Seja paciente e tudo continuará sendo confuso
ENTRE POÇÕES E PUNIÇÕES
...
— Fica quieto, por favor.
— Desculpa.
O colega de quarto que dorme logo ao lado de Sunoo murmura alguma coisa incompreensível e volta a ficar em silêncio, e Sunoo tenta se manter quieto na cama.
Já está tarde, Sunoo acordou após as primeiras horas de sono e não conseguiu mais dormir. Como poderia? O corpo está tão agitado que o cérebro não está conseguindo descansar, repassando as memórias e sensações que teve durante o dia.
— Você é lindo, hyung...
Sunoo quase não pode acreditar que se sentiu tão feliz com um simples ''hyung'', visto que escuta isso todos os dias de outras pessoas. O ponto é: ele nunca escutou isso vindo de Nishimura Riki antes, e algo na forma que ele falou, tão doce, o elogiando e o tratando com o devido respeito, fez o coração do pobre Sunoo quase sair pela boca. Mesmo agora, no início da madrugada, ele ainda sente o coração acelerado na garganta.
Depois dos beijos doces que deixaram ambos sem ar, Riki tomou algum tempo apenas para olhar Sunoo de perto. O olhar dele era tão afetuoso, tão penetrante, tão verdadeiro. Sunoo aproveitou cada segundo na presença do mais novo, os corpos colados já que Riki não soltou a cintura dele, enquanto Sunoo fazia um leve carinho nos ombros do garoto. Ele estava com medo de ser bobo demais, de tentar trocar carinhos e Riki se esquivar, mas foi o sonserino quem começou, então Sunoo não se sentiu envergonhado de subir uma das mãos e afagar um pouco os cabelos pintados do menino. O mais alto não se afastou e nem o empurrou para longe, pelo contrário, pareceu gostar de cada movimento de Sunoo, e mais beijos se seguiram após o primeiro.
Foi quase mágico ver o mais novo daquela forma, parecendo tão suscetível aos carinhos do mais velho e tão não-irritante, parecia outra pessoa totalmente diferente do pentelho que Sunoo estava acostumado a brigar quase todo dia. No decorrer do dia, no entanto, Sunoo nem viu sinal do sonserino. Na hora do jantar ele estava com Jake, e após o jantar eles se encontraram pelo corredor, mas Riki passou reto por ele sem nem olhá-lo. Depois dos beijos e carícias que trocaram mais cedo, foi um pouco estranha para Sunoo a sensação de ver Riki passando por ele sem nem cumprimentá-lo, mas se estapeou mentalmente por tal pensamento. Pelo menos Riki não estava mais o atacando sem motivos e, além do mais, ele deve apenas aproveitar o momento, como Jungwon disse, sem esperar nada de Riki.
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O inverno finalmente chegou a Hogwarts. A primeira neve caiu logo após um almoço durante a segunda semana de novembro, fazendo alguns alunos correrem para as áreas descobertas do Castelo para ver as partículas esbranquiçadas começando a se aglomerar pelo chão. O clima frio não é o favorito de Sunoo, mas ele ama a neve, mesmo que para apreciá-la ele precise ficar dentro de mais roupas que gostaria, desafiando a lei da impenetrabilidade.
O fim de ano em Hogwarts sempre deixa Sunoo mais agitado que o normal, o que o leva a passar mais tempo com os amigos, falando por horas a fio sem ter intenção de parar. Nos últimos dias ele tem feito isso, mas o assunto é um pouco diferente que os de antes. Agora ele tem que segurar a língua e esperar que os outros amigos se afastem, para que ele possa encher os ouvidos de Jungwon sobre o assunto que tanto ocupa a mente dele: Nishimura Riki.
Durante o decorrer da última semana, Sunoo se viu sendo testado de várias formas que nunca imaginou ser testado algum dia. A paciência dele, mesmo sendo gigantesca, estava sempre sendo colocada no limite. Antes, Riki o perturbava e pregava peças nele, derrubando comida na roupa limpa dele e colocando o pé na frente quando Sunoo ia passar. Agora, Riki não faz mais nenhuma dessas coisas, mas o tom petulante dele volta e meia dá as caras, e se fosse só isso Sunoo poderia se acostumar, afinal, nem todas as pessoas são iguais e esse pode apenas ser o jeito de Riki. O problema é que não é só isso.
