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𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 19 - 𝕰𝖓𝖙𝖗𝖊 𝖔 𝕾𝖔𝖓𝖍𝖔 & 𝖔 𝕯𝖊𝖘𝖊𝖏𝖔

No domingo de manhã, Florence pensou em pedir o desjejum no aposento.

William se recusou a fazer-lhe companhia.

— Acho que não é conveniente. — Ele retrucou com firmeza.

— Por que não?

— Estou pensando em sua reputação, Florence.

Ela o olhou, estupefata.

— Minha reputação?

— Sim.

— Você quer dizer com isso que alguém da cozinha pode desconfiar que alguém passou a noite aqui comigo?

— Sim, sabe que devemos evitar boatos. — Ele respondeu, pouco à vontade.

— William, é a coisa mais ridícula que...

— Não concordo.

— Pois eu acho. Agora é você que está agindo como se estivéssemos no século passado. Ou trata-se de uma virtude inglesa?

— Não é nada disso, só não quero dar motivos para fofocas a seu respeito.

— Não acha que esta sendo um tanto quixotesco?

— Não!

— Se fosse no século passado provavelmente seria adepto do duelo. — Ela o acusou com ironia.

William riu. Não havia leviandade em sua voz quando acrescentou.

— Eu lutaria por você, sim.

Palavras fatais. Que mulher não gostaria de ouvir que o homem que amava lutaria por ela? O homem que amava! A frase ecoou em seus pensamentos. Perturbada, Florence foi para a cozinha preparar o café. De lá, ela comentou.

— Bem, já que não vai permitir que eu peça um desjejum delicioso para nós, deixe-me ver o que posso improvisar por aqui mesmo.

Seus pensamentos continuavam voltados para a palavra amor, que dava outro aspecto ao relacionamento. Nunca tivera uma experiência que chegasse perto do que partilhara com William na noite anterior. Estava apenas parcialmente ciente da atração que sentia por ele. Ademais, o relacionamento tinha outras dimensões, confiava nele como jamais confiara em alguém, homem ou mulher. O amor seria o somatório de bom entendimento sexual, química, confiança e amizade?

Uma vez pensou que amava Eduard. Não demorou muito para perceber que estivera apaixonada por ele, mas não o amava. Aí residia toda a diferença.

Não queria cometer o erro de confundir desejo, e amizade também, com amor. Especialmente nesse caso, onde havia o tempo como fator implacável.

Londres não era o fim do mundo, mas ela precisava pensar no trabalho. De uma coisa estava certa, no que se referia ao amor, tinha de cultivá-lo para que crescesse e se desenvolvesse. Com centenas de quilômetros separando-os, não via como seria possível cultivar esse amor. Atrás dela, William indagou.

— Quanto tempo você deixa a água correr antes de encher a chaleira?

— Desculpe, acho que me distraí. — Ela encheu a chaleira, colocou o pó e terminou de passar o café. — Não vai demorar.

— Não estou com pressa. Foi ideia sua construir um apequena cozinha dentro de seus aposentos? — Retrucou William curioso.

Havia algo em sua voz que fez com que Florence se voltasse e o encarasse.

Ele estava usando somente a calça. Pêlos grisalhos apareciam em seu peito.

Tinha músculos rijos e bem definidos. Podia visualizá-lo sobre os tecidos leves, descendo os olhos para as pernas fortes, cada parte de seu corpo parecia ser bem trabalhado e em harmonia.

Naquele momento, o cabelo em desalinho o deixava muito sexy, e Florence forçou-se a parar por aí. Estaria louca se se deixasse arrastar por ele naquela manhã de volta para o leito.

Para desviar a atenção, ela abriu a porta do pequeno armário e o examinou.

— Tenho um pacote de croissant, posso fazer ovos mexidos também. Muitas vezes prefiro ficar sozinha aqui do que descer para a cozinha da propriedade. Como pode ver o meu aposento é do tamanho de um apartamento normal e sim, foi eu mesma que desenhe tudo o que foi modificado nele.

— Florence, você não tem de fazer café da manhã para mim.

— Temos de comer alguma coisa antes de irmos para a casa de Richard. Ele tem mania de preparar drinques fortíssimos. Eu o conheço bem.

— Tem certeza de que o conhece mesmo?

Florence franziu o cenho.

— O que quer dizer com isso?

Havia uma pequena mesa na cozinha. William puxou uma cadeira e se sentou.

