Capítulo 8 - Em Família
48 minutos foi o tempo que demoramos para chegar na casa dos meus avós. Sei disso pois a última mensagem que enviei ao Erik – perguntando se ele já estava acordado – foi no exato momento em que meu pai arrancou com o carro. E ele ainda não respondeu.
Suspiro voltando a passar as alças da minha mochila pelos meus ombros. Meu pai chegou o carro e então andamos em trio até a porta principal, saindo da área da gigante da garagem, que foi aberta por um dos meus tios-avós que eu não via há anos.
— Bom dia, tio Cléber — minha mãe cumprimenta o abraçando.
Meu pai acena e eu faço o mesmo, abrindo um meio sorriso. Para falar a verdade eu nem lembro da última vez que vi o tio Cléber, talvez fosse nova demais para recordar. Apenas sei que ele ainda mora aqui, com a irmã e o cunhado, desde que perdeu a esposa para uma doença terminal; eu nunca cheguei a conhecê-la e eles não tiveram filhos. No início do ano, quando eu passei um tempo aqui, ele estava viajando a trabalho ou algo do tipo.
— Sabrina! Como você cresceu! Eu te carreguei no colo, garota, e olhe para você, já é quase uma adulta.
Não exagera, tiozão, só temos 14 anos! Consciência tem vontade de falar, mas eu a impeço. Ela está no controle de muitas partes das minhas ações, no entanto, eu ainda tenho certo poder sobre mim mesma. Sim, isso é bem estranho. Sorrio, fingindo concordar com Cléber, com um aceno de cabeça.
— Oi, tio.
Péssima ideia te deixar no controle! Penso, seguindo para dentro da casa espaçosa.
Relaxa, eu só estou aquecendo!
Continuamos andando e passamos pelas portas duplas de vidro da parte da frente, onde jaz um jardim bem cuidado, com variadas flores. Querendo ou não, tenho que admitir que minha avó sempre foi cuidadosa com suas coisas.
Entramos primeiro na sala de estar. Não há ninguém, tudo está bem arrumado ali. Sofá de canto, TV de plasma, alguns vasos de flores pequenas, tapete e as janelas grandes sempre abertas. Com exceção da TV, tudo ali é antigo e cheira a Lustra móveis. Meu nariz se enruga enquanto sigo meus pais e meu tio para os outros cômodos.
À minha direita está o corredor dos quartos, com as paredes em um tom de pastel e o chão de madeira. Aqui também era a casa dos minhas bisavós, que tiveram oito filhos, por isso havia um número considerável de quartos até a casa ser passada para meus avós, por meio de um sistema maluco de herança, pois nossa família não era lá muito rica, e nem é.
À nossa esquerda, a sala de jantar e um banheiro social. Andamos mais um pouco mais e chegamos à cozinha, onde uma senhora baixinha de cabelos completamente esbranquiçados mexe uma grande panela. Minha adorável avó Edna.
— Edna, eles chegaram! — meu tio anuncia com uma cordialidade desnecessária. Sério, quem ainda fica anunciando a chegada das pessoas em pleno século XXI. E sim, isso é a Consciência no controle do todo.
Minha avó se vira e vai inicialmente abraçar minha mãe, após abaixar o fogo sob a panela. Em seguida, ela passa seu olhar do meu pai, onde suas íris mostram uma espécie de contentamento, sempre adorou o genro bem sucedido em seu ramo de trabalho.
E enfim seus olhos esverdeados, parecidos com os da minha mãe, que eu não herdei, caem sobre mim, carregando consigo uma expressão risonha, no entanto, com uma linha tênue com o desdém ou indiferença. Ela sabe que eu ainda sinto mágoa por tudo aquilo que aconteceu, e Dona Edna ainda acha que eu estou errada por ir contra sua vontade e suas decisões.
— Ricardo, querido, como você está? — Ela abraça meu pai, e eu arredo para o lado, cedendo espaço.
Minha vontade é de ignorá-la, nem ao menos queria estar aqui, bancando a netinha feliz.
Sinto meu celular vibrar no bolso da jaqueta e o pego de imediato. Vejo o nome do remetente da mensagem no ecrã e abro um meio sorriso, contudo, preciso guardar o celular mais uma vez porque minha avó já está diante de mim. Merda! Você terá outra chance de contar sobre você, Consciência!
— Sabrina, minha neta — Suspiro quando ela me abraça.
Suas mãos passam pelas minhas costas enquanto as minhas chegam em seus braços, a puxando para mim. Apesar de tudo que ela fez, eu ainda a amo como minha avó e ainda aprecio seu carinho contido comigo.
