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Capítulo 26 - Terceira Lei de Newton

No domingo, logo pela manhã, sigo para a casa da tia Juliana. André está no sofá, com o notebook no colo, sem camisa e de samba canção e a tia Ju está ao seu lado, com uma xícara fumegante numa mão e com a outra indica algo na tela no aparelho.

Sei que Luís está dormindo, ainda, porque ontem à noite se expulsou da minha casa para maratonar uma série que, pelo o que eu entendi, os personagens são meras cartas de baralho. Apenas não o acompanhei porque queria editar algumas fotos da festa, conversar melhor com o Erik e também porque tinha combinado com a Lety que conversaria com ela por vídeo, para acertar os últimos detalhes da sua vinda para BH, na próxima semana.

Ao final, no entanto, descobri que meu computador tinha dado defeito – e que o notebook dos meus pais ficou no trabalho do meu pai – e apenas cumpri o segundo e o terceiro dos meus três objetivos daquela noite, tudo pelo celular.

— Bom dia, família — cumprimento os dois e fecho a porta atrás de mim. — O que estão fazendo?

Eles retribuem o cumprimento e eu me jogo ao lado do André.

— Estamos procurando um lugar para alugar — diz tia Juliana com os olhos vidrados na tela. — Me ajude a escolher, Sabrina! Estou em duvida entre estes três.

— Vocês vão se mudar do Planalto? — questiono alarmada, porém vejo, no monitor, apenas uma sala ampla e uma porta e não parece nada com uma casa.

— Não, querida, estou procurando uma loja para fixar os "Doces da Ju" — conta e pede que André mostre os equipamentos que ela pretende comprar para colocar no lugar e a nova logomarca. — Expandir para toda BH e região.

— Que massa, tia! — André me olha de soslaio e depois volta para as fotos das três salas. — Eu gostei dessa, é bem iluminada e espaçosa também. Por que não pergunta para o Arthur depois? Ele gosta dessas coisas de arquitetura e design de interiores, eu sou só das fotos mesmo.

— O garoto é bom mesmo, fiquei sabendo que ele ajudou na organização da festa da escola, ficou bem da hora — o irmão do meu melhor amigo comenta. — Tenho o contato dele.

— Tem razão! Adoro aquele menino! — Tia Juliana exclama e depois me olha com carinho. — A melhor coisa que Luís fez nesses quase quatorze anos de vida foi virar seu amigo! O resto foi só inutilidade mesmo! — Eu sorrio, já um pouco acostumada com isso.

Lá em casa é a mesma coisa com o Luís. Eu posso passar fome, ter só biscoito recheado e chocolate quente para jantar, porém, se o Luís tiver lá, ele é tratado como um rei. Acho que toda mãe de melhor amigo é assim, trata o amigo do filho melhor que o próprio filho, tem lógica? Depois de quase uma hora de discussão, quando colocamos esse assunto em pauta um dia, eu e Luís decididamente afirmamos que sim. A teoria era que mães tendem a "enjoar" de seus filhos e, ao se deparar com o melhor amigo dele, veem um novo ser que podem mimar sem que sofram as consequências desses mimos.

Vocês e suas teorias. Só sendo louco para entender.

— Eu tenho que editar algumas imagens pra diretora Gália e o Luís liberou o note dele, vou lá então — falo depois de abraçar a tia Ju e recusar o café da manhã por já ter comido algo em casa.

Vou para o quarto do meu melhor amigo e abro a porta fazendo o mínimo de barulho possível. Vejo Luís de bruços, ventilador ligado e ele enrolado no cobertor, vai entender. Ligo o laptop e procuro o cabo que ele falou que deixaria separado para eu usar para passar as fotos.

Tudo bem. Posso não ser a melhor em edição, mas ter um amigo bom de photoshop e outras coisas sempre me ajudou. No curso também temos algumas aulas de edição de fotos e preparação de imagem, para deixar algo mais profissional e com cara de comercial. Por isso, não tenho dificuldade em ajustar brilho, contraste e outros detalhes nas imagens. Quando já estou quase finalizando, Luís mexe na cama e acorda.

