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Capítulo 37 - Sobre olho de sogra, Tiramisu e brigadeiro de panela

Meus ouvidos quase não acreditam no que ouviram. Meu cérebro só conseguia captar a fala da minha mãe e repeti-la vezes o suficiente para que minha ficha caísse. Foi como um flash de uma fotografia digital, tão rápido é dado o click logo a luz vem, quase nos cegando, é seguido pelo estado de inércia, para ocorrências de pouca luz ou não e tornar a foto ainda melhor – ou pior, já que olhos vermelhos em fotos não são nada legais. À minha volta, todos comemoraram, desejando uma boa hora a minha tia. Ainda contendo minha euforia e ao mesmo tempo tentando fazer meu cérebro reaprender a comandar funções, vejo meus pais começarem a guardar suas coisas e se despedirem de todos na mesa, eu me levanto e vou até eles. Minha mãe não demora a repassar instruções:

— Filha, o Daniel está lá com a Rafaela, eu e seu pai vamos apenas por precaução e passaremos a noite lá, você vai embora com a Juliana e fica com seu irmão, ok? — minha mãe diz, rapidamente, pegando a chave do carro sobre a mesa.

— Não vai nos levar? — pergunto quando já estamos um pouco mais longe de toda a turma.

— É melhor que vocês fiquem, daqui alguns dias sua tia vai sair do hospital, assim poderão vê-la e à Sophia também — explica e volta a pegar o celular murmurando "qual é o nome do hospital mesmo?".

— Mas, mãe... — Tento ir contra, quero tanto ver minha nova prima.

— Sabrina... — intercepta, dizendo meu nome para ganhar tempo de pensar em algo que me fizesse ficar. — Aproveita para passar ainda mais tempo com seus amigos e com o Erik, afinal, não sabe até quando ele ficará em BH.

É. E eu não precisava de ninguém para me lembrar disso o tempo todo. Depois do ano novo em Caeté, na viagem de volta para Belo Horizonte, eu tinha prometido a mim mesma que não pensaria na muito provável partida de Erik, deixaria para pensar quando já não fosse mais possível ocultar o pensamento da minha lista de paranóias pessoais. Eu não contava era com as outras pessoas trazendo esse assunto a tona, e algo me dizia que essa não será a única vez que eu ouvirei alguma coisa relacionada a isso.

— Desculpa, filha, não queria dizer isso — retoma ainda mais rápido, embora toda e qualquer paranóia já se impregnou na minha mente. — Mas sabe que... bom, precisará pensar nisso daqui algumas semanas, quando as aulas voltarem, isto é... ele terá que...

— Mãe, não quero falar disso agora. — Olho para trás, vendo todos meus amigos reunidos, vendo Erik no meio deles. Eu definitivamente não quero pensar no depois. — Diz pra tia Rafa que vou visitá-la assim que ela for pra casa.

— Tudo bem. Eu direi — promete e beija minha testa. — Só entenda uma coisa — Ela entra no modo psicóloga da família —, quando se encontra uma pessoa de quem se gosta e esse sentimento é recíproco na mesma medida, você tem que passar o maior tempo possível com ela. Tem que fazer cada momento ser inesquecível quando se encontra alguém que valha a pena perder cada segundo. — Ela sorri, numa tentativa de quebrar o clima, e vai até Edu, para também beijá-lo a testa. Nesse meio tempo, suas palavras parecem se fixarem nas entranhas do meu cérebro, ganhando total sentido.

— Conte para sua prima Letícia a novidade, tenho certeza que ela vai curtir — Meu pai sugere aparentemente sem ter ouvido o que mamãe disse. — Mando fotos da neném no grupo da família.

— Vou esperar suas selfies. — Beijo sua bochecha.

