Uma casa com entradas para o passado
ENTRE POÇÕES E PUNIÇÕES
...
Mesmo tendo sido criado em contato com o mundo trouxa, Sunoo não deixa de se incomodar com a forma como tudo se torna mais complicado de ser feito. Poderiam ter ido para casa usando Pó de Flu*, o que economizaria tempo e energia. Infelizmente, a mãe de Sunoo não é bruxa, o que faz com que os bruxos ao redor dela tenham que se adaptar sempre à realidade complicada dos trouxas, neste caso, pegando exaustivos aviões.
A volta para casa foi mais que exaustiva. Pararam num hotel em Londres rapidamente para que os jovens bruxinhos pudessem tomar um banho e trocar de roupa, para logo em seguida irem ao aeroporto. Chegariam à Coréia ao fim da manhã do dia seguinte, e Sunoo nem conseguiu aproveitar o fato de finalmente poder usar o celular novamente, já que dormiu desde o momento em que entrou no carro à caminho de casa — mal se lembra de ter saído do veículo e ido para o quarto dormir.
— Sunoo?
A voz da irmã, abafada pela distância e pela porta entre eles, é impossível de não ser reconhecida, mesmo que o menino ainda esteja acordando aos poucos de um sono pesado após tantas horas de viagem. Ele se levanta da cama macia e quentinha com um salto e vai até a porta, destrancando-a.
— Suyeon! — Ele sorri largo ao ver a irmã parada à porta, a imagem já tão conhecida por si da menina mais baixa que ele e de cabelos pintados de um ruivo clarinho.
Os irmãos se abraçam forte, Sunoo quase tirando a menina mais baixa do chão, mesmo que ainda um pouco sonolento. Eles sempre foram muito próximos, desde o nascimento, e passar meses sem se verem é um pouco chato, mesmo que se comuniquem por cartas.
— O que aconteceu que você parece mais alto que da última vez que te vi? — A irmã pergunta parecendo realmente chateada com isso e Sunoo ri, se afastando do abraço e entrando no quarto para se jogar sobre a cama novamente.
Junto aos amigos ele é quase sempre o mais baixo, mas quando está de volta à casa onde nasceu, ele se sente um gigante, e só não age como um irmão mais velho porque a irmã não o deixa, fazendo questão de tratá-lo como um bebezinho que precisa ser cuidado e mimado, mesmo eles tendo a mesma idade.
— Onde você estava? Por que não foi me buscar também? — Sunoo pergunta apenas para fazer manha.
A irmã se joga na cama à frente dele, se sentando perto do irmão e bagunçando os cabelos pretos desordenados pelo sono.
— Você sabe como eu adoraria passar horas dentro de um avião, depois dentro de um carro e depois dentro de outro avião sozinha com a mamãe e o papai — a menina diz de forma dramática, como se sentisse muito. — Mas, infelizmente, tive que fazer umas coisas de última hora no campus da escola e não pude ir.
— E como foi lá? — A pergunta sai ingenuamente animada. Sunoo ama ouvir a irmã falar sobre a vida dela no mundo trouxa, ainda mais sobre a escola, esta que fornece muitas novas experiências para Suyeon diariamente e, consequentemente, muitas novidades para os ouvidos curiosos de Sunoo.
— Um tédio, como sempre — a garota revira os olhos enquanto ajeita os cabelos longos, exasperada. É um pouco difícil para Suyeon entender que, o que é um saco de tão chato para ela, para Sunoo é tudo muito incrível, justamente por ser diferente do que ele está acostumado a lidar. — Cheguei no início da tarde, mas você estava parecendo um morto jogado nessa cama, então resolvi não atrapalhar seu sono de princesa.
A luz do sol ainda entra fraca pela janela do quarto, o que indica que já é fim de tarde, e Sunoo percebe que está dormindo há muitas horas mesmo.
— Já descansou? Já pode me contar como foram as coisas em Hogwarts, ou vou ter que esperar até a hora desse jantar exagerado pra ouvir junto aos outros? — A garota pergunta agitada, se deitando ao lado do irmão e se acomodando junto a ele sob os cobertores, pronta para escutar sobre tudo o que se passou no mundo bruxo nos últimos meses.