Riki tem confundido muito a mente do lufano, com idas e vindas repentinas que deixam o mais velho sem saber como agir, se sentindo como uma massinha de modelar nas mãos de um garoto que é dois anos mais novo que ele, o que com certeza iria ferir o ego dele se tivesse um orgulho tão grande quanto de algumas pessoas. Sunoo não sabe como agir com o sonserino, e por isso eles mal trocam conversas, o que deixa o lufano incomodado já que gosta de falar e de saber mais sobre as pessoas, principalmente sobre uma pessoa que ele tem trocado beijos e toques mais íntimos que jamais trocara com alguém.
O jeito evasivo de Riki faz Sunoo achar que deve se manter afastado, mas então o garoto aparece perto de Sunoo novamente, carregando uma tromba, como se Sunoo o tivesse ignorando ou coisa do tipo. Como no dia em que Sunoo estava conversando com os amigos no Pátio de Transfiguração, aproveitando um pouco da brisa gelada e da vista do gramado cheio de neve.
Taeyoung, Yuna e Dongpyo contavam animados sobre como foi o sábado em Hogsmeade que Sunoo e Jungwon não puderam aproveitar devido ao castigo, quando Sunoo viu Riki sentado sozinho em uma das janelas. Ele estava vestindo roupas quentes daquela vez, mas ainda não condiziam com a realidade tão fria que chegava a queimar a pele. Como que sabendo que estava sendo observado, Riki encontrou os olhos de Sunoo em meio aos outros. Sunoo sorriu para o garoto, mas este logo desviou o olhar, levantou e foi embora.
Ele acabou de me ignorar?
— Vai, Sunoo? — Taeyoung o chamou, fazendo-o olhar para o grupo novamente.
— Vou aonde?
— Assistir ao meu treino — Taeyoung repetiu de forma paciente.
— Mas vocês vão treinar enquanto neva?!
— Aonde estava sua cabeça, Sunoo? — Yuna reclamou, empurrando o amigo com o ombro. — Ele acabou de falar que o treino vai ser domingo, a Sonserina e a Corvinal vão treinar juntas, presta atenção — a garota o chamou atenção com um bico e Sunoo retribuiu com outro bico, implicando com ela e levando um soco no braço.
— Uma pena que aquele batedor da Sonserina não foi impedido de jogar — Taeyoung se lamentou em frustração. — Teria sido merecido como parte do castigo.
— Ei, eu seria incluído nessa punição também — Jungwon reclamou, empurrando o garoto.
— Ainda não vejo o lado ruim — Taeyoung implicou com o mais novo. — Mas você estava lá ajudando o Sunoo, o sonserino não, só estava fazendo merda mesmo.
Jungwon não disse mais nada e ele e Sunoo trocaram um breve olhar, onde Sunoo pôde ler ''não abra a boca ou te mato''. Todos associaram Jungwon à busca pela verdade sobre as poções sabotadas, já que são muito amigos, e não seria Sunoo a contar que, na verdade, Jungwon estava ocupadíssimo com outras coisas naquela noite.
De repente um silêncio tomou conta dos quatro amigos, que passaram a olhar para algum ponto atrás de Sunoo. Curioso, o lufano se virou para trás para descobrir o que tinha de tão interessante ali, mas quase levou um susto ao ver Nishimura Riki parado atrás de si e com um bico enorme, parecendo chateado.
— Riki — Sunoo apenas disse o nome do garoto, meio abobado.
— Quero falar com você — a voz dele saiu murmurada, mas Sunoo conseguiu escutar bem.
— Ele tá ocupado agora — Jungwon se meteu e levou uma olhada feia de Sunoo, então se calou, contrariado.
— Já volto — ele avisou e passou as pernas por cima de onde estava sentado para poder ir para dentro do castelo, onde Riki estava.
— Quem é aquele? — Ele ouviu Taeyoung perguntar enquanto seguia Riki para um pouco longe de onde os amigos estavam.
— O que foi? — Sunoo perguntou, se aproximando um pouco mais do loiro, que encostou as costas na parede.