— Oi, vó.
Comprimo meus lábios e apenas os cantos deles se erguem. Ela se afasta e segura meu rosto com uma das mãos, e então sorri, como minha mãe, me avaliando sempre.
— Coloquem suas coisas no seu antigo quarto, Gisele. Seu pai foi comprar algumas coisas para o almoço. — Se volta para minha mãe, apenas com o rosto, pois ainda me segura. Então retorna para mim, com resquício do olhar caloroso que cedeu a minha mãe. — Você, Sabrina, guarde suas coisas no quarto ao lado, onde está seu irmão.
Ela finalmente me solta e eu quase corro para o corredor, em direção aos quartos. Sinto vontade de revirar os olhos; minha avó age como se mandasse em nós, sempre dizendo para fazermos aquilo e isso. Calma! Bufo para Sabrina, dando pitaco nas minhas horas de controle!
Pois é, o jogo muda quando a Consciência está no controle. Eu fico por conta dos pensamentos e a maioria das ações é com ela.
Ninguém quer saber disso, Sabrina!
Passo pela porta de madeira escura e encontro Eduardo jogando numa tablet em uma cama no canto, abaixo da janela alta. Ao seu lado está um primo de segundo grau, de uns 13 anos, cabelos encaracolados e nariz grande, provavelmente está esperando sua vez de jogar. Resolvo chamar ele de Primo 1, já que uma coisa que não me falta é primo e eu nem lembro o nome de todos.
— Oi, meninos — cumprimento e jogo minha bolsa na outra cama, pulando nela logo em seguida. Eles me olham e depois voltam as atenções para o aparelho.
Enfim pego meu celular mais uma vez e desbloqueio. Há uma mensagem do Erik, além de uma centena do grupo. Pergunto-me se esse povo não dorme.
[Erik]
Erik: Ainda é cedo, mas sim, já estou acordado. Algo me fez voltar a ter vontade de compor.
Sasá: E o que você compõe? ^^
Erik: Alguns poemas, músicas, crônicas de uma página, mas nada extraordinário. E não, eu não consigo mostrar para ninguém.
Sasá: E por que não?
Erik: Não acho que valha a pena. Nunca parece realmente bom.
Sasá: Acredite em si mesmo. Conheço você o suficiente para saber que não faz algo ou insiste em algo que não valha a pena. Você me disse isso.
E ele disse mesmo, quando estávamos entre mensagens dizendo nossos memoráveis gostos e desgostos. Erik afirmou que vai até o fim por coisas em que acredita e eu acreditei nele naquele momento. Ele não era apenas o garoto que podia ser real ou não do outro lado da tela do meu celular. Ele era um novo amigo, com quem, em pouco tempo, eu aprendi a dividir algumas coisas minhas. E ouvir tudo que ele contava de si. Ou melhor. Ler o que ele escrevia para mim em pequenas mensagens.
Erik: Talvez você esteja certa. Além de já parecer saber mais de mim do que eu mesmo, em o quê? 36 horas?
Sasá: Não sabia que você era de exatas, mais um dos segredos guarda?! Hahaha! E as melhores amizades surgem do nada. É o que dizem, pelo menos, hahaha.
Erik: Várias coisas surgem do nada, se forem as melhores, gosto de pensar assim para nossa amizade. E não tenho tantos segredos assim, você tem?
Sasá: Tenho um, mas talvez seja muito louco para contar e você ainda me deve um, de ontem, já que contei da minha fobia! Talvez, também, eu saiba muito de você ou só sei o que você quis me contar. E isso ainda te deixa exposto, de algum modo.
Sasá: Estou quase agindo como minha mãe! E pior tentando avaliar quem está há quilômetros de distância de mim. Isso soa fantasioso, né?
Acabo tendo que largar meu celular ali quando ouço minha mãe me chamar. Meu avô chegou, junto com mais alguns irmãos dele que eu sequer lembro os nomes. Eu sou totalmente péssima com isso.
Ei! Eu sou boa com nomes!
Shiiiu, Sabrina.
Cumprimento todos de maneira calorosa – tudo bem, nem tanto. Já estou começando a ficar farta daquelas frases comum de "como você cresceu" dos meus tios ou "e os namoradinhos?" das tias. Questiono-me mentalmente se tios e tias são como mães: iguais, mudando apenas de casa.
Meus primos mais velhos e novos também chegaram com eles, no entanto, foram direto para a piscina que tinha nos fundos da propriedade ou para um dos quartos se enfurnar em uma jogatina. Algumas pessoas estão na cozinha – aliás, a comida do almoço está cheirando muito bem – ou assistindo TV na sala.