Volto para mesa assim que meus pais se vão, sento-me no mesmo lugar. Ainda estou um pouco mexida pelo que ouvi da minha mãe. Partidas são acontecimentos naturais, mas que algumas pessoas ainda não aprenderam – e eu duvido que algum dia aprendam – a lidar. E eu sou uma dessas pessoas. As confraternizações continuam na mesa, alheias aos meus pensamentos. Por ter ouvido a sugestão do meu pai, André vai até os fundos da confeitaria onde eu fiquei sabendo há pouco que tem um pequeno escritório para a tia Juliana – eu digo que ela pensa em tudo! – e volta com o notebook dela. Nesse intervalo, Luís não demorou para passar o braço sobre meu ombro e sussurrar só para mim:

— Aconteceu alguma coisa?

Queria não ser tão transparente para o Luís, ele sempre sabe quando tem alguma coisa errada comigo há quilômetros – da mesma forma que eu sei quando algo está o atormentando. "Gêmeos de mães diferentes", ele diria, convencido. Amizade tem dessas coisas. Outra coisa que não quero pensar e em me separar dele por causa do ensino médio. Balanço a cabeça, em negativo, olho para Erik, ajudando o Edu a passar o nível num jogo no tablet, e pego um cajuzinho na bandeja. Esse é o sinal para ele não insistir porque o assunto, ou melhor, a causa da minha preocupação está do meu lado. Luís entende e não persiste.

— A gente conversa depois — decreta, voltando-se para Arthur que zomba de Erik pela forma que eu e Luís estamos semi-abraçados.

É engraçado a forma como Arthur está reagindo, dentre meus amigos, ele era o único que não apoiava nem acreditava no que eu tenho com o Erik. Agora que o baiano está aqui o modo de agir de Arthur é anormal. Ele sempre foi o tipo de garoto que faz amizade rápido e gosta de fazê-las, bem diferente de mim, que até julho do ano passado era uma garota de um único amigo, então agora ele faz de tudo para inserir Erik em todos nossos assuntos, até os que este último não entenderia, numa forma inusitada de se desculpar por não colocar fé na minha história.

Mostro a língua para o namorado de Danielle, depois da zombaria dele, voltando a rir e espantando as paranóias, e passo os braços pelas costas dos dois ao meu lado.

— São meus garotos — brinco.

E essa é minha garota! Pegando dois guris ao mesmo tempo, isso que é vida! — Ouço a voz de Letícia irromper através do som do notebook. Sua imagem está voltada apenas para um lado, onde estamos eu, Eduardo, Erik, Luís e André, então ela consegue ver meus braços em volta dos meus meninos.

— E eu não encontro nem uma pra ter uma meia-vida — Felipe resmunga.

Quem foi que disse isso? Olha, se o André não tiver nada contra poliamor, só vem — minha prima diz e gargalha devido a expressão feita pelo irmão de Luís.

Por Deus! Às vezes imagino a Letícia em um almoço em família com meus avós, eles teriam um infarto conversando ela!

Vou colocar isso agora mesmo nos nossos objetivos para 2014! Se juntar Lety, tia Eunice e Sabrina versão atualizada não vai ter para ninguém. Consciência sorri, maldosa.

— Acho melhor mantermos nosso relacionamento monogâmico — André comenta, com os olhos semicerrados, o qual é respondido com um "que pena" de Letícia.

— Seu baiano favorito quem disse, Lety, aquele que te convida para o luau e você sempre dá bolo — Felipe responde, fingindo mágoa, assim que André vira o notebook de modo que todos apareçam. E o mesmo olha para Felipe ameaçadoramente. — Foi mal, man, mas eu conheci a garota primeiro, nosso lance é antigo, falou?

Oi, Arthur, Dani, sogrinha linda, Edu, cunhadinho, Clarinha, sua fofa, e FE-LI-PE! Não sabia que você também estava em terras mineiras, na verdade soube que o Erikzinho está aí pelo André porque tenho uma prima desnaturada! — Cruza os braços me olhando, peço desculpas e prometo falar com ela melhor, mais tarde, e contar tudo. — E Lipe, a primeira coisa que eu vou fazer quando ir à Bahia será ir num luau contigo... e levar o Andy, é claro, não esqueço de você, meu amor.

— Bom saber — diz André, mas não consegue manter a carranca por muito tempo, não tendo uma ficante-namorada-webnamorada-sei-lá-o-que como Letícia.

