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𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 15 - 𝕰𝖓𝖙𝖗𝖊 𝖔 𝕾𝖔𝖓𝖍𝖔 & 𝖔 𝕯𝖊𝖘𝖊𝖏𝖔

William sentiu-se transportado para os diversos países por onde viajou. Sua esposa era uma garota acostumada com o campo, muito simples e sem sofisticação. Ele não estava apaixonado por ela, mas a época estimulava a urgência de viver cada dia o mais intensamente possível. A família dela e dele almejavam ter futuros descendentes o quanto antes, então foi o mais natural acabar se casando para cumprir com os desejos dos outros.Quando soube que ela estava grávida, decidiu se casar, assumindo a responsabilidade por seu ato impensado. A única certeza que tinha era de que amaria seu filho acontecesse o que acontecesse dali por diante.

Ao sentir o olhar intenso de Florence, voltou-se para ela.

— Honestamente, admito que não sei se nós sairíamos bem. Mas acho que com o tempo eu aprenderia a admirá-la; no entanto, jamais sentiria o tipo de amor... — William se calou a tempo de evitar que declarasse definitivamente seu amor por Florence. Substituindo as palavras, ele prosseguiu assustado pela força dos sentimentos que nutria por ela. — O tipo de amor que eu sentiria por uma mulher que tivesse mais afinidade comigo.

— Sentiu esse tipo de amor por sua primeira mulher?

Ele não respondeu de imediato. Rememorou os anos passados na tentativa de formar um retrato de um estranho sonho que teve antes do navio ser sequestrado, uma mulher de cabelos sedolos, loiros como os fios de uma seda, que era bela, leviana, egoísta e olhava a vida como se fosse um romance mal escrito. William tinha certeza que a namoria quando fora convocado para lutar nas Cruzadas, e tinha certeza de que se tornara um personagem do próximo capítulo de seu romance pessoal. Valerie, assim se chama a jovem donzela que assumira o drama de se casar com ele, vê-lo partir para a guerra com um sorriso valente nos lábios e, quando William lhe escrevera convidando-a para passar alguns dias em sua companhia durante uma conquista esmagadora sobre os hereges, acenara-lhe com um pedido de divórcio. Não muito diferente dessa vida na verdade, onde a sua ex-mulher lhe traia da pior maneira possível também.

Na época, William ficara desesperado. Tornara-se extremamente amargo e fizera muitas bobagens em alguns países que estavam trabalhando. Mais tarde, ainda ferido, alistara-se para outra temporada com alguns exploradores que iriam passar um bom tempo no Egito. E a vida prosseguiu seu curso, indiferente aos sofrimentos.

Naquele momento, por mais absurdo que fosse, não conseguia se lembrar das feições de sua ex-mulher. Só então deu-se conta de que Florence esperava por sua resposta.

— Não. Não senti esse tipo de amor por minha primeira mulher. Esse amor requer maturidade.

— Quando olho para trás... — Começou Florence. — Tenho a sensação de que Rick me hipnotizou. Eu era muito jovem e impressionável. Não se esqueça de que meu avô me criou depois da morte de meus pais; tive uma educação à moda antiga. Meu avô era um puritano conservador ao extremo; acreditava em honra e integridade e em todos esses valores formidáveis que não valem mais nada hoje em dia. Creio que ele desafiaria para um duelo aquele que difamasse uma das mulheres da família. Você sabia que o duelo ainda vigora aqui tanto em Cinnamon como em Clove?

A imagem do avô apareceu-lhe nitidamente, e ela sabia o que lhe aconteceria se dormisse com homem antes de se casar. E achava que fora isso que atraíra Ed.

— Richard sabia como eu fora educada e levaria o maior choque de sua vida se eu não fosse virgem, o que eu era, é lógico.

Florence recordou-se de sua noite de núpcias e sorriu vagamente. O esboço de sorriso não passou despercebido para William. Pôde compor a cena de como Radcliffe fizera dela sua mulher e quão pouco prazer lhe dera. Afastou tais pensamentos e disse a si mesmo que o problema era dela.