— Não quero ser impertinente, mas me parece que você tem uma tendência a ver tudo em branco e preto. Ou alguém é herói, ou um vilão. Não há meio-termo. Você classificou Richard como vilão, e isso é perigoso, Florence. Ninguém é totalmente bom ou mau. Quando julga alguém dessa forma, corre o risco de se equivocar.

— Conheço Richard Blackwell desde que eu tinha quinze anos. — Retrucou Florence, inflexível. — Acho que isso me autoriza a falar dele, não?

— Você o conheceu antes ou depois de seu marido?

— Alguns anos antes.

— Onde conheceu Eduard?

— Num baile... — Respondeu ela, ríspida.

Especialmente depois daquela noite não queria falar de Eduard com William.

— Foi um romance social, então?

— Acho que pode chamá-lo assim.

— Florence, não quero ser intrometido. — William grunhiu, mas, repentinamente, admitiu. — Na verdade, não sei o que estou tentando fazer. Estou tentando não ter ciúmes, mas está sendo bastante díficil. Acho que quero também decifrar esse quebra-cabeça. Por isso estou procurando entender por que Eduard Radcliffe me entregou aquela chave.

A água começou a borbulhar na chaleira, sinal de que o café logo estaria pronto.

Florence serviu a ambos e sentou-se à mesa.

— Essa história da chave não progride, não é?

— Pois é, e isso me preocupa.

— Não sei mais o que fazer, William.

— Florence...

— O quê?

— Isso não pode estar acontecendo porque você não quer descobrir?

— Você está dizendo que tenho medo de descobrir o que é que essa chave abre?

— Sim, acho que é isso mesmo.

— Está bem, eu admito. Desejo que o passado continue sendo passado; não quero que as velhas lembranças revivam. Estou farta de conviver com traumas.

— Eu entendo.

Subitamente, Florence o viu de maneira diferente. Era muito fácil trazer seu passado de volta, mais fácil, às vezes, do que para ela se lembrar de sua própria história. Pensou, então, na experiência penosa que ele atravessara e murmurou.

— Isto deve ser muito difícil para você.

— Estar aqui?

— Sim.

— Não. Bem, o encontro inicial que tivemos foi difícil, muito difícil. Pensei que você me odiaria.

Ela se mostrou completamente atônita.

— Por que deveria odiá-lo?

— É muito fácil, Florence. — Um leve sinal de fadiga estampou-se no rosto dele. Florence lembrou-se de que essa fora a primeira coisa que reparou nele, mas que desapareceu ao longo da semana. — Pensei que você me odiaria porque eu sobrevivi, quando seu marido morreu. — Ele a impediu de falar, com um gesto. — Não diga nada, por favor. Agora percebo que se tratava de uma reação típica de refém. Os médicos, filósofos e cientistas que pesquisam esse tipo de situação já investigaram profundamente o que acontece com os reféns. E o que observaram é que há uma raiva intensa, uma terrível sensação de impotência. Você fica oscilando num pêndulo emocional entre a fúria e a incapacidade. Acredite, passei por tudo isso e sei como é. Mas eu também...

— Sim?

— Acabei chegando a um acordo razoável com toda essa experiência infeliz. Algumas pessoas precisam de um pouco mais de tempo para se reajustarem, outras, de menos. E o tempo de um refém independe do tempo real. Talvez porque as pessoas sejam muito diferentes e, portanto, reagimos de maneira diversa às situações. Mas posso afirmar que saímos fortes dessa experiência. Você aprende a gozar a vida de forma que jamais fizera; aprende a dar valor às coisas simples. Vive o dia que tem e aproveita muito mais o que esse dia lhe dá. essa foi a sabedoria que me passaram.

Não foi preciso que William fizesse alusão ao sentimento bom e novo que tinha por ela. Florence sabia disso.

A casa de Richard Blackwell na Beau Square era uma autêntica mansão vitoriana recém reformada por causa da excentricidade do proprietário, que se alinhava a muitas outras do mesmo estilo. Estava situada numa área nobre da cidade, de casas bonitas, e muitas delas eram até mesmo históricas. William observou o local e o viu como uma imensa colônia. Ficava afastada da calçada poucos metros e era orlada por uma grade de ferro batido com as iniciais da família Radcliffe.

A fachada era pintada de amarelo-claro. Azaleias com inúmeras rosas da mesma cor, brancas rodeavam as laterais e seguramente havia magnólias multicoloridas. O cheiro forte e adocicado espalhava-se pelo ar.