Bah! Queria tanto estar com vocês para a inauguração da confeitaria e pelo que vejo ao fundo ainda estão nela. — Confirmamos, dizendo que o lançamento foi um sucesso. — Mas ora, pois, por que estavam a me chamar?

— A Soph vai nascer! — eu exclamo e vejo ela sorrir. — Ou já deve ter nascido a essa altura.

Aí meu Deus! Como eu queria estar perto da minha mãe e do meu pai agora! — branda com os olhos esbugalhados. Eu sorrio ainda mais. É a primeira vez que ela chama a tia Rafaela e o tio Daniel de pais. E é a minha vez de desejar estar com todos eles para que meus tios a ouvissem falar.

— Meu pai disse que vai mandar fotos depois, no grupo da nossa família — aviso e pego na minha bolsa no ato, a qual está meu celular. Lembro também das máquinas ali e que ainda não tirei nenhuma com minha polaroid. — Nossa, eu quase esqueço! A gente tem que tirar uma foto pra ir pro meu varal.

Ah! Eu quero estar junto! — Letícia se apruma e ajeita os cabelos curtos e castanhos.

Em minutos, ligo a máquina e me distancio o necessário para que todos apareçam na foto. Um click e ela é tirada. Retorno à mesa enquanto a polaroid faz todo seu processo de impressão da fotografia em curtos minutos. Admiro a foto demoradamente.

Toda a situação é tão diferente comparado ao que aconteceu no meu Natal e Ano novo que é difícil colocar em palavras. Minha família sempre teve a tradição de se reunir nessas festas de calendário, quando eu era criança até gostava, meus primos de idades próximas e eu só tínhamos um objeto: comer e brincar o quanto pudéssemos. Mas então chegou a adolescência e nossos pensamentos começaram a se divergir, o que é normal até. Essas diferenças, no entanto, trouxeram mais desavenças do que aproximação. Por isso, almoços e festas em família, com minha família de sangue, me causam tanta aversão. Se eles fossem um doce, seriam olho de sogra.

Já minha família de coração traz um ambiente oposto. Tem compaixão, união, brincadeira, companheirismo. Todas nossas reuniões, combinadas ou não envolvem isso. Um Tiramisu tamanho família. E eu acredito que todos veem assim.

Houve um dia em que eu fui à casa de Danielle e seu pai soltou algo como "as pessoas deviam parar com essa ideia de abrir a mente e fechá-las para Jesus" ao ver uma caminhada sobre a luta de minorias e tudo que a envolvia, na TV – e eu ainda soube logo depois que minha tia Eunice estava nessa marcha.

Eu fiquei com aquilo na cabeça. Aquele homem estava tão fechado no que acreditava que ele não seguia um dos maiores ensinamentos daquele que dizia fechar a mente. Ele não tinha amor com o próximo. Criticava a filha como ninguém e não apoiava o namoro dela com um garoto que nem sequer se deu o trabalho de conhecer. Eu nunca vi a Danielle se encolher tanto como naquele dia. E, meu Deus!, olha para ela agora. Rindo à toa, o braço de Arthur sobre seus ombros, acariciando um dos braços com a ponta dos dedos. Acolhida é o sentimento mais relevante em sua expressão. E é o que para mim mais significa estar em família.

— Acho melhor irmos todos pra casa, pessoal! Tá ficando tarde — disse Juliana depois de eu mostrar a foto para todos ali, inclusive a Letícia.

Eu já vou indo também, gurizada. Tchauzinho. — Letícia acena, mas, antes de desligar, se volta para os forasteiros que se uniram ao meu grupo. — Ah, Erik, Clarinha e Lipe, nem ouse irem embora antes de eu ir pra BH novamente. Vou dar um jeito de ser ainda esse mês, que deve ser o tempo que vocês vão ficar por aí, né?

Aquele assunto mais uma vez. Qual é o problema da vida de não me deixar colocar esse assunto numa caixinha e trancá-la para abrir apenas quando necessário? Já devia ter me acostumado a aceitar que felicidade nunca será absoluta. Sempre, sempre, existirá algo para te deixar preocupada ou angustiada.