Sunoo conta para a irmã sobre quase tudo, desde o momento em que ele embarcou no Expresso de Hogwarts em setembro até coisas pequenas como as tardes de domingo que ele passou com os amigos conversando ao redor do chafariz do Pátio da Torre do Relógio. Suyeon pode imaginar a maioria das coisas que ele conta, mas infelizmente fica apenas na imaginação. Sunoo sabe que o motivo de a irmã não ir levá-lo nem buscá-lo na estação 9 ¾ vai além de apenas não querer ficar sozinha com os pais por horas em ambientes fechados. A irmã gêmea consegue ver tudo o que acontece no mundo mágico, mas, por ser um aborto*, não consegue praticar a magia; logo, nunca pôde embarcar no Expresso de Hogwarts, e não faz ideia de como o lugar realmente é, apesar de já ter visto fotos e sempre ouvir o irmão contando sobre como as coisas são. Ela fica feliz em saber cada detalhe, cada pequena coisa, como as aulas de Herbologia que Sunoo sente tanta preguiça em frequentar, e até sobre as noites dentro do dormitório, onde os alunos praticam seus feitiços e estudam juntos. A pergunta que ela mais gosta de fazer é ''Você acha que eu iria para qual casa?'', e os dois costumam passar longos minutos discutindo sobre o assunto, mesmo que, às vezes, ela fique um pouco para baixo por nunca poder realmente sentar naquela cadeira e ter o Chapéu Seletor* a enviando para uma casa, simplesmente porque ela não tem magia alguma.
Os irmãos passam boas horas dentro do quarto, a Kim ouvindo atentamente tudo o que Sunoo tem a dizer. Sunoo quer muito contar à irmã sobre Riki, este que ela já conhece pelas coisas que Sunoo disse antes sobre estar sempre sendo vítima da implicância dele, mas se segura. Ele acha melhor não contar agora, afinal, as paredes têm ouvidos. Ele terá que se segurar mais um pouco para poder finalmente contar tudo o que está sentindo à irmã gêmea.
— Filhos? — O pai deles aparece à porta, dando leves batidinhas mesmo que esteja aberta. — Saiam da cama, daqui a pouco os Shim chegam para o jantar.
— Já vamos, pai — Sunoo responde e Suyeon se esconde debaixo do cobertor, resmungando.
— Qual é a palhaçada desse jantar? — A garota resmunga abafado de contra o colchão, sem se preocupar se o pai vai ouvir o não. O homem parece não ter escutado, pois apenas sorri para Sunoo e vai embora.
— Também não sei, vai ver eles só sentiram muito a nossa falta — ele debocha, se esforçando para sair de cima da cama. — Agora sai do meu quarto que eu preciso me arrumar.
Após mais algum drama e muitos resmungos da parte de Suyeon, Sunoo fica sozinho no quarto para poder se arrumar. O celular sobre a mesa de estudos não para de apitar, indicando que ele tem novas mensagens no KakaoTalk, mas os amigos ainda vão precisar esperar mais um pouco.
Agora, sozinho no quarto após tanto tempo longe de casa, Sunoo se sente nostálgico. O sentimento de estar de volta é sempre um pouco estranho e ele precisa de alguns dias para se acostumar. O garoto se aproxima da janela aberta, sentindo o vento frio que entra e podendo ver a rua residencial quase sem movimento nenhum de pessoas no bairro tranquilo. A rua, os carros, as poucas pessoas que caminham por ali, é tudo tão familiar e tão estranho ao mesmo tempo. A visão da casa da frente, principalmente.
— Não vou poder brincar hoje — Sunoo gritou, se inclinando sobre a janela aberta para o amigo poder ouví-lo melhor. — Vou ficar de castigo com a Suyeon.
Todos na rua podiam ouvir a conversa das duas crianças penduradas nas janelas, mas elas não se importavam, sequer pensaram sobre isso.
— O que vocês fizeram? — O outro menino perguntou, igualmente inclinado sobre a janela do quarto da casa da frente.
— Não sei — Sunoo deu de ombros. — Mas a Suyeon não vai poder sair, então eu também não vou.
— Então eu vou até aí.
Animado, Sunoo saiu da janela e correu para fora do quarto. Desceu as escadas com pressa, as pernas curtas quase o levando a cair, até finalmente alcançar a porta. Ainda não alcançava o olho mágico, então observou pela janela o amigo correr para atravessar a rua, e abriu a porta assim que ele chegou em frente à casa.
— Vamos brincar de que, hyung? — Ele perguntou animado assim que abriu a porta, dando espaço para o outro entrar.
— Hmmmm... Do que você quer brincar? Pode escolher — O mais velho e pouca coisa mais alto disse, sorrindo gentil para o Kim.