— A casa de Eduard fica perto daqui. — Florence comentou. — É do mesmo estilo desta, aliás, é idêntica, a não ser pela pintura, que é branca. As duas casas foram planejadas por pelo patriarca da família. Ele foi um dos mais famosos arquitetos de Malta; também desenhou a Amberes House, onde meus ancestrais viviam, a fundadora de uma dinastia assim dizia o meu avõ, nasceu. Mas isso era somente histórias que ficaram num passado bastante distante.

Florence falava apressadamente. William notou que era um indício de que estava nervosa, e precisava ajudá-la naquele momento.

Ela estava usando um vestido branco, cujo único detalhe era o cinto, que realçava sua fina cintura. Prendera os cabelos num coque e colocara brincos discretos.

William não podia imaginá-la mais bonita do que então e sentiu-se novamente invadido por uma onda de calor que já lhe era familiar. Não seria fácil fingir que ele e Florence eram apenas conhecidos.

Uma empregada, num uniforme impecável, abriu a porta. Florence a cumprimentou com um sorriso.

— Olá, Susete.

— É muito bom vê-la novamente, sra. Radcliffe. — A empregada a saudou.

Eles entraram numa sala de visitas, cujas paredes de um tom cru continham desenhos e afrescos com tinta a óleo. A mobília era uma mistura da época vitoriana e de uma época anterior, e os sofás e cadeiras eram revestidos com um tecido de cetim. Richard, usando um terno creme, que combinava bem com a decoração da sala, veio recebê-los, expansivamente, o mesmo estava usando uma elegante bengala feita de marfim e pequenos rubis que brilhavam por causa da claridade que adentrava pelas janelas entre abertas.

Apertou a mão de William com entusiasmo enquanto expressava seu prazer em tê-lo em casa. Em seguida, voltou-se para Florence, enlaçando-a pela cintura e beijando-a antes que ela pudesse contê-lo. Emily estava muito bonita em um vestido verde claro que enfatizava seus cabelos loiros. Abraçou Florence e então saudou William, apertando-lhe a mão. William percebeu nela o forte sotaque londrino. Havia outras quatro pessoas na sala.

William foi apresentado a Jaxkson Musk, o sócio de Richard, e à sua mulher,Agatha. Musk devia estar por volta dos quarenta e oito anos. Era um homem bonito, com belos olhos azuis e cabelos loiros um pouco grisalhos. Sua mulher era alta e magra, de cabelos e olhos escuros, e falava ainda mais rápido que Florence quando estava nervosa. Como Emily, seu sotaque era muito forte, e William sentia dificuldade em entendê-la em alguns momentos, até que percebeu que a pobre criatura tinha uma certa dificuldade na fala.

Liam Barett, o escritor que estava alugando a casa de Eduard Radcliffe, e sua mulher, Louis, eram o outro casal. Barett estava na casa dos cinquenta e anos, e seus cabelos já estavam grisalhos. Possuía o físico de um atleta, na verdade parecia um lutador de box e um sorriso extremamente simpático. Louis devia ter a mesma idade do marido. Era magra, tinha enormes olhos verdes, cabelos castanhos e um grande senso de humor que acompanhava cada uma de suas palavras. Eles eram Vermont, um ponto mais ao nordeste do país, conhecido por sua paisagem natural, composta principalemnte por florestas, o que agradou a William.

William deu razão a Florence quando serviram o drinque. O coquetel de champanhe estava delicioso, porém, forte. Ele se perguntava se Richard não havia misturado um pouco de vodca. Embora pudesse parecer pecaminoso para um purista conservador como ele afirmava ser, podia, no entanto, ter um efeito determinado, dependendo da motivação. Talvez Ricahrd quisesse ver alguém mais solto e à vontade. Houve duas outras rodadas de coquetel antes que passassem à sala de jantar, um ambiente esplêndido que podia servir de modelo para qualquer loja de decoração ou mesmo um antiquário. Os móveis eram de mogno com detalhes incrustados em prata. Os vitrais eram uma verdadeira preciosidade que despertariam o interesse de qualquer colecionador de artes. O buffet estava magnífico e parecia delicioso. Sem dúvida, Richard e sua mulher viviam muito bem.

Só então William percebeu que Elizabett não estava presente e sequer aparecera.

Começaram a se servir e, então, foram ocupando seus lugares à mesa. Richard passou a encher os copos de vinho, deixando para cada convidado a escolha entre o vinho tinto e o branco. William escolheu um Beaujolais. Emily sentou-se ao lado de William, depois de se servir de uma farta porção de peru defumado.

— Florence me falou que você é uma autoridade em Egito. — Comentou ela, os olhos brilhando.

— Egiptologia é o meu campo para ser mais exato. — Ele confirmou.

