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Introdução


"Descendente ou reencarnação? As teorias são muitas. Dizem que quem cruza os portões da mansão Valachius nunca mais volta a ser o mesmo. O homem que mora lá é um fantasma de outra era, dizem as velhas histórias, um descendente direto do próprio Drácula. Mas não são apenas lendas, disso tenho certeza. Eu vi os olhos dele. Não eram humanos."

Ágata sorriu enquanto passava os olhos pelas páginas amareladas do jornal local. Jornalistas tinham uma tendência a exagerar, pensou ela. Seus olhos verdes, sempre atentos aos detalhes, estavam imersos na leitura quando o táxi em que viajava freou bruscamente. Um animal selvagem, talvez uma raposa ou um cervo, cruzou o caminho do carro, fazendo com que o motorista soltasse um palavrão e ela quase fosse projetada contra o banco da frente.

Ela soltou um suspiro, distraída. Mas, como seu pai costumava dizer, não se deve conceder duas chances a maus presságios. Assim, decidiu pagar o motorista com algumas notas e descer do táxi.

Sentiu-se aliviada ao abandonar o banco traseiro do automóvel.

A cidade ao redor parecia estar em paz; o canto dos pássaros era a única música que preenchia o ar. Ágata caminhava sem pressa, absorvendo o cenário — as fachadas coloridas e humildes das casas, as ruas estreitas que pareciam tirar-lhe do tempo presente e transportá-la a uma outra era. A cidade litorânea, quente e úmida, era mais simples do que a sua, mas de alguma forma isso a fazia se sentir mais conectada, mais viva. Pensou no que acabara de ler no jornal: Quem teria inventado a lenda de Drácula nesse lugar tão acolhedor certamente odiava os moradores. 

O pensamento a intrigou, despertando um desejo inusitado de visitar a mansão de Valachius, não apenas para registrar em seu diário de viagens, mas também para desmascarar as mentiras de quem espalhara aquela história.

Ágata caminhou até chegar a um ponto de ônibus, onde subiu e se sentou no banco, seguindo em direção ao topo da colina que cercava a cidade de Zarvela. Quando chegou à próxima parada, desceu e caminhou mais alguns metros, subindo pela escadaria de madeira iluminada por postes com lamparinas, que balançavam suavemente com a brisa. À medida que subia, o vento, que parecia se intensificar a cada passo, a envolveu, provocando-lhe um arrepio. Seu vestido bege até os joelhos, liso e florido, dançava ao ritmo da corrente de ar, como se tivesse vida própria.

Ao alcançar o topo, seu coração disparou de alegria. Aproximou-se do cercado de madeira, acima das rochas, e estendeu os braços, gritando para o céu, sentindo-se como uma gaivota acompanhando uma caravela. Foi então que se lembrou do artefato que seu pai lhe deixara, guardado dentro da bolsa de couro mostarda que carregava. Ela afastou o diário, o sobretudo de linho dobrado, o estojo de lápis coloridos, os cadernos de desenhos, e tirou de sua bolsa a pedra oval que Harrison, seu pai, guardara por toda a vida e lhe entregara como uma despedida.

Ágata sorriu ao tirar a pedra da bolsa. Seus olhos verdes brilharam ao admirar a superfície branca com pequenos fragmentos cinzas. A pedra era comum, mas estivera com seu pai em suas descobertas mais inusitadas, e agora ela a transformara em um colar.

— Este lugar, pai... é como você — disse Ágata, erguendo o colar, deixando a pedra balançar diante de seus olhos, como se fosse a curiosidade eterna de Harrison. — Eu me sinto em casa, e decidi deixá-la aqui, com a melhor vista de todas as viagens que fizemos juntos.

Harrison havia lhe dado as passagens para Zarvela, mas não conseguiu acompanhá-la. Enquanto voltava para casa após uma viagem de trabalho, o avião em que viajava caiu, deixando-o gravemente ferido. Foi hospitalizado, mas apenas teve tempo para ver Ágata mais uma vez, antes de lhe entregar a pedra de seu bolso.

Ágata ficou por um momento olhando para a pedra oval em sua mão. Mas, com um impulso de coragem, ela enrolou o colar no cercado várias vezes e fez dois nós bem firmes.

— Você sempre me disse que não podemos viver na sombra de ninguém, apenas contando os dias. Uma hora teremos que ter coragem e partir. Acho que já sabe o que estou tentando dizer... Seu corpo foi para a terra, mas seu espírito está preso a mim, pai. E hoje, estou o libertando. Mas não vou jogá-lo longe. Vou deixar seu espírito descansar com essa vista maravilhosa. Seu legado ficará comigo, no meu coração. Mas não posso continuar viajando e colecionando antiguidades como você. Não posso ser sua sombra, assim como você não pode ser a minha — disse ao vento, sentindo que ele estava ouvindo suas palavras.

Ágata piscou várias vezes para impedir que as lágrimas brotassem. Pegou sua câmera fotográfica, de um modelo pequeno e leve, e tirou uma foto da paisagem, capturando também o colar no cercado.

— Descanse. Um dia, irei a seu encontro.

Afastando os pensamentos de pegar a pedra para si, Ágata se distanciou da margem e olhou ao redor, percebendo que um outro caminho, oposto à escadaria de madeira, contornava a colina. Ela refletiu por um momento, indecisa entre voltar ou seguir em frente. Porém, seu espírito aventureiro falou mais alto, assim como a ventania que se fez mais forte, balançando seu cabelo longo e ruivo, até que, quase sem pensar, ela correu em direção à estrada de pedras de calcário.