— Sério? — Os olhinhos de Sunoo se iluminaram em satisfação, o sorriso se alargando ainda mais ao ver o mais velho assentindo. — Você é o melhor, Jake hyung!
Os meninos subiram as escadas correndo atrás da irmã de Sunoo, que teve que conter gritinhos animados ao ver os dois ali para brincar com ela durante o castigo. Os três passaram a tarde inteira brincando no quarto da garota. Jake, que já havia manifestado sua magia, mostrava aos Kim as poucas coisas que ele estava conseguindo fazer, enquanto os dois o observavam, fascinados, mal podendo esperar pelo dia em que finalmente iriam manifestar a magia deles também.
— Quando vocês manifestarem a magia de vocês, meu pai disse que vai nos levar a um campo em território bruxo para aprendermos a jogar quadribol — Jake contava animado. Ele sempre amou o esporte bruxo, e Suyeon também.
— Eu vou ser muito melhor no quadribol que o Jake oppa — a menina dizia de forma implicante. — Não acha, Sunoo?
— Não sei — Sunoo deu de ombros, focado em continuar o desenho que fazia. — Eu não quero aprender a jogar quadribol. Acho chato.
— Não é chato, Sunoo-ah — Jake protestou com um bico. — É muito legal, você vai ver. Você vai jogar com a gente, e quando formos maiores, vamos jogar no mesmo time. Ninguém vai ser melhor que a gente!
E mesmo que Sunoo achasse sim quadribol muito chato, a ideia de jogar no mesmo time ao lado do melhor amigo e da irmã era fantástica.
Parado à janela, Sunoo vê quando os Shim abrem a porta da casa da frente e saem, em direção à casa dos Kim. Com um suspiro ele se afasta da janela, indo terminar de se arrumar.
ϟ
Depois de torturantes minutos sentados na sala de estar da casa dos Kim, a mãe de Sunoo finalmente anunciou a hora do jantar. A mesa de oito lugares logo foi preenchida por diversos tipos de comida e pelas conversas dos sete sentados ao redor dela. Sunoo tentou ser discreto e sentar na ponta, mas quando ia pedir para trocar de lugar com Suyeon a senhora Shim começou a falar com ele, então não restou outra opção senão sentar ao lado de Jake.
Choveram perguntas sobre como Hogwarts tem sido e Sunoo foi obrigado a escutar Jake falar sobre os novos amigos que ele fez.
Meus amigos, Sunoo não consegue parar de pensar, mas impede a boca de traí-lo, enfiando comida dentro dela sem pausas.
— E você, Sunoo? — O pai se dirigiu a ele. — Também fez amizade com esses meninos... Como são mesmo os nomes?
— Sunghoon, Heeseung e Jay — Jake responde, educadamente colocando a mão em frente à boca cheia de comida.
— Eles já eram meus amigos — Sunoo se esforça para a resposta não sair em um resmungo, se esforça de verdade. O pai não é obrigado a lidar com o mau humor dele.
— Mas então como Jake não os conhecia? — A mãe de Sunoo, sempre muito esperta, não entende bem. Para eles, Sunoo e Jake são melhores amigos de infância, então é mais que normal de se esperar que eles tenham o mesmo círculo de amizades. Isto é, se eles não estivessem obviamente mais afastados nos últimos anos. Mesmo que os pais não saibam o motivo, perceberam o afastamento dos dois.
— O castelo é grande demais — Jake toma a frente da conversa. — E o Sunoo é muito popular, tem amigos de todos os anos e casas — o garoto ri, parecendo entretido com a conversa, e os adultos riem e soltam comentários positivos para Sunoo, que retribui com sorrisos e agradecimentos pelos elogios.
— Com tanta popularidade assim, talvez essa mesa daqui a pouco fique pequena demais para a quantidade de pessoas — o pai de Jake insinua com um sorrisinho direcionado a Sunoo, sendo acompanhado pelos outros adultos, e ele precisa forçar outro sorriso enquanto Suyeon se engasga com a carne, mas ninguém percebe.
O Kim não quer ser mal educado nem nada, mas ainda não entendeu o objetivo do jantar. Eles vão e voltam de Londres todos os anos e é sempre tudo muito normal, com os pais sentindo falta dos filhos, mas só. O que mudou esse ano?
— Tem certeza que você não sabe o motivo desse jantar? — Ele tenta perguntar de forma discreta e baixa, se inclinando mais para perto da irmã.
