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Capítulo 6 - Corações em Tempestade

Sr. Arlo havia trazido uma taça de vinho quente para Ágata, um vinho puro, sem o toque amargo do sangue humano. Naquele momento, ela estava sentada na única poltrona da sala de reuniões da mansão de Octavian, com uma toalha pesada e aconchegante envolvendo seu corpo ainda molhado. Tremia de frio, os lábios, antes vivos, pareciam agora apagados, como um bloco de gelo.

Tomava o vinho devagar, os dedos trêmulos envolvendo a taça enquanto os pensamentos vagavam para o que havia acontecido minutos antes. Se Arlo não tivesse surgido com o guarda-chuva, insistindo para que ela voltasse, teria realmente deixado aquela mansão para trás. 

"Eu fiquei apenas porque Arlo implorou. Octavian... Ele é mesmo um vampiro, ele me provou isso. Mas, se for assim, isso não justifica me tratar como se eu fosse um problema." A frase martelava incessantemente em sua mente, junto a outra dúvida que não conseguia ignorar: "Se estou certa... Julian aparecendo no escritório como uma assombração... aquilo é um dos poderes de Drácula. Então, Octavian seria o próprio Drácula? Não, não pode ser. Nos filmes é tudo tão diferente..."

— Eu trouxe a sopa de ontem à noite — anunciou Arlo, entrando com passos silenciosos na sala. — Espero que ajude a senhorita a se aquecer. Sinto muito por não ter uma refeição mais digna para alguém tão corajosa como você.

Ágata aceitou a tigela com cuidado, evitando queimar os dedos, e soprou o vapor antes de levar o caldo quente à boca. O calor reconfortante percorreu sua garganta, embora não fosse o bastante para aquecer a tempestade dentro dela.

— Às vezes... eu queria ser menos corajosa — murmurou, com um sorriso pequeno, mas carregado de tristeza.

Arlo endireitou a postura, ajustando as mãos atrás do corpo antes de responder com sua voz calma e profunda.

— Nem todos compreendem a coragem, senhorita Ágata. Para alguns, ela parece apenas teimosia ou imprudência. Mas a senhorita nunca deve se diminuir por ser quem é.

Ela abaixou a tigela lentamente, os olhos estreitando-se um pouco, como se processasse cada palavra.

— Fala isso porque eu fiquei, não é? Mesmo depois de ser perturbada pelo seu senhor. — A voz dela carregava um misto de desafio e exaustão.

Arlo manteve-se inabalável, mas algo em sua expressão suavizou-se, quase como se um sorriso discreto ameaçasse escapar. Ele a observou se levantar da poltrona, ainda segurando a tigela com firmeza, a toalha pesada escorregando suavemente de seus ombros.

Ágata caminhou pelo espaço amplo da sala de reuniões, os passos suaves ecoando no silêncio. Seus olhos vagaram pela mesa antiga de madeira escura e comprida, ladeada por nove cadeiras altas e imponentes. O único objeto sobre a mesa era um vaso preto de porcelana, as flores que o preenchiam estavam murchas e secas, uma imagem solitária que parecia carregar o peso de um tempo esquecido. Próximo à mesa, o tapete retangular vermelho servia como base para a poltrona onde antes estava sentada.

Foi então que algo chamou sua atenção: uma pequena mesa quadrada de vidro escuro, quase invisível no ambiente. Sobre ela, repousavam dois livros de capa dura. Ágata aproximou-se, inclinando-se para examinar as capas desgastadas.

— Livros sobre vampiros — respondeu Arlo, quebrando o silêncio, como se lesse sua curiosidade. — Meu senhor os lê para se divertir. Confesso que acho curioso ele se interessar tanto pelo ponto de vista dos humanos.

"Imagino que ele considere um exagero como os vampiros são retratados nesses livros. Deve ser incômodo ser visto apenas como uma criatura que bebe sangue..." pensou Ágata, passando os dedos pelo canto de um dos volumes.

Ela se virou bruscamente, a pergunta escapando antes que pudesse refletir:

— E você... também é um vampiro?

Por um instante, a sala pareceu se esvaziar, mas a voz serena de Arlo surgiu do arco da porta, onde ele agora estava parado.

— Sim, eu sou — respondeu calmamente, com a mesma compostura impecável. — Mas não precisa se preocupar, senhorita. Não bebemos sangue de pessoas como você.

Ágata encarou-o, confusa, os olhos estreitando-se em desconfiança. Juntou as mãos, os dedos inquietos roçando um no outro. "Isso explica como ele se locomove tão rápido... e como sempre aparece do nada."

— Se não deseja o meu sangue, então por que insiste em me manter aqui, senhor? — perguntou, a voz carregada de desconfiança. Colocou a tigela vazia sobre a mesa e encarou o mordomo, buscando respostas. Sentia o frio se dissipar de seu corpo conforme os minutos avançavam, mas o desconforto em sua mente permanecia.

