Tudo é sobre partidas de quadribol e não poder se apegar
ENTRE POÇÕES E PUNIÇÕES
...
Assim que a hora do jantar chega e os alunos começam a se dirigir ao Grande Salão, Sunoo se apressa em correr para encontrar Jungwon. É um pouco difícil passar pelos amigos que o chamam querendo falar sobre diferentes assuntos, mas ele consegue esquivar gentilmente de todos com promessas de conversas para depois. É um pouco difícil identificar Jungwon em meio a tantos outros alunos vestidos igualmente nas cores da Grifinória, mas assim que Sunoo vê o amigo prestes a sentar na mesa da casa dele, o puxa para a da Lufa-Lufa pelo pulso, surpreendendo o garoto mais novo.
— Que susto, o que foi?! — O garoto não entende nada ao ser forçado a sentar na ponta do banco, próximos da grande porta de entrada.
Alguns lufanos que estão ao lado apenas olham rapidamente ao ver o grifinório à mesa, mas não se importam, voltando ao que estavam fazendo.
— Preciso falar com você e não te acho em lugar nenhum do Castelo — Sunoo fala em tom de repreensão. Jungwon engole seco, olhando ao redor. — Por que parece que você está fugindo de mim, hein? — O mais novo não fala nada, apenas suspira pesado, coçando a nuca em sinal de nervosismo. Sunoo respira fundo, sem tempo para isso, a mente trabalhando a mil. — Deixa de fingir que não tem nada acontecendo, eu literalmente vi você e o Jay hyung se beijando, não adianta fingir que nada aconteceu. Eu preciso falar uma coisa com você, mas só vou te contar depois que você me explicar essa história com o Jay hyung.
— Não tem história nenhuma pra contar, aquilo foi só-
— Yang Jungwon.
Com um suspiro pesado, Jungwon cede, desistindo de resistir.
— Tá, tá. Lembra do jogo de quadribol do mês passado?
É claro que Sunoo se lembra, a recordação do amigo se atracando com o batedor do time da Sonserina no meio do campo entrou para memória de todos que estavam assistindo àquela partida. Jungwon e Jay desceram das vassouras com fogo nos olhos e começaram a gritar no meio do campo, discutindo sobre trapaças e coisas que Sunoo não conseguia entender porque não tem o menor interesse por quadribol, mas a coisa parecia séria. Antes que qualquer um pudesse chegar para apartar a briga, os dois estavam se atracando, rolando pelo chão em meio a gritos e empurrões. Foi um caos generalizado, Sunoo quase não acreditou que o nanico do Jungwon estava mesmo brigando fisicamente com aquele sonserino de um metro e oitenta.
— Depois que fomos retirados do jogo, fomos levados até a sala da diretora, e lá a gente acabou brigando de novo — a novidade é vocês terem ido até lá sem brigar no caminho, Jungwon. — Só que, talvez eu que tenha começado a provocar ele e aí eu não sei o que aconteceu, e-e ele me beijou do nada, eu tava irritado e acabei não reagindo para me afastar... Mas eu estava com raiva, não aproveitando o beijo! — a voz de Jungwon vai diminuindo a cada palavra proferida, ao ponto que a última frase sai quase em um sussurro, mas Sunoo consegue ouvir bem.
— Eu nunca ouvi falar de beijar por estar com raiva — Sunoo comenta com uma careta de choque, levando um tapa de Jungwon, que não tem coragem de olhar no rosto do Kim. — E eu não posso acreditar que isso aconteceu há um mês e você só me contou agora, e só porque eu vi vocês dois juntos.
— Eu não falei nada porque fiquei com vergonha — o garoto conta com o olhar baixo e Sunoo murmura um ''vergonha de que?''. — Ele realmente me irrita, hyung, de verdade. A gente briga toda vez, mas ainda assim a gente se beijou, e eu fiquei com vergonha de contar que eu não gosto dele, mas gosto de beijar ele.
Uau, parece que ambos estão em uma situação muito parecida agora.
— Eu te entendo, Jungwonie...
— Não entende, não, hyung. Você não gosta do Nishimura e nem por isso vai sair por aí beijando ele.