— Tenho — a garota responde da mesma forma. — Eles saíram com uns amigos bruxos um dia desses e voltaram com essa ideia de jantar. Até cheguei a perguntar ao papai o motivo, mas ele disse que era apenas um jantar de boas-vindas.
A careta de Suyeon mostra como ela também não caiu nessa conversa e também acha que tem algo por trás disso.
Após muita conversa e muita comida, os adultos finalmente resolvem falar o motivo do jantar. Eles não falam diretamente que este é o motivo do jantar, mas Sunoo bem sabe que é.
Os tais amigos dos pais que Suyeon comentou são bem influentes no mundo bruxo na região da Europa, e ''junto de ótimos contatos vêm ótimas oportunidades'', é o que a mãe de Sunoo sempre diz. Eles são tão influentes que, se Sunoo e Jake se interessarem, eles podem já ter uma carreira garantida no emprego que desejarem no mundo mágico, segundo o casal.
— Eles gostaram de saber como vocês são alunos exemplares — a mãe de Sunoo conta, animação exalando por cada poro. — A filha deles se formou em Hogwarts semestre passado, talvez vocês a conheçam, porque eles nos disseram que ela os conhecia e que já tinha falado muito bem de vocês, de como eram inteligentes.
— Ela até chegou a comentar que o Sunoo sempre está ganhando muitos pontos para a Lufa-Lufa, e que Jake está sempre ajudando os outros estudantes com os estudos — a mãe de Jake lembra, orgulhosa.
Sunoo não faz ideia de quem seja, não se lembra bem do nome da menina, mas Jake parece animado ao falar da garota mais velha que ele claramente se lembra quem é — ou está fingindo muito bem se lembrar.
O jantar é uma chatice. É uma falação sem fim sobre empregos no mundo mágico, sobre bruxos e novidades que saíram no Profeta Diário*. Sunoo já está acostumado com a mãe falando sobre tudo isso sempre que pode, mas ter que ficar sentado ao lado de Suyeon, que é completamente deixada de lado, e ao lado de Jake, que participa da conversa com entusiasmo, é quase como uma sessão exclusiva de tortura com comida e piadas sem graça.
— Park Sunghoon... Acho que já ouvi esse nome aqui dentro de casa — o pai de Sunoo comenta pensativo, bebericando um pouco do vinho.
— Ele é um dos meus amigos mais próximos — Sunoo lembra o homem, que parece finalmente se lembrar.
— Ah, sim! Esse Park Sunghoon... Por que nunca o convidamos aqui para casa, mesmo? — O homem se vira para a esposa, que ignora a pergunta e muda de tópico, perguntando sobre os outros garotos citados por Jake.
Sunoo pode ver Jake se remexendo na cadeira ao lado dele apenas com a menção do nome de Sunghoon, e isso o incomoda, mas ele não pode fazer nada sobre isso. Ele também não gosta de saber que os pais estão por aí barganhando cargos de emprego para ele, mesmo que façam isso com a melhor das intenções. Ele acha que, no mínimo, deve ter capacidade de encontrar uma profissão sozinho, mesmo que por enquanto não tenha nada em mente. Jake parece muito animado com a nova possibilidade, e isso é até bom, pois Sunoo não sabe se a expressão fingida dele de satisfação com a notícia está convencendo alguém.
— Quando crescer vou trabalhar no Ministério da Magia — Jake dizia, vestido com a capa cor-de-rosa do irmão mais velho. — Vou ser o melhor Auror de todos!
— Deixa de ser bobo, oppa. Isso fica... Fica em outro lugar — Suyeon dizia, ainda sem entender muito bem a divisão de continentes, mas já esperta o suficiente para saber que era um diferente do deles. — Você vai ter que trabalhar em outra coisa.
— Não vou, não — o garoto dizia, convencido. — Vou dar um jeito de ser um Auror do Ministério da Magia. E você, Sunoo? O que vai ser?
Sunoo não fazia ideia. Ele só queria brincar e desenhar, não tinha pensamentos sobre uma profissão ainda.
— Quero ser um bruxo — foi o que ele disse, arrancando uma gargalhada dos outros dois.
— Bruxo você já é, bobão — Suyeon ria do irmão.
— Quero ser um bruxo e ir para Mahoutokoro — ele pensou melhor. — E ter uma capa igual a do James hyung! — A criança disse com um sorriso, apontando para a capa que Jake vestia, sendo esta do irmão mais velho dele.
A capa rosada era uma das coisas mais bonitas que Sunoo já tinha visto, e toda vez que o irmão mais velho de Jake a vestia para ir à escola, Sunoo imaginava ansioso como seria quando ele tivesse a dele.
