Sete Dias
1 ano e sete meses
Quando chegamos,estávamos no seu apartamento ele não tinha falado dês que entramos no elevador,parecia está nervoso.
- Chegamos.
Sua casa tinha uma decoração interessante,alguns tons de madeiras e pastel, era bem organizada para ser uma casa de um garoto que aparentemente morava sozinho. Em sua sala e seu corredor tinha prateleiras com vários livros,passei os meus dedos e encontrei obras dos clássicos ao atual,sua casa era o típico de um escritor. Em sua parede havia quadros de bandas e outras em pintura aquarela.
- Você gosta de aquarela?
- Eu acho uma arte muito bonita e delicada,como eu não sei pintar eu pago as mais interessantes...
- Me lembra a minha aquarela. Me sinto um pouco...conectada.
Falo ao tocar o quadro.
- Hum...E como seria isso?
Ele vai em direção a cozinha.
- Bem,acho que de alguma forma qualquer artista gosta de trazer alguma verdade através de suas obras.
Ele volta com um vinho na mão e duas taças.
- E qual é a sua verdade?
Ele se senta no sofá,me dando espaço para está ao seu lado.
- Quando você escreve os seus poemas é tanto uma forma de transmitir os seus sentimentos como uma forma de derramar tudo que te aflige,certo?
- Certo.
- Então, é isso que a arte em si faz comigo,uma forma de me transmitir.
Pego uma taça encho de vinho e saboreio. - Como... O seu poema.
- Qual poema?
Ele junta as suas sombrancelhas se fingindo de desentendido.
- Você sabe muito bem. — bebo mais um pouco — "seus olhos avelãs da cor de seus cabelos..."
- "e seu cheio de hortelã que se espalha ao desejos."
Ele completa e me encara. Eu bebo mais um pouco para me criar mais coragem. Ele sorri e olha para baixo.
- Sim... Esse. Não vou mentir que fiquei um pouco surpresa.
- Com o que?Eu não menti,aquele dia me trouxe inspiração. — Ele se aproxima mais . - Foi uma forma...De mim trazer uma verdade em obra.
A cada vez que ele se aproximava meu coração acelerava. A luz da rua batendo da janela e vindo em seu rosto se transformava em uma combinação perfeita,ele ficava cada vez mais bonito.
- E sobre hoje Laura?Teria algo que te inspire?
Sua voz era quase um sussurro.
- Para mim ainda não.
- Por que?
Sua feição era de desapontado.
- Porque ainda a noite não terminou.
Eu o puxo e beijo.
Seu beijo foi calmo no começo,sua mão estava em meu rosto e me olhou por um estante,ele sorriu e me beijou mais forte.
O beijo continuou mais acelerado e suas mãos passeavam ao meu corpo,eu o puxava mais forte e ele me trouxe mais próximo.Minhas mãos passeavam ao seu cabelo até a gola de sua camisa,ele sorri aos beijos.
Ele me puxa a ficar no seu colo e vai ao meu pescoço se deparando ao botão de minha blusa.
Eu mesmo desabotoou e James me encara,sem paciência tiro sua blusa.
Havia mais pintas em seu corpo o que ficava cada vez mais interessante.
Eu nunca senti uma intensidade com uma pessoa assim. O tão forte ao ponto de só quer está ali naquele momento.
- Acho que podemos ir em um lugar mais confortável.
Sem ao menos eu opinar,ele me levanta e me leva ao seu quarto. Em meio o percurso esbarra no vinho que cai no tapete,rimos do momento e voltamos aos beijos.
Em seu quarto havia um espelho grande em frente a cama.
A imagem era linda,ele beijando o meu corpo a tirar o meu sutiã.
Tudo parecia tão profundo e ao mesmo tempo delicado,ao tirar minha saia até me colocar na cama. Eu sabia que depois daquela noite...Eu teria algo para inspirar em minha arte.
Seu corpo,seu toque,seu beijo era pura poesia.
Acordo no outro dia ao sol batendo em meu rosto.
Ele não estava mais na cama e pensei que talvez poderia ter sido um erro, até sentir o cheiro do café vindo da cozinha.
A luz batendo em seu corpo semi nu enquanto estava de costas preparando a refeição,era perfeito.
- Bom dia.
Ele sorri mais radiante que ontem e me beija.
Vendo de cabelo bagunçando e com sono fazia parecer mais jovem.
- Bom dia.
Ele coloca o café sobre a mesa e se senta.
- Então,o que vai querer fazer hoje?
- Hoje? Ah bem...
Eu escuto uma vibração vendo do tapete da sala.
- Ah,acho que deve ser um dos nossos celulares,acho que... Até perdi o meu.
Ele pisca e da um gole do café.
- Acho que perdi o meu também.
Vou em direção ao tapete e vejo o meu celular.
Tinha ligações perdidas da minha mãe e uma mensagem de Cássia.
" Amiga,está tudo bem?Eu vim te mandar mensagem para saber se você está pronta para ir pra aula e recebi um monte de mensagem da sua mãe.
Eu disse que estava comigo,me responde se estiver viva."
- Oh merda!
A respondo dizendo que estou bem e envio.
- An? Tá tudo bem?
- Ah... Sim! Eu esqueci da minha aula de hoje e perdi a hora!Tou meia atrasada!
"Ok. É perto,estou chegando! 😉"
Dou mais um gole do café e corro de presa separando as minhas coisas e me arrumando.
- Ah,se você quiser eu te levo.
- Não precisa,a minha amiga já está vindo.
" CHEGUEI!"
Ele fica sem entender e parece um pouco desapontado por deixa- ló assim.