— Por que não foi falar comigo? — O garoto perguntou com um bico involuntário, parecendo chateado.
— Quando? — Sunoo não entendeu. — Eu acabei de te olhar ainda agora e você me ignorou...
— Eu levantei para falar com você — o loiro disse como se fosse óbvio. — Você continuou falando com os seus amigos e eu fiquei esperando, mas você não veio então tive que ir até você.
A figura alta de braços cruzados e um bico nos lábios era bonitinha, Sunoo tinha que admitir.
— Ah, pensei que estivesse me... Enfim, foi mal — o lufano tirou o cabelo da frente dos olhos, olhando para cima para ver bem o sonserino. — Você queria falar alguma coisa comigo?
— Se eu fui atrás de você, então é meio óbvio que sim — ele bufou, e Sunoo cruzou os braços em resposta. Riki achou melhor não provocá-lo. — Queria te chamar para assistir ao treino entre Sonserina e Corvinal do fim de semana, mas pelo visto seu amigo já te chamou.
Algo na voz de Riki quando ele disse ''amigo'' parecia quase desagrado, e Sunoo começou a pensar se ele não estava imaginando coisas.
— Bem, você ainda pode pedir — ele disse com um sorrisinho. — Não respondi ao meu amigo se iria ou não.
— E você vai?
— Você quer que eu vá?
Sunoo não sabia de onde estava tirando tanta coragem para flertar descaradamente com o garoto. Parecia estar dando resultado, já que as bochechas de Riki começavam a ficar rosadas.
— Quero — ele disse convicto, e Sunoo o ofereceu um sorriso grande, quase fechando os olhos.
— Sabe, eu não gosto muito de quadribol — ele disse ainda sorrindo para o garoto. — Iria pedir desculpa ao meu amigo e não iria, mas já que você quer tanto assim que eu vá, então eu vou.
Se antes as bochechas de Riki estavam rosadas, depois do que Sunoo disse o rosto dele inteiro estava num tom quase vermelho.
— Mas você vai comigo, não com eles — foi o que ele disse, baixo, mas olhando bem nos olhos brilhantes de Sunoo, que achou engraçado e disse que, claro que sim, iria com ele.
Também teve o dia em que Sunoo se ofereceu para ajudar Riki na matéria de Defesa Contra as Artes das Trevas, mas o garoto o despachou com descaso.
O professor Lupin estava reclamando com Riki quando Sunoo entrou na sala de aula em busca da varinha que tinha esquecido ali mais cedo, e acabou ouvindo parte do diálogo.
— Todos os alunos participam de todas as aulas, Nishimura. Você não pode escolher se quer ou não participar, isto é inadmissível — o professor Lupin falava com um tom severo, mas não estava maltratando o garoto. — Sei que pode ser difícil para você, mas todos os alunos precisam ter aulas sobre Bichos-Papões* e aprender a lidar com eles. Que tipo de professor seria se eu deixasse um aluno meu sem aprender a lidar com tais criaturas? E que tipo de bruxo você espera ser, Riki, se não puder enfrentar um Bicho-Papão?
O garoto apenas ouviu o professor, de cabeça baixa e sem olhá-lo, mas Sunoo sabia que ele sabia que ele estava ali, e parecia desconfortável com isso, virando o rosto para o lado oposto de onde Sunoo estava. Por isso, ele saiu da sala rapidamente, respeitando o espaço do japonês.
Mais tarde, Sunoo foi atrás de Riki, encontrando-o sozinho em um banco da área externa, sem agasalhos apropriados, como sempre.
— Eu acabei ouvindo a sua conversa com o professor Lupin mais cedo — ele se sentou ao lado do loiro no banco gelado. — Posso te ajudar com essa matéria, Bichos-Papões não são tão-
— O que você poderia fazer para me ajudar, Sunoo? — a resposta veio ríspida, carregada de sarcasmo. — D.C.A.T é a única matéria que gosto de fazer, eu apenas não estava a fim de ir para uma aula chata de Bicho-Papão, se quer saber.
— Eu pensei que...
— Pensou errado.