— Ainda não sei, Lety. — Olho para Erik, é a primeira vez que o noto inseguro, as mãos se entrelaçando mostram isso, e o fato de estar evitando me olhar. — Talvez antes do fim de janeiro.

Antes?

Pois, percebo... quer dizer, entendo — Os olhos de Letícia me alcançam e ela sorri, como se me reconfortasse por algo. Ela percebeu. — De toda forma, darei um jeito! Então até mais, amigos. Falamos-nos mais tarde, prima, não esquece!

— Pode deixar, dona Letícia. — Aceno, revirando os olhos e rindo, e ela desliga.

📷📱📌

Quando Newton disse que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo, ele obviamente não tentou colocar todos meus amigos dentro de uma Kombi – ou não chegou a conhecer os ônibus de Belo Horizonte em horário de pico. Tenho certeza que tia Juliana infligiu algumas leis de trânsito por trazer tanta gente dentro do furgão, não fomos barrados pela polícia, no entanto, e nada se compara a diversão que foi os 20 minutos da confeitaria até nosso bairro. Primeiro levamos a Danielle, a qual mora mais longe do nosso destino final – a casa de Luís –, em seguida passamos na casa do Arthur, logo depois no casarão dos avós do Erik e enfim chegamos eu e meu irmão à minha casa.

— Ainda são sete da noite, não aguento comer mais nada, o que vamos fazer? — indago a Eduardo, colocando minhas chaves no chaveiro ao lado da porta, depois de trancar esta, como de costume.

— Ah, não, isso de novo? — Edu murmura e sigo até estar ao seu lado, em frente à um pequeno quadro de avisos da mamãe. Agora entendo o porquê do seu lamento.

"Deveres dos irmãos Almeida:
• Manter a casa arrumada e não colocar fogo nela;
• Almoçar todos os dias, e não só comer bobeira;
• Manter o celular e o roteador ligados;
• Dar água às plantas;
• Não resolver repentinamente adotar algum animal de rua ou qualquer outro sem autorização prévia;
• Não bancar adolescentes de filmes hollywoodianos e fazer uma festa de arromba;
• Não ficar no celular, livro ou no videogame 24 horas, vão viver!;
• Ligar no intervalo de 22 horas às 7 da manhã apenas em caso de emergência: fim do mundo ou ataque zumbi, por exemplo;
• Não se achar a nova Mulher Aranha e querer tirar foto do alto do Pirulito da Praça Sete ou bancar o Flash motorizado e descer a escadaria da rua do seu Geraldo de bicicleta;
• Não se meter em confusão."

E essas são só algumas das instruções. Elas são sempre as regras deixadas quando meus pais vão passar a noite fora de casa, minha mãe até mesmo mandou plastificar para usar quando precisar. Também foram essas as que eles nos deixaram para o fim de semana prolongado em que comemoraram o aniversário de casamento, em novembro. Lembro que na ocasião eles deixaram avisado também que tinha dinheiro e cartão de ônibus carregado para qualquer problema que exigisse pegar uma condução, mas não podia ser nada que envolvesse ir a outro estado conhecer pessoalmente o namoradinho virtual. Pois é, nessas mesmas palavras.

— Por que eles sempre colocam isso se a gente nunca segue? — pergunto e pego uma garrafinha de água na geladeira.

— Eu sei lá, mas vão bora. — Corre para a TV e já liga o videogame. — VAMOS ZERAR MARIO BROS E DONKEY KONG E COMER BESTEIRA — meu irmão grita como uma afronta decretada aos nossos pais.

— Eu vou é tomar um banho, parece que tem farinha até atrás das orelhas. Mas vai jogar mesmo! — incentivo e sigo para meu quarto apenas para deixar minha bolsa e pegar minhas coisas para me banhar.

