Joseph
O dia seguinte parece que nunca chegava, mas chegou, e com ele veio na minha cabeça que eu não tinha marcado horário com a Sabrina, mas a minha mãe, sempre prevenida, pegou o telefone da nova amiga vizinha.
— Alô — falo com a voz tremendo.
— Alô, deseja falar com quem? — claro que não foi ela quem atendeu.
— Com a Sabrina!
— E quem deseja?
— É o Joseph, vizinho de vocês!
— Ah, sim, fala aí, mano! — ufa, era o Lucas e não o pai dela! — Vou passar pra ela. É pra você.
— Quem é? — ouço a Sabrina perguntando do outro lado.
— Seu namorado — responde Lucas, rindo.
— Não tenho namorado — doeu ouvir aquilo. Não que eu fosse, mas, mesmo assim... — ainda — ouço de novo a sua resposta para o irmão, que ri e sai de perto. — Alô, Joseph?
— Alô, sim. Eu... eu não marquei com você um horário pra te buscar. Parece que moramos longe, mas vou te buscar — Ela ri.
— Não marcou, não. Qual horário você acha melhor?
— Que tal a gente sair um pouco antes do almoço e comermos por lá?
— Eu ia amar. Pode ser meio dia?
— Pra mim está ótimo! Te pego meio dia.
**************
SABRINA
Estou uma pilha de nervos e o Lucas não ajuda muito com as implicâncias dele. Como assim ele fala "seu namorado" em plenos pulmões? Espero que o Joseph não tenha se magoado quando eu disse que não tinha um, foi apenas reflexo. Meu irmão é um mala às vezes, mas eu o amo muito e sei que ele está fazendo isso porque está feliz por mim.
Então, é isso! Chegou a hora! Tenho um encontro pra ir e, acredite se quiser, a fome que eu estava sentindo, sumiu misteriosamente. Culpa do nervoso e da ansiedade que sempre foram os meus companheiros.
— Então, já sabe, né? Se ele for engraçadinho, chuta as bolas dele e me liga!
— Lucas!
— O quê?! — Ele pergunta, rindo, depois me abraça e me leva pro portão.
Meu coração dispara ao vê-lo saindo pelo portão da sua casa.
— Você não vai ter um treco não, né? — Lucas implica.
— Ai, Lucas... — rio, sem graça — não prometo nada.
Ambos rimos com a minha resposta e nesse exato momento, Joseph atravessou a rua e nos encontrou no portão da minha casa.
— Então, preparada para comer bastante antes do filme? — Ele pergunta.
— Sim, sim... — respondo dando um sorriso tímido. Mal sabe ele que a minha barriga está um turbilhão. A fome ainda não deu o seu ar da graça.
— Mano, cuida bem da minha pequena, hein! — Lucas deu um de irmão protetor de novo. Eu só consegui lançar um olhar do tipo "para, por favor!", mas dessa vez eu senti que ele não estava implicando mais. Infelizmente, ele sabe o que já passei.
— Pode ter certeza! — Joseph responde sem hesitar e então caminhamos para o ponto de ônibus.
**************
JOSEPH
Pegamos o ônibus, sentamos um do lado do outro, e por algum minutos não falamos nada. O que meu pai sempre fala mesmo quando não temos assunto?
— Será que pode chover hoje? — Ai, desgraça! Meu pai e os seus assuntos aleatórios.
— Não sei, acho que não! — a Sabrina responde.
— Mas se chover não tem problema, sou um cara preparado, trouxe um guarda-chuva.
— Preparado mesmo — rimos alto.
Após as risadas, descemos. Moramos perto do shopping e dava pra irmos andando, mas fomos de ônibus pra ser mais rápido e não chegarmos suando que nem loucos.
Estamos parados para atravessar a rua e percebo que ela está tensa. Deve ser porque essa estrada é difícil de atravessar e passa muito carro. Por instinto, dou a mão para ela, sinto-a hesitar, mas segura minha mão firme. Atravessamos de mãos dadas. Quando acho que ela vai soltar, continuamos de mãos dadas, subindo as escadas.
No shopping caminhamos e só por um momento ela solta a minha mão para olhar uma loja de cachorros, estava tendo feira de adoção e havia vários filhotes lá.
— Então, vamos comer o que? — pergunto.
— Ainda não pensei nisso!
— Bom, podemos ser pessoas saudáveis ou comer besteiras.
— Eu acho que seremos pessoas não saudáveis — Ela responde.
— Mc Donald's ou Burguer King?
— Burguer King, por favor! — Sabrina fez olhos de pidona.
— Está decidido!
Vamos para fila enorme e pedimos o nosso lanche. Comemos e conversamos bastante.
— Vamos ver o que tem de bom no cinema? — pergunto.