E o garoto se levantou do banco, saiu de perto e deixou Sunoo sozinho sentado naquele banco gelado, sem reação. Se sentiu muito chateado, foi atrás dele para oferecer ajuda e foi recebido com sete pedras na mão, se sentiu muito idiota mesmo. Teve que ouvir Jungwon dizendo ''eu te avisei'' depois de ir choramingar no ombro do amigo, e estava determinado a nem ir mais atrás do sonserino.
Acontece que, horas mais tarde, enquanto Sunoo terminava mais um dia de castigo ajudando a professora Sprout na estufa, foi surpreendido com a presença do garoto mais alto. Riki o olhava como quem iria falar alguma coisa, mas Sunoo o ignorou, o dando as costas e continuando a terminar o que estava fazendo. Quando se virou novamente, Riki não estava mais ali, e um suspiro frustrado saiu sem permissão dos lábios do Kim. Saiu da estufa minutos depois, tirando os resquícios de terra da roupa, quando deu de cara com Riki sentado em um dos bancos de pedra do lado de fora, virado para ele e o encarando.
— Vai poder me ajudar hoje? — foi a primeira coisa que ele disse ao se levantar e se aproximar do garoto menor.
Sunoo não estava acreditando naquilo.
— Depois de toda aquela falta de educação e de respeito de mais cedo, você ainda tem a cara de pau de vir até mim falando de ajuda? — O lufano explodiu, sem se conter.
— Eu disse que não queria fazer a aula, não que não iria querer sua ajuda — o sorrisinho cínico de Riki irritou ainda mais Sunoo, que recuou quando ele tentou se aproximar dando alguns passos. — Tudo bem, me desculpa por aquilo, eu não estava preparado para ter você me oferecendo ajuda — Riki senta de novo no banco, olhando Sunoo de baixo. — O único que me ajuda é o Jake hyung, e eu não gostei de você vendo o professor Lupin falando comigo...
Sunoo ainda estava bravo, mas Riki parecia estar sendo sincero. Seria ele bobo demais?
— Você estava com vergonha? — Ele perguntou, sentando na ponta do banco. — Talvez com medo... É normal ter medo, eu também tive quando foi a minha vez de ver o Bicho-Papão.
— O que você viu? — Riki perguntou, olhando Sunoo com curiosidade.
— Ugh — Sunoo se tremeu todo só de lembrar, o que acabou tirando uma risada do outro garoto. Você deveria rir mais. — Um fantasma horrível, sério, quase não consegui lançar o feitiço Riddikulus* naquilo. Na verdade eu não consegui, o professor teve que lançar por mim — Sunoo conta rindo um pouco da memória, lembrando de como a sala de aula se tornou um caos por causa de seu desespero. — Sonhei com aquilo por quase dois meses depois da aula — ele confessou com um bico, que Riki achou muito interessante de encarar.
— Acho que eu poderia lançar um Riddikulus sem problemas — Riki deu de ombros, fazendo pouco caso da situação e fazendo Sunoo revirar os olhos e dar uma risada sarcástica.
— Com certeza poderia! — O mais velho debochou. — Em que você acha que ele se transformará quando for a sua vez?
O loiro pareceu pensar um pouco, levando a sério demais a pergunta. Sunoo estava prestes a interrompê-lo e falar que poderia ser qualquer coisa que ele pensasse de primeira que ele sente medo, mas Riki limpou a garganta antes.
— Não importa, hyung — Riki desconversou. — Você não precisa saber disso para me ajudar com o feitiço Riddikulus, precisa? — Sunoo fechou a expressão ao ouvir aquilo.
Hyung.
— Eu te respondi quando você perguntou o que eu vi — ele insistiu como uma criança que não pode ter o que quer, se sentindo injustiçado.
— Mas eu ainda não vi nada — o garoto deu de ombros novamente, deixando claro não ter intenção alguma de falar sobre aquilo. — E então? Vai me ajudar com o feitiço?
Sunoo o ajudou até a hora do jantar, quando se despediram e Riki o surpreendeu com um selinho rápido, antes de se levantar e ir embora com pressa, deixando Sunoo de bochechas coradas e um pouco envergonhado.
