaria antes mesmo de iniciar e o sonho de inverno de mais uma moça... seria incinerado em meio à chamas douradas.

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