Capítulo 8
O rei parecia estar nada contente, ele permaneceu impaciente até chegarmos no castelo negro novamente. Os mesmos dois guardas que tinham me ajudado a subir na égua me ajudaram a descer, murmurei agradecimento aos dois e me desvencilhei.
- Vamos mileide. - Zombou Gael oferecendo o braço para entrelaçar ao meu, quando estendi o meu fui bruscamente interrompida.
- Podemos conversar? - Noah perguntou puxando o meu outro braço. - Pode deixar que acompanho ela até o quarto, está dispensado capitão. - Completou se referindo a Gael.
O meu amigo assentiu e olhou para mim como se perguntasse se estava tudo bem, eu confirmei que sim com o olhar e ele saiu em direção ao castelo. Quando Gael já tinha desaparecido das nossas vistas eu olhei para o rei ao meu lado, que parecia irritado.
- Algum problema? - Indaguei.
- Talvez sim, talvez não, tudo depende da sua resposta. - Falou com tom irritado e o mais sério que já tinha visto sair de sua boca.
- Pode perguntar então. - Replique um pouco impaciente.
- O que você e o capitão tem um com o outro? - Respirando fundo indignada com a situação.
- Além de amizade, eu e ele não temos nada, por quê? - A expressão do rei falou por ele mesmo de que não acreditava em nenhuma palavra que eu disse.
- Não foi o que pareceu hoje. - Ele falou irritado.
- Está insinuando que eu tenho um caso com o capitão? - Demonstrei toda a minha indignação.
- Não sei, não acho adequada uma futura rainha com esse tipo de liberdade com um mero capitão. - Retrucou mostrando os dentes.
- Como já disse, ele é meu amigo e acho que a única pessoa que sabe ou não o que é adequado para mim é a futura rainha aqui. - A minha raiva já estava transparecendo em todo o castelo, mas me esforcei a respirar fundo mais uma vez.
- Exijo que se afaste dele, falarei com Harry para que o suspenda do seu cargo imediatamente. - Disse tranquilamente de novo.
- Faça isso e acabo com você, faça isso e está porcaria de profecia acaba agora. Vossa majestade não manda em mim e nunca mandara. - Verdade e verdade tudo que sairá da minha boca.
Ele pareceu não me reconhecer por alguns instantes. - Sabe com quem está falando? Garota estúpida, ninguém fala assim comigo nem mesmo você. - Ele levantou a mão para me bater e me encolhi, a mão dele não chegou até mim.
- Dê mais um passo Noah e te mato aqui mesmo. - Harry vociferou contra ele ainda segurando o seu braço.
- Não vou bater nela irmãozinho pode me soltar. - Debochou o rei branco. - Sabe por que estamos discutindo? A nossa pupila anda com um comportamento estranho com o seu capitão, sabia? - Falou ele calmo novamente.
- Eu tenho certeza de que a relação entre Kaya e Gael não passa de amizade, confio a minha vida a ele, irmãozinho, e sei que ele não me trairia. - Retrucou Harry ainda segurando o outro.
- Confia a ela a sua vida também? - Noah apontou para mim com a mão solta.
- Confio, mais alguma coisa? - Harry respondeu sem ao menos piscar.
- Como já falei eu e Gael não temos nada além da nossa amizade e estou cansada disso tudo. - Deixei os dois sozinhos nos estábulos. O sol já estava se pondo quando cheguei em meu quarto, não encontrei ninguém pelos corredores graças ao grande Deus. Cai na cama ainda com o vestido me debulhando em lágrimas.
Tudo aqui é totalmente injusto, a minha antiga vida mesmo sendo completamente difícil não era esse redemoinho todo. Fiquei horas chorando, Elis e Briana apareceram, mas eu as dispensei. Cansada de chorar eu adormeci.
***
Depois de me deixarem dormir por horas perdi o café da manhã.
As meninas já estavam no quarto quando acordei, pedi desculpas as duas por ter sido grossa com elas na noite anterior, também expliquei todos os detalhes do que tinha acontecido.
As duas ficaram revoltadas com o acontecimento, Briana ficou horas falando várias formas diferentes de como matar o rei Noah. Algumas das formas eram tão impossíveis que eu não me controlei de tanto rir.