— Primeiro, eu nunca disse que desgosto do Nishimura — Sunoo se defende, recebendo um rolar de olhos do Yang. — E segundo, foi exatamente isso que aconteceu. Eu beijei o Nishimura.
Sunoo confessa baixinho, o nervosismo em cada palavra. Ele estava com a confissão na ponta da língua desde o ocorrido de quase uma hora atrás, ansioso para falar com o amigo. Sunghoon e Heeseung são ótimos hyungs e, ele tem outros amigos também, mas a única pessoa que conseguiu pensar para falar sobre isso foi Jungwon, talvez justamente por estarem em uma situação parecida.
— Como assim você-
A voz suave de Sunoo interrompe a esganiçada de Jungwon.
— N-Na verdade, foi ele quem me beijou. Ainda agora, quando a gente saiu da Floresta Proibida — Sunoo quase leva a mão aos lábios, a lembrança da sensação, a vergonha. — Ele veio com uma história sobre talvez estar interessado por mim e eu disse que não acreditava naquilo, então ele me beijou.
As palavras de Sunoo são rápidas e ao fim, Jungwon o encara, de olhos e boca abertos, desconfigurado. Sunoo olha para o amigo com ansiedade, mordendo o canto das bochechas enquanto Jungwon continua com a mesma expressão de pateta.
— Reage! Fala alguma coisa! — O lufano reclama, choramingando.
— Como você quer que eu reaja? — Jungwon tenta sussurrar para não fazer escândalo, afinal, há alunos sentados à frente e ao lado deles. — Como eu não vi isso?
— Talvez não tenha visto porque estava ocupado demais fugindo de mim, porque isso aconteceu bem nas costas de todos vocês!
Sunoo ainda não consegue acreditar em como Riki teve a audácia, a astúcia de beijá-lo bem ali, para quer quisesse ver. Bastava alguém olhar para trás por um momento e veria os dois juntos de lábios colados.
— E você gostou? — É a primeira coisa que Jungwon pergunta, um sorrisinho malicioso querendo aparecer nos lábios dele.
— Presta atenção, Jungwon, você não escutou o que eu falei?! Ele estava dizendo que está interessado por mim e-
— E você acreditou nisso? — o garoto pergunta e finalmente começa a comer quando o jantar aparece à frente deles. — Provavelmente ele está inventando isso, você já sabe como ele é.
— É justamente por isso que eu queria falar com você — Sunoo suspira, nervoso demais para comer qualquer coisa. — Por que ele mentiria sobre uma coisa dessas?
— Pra te provocar de uma forma nova? — Jungwon sugere, uma sobrancelha levantada e os olhos focados nas bochechas infladas do Kim. — Ele te irrita desde que chegou em Hogwarts e agora, do nada, ele decide que está interessado em você?
— Você não sabe o que ele me disse hoje...
Sunoo conta ao amigo detalhadamente sobre o fim de tarde que teve ao lado do sonserino, deixando alguns detalhes sobre o pequeno atrito que teve com Jake de fora. Jungwon o escuta atentamente, e por um momento, Sunoo sente quase como se estivesse fazendo uma propaganda do garoto mais novo, se esforçando para que Jungwon não ache Nishimura tão ruim assim.
— ... e eu não sei o que fazer agora — Sunoo termina de contar, olhando discretamente para trás, na tentativa de ver o sonserino. Riki está muito focado na comida e sem falar com ninguém, como sempre.
— E não me diga que você quer fazer alguma coisa? — Jungwon fala de boca cheia, olhando para o amigo sem entender direito, quase insinuando que Sunoo seria estranho por isso.
— Mas é claro, Jungwon — Sunoo fala como se fosse óbvio. — Ele disse que gosta de mim e me deu um beijo, eu não posso apenas ignorar isso!
— Claro que pode — Jungwon fala com uma careta sem acreditar.
— Eu não consigo ser você, não consigo ficar beijando alguém por aí e depois agir como se nada tivesse acontecido — Sunoo reclama, mas se esperava implicar com Jungwon, falhou, pois o garoto o encara, agora sorrindo abertamente e de forma maliciosa.
