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Epílogo

Voltei.

Não... Não sobrevivi aos eventos ocorridos no salão nobre da USP. Estou bem mortinha, para alívio geral.

Tolos!

Para cada pessoa, como eu, que perece, nascem mais dez desse tipo – iguais ou piores. Nossa sociedade é injusta e doente, já disse.

É verdade que não triunfei, sobretudo em cima daquela infeliz da Maria Joana. E é verdade que Arthur, que acabou saindo com vida daquela situação a qual juntos executamos, acabaria pegando vários anos de prisão. Porém, houve uma coisa que obtive, mesmo que postumamente: os famigerados quinze minutos de fama.

Eram matérias em noticiários e jornais, publicações nas redes sociais, entrevistas com quem foi meu cúmplice e, até mesmo, fotos vazadas do necrotério sendo comentadas a rodo. Claro que se focava muito no cafoníssimo final feliz que a história teve, mas tudo bem: o importante era os holofotes estarem voltados também para mim.

De certa maneira, venci.

Mas não vim falar apenas disso. Gostaria de, talvez no meu único ato de nobreza, fazer uma revelação...

O inferno existe!

Não é como se imagina o senso comum, com fogo para todo o lado, almas condenadas sendo cutucadas por diabinhos portando tridentes, tortura, gritaria, etc. Longe disso.

Na verdade, o inferno se limita ao nosso próprio desencarne... vagaroso. É apenas o próprio processo de decomposição. Não é doloroso, embora seja desconfortável. Não é a experiência mais agradável presenciar os vermes roerem a sua carne e não poder fazer nada. Em suma, o corpo cessa as suas atividades, mas a consciência, que chega ao nível de se tornar uma força quase onisciente, continua.

Devo também ressaltar outra realização. Claro que não posso dizer que foi algo que conquistei, contudo, admirar as pessoas certas (se é que posso falar assim depois do que fiz...) é também uma espécie de vitória.

E aqui me refiro ao icônico Machado de Assis.

Quem diria que um autor que viveu no século XIX teria se aproximado do que é realmente essa experiência de pós-morte aqui descrita em uma de suas obras?

Quem diria que eu, Maria Carolina Queirós, acabaria me tornando uma... defunta-autora?

Portanto, dedico minhas memórias a ele – tão visionário, tão certeiro e tão... equilibrado.

Ou não...

O cara sabia de tanta coisa que não seria impossível ele, em algum momento, ter sido acometido por um impulso...

Fazendo de novo essa paráfrase, "Todos nós ficamos meio loucos às vezes", embora poucos tenham a coragem necessária para ir às vias de fato.

Eu tive.

Contrariando o último capítulo de Memórias Póstumas de Brás Cubas, este aqui não é de negativas. Posso não ter vencido, mas também não me arrependo de nada.

Nem todos estão aqui para aprender com as verborrágicas lições da vida.

Eu não quis. Eu não aprendi.

Isso é Realismo.

E ainda me sinto bem.

Alguns meses se passaram. Tal tempo foi necessário para que os nervos se acalmassem, terapias fossem feitas e a vida fosse reorganizada.

Por falar em assistência psicológica, óbvio que Maria Joana e Alan tornaram a recorrer a isso e os resultados logo foram dando certo. Não eram pacientes difíceis de lidar, mesmo com os traumas que se abateram sobre si.

No entanto, houve uma diferença quanto à atitude.

Se antes Joana preferia não escrever sobre o que lhe ocorrera em seus livros, dessa vez, optou por algo oposto. Incrivelmente, foi uma experiência valiosa redigir aquela autobiografia, como sobrevivente de todos os assassinatos. Aquilo era uma forma de desabafar e, quem sabe, alertar o máximo de pessoas que conseguisse alcançar.

Assim que o seu manuscrito foi publicado, as vendas foram estrondosas, batendo até mesmo os seus próprios recordes pessoais. Com isso, ela ia cada vez mais sendo requisitada para eventos em livrarias e localidades afins.