— Não acredito... — Continuou Florence num sussurro. — Que a culpa do fracasso de um relacionamento seja de apenas um dos envolvidos. Eu e Rick não tínhamos muito em comum. Estávamos em polos opostos, como talvez você, e sua ex-companheira. Às vezes dá para contornar a situação, outras, não. Eu não consegui. Se não fosse o seu trabalho quando você e ela se casaram, ou a tragédia que os envolveu, talvez você...

— Não!... — Ele a interrompeu, bruscamente — Nada seria diferente, com ela ou com qualquer outra!...

William a encarou, surpreso. Com um tom reflexivo, ele acrescentou.

— Sinto-me como um camelo que acaba de ter o dorso aliviado.

— O que quer dizer com isso?

— Bem, a corcova é inegavelmente uma parte essencial para a psicologia do camelo, embora pareça-me desconfortável. Pense num camelo selado que carrega carga infinitamente. Tenho carregado minha carga ao longo dos anos e, de repente, é como se estivesse livre dela. É como se tudo o que lhe revelei estivesse conectado de alguma maneira.

William sorriu com ternura.

— Acho que é você que deveria estudar os mecanismo da mente humana. — Sugeriu ele.

— De jeito nenhum. — Florence retribuiu-lhe o sorriso.

De certa forma, sentia-se também aliviada por ter falado de seu casamento. William a fitava com um olhar incrédulo. Achava que Florence tinha outras barreiras a transpor. E o que ela disse em seguida veio confirmar suas suspeitas.

— Dá para entender agora minha reação diante da chave?

— Se você quer dizer que parecia ter medo de saber o que ela abria, sim, percebi.

— Tenho medo, sim... — Florence confessou — Mas... tenho de descobrir, não é?

Ao retornar à propriedade, Florence deparou-se com um problema inadiável.

Houvera um engano com as reservas e encontrou dois casais sem quarto disponível. Louis havia se esmerado no charme britânico para agradar aos hóspedes, porém Florence se sentiu aliviada por ele não ter o poder de decisão, caso contrário poderia ter tomado a atitude errada. Ela se desculpou profundamente pelo incidente, ofereceu-lhes um drinque e prometeu acomodá-los de maneira conveniente em outro hotel. Sugeriu que voltassem para jantar no restaurante da propriedade, cortesia da casa, naturalmente.

Os dois casais iniciaram uma conversa animada e dividiam seus problemas, embora não se conhecessem. Dirigiram-se juntos para o salão enquanto Florence os observava com um sorriso.

— Talvez tirem algum proveito da situação tornando-se amigos para a vida toda.

— Espero que sim. — Disse Louis e acrescentou, fervoroso. — Nunca fiquei tão feliz por vê-la entrar.

— Você estava se saindo muito bem, só precisa ter um pouco mais de confiança em si mesmo. E claro chegar com antencêndencia as reservas. — Ela o elogiou e passou as coordenadas seguintes para o jovem seguir na carreira que havia sido recém formado.

Florence sentou-se junto ao telefone no escritório e passou a falar com amigos e donos de hotel da região. Clove vivia o pico da temporada, e os hotéis estavam disputadíssimos. Consequentemente, só poderia conseguir quartos mais caros e teria de pagar a diferença. Mas ela não se importava com isso porque, da próxima vez, eles voltariam à Amberes House por causa de sua amabilidade a atenção e, com toda a certeza, recomendariam sua propriedade aos amigos.

Ao voltar para a recepção, ela pensou que jamais seria uma boa pesquisadora da mente humana, mas seria uma excelente diplomata se continuasse no ramo de hotelaria. Sabia gerir uma crise muito bem.

Louis que estava ali, perguntou.

— Conseguiu alguma coisa?

— Sim, mas a que preço! — Respondeu ela, balançando a cabeça. — Louis, diga-lhes que reservei acomodação num hotel de frente para o rio Rose Mary e que os quartos já estão disponíveis. Lembre-os de que os convidei para jantar nosso recém inaugurado restaurante hoje à noite.