— Então você quer continuar o beijando, Sunoo hyung? Pensei que ele só tivesse te roubado um beijo, não que vocês tinham se beijado pra valer.
A risada de Jungwon se transforma em uma gargalhada quando Sunoo ajeita a postura no banco, virando para frente e encarando a comida com as bochechas rosadas.
E se ele quiser continuar beijando Riki, e daí? Não tem nada demais nisso, afinal, foi Riki quem o roubou um beijo, e se ele fez aquilo, o que disse pode ser verdade... Não é como se Sunoo quisesse também, é apenas uma hipótese.
— Que reação é essa, hyung? Não me diga que ele roubou seu primeiro beijo ou algo assim, e agora você se apegou ao garoto que tem prazer em te irritar — Jungwon implica, ainda rindo.
— Deixa de ser idiota, Jungwon — ele rola os olhos com descaso, mas o corvino conversando com Sunghoon no meio da mesa da Lufa-Lufa atrai o olhar dele como um ímã, inevitavelmente.
Pelo visto, Sunghoon encontrou um novo amigo.
— Então, aqui vai o que eu acho — Jungwon finalmente parece disposto a dar algum conselho que preste, engolindo a comida e limpando a boca suja de gordura. — Não acho que ele esteja interessado em você, não me leve a mal hyung, mas eu não caio nessa conversa. De qualquer forma, se ele estiver querendo te pregar alguma peça com essa história ou sei lá, não importa. Se você gostou de beijá-lo e ele voltar a tentar fazer isso, você aproveita, mas sabendo que não tem nenhum sentimento envolvido. Não tem mal nenhum em aproveitar o momento, é o que eu penso.
— Aproveitar o momento? — O conselho reverbera na mente do coreano por alguns segundos. — Você está sugerindo que eu... fique beijando ele, mas não tenha nada? Igual a você e o Jay hyung?
— Isso, hyung — Jungwon responde após um quase engasgo, desviando o olhar. É engraçado como ele pode dar conselhos sobre ficar e não se apegar, mas não pode ouvir o nome do sonserino sem parecer que vai ter um desmaio.
— E sobre ele estar interessado por mim? — Sunoo pergunta com um bico. Geralmente Jungwon tem uma opinião já formada sobre qualquer coisa que envolva sonserinos, mas Sunoo espera de coração que dessa vez ele esteja analisando os fatos com alguma imparcialidade, porque confia nos conselhos dele, mesmo que sejam meio idiotas às vezes.
— Você acreditou mesmo nisso? — Jungwon olha rapidamente para o Kim, apenas para vê-lo com uma expressão de dúvida. — Olha, se você quer acreditar, tudo bem. Só fica com um pé atrás, deixa de achar que todo mundo é bonzinho. Lembra que até ontem ele só se aproximava de você pra tirar sarro ou te prejudicar. Continua conversando assim com ele se quiser, e vê no que dá. Só não esquece: ele não é seu amigo.
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Finalmente é sábado, um dos dias favoritos de Sunoo. Sábado é dia de ir à Hogsmeade, comprar todos os tipos de doces caseiros das lojinhas e de se divertir com os amigos pelas ruelas, imaginando como seria morar em uma das casinhas de construção antiga e com o toque mágico que nenhum outro lugar tem, todos tendo alguma coisa dos trouxas. Infelizmente, devido à punição de uma semana, Sunoo e os outros não poderão tão cedo ir ao vilarejo bruxo, o que deixa Sunoo preso em Hogwarts e longe da maioria dos amigos. Sem muito o que fazer, ele resolve aceitar ir assistir ao treino de quadribol de Sunghoon.
Sunghoon não parou de falar de Jake desde as horas na Floresta Proibida no dia anterior terem acabado. Quando chegaram ao dormitório, Sunghoon contava animado sobre como ele e Jake gostam das mesmas coisas, e que não sabia como eles não chegaram a se falar antes, já que têm muitas aulas juntos. Na hora de dormir, Sunghoon estava contando algo muito interessante sobre a família de Jake que ele descobriu na hora do jantar. Já quando acordaram, Sunghoon estava falando novamente de Jake, que iria convidá-lo para assistir ao treino da Lufa-Lufa. Sunoo não falou nada, apenas suspirou quando ouviu que Jake não iria pois tinha que estudar.