Pego um livro de poemas que estou lendo atualmente, meu fone e meu celular e sigo para a área próxima da piscina, e onde se encontra a churrasqueira e o fogão à lenha, local que minha avó usa nessas ocasiões.
Sento-me em um sofá de pallet com várias almofadas coloridas sobre. Tudo ali é vibrante e colorido. Meu celular vibra, e eu o pego no ato.
Pipipi... [Mensagem de Erik]
Erik: Se parecer com sua mãe não é fantasioso. Fantasioso seria te imaginar comigo, sorrindo envergonhada.
Erik: Quer dizer, não que eu esteja imaginando isso. Não muito.
Erik: Não me ache louco, por favor 'kkkk, tenho que ir ajudar minha mãe com algumas coisas. Até qualquer hora, Leta.
Erik: E sobre segredos, já dizia Albert Einstein: "A coisa mais bonita que podemos experimentar é o mistério...". Lembra que o citei quando questionou porque eu não possuía foto de perfil?
Abaixo minha cabeça e faço como fazia quando era pequena; escondo-me sob meus cabelos cacheados e longos. Um sorriso involuntário nasce nos meus lábios e é quase certo que meus olhos estejam sorrindo estridentes também.
Sinto-me intimidada a responder, porém não o faço de início. Não quero demonstrar de cara minha timidez assim, afinal, ele apenas falou algo que qualquer amigo virtual falaria, certo?
Sinceramente, não sei. É estranho te ver tímida, Consciência!
Oras! Nunca tivemos um amigo virtual, e os amigos reais são mínimos.
Resolvo digitar apenas uma despedida, na torcida para que ele me chamasse outra hora, seja lá para qual outro motivo. Sinto que não precisamos de um motivo para começarmos a conversar. Não mais.
Sasá: Até breve, Erik. :). Posso ficar com birra de Einstein por essa frase?
Envio e bufo em meio a um sorriso divertido. Nunca imaginei que ter um amigo virtual seria tão... Surpreendente. E rápido, muito rápido.
Quanto a frase de Albert Einstein, Erik já havia citado-a outra vez, como ele disse. Foi ainda ontem, quando perguntei sobre sua foto de perfil, ou melhor, a falta dela. Ele perguntou se houvesse alguma foto faria diferença, eu disse que não, porém insisti. A conversa ainda está fresca na minha mente:
Erik: Bom, uma pessoa inteligente como você já deve ter lido ou ouvido essa frase de Albert Einstein "A coisa mais bonita que podemos experimentar é o mistério...".
Sasá: Tá legal! Me pegou nessa, haha... Quero informações então, já que eu perdi a foto de você com o Lipe, que aliás nem dava para te ver direito, já que o branquelo ficou bem na frente. Hahahaha. Agora, você é um suspeito, eu sou a detetive.
Eu não tinha perdido a foto, a tenho até hoje, mas eu estava curiosa para saber como ele se descreveria. Também era um teste de confiança, afinal, estávamos na internet, as pessoas podem fingir ser o que não são facilmente, como o Luís me alertou.
Erik: Opa! Você me capturou, é?!
Sasá: Isso é uma coisa séria, Sr. Erik, um interrogatório! Hahaha.
Erik: Faça suas perguntas detetive, sou inocente...
Sasá: Isso é o que todos dizem e o que veremos... Cor dos olhos?
Erik: Meio castanhos com áreas verdes, não sei bem e o seus?
Sasá: Eu faço as perguntas aqui, ok?! Mas só para constar são castanhos, comuns e sem graça... Cor dos cabelos?
Erik: OK, kkkkk. Puxei minha mãe e como dizia meu pai a ela: "Negros como carvão".
Sasá: Bom, altura?
Erik: O que significa um "bom"? Um tipo de aprovação? Ah, sei lá, entre 1,73 a 1,75 mais ou menos.
Sasá: Nossa, me senti uma nanica tendo 10 cm a menos que você!
Tudo batia com a foto e eu fiquei feliz com isso. Se ele fosse, sei lá, um maníaco da internet, ele sabia mentir bem. Mas essa possibilidade não parecia se encaixar, fazendo-me sorrir como boba.
Sasá: Está ganhando pontos comigo... Acabamos por hoje, não saia do país!
Erik: Pode deixar. Ficar mais longe do que já estou de você seria uma lástima (ou um crime, como preferir Srta. Detetive :-$ )!
Volto ao presente, e continuo sorrindo bobamente. Meus cabelos ainda me cobrem quando noto que alguém ocupar o lugar ao meu lado, fazendo o estofado se afundar.