Em certo momento, a moça teve que reunir forças para encarar o próximo lugar onde faria o que, naquelas alturas, já estava acostumada. Tratava-se nada mais e nada menos que... a própria Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.

Apesar do leve pavor em seu íntimo, a animação era o que predominava em si. E ela tinha bons motivos para estar assim.

O primeiro deles era que não estava sozinha. Alan, seu companheiro para todas as horas, foi junto. Esse era outro que estava colhendo os louros da fama após aqueles trágicos acontecimentos. Ele passou a ser um docente muito requisitado onde seguiu dando aulas, na mesma medida que estava também sendo chamado para um maior número de palestras.

Tais conquistas permitiram que eles dessem um passo a mais em sua relação...

Sim! De namorados passaram a ser noivos!

Sim! Joana havia sido pedida em casamento!

O anel de compromisso que cada um usava no dedo se tornava até pequeno perto de tanta coisa que os unia – com ênfase no amor, é claro.

Outro motivo que explicava o estado radiante de Maria Joana era que ela iria rever os seus amigos.

Ao chegar à USP, ela e seu noivo foram levados a uma sala de aula previamente reservada. Com isso, pessoas iam chegando, adquiriam sua obra, tiravam fotos, pediam autógrafos, etc.

Não demorou muito para marcarem presença dois dos que poderiam ser, atualmente, considerados próximos de Joana e de Alan...

Davi e Gustavo.

Os dois rapazes, que já eram reconhecidos em suas áreas de atuação, também ficaram relativamente famosos como sobreviventes. Mas a mudança se deu mesmo na esfera pessoal, ou melhor, amorosa: eles estavam casados!

A reaproximação entre eles se deu logo depois do que houve no salão nobre da USP. Com apenas um dia hospitalizado, Gustavo se recuperou. Já Davi, ferido na perna (felizmente, não de um modo profundo), precisou de um tempo adicional. Desse modo, um cuidou do outro, o que levou a paixão ser reacendida...

Além disso, não havia mais medo da parte do policial no que se referia aos seus sentimentos. Óbvio que ele ainda era alguém discreto, porém, isso não significava que sentia vergonha, temor, nem nada do tipo pelo outro homem, muito pelo contrário.

E isso era comprovado pelo jeito como o delegado se portava, a partir de então, com o seu agora marido. As mãos entrelaçadas, os abraços, as carícias, os cochichos ao pé do ouvindo – os quais rendiam sorrisinhos um tanto maliciosos de ambos – e, principalmente, os beijos efetuados em público eram evidências de que muita coisa negativa foi superada pelo casal.

Depois, foi a vez de Euclides dar o ar da graça, literalmente. Ele também foi outro com algum reconhecimento recebido por conta do que havia se passado. De resto e a exemplo dos demais, o delegado seguia com a mesma rotina, atuando em Pedras Azuis. A propósito, qualquer resquício de inimizade entre ele e Davi fora sanado. Atualmente, podiam se considerar até bons amigos.

Era verdade que, devido ao fato de residirem em cidades distintas e longínquas, o contato daquele círculo de amizades era escasso. Logo, quando aconteciam as reuniões presenciais, eles aproveitavam para matar as saudades e reafirmar os vínculos que os ligava, mesmo que tenham se conhecido em circunstâncias tão excêntricas, para se dizer o mínimo.

E essas coisas ficavam nítidas nos gestos mais simples.

Em determinada hora, Maria Joana, sentada meio ao longe, se ocupava em atender aqueles que compravam seu livro. De repente, ela lançou um olhar na direção dos quatro homens. Viu Davi e Gustavo abraçados e batendo um papo animado com Euclides. Ao perceberem que ela os encarava, sorriram. Alan se mostrava mais calado. Em contrapartida, ele fora o primeiro a notar a fitada de sua noiva e, como resposta, deu uma piscadela e lhe jogou um beijo.