Permaneço um tempo sob as gotas rápidas e mornas e lavo meus cabelos para tirar toda e qualquer migalha de farinha que tenha restado. Isso me faz lembrar como meus cabelos ficou desse jeito, do início até eu conseguir tirar ao menos o excesso. Saio enrolada numa toalha e sorrio enquanto penteio os cabelos depois de passar bastante creme para pentear. Tudo o que aconteceu na confeitaria me recorda aquelas cenas de filmes de adolescentes, ainda mais por Juliana ter aparecido logo após para nos repreender.

Volto-me para minha bolsa, tiro as máquinas, junto com a fotografia. Modéstia a parte, ficou bem linda. Arthur abraçando Danielle de lado, Clarinha sorrindo sapeca e fazendo chifre com dois dedos atrás da cabeça de Felipe que ri sem perceber, André encarando a Lety sem notar que a foto estava sendo tirada, tia Juliana sorrindo com seu sorriso de propaganda de manteiga e Erik e Luís lado a lado, o baiano sorrindo de lado e meu melhor amigo formando o sorriso com apenas uma parábola fina dos lábios.

Não que isto seja algo que você tenha que colocar na frase, na parte de traz da imagem, mas algo bem notável é que se André fosse um meme seria: namore alguém que te olhe como o Andy olha para a Letícia.

Bem isso, Consciência.

Enquanto penso em algo adequado para escrever no verso da fotografia, pego meu celular e abro nos contatos. O nome de Erik parece piscar para mim, sendo um dos únicos com a letra E na lista. Bate a temida indecisão: ligar e parecer uma amiga-que-ele-beija grudenta ou reprimir minha vontade e só vê-lo e falar com ele novamente amanhã?

"3 de janeiro de 2014

Isso é família. Não precisa buscar o significado no dicionário ou dar adjetivos. A imagem mostra tudo.

Inauguração da confeitaria Doces da Ju - Belo Horizonte."

Grudo o post it do lado de trás da fotografia e caminho até meu varal com o pregador. Durante o não tão longo caminho, começo a divagar. Ainda que desde meus onze anos indecisões começaram a se tornar mais constantes que minha vontade de conhecer, de saber e buscar entender tudo, agora elas parecem ainda mais fortes e focada em algo um tanto dito como complicado: relacionamentos. Nesse caso, relacionamento amoroso.

Sem contar aquele que não deve ser mencionado... Primo 2... eu nunca gostei de ninguém antes. E mesmo com o meu primo não foi um gostar como está sendo agora. É diferente. Com o Primo 2 eu apenas criava situações na minha mente que nunca aconteceriam ou que eu nunca teria coragem de promover, e ainda tinha vontades e desejos infantis. Por mais ridículo que soe, ele era a minha versão de príncipe encantado. Só que, na real, ele era um sapo. Dos bem nojentos.

Prego a fotografia do lado de uma fotografia minha com Luís e outra com meus pais e Edu, abaixo da minha primeira foto com Erik, tirada há uma semana na casa dos avós dele. Jogo-me na cama, encarando o varal, e suspiro.

Com o Erik eu notei que é algo diferente quando ele me mostrou uma foto do pai dele, no mesmo dia ele me adicionou – enfim – no Facebook. Falamos também como nos imaginávamos no futuro, e sobre nossos sonhos, os quais são tão atuais quanto eram há seis meses.

Foi a primeira vez em que eu torci verdadeiramente para que ele fosse real. Foi quando eu senti que poderia ter meu coração estilhaçado como a lente de uma câmera quebrada se eu estivesse sendo enganada por todo aquele tempo. Eu só não me dei conta disso na hora.

Eu não quero que seja como Arthur e Danielle que viveram por meses numa friendzone sem necessidade alguma. Estava muito na cara que eles sentiam algo pelo outro. E outra, eu já vivi, à distância, é claro uma espécie diferente de friendzone não preciso passar por isso agora que o Erik está aqui. Talvez seja a hora de ouvir minha mãe e parar de perder tempo com paranóias ou qualquer outro contratempo.

Nem vai precisar de um empurrãozinho para deixar as indecisões do lado e ligar para ele logo, né?

Estico-me até a cabeceira e pego o aparelho. Não ligo, embora tenha sido o plano inicial, vou para o WhatsApp, como nos – não tão – velhos tempos.