Sunghoon é bem tagarela quando quer e raramente se anima tanto por causa de alguém, tendo um seleto grupo de amigos que não desgruda nunca, e Sunoo não foi capaz de cortar o amigo nem por uma vez sequer quando ele começou a falar do corvino, pois ouví-lo falar feliz sobre novas amizades é algo bom de se ver.
O inverno já chegou e dentro de alguns dias a primeira neve irá cair, mas ainda assim o time de quadribol se aquece voando pela quadra vestindo os uniformes do jogo, e Sunoo sente frio só de olhar. Todo encolhido, sentado sozinho na arquibancada enorme e com um binóculo sobre o colo, ele pensa que Sunghoon deveria pagá-lo com umas sete figurinhas dos sapos de chocolate da coleção dele só por estar ali, sendo um ótimo amigo e passando frio apenas para ver Sunghoon batendo em balaços com um bastão.
— Nem está tão frio assim.
A voz vem de perto, e Sunoo vira o rosto para olhar Nishimura Riki, vestindo apenas uma calça e uma camisa de manga comprida preta e fina. Ele senta ao lado de Sunoo, nem muito longe, nem muito perto.
— Está, sim — Sunoo o contraria, vestindo duas camisas grossas sob o moletom preto. — Tão frio que sinto meus pés doendo e minhas mãos duras.
Sunoo percebe o olhar breve de Riki olhando as mãos dele ao redor do binóculo, mas logo o garoto volta a olhar para o campo.
E é isso. Nenhum comentário sobre o dia anterior. O peito de Sunoo acelera com a memória, ele não é capaz de agir normalmente em momentos assim e se castiga por isso. Ele deveria estar brigando com Riki, deveria ter ido até ele e lhe dado um puxão de orelha por ter feito uma coisa daquelas, sem o consentimento de Sunoo. Deveria, mas não quer.
O conselho de Jungwon ficou se repetindo na mente do jovem lufano desde o fim do jantar de sexta, o que levou Sunoo a quase chorar de frustração, até que ele chegou a uma decisão. Riki ainda é uma incógnita, mas é um menino bonito que está dizendo ter algum interesse nele. Sunoo é um rapaz romântico, sempre gostou de idealizar o relacionamento perfeito, como os dos casais de livros e novelas que costuma ver com a irmã, por isso nunca se viu no lugar de alguém que faz... Bem, que faz o que Jungwon o sugeriu a fazer também, ficar por ficar. Mesmo assim, faz tanto tempo desde a última vez que um menino disse abertamente algo desse tipo para Sunoo, que fez algo desse tipo com Sunoo, que só o resta querer mais também. O Castelo está cheio de meninas que gostariam de ter algo com o adorável aluno da Lufa-Lufa, mas lastimavelmente, Sunoo não tem o menor interesse em garotas. As acha adoráveis, bonitas e vários outros adjetivos bons, mas ele não consegue se ver ao lado de nenhuma delas. Alguns meninos já tentaram se aproximar algumas vezes também, mas Sunoo não sabe se os evitou demais ou se eles que nunca foram diretos o suficiente. Por isso, ele decidiu que, se Nishimura Riki insistir com essa coisa de ''estou interessado por você e não quero mais prejudicar sua vida escolar'', ele não irá se afastar.
O lufano nota a aproximação ao lado dele, mas disfarça, segurando o binóculo com mais força enquanto tenta identificar em qual vassoura Sunghoon está.
— Soube que você estaria aqui, por isso vim — Riki diz isso com a voz baixa, tão perto de Sunoo que o mais baixo pode sentir o calor do corpo dele ao lado.
— Como soube?
Não, não é isso que Sunoo quer perguntar, ele quer perguntar ''como assim você veio até aqui fora nesse frio, assistir ao jogo de outra casa que nem é a sua só porque soube que eu estaria aqui?'', mas essas palavras ele engole a seco, ansioso.
— Não interessa.