— Só isso? — Jake perguntou, tirando a capa do irmão e deixando sobre a cama do quarto, que logo Sunoo pegou para vestir também.
— Não. Quero ser um bruxo que vai para Mahoutokoro e usa uma capa bonita, mas quero ir com vocês dois.
O pequeno Sunoo não via graça em fazer qualquer coisa sem a presença da irmã e de Jake.
— Quando fizer onze anos eu vou para lá com o James hyung — Jake dizia, abraçando Sunoo com um sorriso bonito. — Vocês vão um ano depois de mim, vou esperar por vocês. Vamos todos vestir nossas capas e ir para escola juntos e fazer magia juntos.
— E jogar quadribol! — Suyeon falava animada, dando pequenos pulinhos ao redor dos garotos.
— E jogar quadribol — Jake ria, balançando Sunoo entre os braços para que ele se animasse também, fazendo o menino rir.
— Eu te ajudo a tirar a mesa — o pai de Sunoo diz à esposa, e logo os quatro adultos estão se movendo para tirar os pratos e copos sujos de cima da grande mesa retangular.
Sunoo se levanta preguiçosamente, coloca a cadeira em que estava sentado no lugar e vai até a sala de estar novamente, sendo seguido por Suyeon e Jake.
— Você tem visto o James? — Jake pergunta à garota enquanto caminham lado a lado, Sunoo os ouvindo mais à frente.
— Hmm... Ele apareceu por aqui mês passado — Suyeon se esforça para lembrar a data. Eles sentam no sofá em frente ao Sunoo. — Me trouxe um livro que pegou da biblioteca de algum lugar que ele visitou no Japão — a garota ri. James sempre foi meio aleatório.
— Que livro? — Jake pergunta curioso. Ele ama livros.
— É um livro de história trouxa — Sunoo não está olhando, mas sabe que a irmã está revirando os olhos. — Eu tenho vários desses por causa da escola, mas ele achou a coisa mais incrível do mundo e trouxe pra mim! Dá pra acreditar, oppa? Ele poderia me trazer qualquer livro bruxo, mas não...
— Foi você quem disse que não queria mais nada relacionado ao mundo bruxo — Jake a lembra com a voz risonha e a garota solta um ''tsc''.
YANG JUNGWON
como tá a vida longe do amor da sua vida?
KIM SUNOO
muito chata triste solitária
YANG JUNGWON
nossa, já tá com tanta saudade de mim assim?
KIM SUNOO
se toca, pensei que estivessemos falando do riki
YANG JUNGWON
e você associou ele ao ''amor da sua vida''
só digo uma coisa
que nojo
Sunoo não segura a risada, Jungwon é bobo demais até por mensagens. Hogwarts tem uma regra categórica que impede o uso de qualquer eletrônico do mundo trouxa dentro dos limites do terreno, sendo assim, a maior parte dos alunos já embarca no Expresso de Hogwarts sem seus celulares e outros aparelhos. Por isso, Sunoo e os amigos quase sempre se comunicam apenas por cartas. É um prazer finalmente poder usar um celular.
KIM SUNOO
acabei de lembrar que tenho que escrever uma carta pra ele
prometi que mandaria cartas todos os dias
YANG JUNGWON
você nunca me escreveu uma carta
os de verdade eu sei quem são
KIM SUNOO
pede ao jay hyung
melhor, escreve uma pra ele
Sunoo não vê o que mais Jungwon responde, porque a irmã o está chamando.
— O que foi? — Ele levanta a cabeça para olhá-la.
— Vamos sair amanhã?
Pela forma como ela fala isso confortável ao lado de Jake, Sunoo sabe que o mais velho está incluído nesses planos.
— Ahn, eu combinei de jogar com o Heeseung hyung amanhã. — É mentira, Heeseung deixou bem claro que vai estudar durante as férias e que não vai nem querer saber de jogos.
Suyeon faz um bico chateado e volta a falar com Jake. Sunoo quer sim sair com a irmã, mas só eles dois, sem a presença de Jake. Ele não pode falar isso diretamente para a garota, infelizmente. A irmã sabe que ele e Jake não são mais amigos como antes, mas não sabe do motivo. Para ela, é apenas uma coisa natural que aconteceu com eles: eram muito próximos quando crianças, mas agora não são mais tão próximos assim, e coisas assim acontecem. É normal.