— Bom dia, priminha.
Ah, não.
Ah, não mesmo. Estava tudo muito bom, tudo tão nostálgico e leve para vir essa carga negativa de uma vez só. Levanto minha cabeça jogando meus cabelos para trás, tiro o braço que passa sobre meu ombro e olho duramente para o dono daqueles olhos verdes. Malditos olhos verdes!
— Estava bom até te encontrar, primo — digo pegando meu livro e fazendo o meu melhor para ignorá-lo.
OK. Vou chamá-lo de Primo 2, ele tem 17 anos e se acha o "gostosão", na melhor – pior – definição que eu posso dar. Se eu pudesse compará-lo, seria com o André, pois eles são opostos. O Primo 2 sim foi meu crush por um tempo, sim eu sofri aquele drama pré-adolescente besta e sim eu passei por esse clichê de primos.
Saber que um dia sonhamos com ele e nós juntos agora me faz querer expelir pela minha boca coisas ruins.
Digo o mesmo, Sabrina!
Nem dá para acreditar que um dia eu gostei desse babaca. Mas o bom é que essa época passou e eu não fiz nada que acabasse com minha adolescência em uma família que quer saber todos nossos passos a todo momento.
— Poxa, Sabrina, queria bater um papo com você. — Ele sorri galante, e volta a passar o braço sobre meus ombros. Eu reviro os olhos. — Você cresceu nesse último ano, prima.
Foi no ano passado, nossa família viajou toda junta para o Rio de Janeiro, pois um dos meus tios tem uma pousada por lá. O Primo 2 tinha acabado de terminar um namoro e se fez de inocente, ficava dando em cima de mim e de outra prima nossa, um pouco mais velha. Lógico que a boba aqui morreu de amores, até acordar uma noite na pousada e ver ele se agarrando com uma carioca na cozinha dos nossos tios. Eu me desiludi na mesma hora e ele tomou a maior bronca dos seus pais no dia seguinte.
— E pelo visto seu cérebro diminuiu, não é?! — retruco me levantando. — Achei que já tinha achado "demais" ter ficado me iludindo, me fazendo achar que gostava de mim por algum tempo. Você é só mais um idiota. E eu com certeza não preciso bater um papo com você!
Levanto-me e saio dali, voltando para o quarto, que dessa vez está lotado de garotos que acabaram de perder o quinto dente de leite. Bufo e vou para a sala, há tios e tias dominando o sofá e assistindo o jornal. Na cozinha, minha avó está.
Lá fora está o Primo 2, Idiota Master. Eu devia ter ignorado aqueles sorrisos dele, mas eu era apenas uma garota conhecendo a puberdade. Acreditar em clichês de livros e séries era comum. No entanto, eu aprendi com meu erro e então o Primo 2 se tornou apenas o número um da lista de possíveis babacas da minha vida. Eu só espero que essa lista não seja grande.
Acabo indo para o banheiro, sendo ele ao lado do quarto onde estou, que é no final do corredor, ninguém entraria ali sendo que há mais quatro próximos.
Fico me perguntando onde está tia Eunice, ela é a alegria dessa família, simplesmente não dá para não sorrir ao lado dela. Eunice é como a tia Rafaela, só que algumas dezenas de anos mais velha, o que torna-a uma "boca suja" nos conceitos do meu avô, seu irmão, e azeda com suas piadas, para minha avó, no entanto, eu a adoro.
Abaixo a tampa do vaso e sento-me sobre ela, curvando-me e me equilibrando com meu celular, o livro e o fone. Deixo o celular e o fone sobre a bancada da pia e fico apenas com o livro.
Olho para a capa azul bem escuro, quase chegando a ser preta nas pontas, e passo os dedos pelos títulos em prata. Há, no meio, alguns desenhos bem simbólicos e linhas sob e sobre o título. No finalzinho da capa, há um R, com a cabeça de um pássaro com o bico para o lado implícita.
— Inquietudes de Outrem* — sussurro o título e sorrio.
É um ótimo livro de poemas e eu mais que quero conhecer o autor, para entender ainda mais a fundo sobre cada poema. Cada verso. Porém descobri que ele mora em um fim de mundo qualquer em São Paulo e corre de holofotes. Escreveu seus poemas com 17 e publicou aos 18 anos, no segundo trimestre deste ano. Eu acabei comprando o livro acidentalmente, estava atrasada para algo, mas queria levar um livro e foi um que a atendente tinha me recomendado. Logo, comprei.