Assim que Louis se afastou, ela olhou para o relógio. Ainda não eram quatro horas, o que significava que Elizabeth deveria estar trabalhando. Mais um assunto para resolver, pensou, resignada. Nesse momento, percebeu William sentado junto a uma janela, lendo o jornal. Gostava de olhá-lo sem ser vista.

Embora se sentisse um tanto esgotada pela conversa da tarde, considerou a experiência purificadora. Ainda se sentia culpada, mas falar com William a respeito de um assunto que nunca falara com ninguém, a havia ajudado. e era isso que tentava entender, como poderia ter tanta confiança em um desconhecido assim?

Percebeu, então, que seu sentimento de culpa tinha pouca relação com a decisão de se divorciar. O que a incomodava era o papel que fora obrigada a desempenhar depois da morte de Richard.

Claro que sofrera, mas sofrera como um ser humano, não como viúva e muito menos como a viúva inconsolável que todos pensavam que fosse. Sua experiência conjugal, incluindo a dor pela morte de Richard, fora uma farsa.

Entre todos os amigos, apenas Elmer e Mabel Pondé conheciam a verdade e ficaram do seu lado. Houve momentos que achou que ficaria louca se não fosse por eles. Até que o tempo foi passando e curando as feridas. E, então, William apareceu com a chave.

Florence admitia não ter a mínima ideia do que ela poderia abrir.

Temia que o que quer que abrisse constituísse uma vingança de Richard. Mas tinha certeza de estar enganada. Nunca fizera nada que pudesse provocar tal reação da parte dele.

Quanto a William, ele estava certo quando dizia que nem tudo podia ser mensurado. Tampouco era possível explicar por que só de olhá-lo se sentia arrastar por emoções incontroláveis e desconhecidas. Não gostava da ideia de que havia algum tipo de energia emanando deles, pois o conceito lhe parecia vulgar demais e quem seria o louco de acreditar em algo que nem a lógica e muito nemos a ciência poderia explicar. Contudo, tinha de admitir que havia algo especial entre eles, e isso a assustava.

Era até fácil dizer para si mesma que era uma mulher passado pelas primaveras de seus poucos anos que finalmente, depois de tantos anos, voava com suas próprias asas e deveria ser capaz de lidar com essa emoção sem se machucar. A essa altura da vida deveria estar preparada para ter um caso amoroso sem deixar que o mundo desmoronasse por causa disso. No entanto, perguntava-se se seria capaz de ter um caso com William, despedir-se dele e vê-lo partir para Londres enquanto ela continuaria tocando o seu hotel.

Florence sabia que nunca dera a homem algum nem um terço do que tinha dentro de si. E pressentia que se entregaria a William por completo. Com ele não haveria como se refrear, e ela tampouco queria isso. Mas, quando ele partisse, iria se sentir como um poço vazio que só ele poderia abastecer. Nunca pensara dessa forma antes, mas acabava de chegar à conclusão de que era mulher de um homem só, e esse tipo de dedicação era perigoso. E mesmo que os tempos estejam mudando a sociedade em si já cobrava coisas impossíveis das mulheres serem ou fazerem.

William ergueu os olhos e deu com Florence observando-o. Àquela distância não podia ver-lhe a expressão do rosto claramente, mas percebeu que era intensa.

Viu que Seymour voltou para a recepção e começou a conversar com Florence e só interromperam o diálogo quando o telefone tocou. Seymoour se precipitou para atendê-lo, pois Louis estava veriifcando o restaurante. Florence deu a volta no balcão e caminhou em direção a William. Quando ele ia se levantar, ela o conteve com um gesto.

— Não, por favor, fique onde está. — Florence sentou-se na poltrona ao seu lado, suspirou e comentou pausadamente. — Às vezes a vida parece ser uma sucessão de problemas.

— O que houve agora?