— Vamos! Acho que temos que assistir algo romântico, pelo dia de hoje!
— Ah, sim, concordo. Vamos?
*************
SABRINA
Eu nem acredito que consegui comer, mas como foi Burguer King, só de sentir o cheiro, o meu estômago começou a roncar. Depois de nos lambuzarmos com os molhos do hamburguer, fomos até o cinema para escolhermos um filme. Havia filmes de ação, de terror, de comédia, de criança e de romance. Optamos pelo romance e compramos o ingresso. Joseph quis pagar, mas eu segurei na mão dele, impedindo-o de abrir a carteira. Seu olhar de quem estava surpreso me fez sorrir e o meu coração acelerar novamente.
— Vamos rachar? — perguntei já abrindo a minha bolsa.
— Tem certeza?
— Sim, claro! — sorri e peguei o meu cartão.
Depois que compramos os ingressos, faltando 30 minutos para começar o filme, fomos no Bob's comprar um milkshake de sobremesa. Escolhemos um para dividir.
— Magra de ruim, hein? — Joseph brinca, enquanto procuramos uma mesa.
— Não consigo resistir a um milkshake de Nutella! — sorrio igual quando ganho um livro novo.
Joseph se senta do meu lado, bem perto, diga-se de passagem, e assim começamos a tomar o nosso milkshake. Diversas vezes eu senti os seus olhos me encarando, mas tentei disfarçar olhando pro letreiro que o cinema tinha, onde passava trailers de filmes já lançados ou que iriam lançar ainda. Disfarcei o máximo que pude, até que não consegui mais e retribuí o olhar.
De uma forma mágica e inexplicável, Joseph me acalmava, mesmo com o seu jeito agitado e engraçado. Ele me trazia paz de um jeito que nunca senti antes!
Não senti os minutos passarem. Só percebi que estava quase na hora depois que terminamos o nosso doce, e uma movimentação se formou na entrada do cinema. Procurei o meu celular e verifiquei a hora.
— Faltam 10 minutos, vamos? — pergunto, sorrindo.
—Vamos!
*************
JOSEPH
Sentamos nos lugares mais em cima. Eu não sei se prestava atenção no filme ou se olhava pra ela, estava tão linda!
O filme começou e eu nem percebi, durante os dez minutos iniciais, foi o que aguentei até colocar a minha mão na sua. Ela segurou forte e passamos o filme assim, de mãos dadas, sem falar nada. Só em alguns momentos que nos olhávamos.
O filme passou rápido e foi super legal, ela parecia ter gostado também, estava bem feliz e leve. Essa era a ideia do filme mesmo.
— O filme foi ótimo, né?
— Sim, os personagens são tão fofos e lindos.
— São sim — olhei a hora. — Já está ficando tarde, vou te levar até em casa, que no caso fica muito longe da minha — Ela ri.
No caminho de casa, conversamos sobre o filme e sobre outras coisas aleatórias.
— Bom, está entregue sã e salva! — falo, rindo.
— Sim, obrigada.
— Pelo quê? — pergunto.
— Pelo dia maravilhoso, ainda mais num dia desses.
— Meu dia também foi maravilhoso. O meu último dia dos namorados foi horrível, mas o dia de hoje foi mágico!
— Posso te dizer que foi o meu melhor dia dos namorados.
Não sei o que me dá nessa hora! Aproximo-me dela, estando muito perto um do outro, e quando percebo, estamos nos beijando.
— Realmente, o melhor dia dos namorados — Ela fala.
— Sim, com certeza o melhor. Posso te fazer uma pergunta?
— Pode, claro.
— Eu sei que está cedo pra isso, mas... — estou tenso — mas você quer namorar comigo? Se não quiser, eu entendo, está muito cedo, só saímos uma vez, ou duas se contar o passeio com o Bob, mas entendo... — falo, desgovernado.
— Eu quero, sim, namorar com você!
Eu fico sem reação, então ela se aproxima de mim e damos o nosso segundo beijo.
— Vamos economizar com os presentes? — pergunto, rindo.
— Como assim?
— Vamos comemorar o aniversário de namoro e dos dia dos namorados no mesmo dia — Ela ri muito.
— Isso foi intencional? Esperto! — Ela me responde, rindo.
— Te aviso quando chegar em casa.
— Avisa, mas vou ficar de olho em você até chegar em casa.
Atravesso a rua e antes de entrar pelo portão, aceno para ela. Sabrina entra e da varanda me dá um "tchau". Nós dois entramos em casa e sei que tanto ela, quanto eu receberemos um enxurrada de perguntas dos nossos pais, mas não importava, estávamos namorando!
— Oi, cheguei em casa — mando mensagem para ela.
— Oi, que bom que chegou! Como foi? — Sabrina me pergunta sobre o questionário dos meus pais em relação ao dia.
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