Eu o beijo . - Obrigada por hoje.
E saio.
Ele sorri de volta e senta no sofá ainda confuso.
Quando entro no carro Cássia me olha de cima para baixo.
- Cabelo bagunçado,roupa amassada,as presas. Você transou Laura?
- Cala boca e anda!
Ela ri e acelera o carro.
Presente.
Acho que algumas coisas podem mudar e outras não,eu percebi isso depois desses sete dias.
Eu realmente queria que as coisas fossem diferentes e talvez eu estaria contanto uma história emocionante de quarentena,onde você reencontra um grande amor épico e juntos podemos lutar contra o caos.Mas...
Não é assim. Eu não falo com ele dês daquele dia,quando vou comer algo ou janto,ele prepara a comida e deixa na mesa,sem a presença dele.
Parece muito só,como se eu tivesse em uma casa sem ninguém,só comigo mesmo ou um estranho.
Encontrei ele algumas vezes escrevendo,parecia frustado. O que escrever sobre tudo que estamos vivendo?O que poderia nos inspirar?
Quando mais entro na internet,mas vejo as pessoas desesperadas,todos de alguma forma querendo sair do seu próximo caos,você mesmo.
Vivendo mostrando uma vida falsa sem fundamentos,ou com fundamentos fictícios. É muito complexo como isso pode ser,eu não os julgo,a internet é assim a muito tempo.
Pessoas que pareciam ter vidas perfeitas, porém infelizes com si mesmas. Outras porém,discretas e tão bem que prefere viver o momento do que expor para todos. Alguns,parece sonhar com um romance em contos de literatura ou fantasia,porém nem olham um para o outro.
A vida é uma farsa,mas só se você a tranformar assim.
Quando Emily morreu eu senti isso. Foi a primeira vez que percebi o quanto uma notícia pode afetar alguém. Todos culparam eu e minha mãe,nos julgando como se fossemos responsáveis pela a sua morte. Ninguém conseguiu se importar o quanto era uma dor para a gente,o quando foi difícil ter que queimar todas as suas roupas por não saber onde poderia vir o vírus,ou ao menos não poder enterra-lá.
Pensar isso tudo e ver um caminhão de crematório é forte de mais para mim.As mortes foram aumentando e pessoas foram se perdendo.
Eu não se foram mortas pelo o vírus,ou pelo o governo.
Quando acordei,ele estava um pouco diferente,com uma blusa de lã verde e uma calça moletom. Parecia bem,e suas olheiras estavam mais claras,ao contrário das minhas.
- O café está pronto.
- Obrigada.
As nossas conversas estavam mais frias que o clima.
- Laura...
É uma palavra tão nova para mim,não escutava a tempo. - Você sente falta...De algo?
- Como assim?
Quer dizer de nós?
-Hum... O que você mais sente falta da sua casa?
Ah!
- Bem... Eu sinto saudades de escutar a minha mãe pela manhã com a sua TV ligada,o cheiro de café e a luz batendo na janela.
Ele pega o café e arrasta para mim.
Eu olho vejo a xícara sobre a mesa e me sento.
Ele continua sentado me olhando como se soubesse que não é só sobre isso, tomo um gole e continuo.
- Eu sinto saudades de pintar.— Sua expressão muda e vejo que era isso que esperava. - A pintura as vezes me faz... Me faz sair dessa realidade.
Ele se parede um pouco pensativo,e toma um gole.
- Eu achei que demoraria mais para chegar...
- O que?
- O seu refúgio.
Ele olha para varanda e tento entender o que podia ser.
Eu fui devagar e vi que agora estava enfeitada com algumas plantas,uma delas era o cacto. Quando entrei,tinha um cavalete entre a parede,com um quadro e uma paleta de tintas,todas em aquarela.
Eu sorri um pouco e toquei com delicadeza,quando olhei para a cozinha ele não estava mais lá.
Sentir o ar fresco,as plantas florescendo ao som de Debussy era um abrigo para mim.Sentir a tinta sujando as minhas unhas e passar o pincel em cada camada,poderia ser algo que só a mim,era perfeito.
Tudo fluía tão bem e perspicaz,como se a música pudesse combinar aos movimentos da minha mão,era como se vesse um recital de Balé. Tudo era sentimentalismo e delicado,a cada paços de uma bailarina seria uma composição de energia e vivência. Vivência não só da prática,como de sua história.
A sua história que era contada por cores,desenhos e rabiscos. A cada borrão de sua borracha e esboço. A cada rascunho seria só uma triagem do que estava por vir.
Eu poderia sentir a música e fechava os olhos com o cheiro de tinta.
Quando terminei,lá estava o seu e suas cores divergentes,não era um Van Gogh e sim,Laura.
Eu senti o cheiro vindo da cozinha,e não tinha percebido que o tempo teria passado tão de presa e era já a hora de almoço.
O prato estava sobre a mesa,sem ninguém,mas eu sabia que tinha um cuidado.
Pois era estrogonofe e suco de laranja.
* Notas da autora*
Sim,eu demorei a escrever.
Mas,eu estava em um momento de produtividade nenhuma,nada vinha.
Como eu poderia escrever um capítulo sobre inspiração que nada me vem?
Mas hoje,eu assisti um filme que era sobre o amor e não falava de romance e sim de como amar a si mesmo e o seu momento era tão importante...
Isso me trouxe tantas reflexões,pois eu poderia sentir que é muito mais sobre isso.
Hoje vivi várias bombas,mas antes de cair e me afundar. Eu escrevi... Escrevi sobre o amor e se conhecer.
O que estão fazendo em meio ao caos?
- DE RUDRA
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