[Erik]

Sasá: Tá aí?

📷📱📌

Sasá: Por um acaso, vc já conversou com a Malu por mensagem de vídeo?

Nós já estamos conversando trivialidades há alguns minutos e então uma curiosidade sobre esse provável fato me fez questioná-lo. Uma coisa que eu sei é que ele não havia ido para Angra dos Reis, onde a Maria Lúcia, Malu do Mais que Livros, mora no feriado prolongado da semana da criança, o que é um bom sinal. Não, eu não estou com ciúmes quanto eles se conhecerem, é apenas curiosidade.

Mas eu nem disse nada...

Erik: Não que eu me lembre, mas por quê?

Sasá: Por nada, uai

Erik: Uai kkkk desconfio qual seja o motivo, mas melhor deixar pra lá.

É... Melhor.

Erik: Quer conversar por Skype?

Ele nem espera uma resposta para chamar, parecia até mesmo já ter programado isso. Mas, caramba!, eu ainda estou de toalha e meu cabelo deve estar um ninho de cobra ainda mais por eu ter ficado por um tempo com a cabeça para além da cama, de ponta cabeça. Recuso a chamada no ato e corro, tropeçando nos meus pés, até meu guarda-roupa pegando o primeiro pijama que vejo. Depois de vestida, noto que a escova de cabelos foi parar debaixo da cama e que o Erik está mandando uma nova mensagem. Merda.

Sasá: [Áudio] Esperaaa! Eu tô... aí, um pouco ocupada. E sem chamada de vídeo, lavei o cabelo e ele tá mais armado que uma juba de leão.

Erik: kkkkkk tudo bem. Ligo daqui a pouco então.

Depois dessa mini confusão por Erik ser uma distração e tanto, caminho até a sala apenas para ver como meu irmão está. Agora, sim, eu e Erik estamos conversando por uma chamada comum. Nada de vídeos, por hora.

— Você acabou de se despedir do Erik e já tá falando com ele de novo? Cês num cansam? — Eduardo pergunta quando me sento ao seu lado com o celular no ouvido.

E, tendo em vista o que o Erik fala após, ele ouviu bem o que meu irmão disse. Também o que a Lety disse e talvez – sendo bem pessimista – o que minha mãe comentara na confeitaria antes de ir a Sabará.

Só é meu décimo primeiro dia em Belo Horizonte, ficamos juntos por apenas dois dias por causa de contratempos, mas todos falam tanto da minha partida que às vezes me sinto em um livro, como um personagem enfermo que página a página os leitores ficam a espreita, esperando a morte. — Ele ri, como se imaginasse a situação. — Claramente essas "falas" sobre partida apenas com a protagonista são easter egg¹ para um futuro próximo.

— Para de falar besteira, garoto — eu gargalho. Mas, por dentro, mil situações bizarras e parecidas com o caso surgem.

Vai que eu morro sufocado com um pão de queijo entalado na garganta? — A imagem me vem a mente e eu não consigo parar de rir.

— Topo de vendas do gênero comédia, esse livro — brinco, arrancando uma risada convencida dele. Mordo o lábio inferior, vendo Chun-Li rodopiar de ponta cabeça para atingir o Ryu, no jogo do meu irmão e enfim me decido. — Quer sair amanhã cedo? Quero te levar pra conhecer alguns pontos turísticos bem legais. Pontos turísticos da cidade, claro.

Quais, posso saber?

— Surpresa! — sentencio. — Minha cidade, minhas regras.

— Uai, tudo bem. — Imagino-o dando de ombros e rindo de lado, agora, como sempre faz quando se vê satisfeito em ser encurralado. Irônico, pois é. — Você é quem manda.

— Devemos comer algo por lá também — sondo, rapidamente. — Pão de queijo é bom demais da conta, mas... acho melhor evitarmos. Quer dizer, só por precaução, mesmo. Então, você topa?

Claro! — Sorrio voltando a morder o lábio inferior. — A gente se encontra no mesmo ponto de hoje?