Paro de divagar sobre o tal livro quando meu celular vibra e toca, ao receber uma chamada. Pego-o, vejo que é do Skype do Luís e logo desbloqueio, esperando por uma reação cômica dele.
— Um banheiro? — já começa questionando e rindo. — Bom te ver, Sasá, não nessa situação, é claro.
Reviro os olhos e afasto o celular mais, fazendo Luís cobrir os olhos no instante seguinte, imaginado que eu estaria no meio das minhas necessidades.
— Lerdo, eu só estou escondida aqui! — resmungo e então ele olha entre seus dedos quase esqueléticos. Esse garoto precisa comer direito.
Para de falar do meu melhor amigo assim, ele está muito bem e aja normal, ele não precisa achar que eu tenho dupla personalidade!
— Caramba! Nudes de melhor amiga não pode, uai! — Eu e ele começamos a rir de modo histérico. — Mas o que você está fazendo escondida aí?
— Fugindo dos meus avós, dos meus tios — começo a contar nos dedos depois de colocar o celular no apoio do banheiro enquanto falo —, meu primo idiota, meus pais super corretos e meus primos catarrentos.
— Nossa, esse realmente não é um bom dia para você, baixinha — brinca.
Eu dou de ombros e murmuro um "família" desanimado. Noto que Luís está em meio à um lugar verde e dá para ouvir o som do mar e de alguns pássaros.
— Onde você está e qual a emergência para me comunicar essa hora do dia?
— Praia do Ermitão, em Guarapari, o sinal daqui é meio bugado, mas eu tinha que mostrar essa visão para você. — Ele ergue o aparelho para me mostrar o mar à suas costas, quase suspiro. Parece uma obra pintada pelo dedo de Deus de tão lindo. A água tão clara, o céu tão azul – nada parecido com o nublado que estava sobre BH ontem – e a areia, bem branquinha. Que saudade do mar! — E temos aquele sentidos de gêmeos, não é? Senti que seu dia estava entediante e resolvi ligar para minha irmã sem sangue Azevedo.
— Que lugar lindo, cara! Me leva! — Peço unindo minhas mãos. — E sem essa, já estou muito em família aqui, nossa! Meu gêmeo, que amor, mas não estou totalmente no tédio...
Antes que eu termine de falar, uma mensagem surge na telinha. É do Erik, e tem poucos minutos que nos despedimos. Ergo uma sobrancelha e abro um meio sorriso.
— Que cara é essa, hein?! — Luís comprime os olhos como de assim pudesse me olhar de forma mais atenta e descobrir o que escondo. — O que chegou aí para você? Uma mensagem? Hm, de quem poderia ser?
Sua expressão demonstra dúvida, porém eu tenho certeza que ele tem alguns palpites sortudos. Luís sempre tem. Seu olhar torna-se parecido com o do André, que até agora eu não vi, inquisidor. Contudo, eu tenho uma resposta na ponta da língua.
— Use seus poderes de gêmeo e descubra. — Sorrio.
Boa, Consciência!
Como se alguém da minha família estivesse – ao menos uma vez – ouvindo meus pensamentos piedosos e inocentes, alguém bate na porta.
— Parece que tenho que ir! Até mais, Luís! Beijos! — despeço-me acenando e então desligo.
Antes de abrir a porta do banheiro, olho a mensagem de Erik, é apenas ele fazendo a contagem. 37 horas de "conhecidos". Brinco que é um recorde, digo que ele ainda me deve um segredo e que por mim já somos amigos. Sorrio. Pego o livro que deixei de lado e rodo a maçaneta.
Qual não é minha surpresa ao encontrar minha avó do lado de fora?!
— Com quem você estava falando? Eu ouvi vozes daqui de dentro — Dona Edna avança e desvia de mim, entrando no banheiro e olhando cada centímetro, a procura de outra pessoa.
E essa outra pessoa no caso é meu melhor amigo. Só que o mesmo estava apenas no meu celular. Sinto vontade de rir. Isso que acontece com quem não se liga às novas tecnologias. Dou de ombros quando os olhos da vovó voltam para mim.
— Sozinha, como pode ver.
Ela suspira, seca alguns resquícios de suor ao lado do rosto e coloca a mão no meu ombro.
— Vá guardar esse livro. O almoço está sendo servido.
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*O livro citado se encontra no Wattpad, no perfil de Ramon Lucas.
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Olá pessoas! Tudo bom? Só eu que já estou adorando essa interação de Erik e Sabrina? Alguém do Espirito Santo para encontrar com Luís? hahaha Quem ai também tem uma família que palpita em tudo? Eu evito comentários e falto em todas as reuniões de família que posso!
Twitter: eoreovlivro
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