Depois de escutar a voz, que mais me faz sentir ódio nos últimos tempos, em minha direção olho para seu dono e o que vejo faz meu coração gelar. A visão que tenho nunca será apagada de minha cabeça, Briana, Adam e Aaron ajoelhados em frente ao pedestal do trono, mas ao lado deles o corpo desfalecido de Leonora com uma poça de sangue embaixo de si.

Percebo que Gael está tendo a mesma visão que eu, o mesmo faz menção de se aproximar dos outros, mas o detenho o mantendo ao meu lado sendo segurado com força pelo o pulso.

- Ainda não percebeu Kaya querida, que vocês nunca irão vencer, que eu e minha mãe sempre seremos melhores do que qualquer um que venha nos desafiar. - Ao dizer isso Noah rir, uma risada que poderia ser descrita em qualquer livro como maquiavélica. - Dessa vez só vou lhe dizer uma vez se quer que todos saiam vivos, inclusive os que estão lá fora agora com o rei azul, que ainda não percebeu que não estão mais lá, sério ele é tão burrinho, nós o usamos para enviar o convite se não percebeu, como Liam falou o seu desespero é tanto que faria qualquer coisa para retomar o reino, patética. - Noah cospe suas palavras para mim.

- Você é podre, vai se arrepender por cada coisa que já fez ou pensa em fazer, mesmo que não seja por minhas mãos. - Minha voz sai embargada, mas surpreendentemente firme.

- Se você diz querida, quem sou eu para contrariar. - Ele sorrir de lado para mim o que me enjoa. - Bom vamos mandar o rei vermelho com esses dois e com quem mais quiser ir, o rei azul também será liberado, não podemos ter uma guerra com os dois maiores reinos, não é mesmo? Mas você tem que jurar que não vai mexer um músculo para os impedir, minha mãe irá instruí-los a nunca mais voltar, se é que me entende?

- Certo, não farei nada, desde que me garanta que mais ninguém vai morrer. - Gael aperta minha mão em sinal de discordância.

- Tem a minha palavra- Ele diz, como se ela valesse alguma coisa, logo depois se aproximando da mãe. - Faça o que tem que fazer minha rainha, sem mortes por favor. - A mulher faz uma careta para o último pedido, mas assente.

Os três que antes estavam ajoelhados ficam de pé, ainda sem expressões, eles começam a sair deixando o corpo de Leonora para trás, o que me aperta o coração. Assim que eles somem das nossas vistas é quando Gael se põe na minha frente.

- Sabe que podemos lutar, não é? Não precisa se entregar assim. - Seu olhar suplicante me mata por dentro.

- Eu te amo, mas você também tem que ir, lembre-se que a luz sempre volta a aparecer. - Ele me olhou meio assustado, como se estivesse entendo o que eu acabei de querer dizer.

Eu não tenho planos para desistir assim tão facilmente, nada melhor que acabar com ninho de cobras estando dentro dele.

- Eu te amo mais. - Ele diz me dando um beijo no rosto, mas é bruscamente retirado de perto de mim caindo já estrebuchando no chão como se não possuísse mais em ar em seus pulmões, me desespero olhando para Noah que fita Gael se contorcer no chão, sem piscar.

- Pare agora com isso. - Grito para ele que parece não me escutar. - Pare agora. - Berro mais uma vez me ajoelhando ao lado do meu melhor amigo.

Olho novamente para Noah enquanto tento deixar Gael parado, o antigo rei branco parece que não vai desistir de matar o capitão, então o resto da sanidade que ainda me restava se vai em um piscar de olhos.

Me ponho de pé deixando o meu amigo no chão lutando pela própria vida e vou em direção ao desgraçado, que estragou tudo que me restava de bom na vida, sinto meu poderes mau usados formigar em minha veias. Nos últimos passos ao chegar perto do de cabelos brancos acelero meus passos quase correndo e me choco contra ele que já me olhava espantado.

Noah cai no chão com a boca sangrando, o que me faz sentir prazer em tirar pelo menos uma gota do seu corpo. Escuto Maia gritar alguma coisa em nossa direção, mas eu não escuto exatamente o que é, mal estou enxergando agora, a única coisa que quero é matar o filho dela. Sinto minha mente querer ser invadida, mas como Adam falou eu tenho ótimos escudos, então a expulso sem dó.

Com uma mão já brilhando a levo em direção ao suposto rei em minha frente, sem precisar tocá-lo faço um truque que aprendi com o rei vermelho, ergo o canalha do chão que se mexe desesperadamente para se soltar.

- Largue ele agora sua... - Eu interrompo Maia apenas com um olhar.

- Seu filho não parou quando eu pedi, por que eu faria o mesmo? - Questiono com a voz fria.

- Leon, mate-a agora. - Ela grita para o ex-conselheiro que tinha acabado de entrar e se encontrava embasbacado.

O rapaz se propôs a vir em minha direção, mas com minha mão livre pego a mesma adaga que usei contra Melissa, e com meus poderes jogo contra ele o acertando bem no ombro, o mesmo solta um grito desesperado parando no meio do caminho.

- Se der mais um passo em minha direção estará morto antes de dizer olá. - Rosno para ele que me olha com os olhos arregalados.

- É o que dizem, se quer alguma coisa bem feita, faça você mesmo. - Maia fala entre dentes.

Ela vem em minha direção em passos largos, seu olhar me assusta, mas não me faz desistir de tentar vencer essa batalha. Quando ela está próxima o suficiente para eu conseguir ver sua maquiagem borrada sinto uma pontada em minha cabeça me fazendo ficar tonta.

"Largue ele agora ou estará morta antes do anoitecer" Sua voz aguda invade a minha cabeça, mas mesmo assim me nego a deixar Noah solto. "Largue ele agora" Mais um grito ouvido apenas por mim.

- Nem morta sua vaca, eu posso até morrer, mas ele vai comigo. - Digo olhando nos olhos dela, ela arregala os olhos quando expulso novamente da minha mente.

Maia está prestes a invadir a minha mente novamente, por aparentemente não saber lutar corpo a corpo, mas antes que isso aconteça ela cai para frente, me fazendo dar um passo para trás ao ser assustada. Olho para onde ela caiu e vejo uma flecha negra cravada em suas costas, não sai sangue então percebo que o objeto está envenenado.

- Me salve, por favor. - Maia olha para mim de baixo suplicando.

- Mesmo se eu quisesse não teria como, o veneno que está em você agora é bem pior do que o seu querido filho usou contra mim, lembra? - Ele grita, um berro gutural, que se sessa ao contrario dos passos que escuto vindo em direção a sala do trono.

Olho para Gael que está desacordado no chão, assim como Noah também estar, e corro até ele, com medo que não esteja mais respirando. Me ponho ajoelhada do seu lado sentindo sua pulsação que está fraca, mas ainda tenho uma lagrima de alívio transpassando pelo meu rosto.

- Por favor, diga que não é tarde demais para salvá-lo? - Alguém pergunta em pé atrás de mim.

- Ele vai ficar bem, o capitão é sem dúvida uma das pessoas mais fortes que já conheci. - Respondo.

-Digo o mesmo, mas não mais que você, Kaya. - Olho na direção de quem conversa comigo e quase caio para trás com o que vejo.

- Você... - Lágrimas banham o meu rosto dessa vez com uma mistura inimaginável de emoções.

Não pode ser verdade.

.

.

.

.

Obrigada!

Quem vocês acham que é?