E com o passar dos dias, Sunoo começou a ficar ainda mais confuso quando Riki começou a demonstrar estar enciumado, para depois apenas negar qualquer coisa que Sunoo dissesse e ir embora. Toda vez que Sunoo estava conversando com alguém, principalmente com meninas, Riki aparecia e interrompia tudo, se metendo entre Sunoo e a pessoa apenas para falar algo idiota para Sunoo, implicando com ele e indo embora. Sunoo não consegue entender como ele pode parecer ciumento, mas também ser esquivo quando quer, tratando-o com um quase descaso.
— O treino já vai começar — Heeseung resmunga, se apressando em terminar de escrever de pé em um pergaminho apoiado na parede, e Sunoo inspira fundo, recolhendo toda a paciência que tem.
— Presta atenção, Sunoo, você vai ser meus olhos durante esse treino — Sunghoon se agita em frente ao amigo, parecendo desesperado.
Eles estão sentados na área de convívio do Salão Comunal da Lufa-Lufa pelo que deve ter uns quinze minutos. Sunghoon não poderá comparecer ao treino por ser o batedor de outro time, então ele teve a genial ideia de fazer os amigos coletarem informações do jogo para ele.
— O Heeseung hyung pode fazer isso, você sabe como eu nem entendo de quadribol direito — Sunoo choraminga, querendo levantar logo da cadeira de madeira e sair dali.
— O Heeseung hyung não vai poder prestar atenção em tudo sozinho — Sunghoon é insistente, mas Sunoo também pode ser.
— Por que não pediu ao seu novo amigo Jake, então? — A pergunta sai sem pensar. — Ele pode ser seus olhos também, ou sei lá o quê.
— Por que você sempre fala assim dele? — Sunghoon pergunta de repente, e Sunoo se estapeia mentalmente por falar com tanto descaso do corvino.
— A-Assim como?
— Parece que não gosta dele — Sunghoon olha no fundo dos olhos de Sunoo, que se sente pelado e agoniado.
— Nem o conheço — Sunoo ri nervoso. — É impressão sua.
Sunghoon não diz nada, mas não parece convencido. Pelo menos o assunto é dado como encerrado, e Sunoo pode seguir Heeseung pelos corredores até a quadra. Ele deveria se encontrar com Riki na subida das arquibancadas, mas o sonserino não está por ali.
— Vou esperar aqui um pouco, hyung — Sunoo avisa, parando em frente às escadas.
Heeseung não parece escutá-lo, o arrastando pelo braço escadaria acima, e a voz de Sunoo é abafada pela gritaria dos alunos na arquibancada. O treino acaba de começar.
Sunoo fica atento na movimentação de pessoas passando, em busca do sonserino, deixando de lado qualquer instrução de Sunghoon sobre olhar fixamente para os goleiros de ambos os times. Um amigo grifinório chega após alguns minutos e assim que vê Sunoo acena para ele e sorri animado, indo em direção ao lufano.
O garoto senta ao lado esquerdo dele e fala alguma coisa que Sunoo não consegue ouvir devido aos gritos e sons de apito, mas também não se esforça muito, apenas sorrindo e assentindo, esperando que sirva como resposta. O grifinório não fala mais nada, o que Sunoo agradece mentalmente. Não iria conseguir responder o amigo, estando com a mente cheia demais.
E se Riki ficar chateado? E se ele estiver me esperando lá embaixo? E se ele pensar que eu não quis vir?
Quando está prestes a pedir para Heeseung guardar o lugar dele pois irá sair rapidinho, é surpreendido por alguém sentando com tudo ao lado dele, deixando os corpos colados.
— Mas o que-
Com um cachecol da Sonserina ao redor do pescoço e uma expressão de poucos amigos, Nishimura Riki é quem se senta ao lado de Sunoo, o que deixa o lufano no mínimo surpreso, ainda mais pelo jeito bruto que o sonserino sentou entre ele e o grifinório.
Sunoo acha estar ouvindo o amigo falando alguma coisa, gritando alguma reclamação, então se inclina um pouco para olhá-lo, mas Riki se aproxima do ouvido dele assim que ele estica o pescoço.
— Por que veio sem mim?