Grosso, Sunoo pensa frustrado com a estupidez do garoto. Isso só confunde mais a cabeça do pobre lufano. Como Riki pode dizer que está ali por ele e logo em seguida o tratar com essa brutalidade?
— Você fica bem de preto, combina com você — Riki diz baixo, atraindo a imediata atenção de Sunoo.
Nunca pensou que gostaria de ouvir que combina com preto, sempre amou o amarelo, mas o elogio ainda é muito bem vindo e deixa Sunoo se sentindo... estranho. Antes que ele possa dizer qualquer coisa ao sonserino, é interrompido por Sunghoon.
— Sunoo-ah! — Ele grita mesmo já estando próximo da beira da arquibancada, e Sunoo sente Riki se afastando, se arrastando pelo banco. — O treino vai acabar mais tarde hoje, a Corvinal abriu mão do horário de treino deles. Pode ir embora se quiser, não precisa se preocupar, sei que está com frio.
O Kim agradece a gentileza do mais velho com um sorriso e um ''vou daqui a pouco'' e quando Sunghoon se afasta para continuar a jogar, Sunoo se volta para Riki novamente, apenas para encontrá-lo mais afastado que antes e com a expressão fechada de sempre.
— Acha mesmo que eu fico bem de preto? — É a vez de Sunoo se aproximar, se movendo pelo banco gelado até estar mais perto do garoto. — Eu gosto mais de amarelo, até estava pensando em pintar meu cabelo de loiro, igual ao seu. Acha que ficaria bom? — pergunta com um sorriso, animado ao falar.
— Não — Riki fala sem nem pensar duas vezes, e a expressão animada de Sunoo vai ao chão. Riki parece perceber e volta a falar. — Quero dizer, não sei se ficaria ruim, é que eu gosto do seu cabelo preto. É bonito. Combina com você.
É inevitável sorrir ouvindo tal coisa, Sunoo não consegue mesmo evitar, então disfarça o sorriso que quer crescer enquanto olha ao redor, mesmo que no momento não tenha mais nada interessante do que as bochechas rosadas de Riki. O garoto pode falar o que for, mas Sunoo sabe que esse rosado não é por causa do frio.
— Obrigado — Sunoo murmura envergonhado, esfregando as mãos na tentativa de esquentá-las.
O mais novo parece o observar por alguns instantes, antes de se levantar.
— Vamos lá pra baixo? Quero te mostrar uma coisa.
Sunoo olha para cima, vendo o garoto o olhando diretamente nos olhos. Curioso, ele assente e se levanta também colocando o binóculo na bolsa transversal que carrega, o seguindo para descer das arquibancadas. Aos poucos a gritaria dos garotos em campo é abafada ao que eles descem pelas escadas pedregosas, se afastando mais e mais do campo aberto. No entanto, ainda faz muito frio.
— O que você quer me mostrar? — O Kim pergunta assim que eles se aproximam da parte de baixo das arquibancadas e Riki para, virando para olhar Sunoo. Tem alguma coisa no olhar afiado de Riki que sempre deixa Sunoo o observando, admirando, e agora que estão em uma situação diferente do conflito de sempre, Sunoo pode observá-lo sem culpa.
Em silêncio, Riki tira um par de luvas de tricô verde musgo do bolso da calça. Ele segura Sunoo pelo pulso e o puxa para perto, o que quase faz com que o mais velho caia em cima de Riki, resmungando reclamações que são ignoradas. O mais alto pega uma das mãos de Sunoo de forma delicada, em contraste com a atitude que acabou de ter, e calça uma das luvas, encaixando cada dedo de Sunoo com paciência e atenção, depois o segurando pelo pulso e afastando para ver se o tamanho está bom. Ele repete o ato com a outra mão, e o estômago de Sunoo está todo revirado, as bochechas quentes e ele parado como uma estátua, sem reação sob os toques do mais novo. Nishimura Riki faz tudo de forma tão gentil, segurando as mãos geladas de Sunoo com as quentinhas dele e colocando as luvas com tanta paciência... Sunoo se sente derretendo, sem coragem de olhar para cima, sabendo que o rosto de Riki está inclinado para baixo, tão próximo que ele pode sentir a respiração controlada do garoto.