— Como você sabe, Louis e Seymour vieram trabalhar mais cedo hoje, senão não haveria ninguém na recepção pela tarde e nem para fazer as diversas verificações necessárias antes da abertura do restaurante. Elizabeth saiu mais cedo e estou começando a sentir necessidade de mais gente aqui, principalmente depois da reforma e expansão de alguns setores no segundo andar. Não vou poder contar com Elizabeth por muito tempo, e o cargo dela é importante.

— Não pode conversar com ela?

— Não adiantaria... — Confessou Florence. — Lá vou eu de novo!

— Aonde vai?

— Foi uma frase de retórica. Quis dizer que de novo venho eu incomodá-lo com meus problemas.

— Não precisa se sentir mal por isso. Partilhar é importante, Florence. Não creio que nenhum de nós tenha tido muitas pessoas à nossa volta com quem pudéssemos dividir nossos problemas. Pelo menos comigo tem sido assim. Estou supondo que com você tenha acontecido o mesmo, mas posso estar errado.

— Não, não está enganado, ao contrário.

— Bem... acho que somos do tipo estoico e não creio que seja sinal de fraqueza admitir que é bom partilhar. Não há por que carregar toda a carga sozinho.

— A história do camelo? — Relembrou Florence, com um sorriso nos lábios.

— Exatamente. Foi bom para mim ter conseguido falar de meus relacionamentos anteriores. Assim como gostei que você tenha feito suas confidências. Agora, não hesite, se há algo que eu possa fazer para ajudar...

— Isso é uma obstinação!... — Ela o interrompeu, rindo. Olhou ao redor e completou. — Sabe, adoro este lugar, mas às vezes ele se torna sufocante demais para uma mulher. Neste exato momento gostaria de estar perambulando pelso arredores das outras cidades vizinhas com você.

— Não me tente. — William sorriu e viu o rubor colorir a face de Florence.

Ele a achava muito bonita e reconhecia um certo charme na falta de jeito dela em alguns momentos. Ela lhe contara que o avô a tinha criado à moda antiga. Gostaria que o velho ainda estivesse vivo para poder cumprimentá-lo pelo bom trabalho que fizera.

— Não estou sugerindo que voltemos à perambular pelas cidades vizinhas imediatamente, não que eu não quisesse. Mas você não gostaria de dar uma escapulida pelas proximidades?

— Adoraria... — Respondeu Florence com sinceridade. — Mas não posso. Preciso ajudar Louis, pois ele está sozinho. Sei que é extremamente capaz, mas não pode desempenhar duas funções ao mesmo tempo. Ademais, tem cuidado de praticamente tudo, hoje. Não é justo que eu exija que ele leve o dia todo assim.

— Você tem razão.

— É, acho que tenho. De qualquer modo, não consigo conversar com naturalidade aqui.

Florence estava para sugerir que fossem para o seu aposento. Poderiam tomar um drinque, pedir algo para o restaurante se ele quisesse jantar em sua companhia. Entretanto, não confiava em si mesma para ficar a sós com William, pois o desejo que a invadira a poucos dias voltaria a tomar conta de seu ser. A diferença era que dessa vez não haveria intrusos para interrompê-los. William desviou suas fantasias quando falou.

— Florence, Seymour está tentando chamar sua atenção.

Ela olhou para a recepção e viu um homem grisalho e alto que parecia esbravejar com Louis e Seymour. Diante do olhar significativo que Seymour lhe lançou, Florence se levantou, decidida.

— Parece que temos problemas novamente. Com licença, William.

Ele a observou enquanto se afastava. Florence se aproximou da recepção, e a expressão irada do homem grisalho foi desaparecendo à medida que ela lhe falava. Ao vê-la atrás do balcão, William resolveu deixá-la por algum tempo. Foi para o seu próprio aposento, vestiu o agasalho e saiu para uma caminhada mais robusta pela cidade. Pela próxima hora tentaria fazer com que o esforço físico subjugasse sua mente enquanto mergulhava no ritmo pacato e constante da cidade turística.

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