— Mas isso é fascinante! — Emily exclamou, entusiasmada.

Seguindo o aparente entusiasmo de Emily, ele começou a falar sobre seu trabalho. Mas percebeu que ela não precisava de muito tempo para perder o interesse e se sentiu aliviado quando Liam Barett veio juntar-se a eles.

Barett estivera no Egito havia muitos anos, de modo que tinham algo em comum.

— Como diversos outros países e cidades pelo mundo afora, a cidade do Cairo também foi agredida pela invasão desordenada de pessoas que migravam para lá em busca de melhores condições de vida. Cada vez que volto ao Cairo, o lugar me assusta mais. Não é apenas o barulho, a sujeira, o cheiro, a poeira, nem mesmo o fato de se poder pegar uma carava quase de graça direto para as pirâmides. Acho que é a superpopulação, que se move num ritmo desenfreado, que me afeta profundamente. Os ataques, roubos e sequestros estão aumentando a cada ano, um verdadeiro horror realmente.

— Eu me lembro! — William disse. — E concordo.

— Se você se sentiu assim quando esteve lá, sentiria muito mais hoje. Enquanto falava, William viu que Richard se aproximava deles.

— Você quer voltar para o Egito? — Richard perguntou.

William sabia o que aquela pergunta continha. richard não fizera referência ao sequestro, mas era nisso que pensava.

— Sim. Na verdade, devo voltar no próximo ano. Foi convidado por um grupo de cientistas e arqueólogos, tudo indica que eles descobriram um novo tesouro arquelógico por lá.

Florence estava conversando com Louis Barett. Durante uma pausa, ouviu o que William disse e seu coração disparou. Ele já lhe dissera que planejava voltar ao Egito, portanto não havia nenhuma surpresa nesse comentário. Ainda assim, era-lhe muito doloroso ouvir isso. Naquele momento, tanto o Egito quanto Londres pareciam ficar a milhões de quilômetros dali.

Os pratos do buffet foram substituídos por uma grande variedade de sobremesas. Depois, o café foi servido em porcelana chinesa. William conseguiu se aproximar de Florence e perguntou-lhe.

— Onde está Elizabeth?

— Emily disse que a filha tinha um encontro com alguns amigos. — Florence respondeu, enquanto se distraía abrindo algumas nozes.

— Você acredita nisso?

— Não sei... — Admitiu ela. — Mas estou preocupada.

Eles permaneceram na sala de jantar.

— Florence, esta é uma situação que você terá de enfrentar. Sei que já pensou nisso, mas...

— O quê?

— Seja qual for a finalidade daquela chave, pode ser que esteja na casa de Beau Square.

— Sim, já pensei nisso. Mas não há nada que eu possa fazer sobre isso.

— Como não?

— Os Barett alugaram a casa por um ano, William. Eles se mudaram para lá em setembro, e o contrato vai até agosto. Louis me perguntou ainda há pouco se eu a alugaria por mais um ano. Ela não tem certeza se poderão ficar, mas é o que desejam.

— E daí?

— Eu disse que alugaria.

— O que isso tem a ver com tentar encontrar o objeto que pode ser aberto com a chave?

Florence se sentiu numa posição desconfortável.

— Enquanto estiverem lá, a casa é deles. William, eu não invadiria a privacidade deles.

— Eu não chamaria isso de invasão de privacidade. — Ele a censurou. — Também acho que sua paz de espírito depende disso. Não há como reencontrá-la enquanto o mistério continuar. E você sabe disso.

— Acho que estamos dando muita importância a essa chave.

— Florence, por favor! — William a repreendeu com voz irada.

Na verdade, desejava sacudi-la pelos ombros. O que ele sentia era que cada vez que o assunto girava sobre a chave, mais e mais obstáculos se colocavam entre ele e Florence. A chave estava crescendo e só havia uma maneira de reduzir seu tamanho. Florence sabia disso tanto quanto ele.

Richard apareceu na porta e, num tom brincalhão, os chamou.

— Estamos pensando em jogar uma partida de croqué no gramado atrás da casa. O que é que vocês acham?

— Brilhante ideia! — William respondeu e virou-se para Florence. — Vamos nos unir aos demais?

Richard já havia se retirado e, então, ela aproveitou a oportunidade e retrucou.

— A última coisa que quero no mundo é me envolver nos torneios de croqué do Richard.

— Venha reunir-se aos outros. — William a aconselhou com um sorriso. — Este é um momento para usar de diplomacia. — Antes que Florence pudesse protestar, ele lhe estendeu a mão. — Vamos? — Repetiu William.

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