Joana, por sua vez, devolveu com outro beijo lançado e uma risadinha. Aproveitando o momento um tanto apaixonado, ela não resistiu em encarar o anel presente em seu dedo, que simbolizava o que o futuro reservava para ela e para o seu amado.

O instante, entretanto, foi de curta duração. A moça logo viu que alguém estava diante de si. Era uma jovem e bonita garota de cabelos ruivos, grandes olhos azuis e pele clara. Estava segurando um exemplar de sua obra e a expressão no rosto era a definição de euforia.

— Eu nem acredito que você está aqui! — exclamou a menina desconhecida.

— Também não acredito que consegui voltar para cá... — respondeu Maria Joana, descontraída.

A outra mocinha entoou uma risada, nervosa. Tornou a falar:

— Sou sua fã desde... o que te aconteceu lá em Pedras Azuis... Você foi minha inspiração para que eu entrasse no curso em que estou: Direito.

— Se bem que não fiz Direito...

— Cogitei ingressar em Letras, tal como você e o Alan, mas acabei preferindo a faculdade a qual entrei mesmo. — Fez uma pequena pausa. — Não sei para que área vou. Sou caloura ainda. Quem sabe não me torne uma docente, tal como o Gustavo, ou vire uma delegada, a exemplo do Euclides e do Davi? Sei que os nomes que citei são de pessoas importantes para você.

— Nossa! É minha fã mesmo! — Joana deu um sorriso amarelo.

— Como eu disse, foi você quem me motivou a entrar no Direito. Vai que um dia, sendo eu uma futura professora ou policial, esteja envolvida em um caso como os que aconteceram contigo, não é?

Um frio percorreu a medula espinal de Joana. Aquelas últimas palavras, proferidas naquela entonação estranhamente animada, causaram uma sensação desconfortável em si. Já querendo botar fim no assunto, ela se manifestou:

— Bom... Quer que eu autografe o seu livro?

— Por favor!

Atônita, a garota entregou o exemplar. Joana o abriu e indagou:

— Como você se chama?

— Luiza, com z.

A morena, já com a ponta da caneta sobre a contracapa, estava pronta para começar a escrever. Contudo, uma nova informação fê-la cessar o que iria fazer:

— ..., mas, com orgulho, meu nome é... Maria Luiza.

Novamente, Joana parou e encarou a ruiva, que ainda parecia bem radiante. Sem que quisesse, um pensamento horroroso invadiu a sua mente. Em que pesavam todas as sessões de psicoterapia que frequentou, foi inevitável não se recordar da figura de... Maria Carolina.

" Não! Não é possível..." — Pensou.

Todavia, ela era Maria Joana, a sobrevivente. Por tudo o que passou, não dava para o medo ter um espaço em sua vida. Portanto, não iria fazer uma cena ali, à vista de tantas pessoas.

Ela respirou fundo. Esboçando um sorriso indecifrável, decretou:

— Sou uma pessoa que gosta de fugir um pouco dos clichês. Vamos fazer um autógrafo diferenciado então.

— Diferenciado? — Maria Luiza perguntou.

— Sim, diferenciado.

Assim, Joana retomou o que estava querendo realizar antes. Conforme escrevia, ia também falando. O resultado não poderia ter sido outro:

"Dedico esse autógrafo, que é uma memória não póstuma, para esta moça de grandes olhos oblíquos e que espero não serem dissimulados... 

A nós Marias, as batatas."

FIM


Notas do autor:

Mais uma vez, muito obrigado para quem acompanhou a obra até aqui! Esses livros em torno da saga Entre "Alguma coisa literária" e Sangue (rsrs) me deram um gás novo no meu processo de escrita. Tal como falei no final do primeiro livro, quem sabe um terceiro não vingue aqui...

E seja em uma obra como essa ou outra, até uma próxima! Abraços e muitas batatas para vocês! 😉

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