Sabrina
Sou nova no bairro e estou começando a me adaptar. Depois que meu pai se aposentou, tivemos que sair da nossa antiga residência e agora estamos aqui. Cresci a maior parte da minha vida naquela casa, então morar num lugar novo está sendo um pouco complicado para mim. Sou capricorniana, não gostamos de mudanças, ainda mais repentinas. Eu já sabia que mais cedo ou mais tarde nos mudaríamos, mas não importa, mesmo assim sentimos bastante a mudança!
Devem estar pensando: "nossa, ela mudou para outro estado? País?". Não, não... o bairro é o mesmo, só a minha zona de conforto que será transferida para um lugar estranho, que agora passarei a chamar de lar.
— Filha, ajuda o seu irmão a levar as coisas que faltam para o quarto de vocês — minha mãe me desperta dos meus pensamentos.
— Tá bom.
Enquanto tento carregar uma caixa, olho para as redondezas e noto um garoto sair na casa da frente, carregando um saco grande de lixo, um pouco atrapalhado. Ele olha para mim e sorri. Nesse momento senti o meu coração acelerar e o meu rosto esquentar, mas consegui devolver o sorriso.
"Que reação foi essa? Logo de mim?", pensei.
Além desse vizinho da frente, também temos agora um vizinho do lado, a família da Maria, namorada do meu irmão mais velho, Lucas. Ao contrário de mim, ele estava bastante ansioso com a nossa mudança, não falava mais em outra coisa! Já passei por diversos relacionamentos que não acabaram muito bem. Eu parei de confiar em quem chegava em mim dizendo estar interessado. Eu parei de ter esperanças de que um dia eu seria feliz como o meu irmão é com a Maria, apenas aceitei que seria a tia solteira que moraria sozinha com 20 gatos, enquanto o meu irmão teria 2 filhos (um casal, como ele sempre quis) e eu estragaria os dois, mimando-os com muitos presentes.
— Mãe, vou no shopping comprar o presente da Maria!
Ah, claro... o dia dos namorados. O dia especial que toda solteira AMA (só que não)!
Fui para o meu quarto, precisava começar a arrumá-lo. Mais tarde, parei para jantar e depois fui respirar um ar fresco. Fiquei sentada em um dos degraus da varanda enquanto observava as pessoas caminharem. Percebi que muitos gostavam de passear com o seu cachorro pela rua.
Quando eu estava prestes a levantar e voltarpara o meu quarto, vi o vizinho da frente sair com o seu cachorro branco, comoalgodão, para passear com ele, que parecia ser bem elétrico e animado por estarna rua, diferente dos outros cachorros que caminhavam plenos ao lado do seudono. Achei engraçado.
Alguns dias se passaram e a minha rotina começou a ser essa:
** Terminar de arrumar o que faltava no meu quarto.
** Ler.
** Respirar um ar fresco sentada no degrau da varanda.
Nessa última parte, em especial, passou a ser a minha favorita. Eu não conseguia entender o porquê e nem como, mas eu sentia que já conhecia aquele garoto, o nosso vizinho da frente, e toda vez que ele saía para passear com o seu amiguinho, ou para jogar o lixo fora, eu sentia o meu coração acelerar.
"Mas o que é isso, Sabrina? Deu na telha agora de ter paixão platônica?!", penso comigo mesma, totalmente indignada. É o mês, só pode ser. Estamos a alguns dias para o tão esperado Dia dos Namorados.
Num belo dia, os meus pais, já instalados, assim como eu e o Lucas, tiveram a ideia de conversar com os nossos vizinhos, para nos enturmarmos. Mamãe disse que um deles, na casa da frente, ofereceu ajuda com as caixas e malas, mas como já estávamos quase acabando, não foi preciso, mas a minha mãe prometeu uma vista. Bem, o dia chegou! Nem preciso dizer o quanto fiquei nervosa com isso, não é?
Primeiro fomos na casa da Maria. Fomos muito bem recebidos, como sempre, e por incrível que pareça, eu não senti tanto "nojo" ao ver o meu irmão com a sua namorada abraçados no sofá da sala. Algo de errado não está nada certo! Era para os meus pensamentos estarem me atormentando agora e... nada. Está tudo na paz, na verdade.
— Isso que estou vendo é um sorriso? — minha mãe implica comigo, tirando-me novamente dos meus pensamentos.
— Não sei do que você está falando... — tento desconversar.
— Pensa que não percebi? Você criou uma nova rotina de se sentar na varanda e ficar observando... as pessoas caminharem pela rua... — minha mãe comenta, tentando tirar algo de mim.
— Sim, e daí? — pergunto tentando fazer parecer que aquilo não é nada demais. Falho miseravelmente. Já estou sentindo as minhas bochechas corarem.
— Assim que sairmos daqui, já vamos descobrir.
Meia hora depois, nós saímos da casa da Maria e fomos para... o vizinho da frente! Minha alma saiu do meu corpo neste momento, eu senti! Sim, estou morta.
— Olá! Somos os novos vizinhos e gostaríamos de conhecer vocês — meu pai começa a falar. — Essa é a minha esposa, Camila, esse é o meu filho mais velho, Lucas, e essa é a minha filha mais nova, Sabrina.
— Oi! — minha mãe e o meu irmão falam.
Todos olham pra mim, esperando um "oi", ou qualquer coisa, mas eu não consigo me mexer. Procuro, pelo menos, esboçar um sorriso.
— Desculpa a minha filha, ela é um pouco tímida apesar de já ser uma moça — minha mãe comenta.
— Ah, eu entendo! Meu filho também é! Sem falar quando não sai de casa por causa do video-game. As vezes consigo fazê-lo sair pelo menos para passear com o cachorro, ou tirar o lixo fora. Joseph! — Ele chama e alguns segundo depois, o garoto aparece.
"Meu Deus, como ele é lindo!", não consigoevitar de pensar nisso. Se o meu rosto não estava vermelho antes, agora estavapegando fogo com certeza! Como eu conseguia sentir isso com apenas uma troca deolhares?
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