— Isso! Te pego lá. — Do meu lado, Edu pausa o jogo e me olha com os olhos arregalados. Está saidinha, hein, Sabrina? — Quer dizer, te encontro lá. Tenho que desligar agora. Até amanhã, E.

Boa noite, Leta.

— Você disse que vai pegar ele. Vocês ficam, né? — Eu sabia que o Eduardo não ia deixar passar essa. Um pouco depois de eu ter desligado, ele me indaga. — E ele enfia a língua na sua boca?

Eu só não esperava que ele fosse tão direto.

— O que a mamãe diz sobre assuntos "pra frente"?

Meu irmão revira os olhos e murmura, imitando a dona Gisele:

— Devemos sempre aprender e entender certas coisas em seu devido tempo. — Ele acena com a cabeça e volta para seu jogo.

— Exatamente — pontuo e procuro pelo contato da Letícia.

— Mas você enfia a língua na boca dele? — insiste, curioso.

— Eduardo Almeida!

— Deve ser nojento ficar trocando saliva. — Eduardo volta a comentar.

Ignoro completamente meu irmão quando meu celular apita repetidas vezes. Minha intuição não engana ao dizer que são fotos de Sophia. Acesso rápido o grupo da família.

— A Sophia! — Ao ouvir o nome da prima, Eduardo larga o controle e se aproxima, quase subindo em cima de mim. — Olha que lindinha.

— Ela é bem clarinha, né? E cheia de cabelo. — Vou passando as fotos. Dela sozinha, no colo do tio Daniel, no da tia Rafaela, da minha mãe e do meu pai. Tem o mesmo tom de pele do pai – mais claro que a média da minha família –, e é mesmo cabeluda. — É a cara da Lety.

— Acabou de nascer, Edu, nem dá pra ver semelhanças com os parentes. — Rio, admirando minha prima recém nascida.

— É, tem razão — anui, acenando. — Parece um joelho quando faz careta, óia!

— Meu pai tá assustando a neném — gracejo e vejo que novas mensagens chegaram.

[Família Almeida e CIA]

Lety: Que lindaaaaa 😍

Tia Nice: Mais uma princesinha para alegrar o lado saudável da família. Que tenha muita saúde nossa pequena Sophia.

Sasá: Que vontade de morder de tanta fofura 💕

Meu irmão pede para mandar um áudio e eu não me importo. Por fim, Letícia reforça que temos que conversar e deixa claro para a família toda qual é o assunto.

Com uma família dessa quem precisa de inimigo, não é mesmo?

— Olha, eu vou para meu quarto conversar com a Letícia, tu pode ficar jogando aí, mas não vai dormir tarde, tá? — Aviso, me levanto e pego meu chinelo. — Apaga a luz também.

— Tá, mamãezinha.

Reviro os olhos para meu irmão e, em seguida, volto-os para meu celular. Antes mesmo que eu tenha tempo de iniciar uma chamada, Letícia se adianta e me envia uma mensagem.

[Lety]

Lety: Anda cá! Quero saber de TU-DO sobre Erikina em BH!

Balanço a cabeça, rindo, e me sento desleixada à frente da mesa do computador. E como se come uma panelada de brigadeiro demoradamente para que dure mais, eu iria aproveitar essa conversa, o momento para expor e tirar quaisquer dúvidas com alguém diferente da minha mãe. Ainda são 20:30, mas eu não duvidava nada que essa conversa perdurará por grande parte da noite.

📷📱📌

Easter egg: ovo de páscoa, no caso literário são dicas deixadas antes que dão sentido ao resultado final. 

📷📱📌

Olá, pessoas! Como passaram de carnaval? Eu fui pra Bahia conhecer o Erik (sqn) e curti bastante. E isso atrasou o capítulo rs, tudo bem, não exatamente, ele está pronto desde sexta, porém eu não tive tempo de postar antes da viagem e postaria quando chegasse em Mucuri, mas lá não tinha sinal de internet então não havia como postar 🙄 Agora estou de volta a BH e vou tentar voltar a postar regularmente até o fim (que está se aproximando hehe)

Até o próximo!

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