ϟ
Os Shim demoraram a ir embora, e só foram porque o senhor Shim acabou cochilando em meio à uma conversa. Assim que eles passaram pela porta Sunoo aproveitou e subiu para o quarto para escrever uma carta para Riki, às pressas. Ele quer que o garoto receba a carta na manhã do dia seguinte, então precisa ser rápido.
Riki-ah, estou com saudades. O mundo trouxa é um pouco chato, embora eu goste muito da Coréia. Aqui é mais legal que Londres, eu acho... Em que parte daqui você mora? Seria legal visitar a cidade onde você viveu.
Quero contar à minha irmã sobre você, eu posso?
Espero que você esteja se divertindo sem mim... Não, risca isso. Você é capaz de se divertir sem mim? Eu duvido muito. Há!
Vista roupas mais quentes, está frio demais! Também não perturbe nenhum outro aluno enquanto eu não estiver aí, seja educado e bonzinho.
Até mais!
Kim Sunoo.
— O que você está fazendo?
O susto que o garoto leva com a voz da mãe atrás dele quase o faz cair no chão, dando um pulo na cadeira.
— Mãe! Que susto! — Ele leva a mão ao peito, que agora bate acelerado.
A mulher sorri para o filho, esticando o pescoço para ver melhor o papel em que ele estava escrevendo.
— É uma carta? — Ela se aproxima, curiosa, e Sunoo tenta cobrir o papel com o corpo.
— S-Sim.
O que eu escrevi? Quais foram as palavras? Se ela ler, vai perceber alguma coisa?
— Hmm, e para quem? — O sorrisinho malicioso da mãe leva um arrepio direto para a espinha do Kim, que sente um nó na garganta.
— Um amigo. Ele ficou em Hogwarts, então pensei em escrever para ele. Vou escrever para outros amigos também.
O sorriso da mulher vacila um pouco, Sunoo pode perceber.
— Posso ler? — Gentilmente ela pega o papel, sem esperar a permissão do filho.
Sunoo se sente ansioso enquanto a mãe lê a carta, ele sentado ali, sem poder fazer muita coisa.
— Parece que vocês são bons amigos — a mulher diz, um tom pensativo, sem tirar os olhos da caligrafia perfeita do filho.
— Somos. Ele é alguns anos mais novo que eu, me preocupo com ele...
— Entendo. — Ela devolve o papel à mesa, com a mesma delicadeza. — Sua irmã vai sair amanhã com Jake, por quê você não vai junto?
— Vou jogar com uns amigos — ele mantém a mentira, esperando que a mãe caia também.
— Entendo... Você sabe se sua irmã está interessada no Jake?
A pergunta pega Sunoo totalmente despreparado. Do nada isso?
— O quê?! Claro que não — Sunoo responde com uma careta, e a mãe responde com uma expressão frustrada.
Sunoo sabe que Suyeon e Jake são apenas amigos, se a irmã tivesse algum interesse no mais velho, ele saberia antes de qualquer um.
— Uma pena. Vai dormir, filho, já está tarde — ela deixa um beijinho de boa noite na testa do garoto, então sai do quarto da mesma forma que entrou, rápida e sem uma palavra.
Sunoo não sabe o que acabou de acontecer, e se levanta para enviar a carta de Riki e para falar com Suyeon sobre a pergunta estranha da mãe. Ele envia a carta pela coruja da família, a observando voar para longe antes de se afastar da janela e ir rápido ao quarto da irmã. Infelizmente ele não pode falar sobre Riki ainda, com medo que mais alguém escute. E eles sempre escutam tudo.
...
* - ''Pó de Flu é um pó reluzente e prateado usado por bruxos e bruxas para viajar através da Rede de Flu. A Rede se conecta casas e edifícios bruxos.'' Os bruxos jogam esse pó em lareiras e assim podem viajar dentro do mundo bruxo.
*- Abortos são pessoas que têm pais bruxos, mas não desenvolvem poderes mágicos. São vistos com desprezo por sangue-puristas e até mesmo por alguns mestiços. Eles podem ver o mundo mágico, diferente dos humanos trouxas, mas não podem fazer magia.
* - Chapéu Seletor é o chapéu mágico que seleciona os alunos para as casas (Sonserina, Lufa-Lufa, Grifinória e Corvinal) de acordo com a personalidade de cada um.
*- O Profeta Diário é o jornal mais conhecido no mundo bruxo
talvez alguém não goste do cap por não ter interação sunki, mas esse cap é muito importante pro andamento da história TT
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