— Sei que está confusa — começou ele, a voz tão polida quanto suas palavras —, mas Octavian queria que a senhorita ficasse aqui por um motivo que, infelizmente, não posso revelar. Peço desculpas.

— Ele quer minha presença? — rebateu Ágata, uma risada amarga escapando de seus lábios. — Não... isso é mentira, senhor.

Ela deu um passo em direção a ele, o tom ácido de sua voz cortando o ambiente como uma faca.

— Octavian entrou na minha mente. Fez-me ver o meu ex-noivo... Julian. Ele tentou me amedrontar, me destruir, para que eu desaparecesse daqui. Tudo isso porque o desafiei.

Arlo olhou para baixo por um instante, o silêncio pesado entre eles preenchido apenas pelo som da chuva batendo contra as janelas. A fala de Ágata ressoou em sua mente, encontrando eco no que ele mesmo começava a questionar. O comportamento de seu senhor, por mais intransigente e sombrio que fosse, parecia... desesperado.

"O que Octavian está realmente tentando fazer?"

As palavras ditas no escritório soaram agora mais contraditórias em sua mente: "Dei a ela uma dose do meu sofrimento." Arlo acreditava que Octavian não queria, de fato, torturá-la daquele jeito. Não era isso que vira nos olhos de seu senhor quando ele a observava, imóvel, da janela. Era outra coisa — algo que ele ainda não estava pronto para admitir nem a si mesmo.

— Não entendo por que ele faz isso — murmurou Ágata, com o olhar perdido, os ombros curvados como se o peso dos acontecimentos a esmagasse. — Não sou uma ameaça para ele. Não pedi nada disso.

Arlo endireitou a postura, a expressão séria mas branda, como alguém que, por mais que não tenha respostas, deseja oferecer consolo.

— Senhorita Ágata — começou ele, escolhendo as palavras com cuidado —, o que o senhor Octavian fez é, sim, difícil de compreender... até para mim. Mas o senhor tem suas razões. Mesmo que elas sejam duras demais.

Ágata se virou para ele, os olhos verdes queimando com um misto de mágoa e indignação.

— Razões? — repetiu, quase cuspindo a palavra. — Então me explique, senhor. Que razões justificam me humilhar? Que razões justificam invadir minha mente e me forçar a reviver o meu passado?

Arlo abriu a boca para responder, mas fechou-a novamente, a expressão triste de quem entende mais do que pode revelar.

"Octavian está tentando conhecê-la. Da maneira dele." Concluiu.

Octavian resmungou, a voz baixa ecoando pelo banheiro como um sussurro solitário:
— Por que continuo pensando nisso? Eu deveria simplesmente ignorar que Arlo a buscou na chuva e a trouxe de volta para dentro da minha mansão. Preciso ignorar...

A cena retornou, nítida como um espelho cruel. Ágata ajoelhada sob a tempestade, a pedra preciosa em suas mãos trêmulas, o rosto voltado para a janela de seu escritório. Os olhos dela — tão carregados de fragilidade e desafio — pareciam mirar diretamente os seus, enquanto Arlo se aproximava com o guarda-chuva preto, salvando-a. Como se ela importasse para ele.

A raiva cresceu em seu peito. Ele estreitou os olhos, o tom grave reverberando em meio ao silêncio frio:

— Como ele ousa me desobedecer? A escolha de deixá-la partir foi minha!

A água fria da banheira reluziu sob a luz bruxuleante das velas, mas o frio nunca o tocava. Nem poderia. A pele de Octavian, resistente e pálida, era como mármore — impenetrável ao toque do inverno, incapaz de sentir o calor da vida. Apenas o sol poderia destruí-lo e uma estaca em seu coração.

Ele fechou os olhos e passou as mãos molhadas pelos cabelos negros, o peso das lembranças afundando-o ainda mais. "Arlo está apenas usando ela... usando aquela humana... para tentar me arrancar do abismo em que caio a cada dia. Mas é inútil. Eu mesmo já tentei e falhei. Como eles teriam esse privilégio?"

Octavian se ergueu lentamente, a água escorrendo por seu corpo como finas lâminas prateadas. O peito amplo, marcado e masculino, subia e descia com a respiração firme. Cada linha de seu corpo era uma escultura — uma beleza mortal que contrastava com a escuridão de sua alma. "Eu não deveria ter lido os pensamentos dela... Proteção? Eu não preciso de nada que os humanos precisam, Ágata."

Parou diante do espelho. Olhou, mas não se viu. Apenas o vazio. Um reflexo ausente, já que era um vampiro.

— Eu não existo nem para mim mesmo... — murmurou, a voz tomada por uma amargura antiga. — Por que eles se importam tanto se escolho abraçar a morte?

Seu olhar permaneceu fixo no vidro negro e silencioso, como se buscasse uma resposta que não existia. Porque, afinal, monstros não têm respostas.

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