— V-Você deveria colocá-las nas suas mãos, está muito frio e você nem está de casaco... — ele tenta dizer alguma coisa ou vai explodir em pensamentos bobos.
— As trouxe para você.
O coração de Sunoo derrete com a confissão dita em voz baixa e suave. O sentimento de ser cuidado por alguém abraça o corpo de Sunoo, pensando em como Riki pensou nisso e foi até ali preparado para entregá-lo as luvas, como ele segura suas mãos de forma tão gentil e como o cheiro dele é tão bom.
De maneira impensada, Sunoo está olhando para cima, observando o rosto do garoto mais novo. Ele é indubitavelmente bonito, e concentrado em fazer uma coisa tão bonita por Sunoo, é ainda mais. Ele se sente até meio bobo por reagir assim, quase podendo ouvir a voz de Jungwon o chamando de emocionado por se importar com tão pouco. Pode ser pouco para Jungwon, mas para Sunoo, cada ato de carinho vindo de Riki tem grande mérito.
— O que foi? — A voz de Riki é baixa, calma, enviando sensações estranhas pelo corpo de Sunoo, um calor gostosinho de quando se escuta algo agradável que o deixa feliz.
Ele retribui o olhar de Sunoo, sem afastar os rostos, agora segurando ambas as mãos cobertas pelas luvas contra as descobertas dele. Sunoo não diz nada, nem tem o que dizer. É só que, a visão de Riki é simplesmente bonita, ele está simplesmente encantado depois da atitude do mais novo e não consegue parar de olhá-lo.
O olhar de Sunoo desce, indo para os lábios cheinhos do mais novo. Riki tem lábios rosados tão bonitos, que ficam ainda mais belos em contraste com a pele pálida e a pintinha que ele tem no queixo. O mais novo parece perceber, dando um sorriso pequeno.
— Posso te beijar de novo?
Todo o corpo de Sunoo se agita, e ele aperta as mãos de Riki, que ainda seguram as dele.
— Pode...
Os lábios se unem sem pressa e com delicadeza. É diferente do dia anterior, quando Riki pressionou os lábios deles com força e determinação. Agora, Sunoo tem tempo de fechar os olhos e sentir. Ele sente os lábios cheinhos, macios de contra os dele. Diferente das mãos, os lábios de Riki são gelados e Sunoo se lembra de que está usando protetor labial sabor cereja, mas Riki não parece se importar e não se afasta. Pelo contrário, ele aproxima mais os corpos, levando as mãos de Sunoo até os ombros dele, e Sunoo as deixa ali. Quando Riki leva as mãos até a cintura do mais baixo, Sunoo solta um suspiro involuntário contra os lábios do garoto e Riki aproveita a oportunidade para pegar o lábio inferior de do lufano entre os dele, evoluindo o beijo para além do simples selar. As mãos de Sunoo apertam os ombros de Riki quando os lábios começam a se mover, Riki parecendo estar provando o sabor do protetor labial, sugando lentamente os lábios de Sunoo até que eles estejam sem resquícios do produto. Quando o garoto termina, Sunoo se coloca na ponta dos pés para alcançar melhor o rosto do mais alto, se apoiando nos ombros dele. O aperto na cintura que ele recebe ao aprofundar ainda mais o beijo o deixa totalmente amolecido, e em questão de segundos eles estão trocando um beijo lento e profundo, sem se preocuparem com mais nada além da boca do outro, os suspiros do outro e o calor que o outro emana.
Em uma pausa do ósculo, onde Riki toma tempo para deixar beijinhos molhados pelas bochechas de Sunoo, as palavras de Jungwon voltam para a mente do lufano como um raio.
''Aproveita, mas sabendo que não tem nenhum sentimento envolvido. Não tem mal nenhum em aproveitar o momento.
Fica com um pé atrás, deixa de achar que todo mundo é bonzinho.
Só não esquece: ele não é seu amigo.''
— Você é lindo, hyung...
...
Obrigada por ler até aqui, espero que tenha gostado <3
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