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25. O Rebelde Eamon

A noite estava silenciosa no refúgio da rebelião, mas o coração de Rina batia acelerado. Ela estava sentada ao lado de Eamon, observando os outros rebeldes organizarem suprimentos e traçarem estratégias.

Desde que chegara àquele mundo distópico, seu corpo parecia sincronizado com o dele de uma forma que ia além da atração física. Era uma conexão antiga, intensa, como se sempre fossem destinados a se encontrar, não importava a época.

Eamon falava com alguns companheiros, sua postura firme e decidida. Rina se pegou observando o contorno de seu rosto, os traços fortes iluminados pela luz fraca do local. O jeito como ele gesticulava, a paixão com que falava sobre lutar pela liberdade... tudo nele a fascinava.

— Você está me encarando — a voz dele interrompeu seus pensamentos.

Rina piscou e percebeu que ele a observava com um meio sorriso divertido.

— Talvez eu esteja apenas avaliando o líder da rebelião — retrucou, cruzando os braços.

Eamon arqueou uma sobrancelha. — E qual é o seu veredito?

— Você é teimoso — disse ela. — Impulsivo. Mas... — hesitou, sentindo seu coração acelerar — também é alguém que faria qualquer coisa por aqueles que ama.

O sorriso dele desapareceu por um momento. Seus olhos azuis escuros brilharam com uma intensidade que fez Rina prender a respiração.

— E você? — ele perguntou, a voz mais baixa, mais profunda.

— Eu...?

— O que faria por quem ama?

Rina sentiu um arrepio percorrer sua pele. Ela queria dizer que faria qualquer coisa, que atravessaria eras e quebraria maldições... Mas antes que pudesse responder, um alarme ecoou pelo esconderijo.

Era hora da missão.

Antes de partirem, Rina se aproximou de Eamon, determinada a entender melhor aquela luta.

— Preciso saber exatamente contra o que estamos lutando — disse ela.

Eamon a olhou com seriedade e fez um gesto para que ela o seguisse até um mapa improvisado desenhado em uma parede de concreto.

— Este mundo — começou ele — costumava ser um lugar de equilíbrio. Magia e tecnologia coexistiam. Mas o governo temia o poder dos bruxos. Eles nos chamaram de aberrações, de ameaça ao controle deles. Foi quando criaram a Lei de Supressão.

Rina franziu a testa. — Lei de Supressão?

Eamon assentiu, o olhar sombrio.

— Toda manifestação de magia passou a ser proibida. Aqueles que nasceram com dons foram caçados. Muitos foram presos. Outros... — ele hesitou — executados.

Rina prendeu a respiração, sentindo um nó no estômago.

— Isso é monstruoso.

— É — ele concordou, os punhos cerrados. — Por isso lutamos. Para restaurar o que nos tiraram.

Rina absorveu suas palavras. Por um momento, ela viu nele o mesmo espírito de luta que existia dentro dela.

— Eu estou com vocês — disse firme.

Eamon sorriu de leve, os olhos brilhando.

— Eu sei.

Eles se entreolharam por um instante. Mas não havia tempo para se perderem um no outro.

A missão os esperava.

O plano era simples: recuperar suprimentos e armas de um comboio do governo antes que fossem transportados para uma base inimiga. O grupo de rebeldes se dividiu em equipes, e Eamon, é claro, insistiu em ir na frente.

Rina o seguiu sem hesitar.

Eles se esgueiraram pelos becos escuros da cidade, evitando drones de vigilância e sentinelas armados. O frio da noite envolvia tudo, mas a adrenalina aquecia o sangue de Rina.

— Você já fez isso antes? — Eamon sussurrou para ela enquanto se escondiam atrás de uma pilha de caixas metálicas.

Rina soltou um riso abafado. — Já invadi castelos, roubei carruagens e até enfrentei criaturas sombrias.

Ele sorriu. — Então isso aqui vai ser fácil.

Os dois se entreolharam, e Rina sentiu a tensão elétrica entre eles crescer. Mas não havia tempo para distrações.

O comboio se aproximava.

Eamon fez um sinal, e os rebeldes avançaram. O ataque foi rápido e preciso. Eles desativaram os guardas e começaram a recolher as armas e suprimentos. Tudo corria bem, até que...

O poder de Rina se manifestou.

Sem querer, ela sentiu a magia pulsar dentro de si, instável e intensa. Um brilho dourado percorreu seus dedos, e antes que pudesse conter...

As armas desapareceram.

Simplesmente sumiram.

Os rebeldes pararam, alarmados. Murmúrios nervosos começaram. O que havia acontecido? Como os suprimentos tinham evaporado no ar?

— Rina...? — Eamon olhou para ela, confuso.

— Eu... eu não sei o que aconteceu! — Ela sentiu o desespero crescer dentro dela. Sua magia, de novo, estava fugindo do controle.

O barulho de alarmes soou à distância. Os soldados do governo estavam vindo. E agora eles estavam desarmados.

— Temos que sair daqui! — alguém gritou.

Mas era tarde demais.

Luzes vermelhas iluminaram a área. Soldados armados surgiram dos becos, cercando os rebeldes. Era uma armadilha.

Rina sentiu o medo congelar seu peito. Tudo era sua culpa. Se não tivesse feito as armas desaparecerem...

Os soldados apontaram suas armas para Eamon.

Não!

Antes que pudesse pensar, o poder explodiu de dentro dela.

Uma onda de luz dourada se expandiu ao redor de Eamon e dos rebeldes, formando uma barreira invisível.

Os tiros disparados contra eles simplesmente pararam no ar e desapareceram.

O silêncio caiu sobre todos. Os soldados recuaram, confusos. Os rebeldes olharam ao redor, tentando entender o que havia acontecido.

Eamon olhou para Rina.

— Você... fez isso?

Ela estava ofegante, sentindo a energia vibrar dentro de si. Havia conseguido.

— Acho que sim — sussurrou.

Os soldados, percebendo que não poderiam atacar, começaram a recuar. O grupo de rebeldes aproveitou a chance e fugiu.

Quando finalmente chegaram a um local seguro, todos ainda estavam atônitos.

— O que diabos foi aquilo? — alguém perguntou.

— Uma barreira de proteção — Rina disse, sem saber direito como explicá-la.

Eamon se aproximou dela. Seus olhos estavam intensos, cheios de algo que fez o coração de Rina disparar.

Ele ergueu a mão e tocou o rosto dela de leve.

— Você me salvou.

Rina engoliu seco. O toque dele fazia sua pele formigar.

— Eu não poderia deixar que algo acontecesse com você — disse baixinho.

— Eu também não posso deixar que te machuquem! — Alegou Eamon, sentindo algo mágico crescer dentro dele.

Eles ficaram assim por um momento, tão perto que Rina podia sentir a respiração quente dele contra sua pele. O desejo, a atração entre eles, era palpável...

Mas ainda não era a hora.

Sem quebrar o contato visual, Eamon sorriu de leve.

— Acho que vamos ter que trabalhar no seu controle mágico.

Rina soltou um riso trêmulo, o coração ainda acelerado.

— Parece que sim.

Eamon ainda não havia dito as palavras. Nem ela. Mas algo dentro dela já sabia.

Eles pertenciam um ao outro.

E um dia, não haveria mais barreiras entre eles.

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