Ficamos a tarde inteira juntas rindo e xingando todos os homens babacas do mundo. Depois que o sol se pôs eu decidi que iria jantar com os reis, mas antes pedi para que chamassem Gael. Ele chegou alguns minutos depois.
- Como você está? - Perguntou em tom preocupado.
- Então já está a par de tudo que aconteceu? - Perguntei, ele afirmou com a cabeça que sim. - Não o chamei aqui para falar de ontem, tudo bem? Quero te pedir um favor. - Eu disse.
- Tudo bem, pode pedir. - Falou relaxando.
- Quero que me ensine lutar, tanto corpo a corpo como com armas. - Falei firme. Ele pareceu não acreditar no que falei.
- Pode se machucar, não será fácil, acho melhor não Kaya. - Negou calmamente.
- Não me importo se irei me machucar, não me importo mesmo. Não quero nunca mais me encolher quando um homem levantar a mão para mim principalmente aquele idiota. - Supliquei.
- Será difícil, eles não irão querer. - Gael implora.
- Não ligo para o que acham, se não for você será outro, mas eu vou treinar. Serei sua rainha um dia, então receba esse pedido como uma ordem, capitão. - Desafiei ele.
Gael respirou fundo e disse. - Tudo bem irei treiná-la nem que seja a última coisa que faço na vida. - Pulei nos braços dele comemorando.
***
Fui jantar sozinha, os dois reis já estavam à minha espera. Me sentei e comecei a me servir sem falar nada, comi tudo sem nenhuma palavra apenas com os dois me olhando. - Quero comunicar uma coisa a vocês dois, não estou pedindo opinião nem permissão entenderam. - Finalmente falei.
- O que seria? - Noah perguntou.
- Irei começar a treinar luta amanhã com o capitão. - Falei sorrindo.
- Você deve estar completamente louca, vai se machucar se fizer isso, não vai treinar. - Noah replicou.
- Como já falei não pedi opiniões, nem permissão, só estou comunicando. - Olhei para Noah o desafiando a retrucar, mas ele apenas bufou.
- Por mim tudo bem, pelo menos não precisaremos ficar como babás suas para que fique segura, já que vai aprender a se defender. - Harry me surpreendeu com suas palavras, mas não deixei transparecer.
- Você deve estar completamente fora de si, ela é uma garota. - Noah falou a Harry levantando-se da cadeira, fiz o mesmo.
- Na próxima vez que me diminuir por conta do meu sexo eu juro que eu arranco a sua língua. - Eu nem mesmo olhei para traz quando sai batendo o pé da sala de jantar.
***
No outro dia Gael me fez acordar no alvorecer, corremos alguns quilômetros eu sempre atrás ofegante. Quando acabamos ele me avisou que esse seria nosso aquecimento de todo dia, isso mesmo aquecimento, e eu já não me aguentava em pé.
Ele não me deu nem um minuto para recuperar o fôlego logo começou a primeira testando meus limites e força física, com uma pequena pista de obstáculos, palavras dele. Como era de se esperar fui péssima em todos, quando acabei estava suja dos pés a cabeça e Gael rindo do meu estado.
Depois dos obstáculos ele resolveu testar meu reflexo e o que eu sabia de luta corpo a corpo. Nunca tinha caído tanto em um só dia, meus reflexos são péssimos, nunca antecipava ou percebia os movimentos dele, o que me levou de cara no chão muitas vezes.
O mais fácil para mim foi o teste de mira, tanto parada quanto se movimentando, em longas e curtas distâncias. Só fui razoavelmente boa por causa das minhas habilidades de caça de antes, o que agora pra mim parecia uma vida atrás.
Gael a princípio não queria utilizar a espada, mas insisti muito e ele cedeu. Ele me ensinou como empunhá-la a princípio, fizemos um pequeno teste de luta com ela, antes que percebesse em dois segundos que começamos a espada já não estava mais na minha mão.
Esses testes só me fizeram perceber o quão vulnerável e delicada eu sou, isso me irrita, mas não irei desistir. Não quero depender de ninguém para me defender e esse se tornará o meu mantra daqui para frente, não vou esperar levantarem a mão pra mim novamente.
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Obrigada !
Me perdoe algum erro
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