21. O Feitiço Quebrado
Rina respirou fundo. Depois de dias adiando, ela finalmente estava pronta para contar tudo a Eamon. Ele merecia saber a verdade sobre o ciclo em que estavam presos e o papel dela em tudo aquilo.
Na biblioteca, o som da madeira estalando na lareira criava uma atmosfera acolhedora, mas o peso do momento deixava Rina inquieta. Eamon, concentrado em um livro, ergueu os olhos quando percebeu sua presença.
— Srta. Lourrance! — ele disse, com um sorriso leve. — Algo errado?
— Não. Bem, na verdade, sim. — Rina se aproximou e parou ao lado dele. — Há algo que você precisa saber.
Eamon inclinou a cabeça, curioso, mas antes que ela pudesse continuar, uma brisa gélida percorreu o ambiente. As velas apagaram, e uma presença familiar preencheu o espaço.
— Não há necessidade de contar nada. Eu já estou aqui.
A voz de Lysara ecoou pela biblioteca, e uma aura azulada iluminou o lugar. Ela surgiu de um portal mágico, com os olhos fixos em Rina.
— Lysara! — exclamou Rina, em choque.
Eamon se levantou rapidamente, encarando Lysara com desconfiança. — Quem é você?
— Sou Lysara, mentora de Rina. — A voz dela era firme, mas seu olhar para Rina era mais de decepção do que de raiva. — E estou aqui para corrigir o erro que você insiste em perpetuar.
— Que erro? — Eamon perguntou, confuso.
— Ela quebrou as regras do tempo e arrastou você junto. — Lysara estreitou os olhos para Rina. — E agora está tentando consertar tudo à força, sem pensar nas consequências.
Rina deu um passo à frente, defendendo-se. — Eu fiz isso por amor, Lysara. Não posso simplesmente abandoná-lo.
— Por amor? — Lysara balançou a cabeça, descrente. — Você está destruindo realidades inteiras por causa de um sentimento que deveria transcender o tempo, não aprisioná-lo.
Eamon olhou para Rina, procurando respostas. — O que ela está dizendo?
Rina abriu a boca para explicar, mas antes que pudesse falar, Lysara ergueu a mão, criando um círculo mágico brilhante ao redor delas.
— Já chega, Rina. Volte comigo agora.
— Não! — gritou Rina. — Eu não vou deixar você me separar de Eamon!
Lysara suspirou, sua expressão suavizando por um breve momento. — Eu te ensinei a lutar pelo que é certo. Mas agora, você precisa perceber que o certo não é o que você quer, e sim o que o equilíbrio demanda.
Rina sentiu a magia crescer ao redor de Lysara. Ela sabia que sua mentora não recuaria, então reuniu sua própria força.
— Se você quer me deter, vai ter que lutar.
E foi exatamente o que aconteceu. Um choque de feitiços iluminou a sala, e o poder das duas mulheres fez o chão tremer.
Eamon tentou intervir, mas foi lançado para trás por uma onda de energia. Enquanto isso, escondida atrás de uma estante, Mirabelle observava tudo. Ela havia seguido Eamon até a biblioteca por suspeitar de sua relação às escondidas com Rina, mas jamais esperava presenciar algo tão surreal.
— Isso não pode ser real... — murmurou ela, incrédula, enquanto observava as explosões de luz e magia.
A batalha culminou quando Lysara lançou um feitiço final, uma esfera de energia dourada que preencheu o ambiente.
— Isso vai acabar agora! — gritou Lysara, e a esfera explodiu, separando Rina e Eamon.
Uma luz ofuscante tomou conta do local, e tudo ficou em silêncio. Quando a magia desapareceu, Rina e Eamon haviam sumido.
Mirabelle saiu lentamente de seu esconderijo, ainda em choque. Ela olhou para o espaço vazio onde eles estavam, tentando processar o que havia acontecido.
— O que foi isso? — sussurrou ela, a voz trêmula.
Mas, de repente, uma névoa mágica envolveu sua mente. Seus olhos perderam o foco, e uma sensação estranha tomou conta dela. Em segundos, Mirabelle piscou, confusa, sem lembrar o que havia testemunhado.
— Por que estou aqui? — perguntou a si mesma, antes de ajeitar o vestido e sair da biblioteca como se nada tivesse acontecido.
Enquanto isso, no limbo temporal, Rina abriu os olhos e percebeu que estava sozinha. Ela não sabia onde estava, mas algo estava claro: Eamon não estava com ela.
— Eamon? — ela chamou, mas sua voz ecoou no vazio.
Do outro lado do limbo, Eamon despertou em um ambiente completamente diferente. Ele olhou ao redor, tentando entender o que estava acontecendo.
— Olá? — ele chamou, mas tudo o que ouviu foi o silêncio.
Separados pelo limbo, ambos agora enfrentavam o desconhecido, sem saber como ou quando se encontrariam novamente.
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