12. Um Amor Redescoberto
Os dias na universidade eram uma mistura de confusão e esforço para Rina. Entre as aulas de História, os olhares curiosos dos colegas e o mistério de sua "família" nesta realidade, ela mal tinha tempo para respirar. Contudo, o maior desafio era agir como uma garota comum e manter seus poderes sob controle.
Naquela manhã, Rina entrou na aula de História Medieval segurando o café que havia comprado na lanchonete da universidade. Como de costume, a sala estava cheia de murmúrios e conversas paralelas. Ela escolheu um assento no fundo, torcendo para que ninguém puxasse conversa.
- Srta. Mitchell, - disse o professor, olhando diretamente para ela. - Espero que esteja preparada para o trabalho em grupo de hoje.
"Trabalho em grupo?!" pensou, com um frio na espinha. Ela não fazia ideia de como ia lidar com isso, mas antes que pudesse reagir, um grupo já havia puxado sua cadeira para perto.
- Então, vamos falar sobre a Inquisição, - disse um rapaz de óculos.
Rina assentiu automaticamente, sem saber o que dizer. Porém, a conversa começou a desandar quando alguém mencionou como as bruxas da época eram vistas.
- Honestamente, acho que boa parte disso é superstição, - disse uma garota loira.
- Discordo, - retrucou um rapaz de cabelo bagunçado. - Algumas coisas não podem ser explicadas por lógica.
- A propósito... - Interrompeu uma garota que muito parecia ser a "intelectual" da classe - As mulheres consideradas bruxas eram mesmo condenadas a morrerem queimadas numa fogueira.
Rina sentiu um nó na garganta. "Se eles soubessem o que eu sou...", pensou. Com medo de que suas emoções saíssem do controle, Rina baixou a cabeça, fingindo anotar algo.
Quando as aulas terminaram, Rina voltou para casa. A vida com sua "família" moderna continuava sendo um grande desafio. A mãe parecia uma mulher preocupada com as pequenas coisas do dia a dia, enquanto o pai tinha uma obsessão por programas de culinária e constantemente a chamava para experimentar pratos estranhos.
- Experimente isso, Rina! É um bolo de lavanda com recheio de limão.
Rina deu uma mordida hesitante e forçou um sorriso.
- É... muito... floral.
Enquanto isso, o irmão caçula, Max, parecia desconfiado. Ele frequentemente a observava de canto de olho, como se soubesse que havia algo errado.
- Você está agindo estranho, - ele disse durante o jantar.
- É a pressão dos estudos, Max, - respondeu ela, tentando soar casual.
Depois de mais algumas perguntas desconfortáveis, Rina conseguiu escapar para o quarto. Sentada na cama, suspirou profundamente.
"Eu preciso encontrar um jeito de consertar isso. Esse mundo não é meu."
No início da noite, enquanto tentava ler um livro de História, seu telefone vibrou. Era uma mensagem de Eamon:
"Quer olhar as estrelas comigo? Encontro você no parque às 21h."
Rina sentiu o coração acelerar. Ela hesitou por um momento, mas acabou cedendo. Havia algo em Eamon que a fazia sentir-se conectada, mesmo que ele ainda não se lembrasse dela.
Rina chegou ao parque pontualmente. O ar estava fresco, e o céu limpo, repleto de estrelas. Ela o encontrou sentado em uma colina, com um cobertor estendido e uma pequena lanterna ao lado.
- Não sabia que você era do tipo romântico, - disse ela, sorrindo enquanto se aproximava.
- Eu não sabia que você era do tipo pontual, - respondeu ele, com um sorriso provocador.
Os dois riram e se sentaram lado a lado, observando o céu.
- É engraçado, - começou Eamon, depois de um momento de silêncio. - Desde que te conheci, sinto como se já te conhecesse de algum lugar.
Rina congelou por um segundo, mas rapidamente tentou disfarçar.
- Deve ser impressão sua. Eu sou só... uma garota normal.
Eamon virou o rosto para ela, os olhos fixos como se tentasse decifrar algo.
- Você realmente acredita nisso?
Ela desviou o olhar, incapaz de responder.
A conversa seguiu por um caminho mais leve depois disso. Eamon apontava estrelas e inventava histórias sobre constelações, arrancando risadas genuínas de Rina. Ela, por sua vez, tentava ao máximo não fazer nada que pudesse entregar sua verdadeira natureza.
- É bom estar aqui com você, - disse ele, em um tom mais baixo.
Rina sentiu as bochechas corarem e murmurou:
- Eu digo o mesmo! Gosto de sua companhia!
Quando o relógio marcou quase meia-noite, os dois se levantaram para voltar. Antes de irem, Eamon segurou a mão dela por um instante.
- Seja lá o que você está escondendo, Rina, eu quero que saiba que não importa. Eu... confio em você.
Rina engoliu em seco, o coração pesado com a mentira que carregava.
- Talvez um dia você saiba, - disse ela, sorrindo suavemente antes de soltá-lo e caminhar de volta para casa.
Rina sabia que aquele momento de tranquilidade não duraria para sempre. Mas, por ora, permitiu-se aproveitar a calmaria e a crescente conexão entre ela e Eamon. Afinal, o destino parecia determinado a mantê-los juntos - mesmo que em meio a desafios, segredos e aliás, perda de memória!
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