A voz rouca de Riki sai bem próxima do ouvido de Sunoo, fazendo cosquinha e o garoto contém o impulso de cobrir as orelhas pela sensação. Riki fala e não se afasta, olhando Sunoo bem de perto. Quando Sunoo se aproxima do ouvido dele para responder e o loiro vira um pouco o rosto para Sunoo falar perto do ouvido dele, o coração do de cabelos pretos dá algumas cambalhotas idiotas.
Por que parece que cada ação desse garoto me deixa ansioso?
— O Heeseung hyung me arrastou aqui pra cima, mas eu estava indo agora mesmo lá embaixo ver se você já tinha chegado — Sunoo não sabe se o garoto conseguiu escutá-lo, mas acredita que sim quando ele se inclina um pouco para olhar Heeseung ao lado de Sunoo, que grita animado qualquer coisa sobre o jogo.
O mais novo assente e olha para frente, para o jogo. Ele não se afasta de Sunoo, ficando no mesmo lugar de quando sentou, os corpos colados. O coração de Sunoo erra algumas batidas quando a mão grande de Riki cobre a dele, coberta pela luva verde musgo. Em um ato de coragem, Sunoo vira a mão e segura a do garoto, que não afasta o toque, pelo contrário, aperta a mão de Sunoo contra a dele, colocando as duas sobre a própria perna. O lufano nem consegue encarar as mãos por muito tempo, sentindo vergonha. É a primeira vez que Riki faz qualquer coisa do tipo em público, já que no decorrer dessa semana inteira ele só ousou se aproximar quando ambos estavam sozinhos.
Ele até quer pensar no que Heeseung vai pensar se vê-los de mãos dadas logo ao lado dele, mas a sensação da mão de Riki é boa demais para pensar em qualquer outra coisa.
— Está vermelho assim por quê, hyung? — Os lábios do garoto estão grudados à orelha de Sunoo para que ele possa escutar, e Sunoo arregala os olhos, se sentindo arrepiar. — Está com vergonha? — Sunoo encolhe os ombros, precisando afastar a voz rouca do garoto de seu ouvido antes que exploda em sensações e vergonha. Riki ri da reação do mais velho, apertando mais a mão dele e voltando a olhar para a partida.
Sunoo já nem sabe mais o que está acontecendo em campo, vendo os jogadores de azul e verde voando de um lado para o outro, totalmente perdido. O cérebro dele parece ter virado gelatina, junto do resto do corpo, se sentindo todo mole enquanto Riki deixa um leve carinho na mão dele enquanto assiste ao jogo. Ele também retribui o carinho, sentindo o corpo todo aquecido pela sensação de estar de mãos dadas com alguém. Sunoo percebe que está de pernas bambas quando a partida chega ao fim e ele precisa se levantar da arquibancada, ainda de mãos dadas com Riki. Os jogadores ainda estão no campo fazendo sabe-se lá o que e Heeseung diz que vai ficar mais um pouco, olhando rapidamente para as mãos unidas do dongsaeng com as do sonserino, mas não fala nada.
Quando eles terminam de descer as escadas, dois grifinórios e um lufano correm na direção de Sunoo com pressa, e ele percebe serem Jungwon, Yuna e Dongpyo. Ele nem precisa se preocupar em pensar demais, já que é Riki quem desenlaça as mãos.
— Te procuramos pra caralho — Yuna reclama esbaforida assim que se aproximam.
— Olha a boca — Dongpyo reclama com a garota enquanto tudo o que Jungwon faz é revezar o olhar entre Sunoo e Riki.
— O que vocês querem?
— Estamos combinando de ir a um bar em Hogsmeade amanhã — Yuna conta animadíssima.
— Vocês sabem que a gente não pode beber, não sabem? — Sunoo pergunta com uma sobrancelha levantada, a conversa tendo que ser gritada por causa da barulheira constante ao redor. Yuna revira os olhos.
— A gente não vai beber, mas vamos comprar umas coisas e passar um tempo lá — Jungwon conta com um sorriso ladino, e Sunoo sabe que isso vai dar errado.
— Eu disse pra eles que isso é a ideia mais burra que eles já tiveram — Dongpyo conta para Sunoo, de braços cruzados.