O sol não estava tão quente, mas suas bochechas brancas coraram e o verde de seus olhos se intensificou. Contornou a colina, chegando a um local cercado por árvores, que se acumulavam a cada passo. Seus calcanhares doíam de tanto tempo em pé, mas ela se concentrava em capturar fotos de pássaros em seus ninhos e das copas das árvores contrastando com os raios dourados do sol. 

Tivera a sorte de capturar o exato momento em que um esquilo entrou em sua toca, dentro de uma árvore. 

Ágata estava desenhando um retrato vivo da floresta em seu caderno, quando percebeu que o amarelo do sol havia se transformado em um cinza suave. Era um sinal claro de que a noite estava prestes a cair.

Vinte e quatro anos e ainda tão distraída. 

Rapidamente, ela recolheu os lápis espalhados sobre o seu sobretudo de linho marrom-claro, que usara para forrar a grama. Guardou o caderno e vestiu o casaco, buscando se proteger da brisa que agora ganhava força.

De repente, a escuridão da noite parecia engolir a floresta, apagando toda a sua vertigem e alcançando os pés de Ágata, até envolvê-la por completo. Sem pensar muito, ela vasculhou a bolsa em busca do celular e, com um toque apressado, ativou o flash. A luz cortou a escuridão, revelando a dança dos galhos ao vento e o som insistente de grilos e cigarras que preenchia o ar.

Mas algo mais chamou sua atenção. 

Seu corpo enrijeceu quando notou o brilho de dois olhos fixos nela, como brasas vivas no meio do breu. Antes que pudesse reagir, o lobo deu um passo à frente, emergindo das sombras. Seus caninos reluziam à luz do flash enquanto o rosnado grave e ameaçador reverberava no ar, cada vez mais próximo.

Ágata recuou instintivamente, seus passos hesitantes esmagando folhas secas no chão. Mas o animal a seguia, seus olhos nunca desviando. "Lobos?", pensou, o coração martelando no peito. "Mas o site da cidade de Zarvela garantiu que aqui era livre de lobos!" A ironia da situação a atingiu como um soco. "Enganada... vou morrer aqui, sem nem investigar a fundo a lenda da Mansão Valachius."

Suas mãos tremiam tanto quanto suas pernas, mas seus olhos permaneciam fixos na criatura. Não piscou, não ousou desviar o olhar.

Ágata levou a mão ao colar em torno do pescoço, envolvendo a pedra de ágata rosa entre os dedos trêmulos. Lembrou-se das palavras de seu pai, que acreditava no poder protetor e no amor incondicional que aquela pedra carregava. Era por isso que ele a havia dado a ela, como um escudo contra os perigos do mundo.

Mas agora, ao ver os olhos ferozes de mais lobos emergindo das sombras, um após o outro, formando uma alcateia pronta para atacá-la, ela sentiu sua crença vacilar. De que adiantava acreditar em proteção, se seu fim parecia inevitável?

No instante em que os lobos avançaram, algo inesperado aconteceu. Uma névoa branca e espessa surgiu do nada, envolvendo os animais e o ambiente ao redor. Ágata caiu para trás, enquanto a figura de um homem alto surgia diante dela, posicionando-se como um escudo entre ela e os predadores.

Antes de entender o que estava acontecendo, foi tomada pelo perfume masculino, cítrico e marcante, que preenchia o ar. Sua respiração ficou presa no peito enquanto seus olhos captavam cada detalhe da figura à sua frente: botas de couro pretas, uma calça de couro justa que acentuava sua postura firme, e uma camisa de linho branca de mangas longas, despretensiosamente aberta nos pulsos.

Ele não se virou para ela, não deu sequer um olhar de soslaio. Seus cabelos longos e acastanhados dançavam com a brisa, como se a própria névoa fosse cúmplice de sua presença. Mesmo sem ver seu rosto, Ágata não conseguiu conter a curiosidade — quem era aquele homem, tão estranhamente atraente e envolto em mistério?

Sua presença emanava força e poder, e, por mais assustadora que fosse a situação, ela sabia que aquele era o homem que estava ali para salvar sua vida.

Ágata tentou firmar os pés no chão, mas o medo fazia suas pernas fraquejarem. Quando os lobos avançaram novamente, ela sentiu o desespero tomar conta de seu corpo. Porém, antes que o pior acontecesse, a névoa ao redor se intensificou, parecendo viva, como se tivesse vontade própria.

Os lobos, antes tão determinados, começaram a emitir sons agudos, como se algo invisível os estivesse ferindo. Um a um, recuaram, uivando de dor, até desaparecerem na escuridão da floresta.

Ágata caiu de lado na grama, a visão embaçada pela névoa e pelo cansaço. Seu peito subia e descia rapidamente, enquanto o cheiro cítrico e intenso daquele homem ainda pairava no ar. Ela tentou focar nos contornos da figura diante dela, mas seus olhos esverdeados, pesados pelo cansaço e pelo medo, não conseguiam mais se manter abertos.

Antes de fechar os olhos completamente, ouviu passos leves aproximando-se. O som ecoava como uma melodia calma, quase protetora.

E então, tudo se apagou.

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