— Tsc, deixa de ser chato, hyung — o grifinório faz pouco caso da situação. — E aí, vai com a gente, Sunoo hyung? Nosso castigo já acabou.
Sunoo fica pensativo por alguns segundos, refletindo sobre.
— Vai estar nevando muito amanhã — ele lembra.
— E? Nós vamos agasalhados e entramos no bar, lá é quente — Jungwon dá de ombros. — Vamos, vai ser legal — o mais novo implora com as mãos, tirando uma risada de Sunoo.
— Tá, tá, eu vou — os amigos comemoram, e Dongpyo choraminga por ter mesmo que participar disso. — Quem mais vai?
— Ah, só a gente, mas pode chamar mais alguém — Yuna conta.
— Quer ir com a gente, Riki? — Sunoo se vira para o garoto que esteve quieto esse tempo todo, e o garoto parece genuinamente surpreso, com direito a olhos arregalados e tudo.
— Eu? Por que? — O sonserino parece perdido e tímido, o que faz Sunoo sorrir reconfortante para ele.
— E por que não? Vamos, vai ser legal — Sunoo insiste, quase pegando novamente a mão de Riki, mas se segura.
— Você não é aquele sonserino que colocou besouros na sopa do monitor da Grifinória? — Dongpyo diz alto, parecendo se lembrar disso agora.
— Foi você? — Yuna pergunta surpresa e começa a gargalhar. — Aquilo foi incrível, aquele garoto tava mesmo merecendo uma coisa dessas.
— Você vai ou não? — Sunoo se vira para o menino, deixando os amigos discutindo sobre besouros e monitores de lado por um momento. Riki não parece querer aceitar. — Você me chamou para assistir ao jogo, eu vim, mesmo sem gostar. O que acha de retribuir e ir comigo amanhã?
— Não é só com você.
Sunoo já percebeu como a presença de outras pessoas parece sempre incomodar o mais novo. Ele sempre se afasta e ignora Sunoo quando estão em público, e se aproxima quando não há chance de qualquer pessoa aparecer por perto. Entretanto, ele e Riki estavam de mãos dadas até ainda agora, e Sunoo pensa se eles teriam seguido de mãos dadas pelo caminho até o castelo se os amigos não os tivessem interrompido no caminho. Mesmo que Sunoo se sinta um pouco mal por ficarem se escondendo, o episódio de minutos atrás o deu repentina coragem de testar as águas.
— Sim, vamos com os meus amigos — Sunoo concorda, se aproximando mais um pouco. Com delicadeza ele segura uma das mãos de Riki, que parece tenso, mas não se afasta. — Vou chamar o Sunghoon hyung e o Heeseung hyung, também. Você pode chamar seu amigo, o Jake, se quiser... — ele espera que a persuasão dê certo com o mais alto, porque o silêncio dos amigos atrás dele deixa claro que a conversa terminou e eles estão prestando atenção aos dois de mãos dadas.
— Tem certeza? — Riki pergunta baixo, olhando apenas para Sunoo. — Sobre o Jake hyung...
— Tenho, não tem nada demais — Sunoo mente na cara dura, sorrindo para o garoto com confiança.
— Então eu vou.
Toda vez que os alunos vão à Hogsmeade, Sunoo e os amigos sempre acabam esbarrando por alunos aos beijos em áreas mais quietas, o que geralmente os deixa rindo e fazendo piadas. Agora, Sunoo mal pode esperar para ver o que irá acontecer entre ele e Riki fora da escola, começando a criar expectativas.
...
* - Um bicho-papão é um não-ser que assume a forma do pior medo da pessoa que o vê. Normalmente vive confinado dentro de armários e lugares escuros. Por conta de sua natureza de mudar de forma, ninguém sabe sua real aparência, já que ele se transforma instantaneamente em algo aterrorizante às emoções do espectador.
* - O Feitiço para Repelir Bicho-Papão (Riddikulus) é o feitiço usado para se defender de bichos-papões. Ele faz o bicho-papão tomar, involuntariamente, uma forma hilariante para o conjurador, anulando a habilidade da criatura de aterrorizar a vítima.
Obrigada por ler até aqui, espero que tenha gostado <3
tt: jaysbubu
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