— Uai, achei que viria à tarde, não de madrugada — ele diz com a voz meio grogue, levanta-se e desliga o ventilador.

— Já são quase onze horas, menino — rebato, rindo da cara dele.

— Nó, tinha marcado de jogar futebol com o Arthur hoje, ainda bem que acordei tarde. — Olho-o confusa por causa do comentário, mas ele completa, coçando os olhos e anda até o guarda-roupa. — Eu descobri que sou um fracasso completo em jogos reais.

— Disso eu já sabia, jogo melhor que você — caçoo, rindo. Ele me olha com cara de poucos amigos. — Foi o Arthur que falou.

Balançando a cabeça, ele pega o celular e manda um áudio para o Arthur dizendo que tinha acordado tarde e prometendo – mesmo que talvez não fosse cumprir – que iria na próxima vez. Depois volta a se jogar na cama, pelo espelho no guarda-roupa do lado da mesa do computador, vejo Luís retirando um pacote de discos de chocolate em uma gaveta do seu criado mudo.

— Esse trem tá aí tem quantos dias? — pergunto com cara de nojo e mexo no contraste de uma fotografia das professoras do fundamental II, uma delas, minha professora de Geografia, com seu bebê no colo.

— Uns três dias. — Ele ri e joga o pacote para mim. — Não acabaram as edições ainda?

Degusto de alguns pedaços de chocolate e volto-me para o monitor. Talvez eu já tenha acabado. Já editei praticamente todas as fotos e não me lembro de mais nada que eu tenha que fazer com elas.

— Sim. Só vou enviar pra Gália, agora. — Abro meu e-mail e pego meu celular para ver o endereço eletrônico da diretora. Em poucos minutos, o e-mail com todas as fotos é enviado. — Pronto.

Aproveito que meu e-mail está aberto e confiro minha caixa de entrada. Tem apenas um do meu curso, avisando que a próxima etapa do concurso será nesta terça-feira. Sobre ele, consegui um lugar nas oitavas de final e essa próxima etapa poderá me levar às quartas de final, se eu conseguir uma boa pontuação pelo meu book. Todo o concurso se consistiu desta forma: é feita uma introdução durante o horário do curso, sobre o tema da etapa, e depois temos outras dicas ao longo das três semanas para a tiragem e para selecionar as fotos, então montamos uma série de fotografias sobre esse conteúdo. O que eu mais gostei foi o tema da fase anterior a que estou, foi sobre pontos turísticos. Rodei toda BH para montar o book, a experiência foi incrível.

— 'Bora almoçar — Luís chama e só então noto que ele saiu para trocar de roupa no meio tempo em que eu lia o e-mail. — Minha mãe tá fazendo panquecas com o Edu.

— O Eduardo já tá aqui?

— Pra você ver, povo só vem aqui pra filar boia. — Saio do meu e-mail e desligo o notebook, ao passo que Luís arruma sua cama.

— Ainda bem que eu nem venho aqui pra isso, né? — brinco e rio quando cruzamos a porta juntos.

📷📱📌

— Então você vem dia 29 mesmo? — pergunto à Letícia quando iniciamos uma conversa por vídeo.

Isso. Já até arrumei boa parte das malas — ela diz e afasta um pouco o celular para mostrar o que já organizou. Vejo uma mala roxa e grande, aberta e já com algumas roupas.

— Ótimo! Tem o aniversário do Luís e você vai poder conhecer algumas pessoas da minha família que não moram aqui — comento e ando até a cozinha para procurar leite condensado e chocolate em pó. — A tia Rafaela vai vir, porque ela preferiu fazer pré-natal na capital, e a tia Eunice voltou de Fortaleza com a namorada dela, e vai aproveitar a primeira semana de dezembro pra trazer os presentes para os sobrinhos daqui. No caso, eu, o Eduardo, e claro, a Sofh, mesmo que ela não tenha nascido ainda.

Bah! Tenho certeza que vou adorar conhecer vossos parentes, teus amigos e tu também! — Vejo-a sorrir e sorrio também. Deixo o celular sobre a bancada e pego uma panela. — Estou muito ansiosa, mas também bem confiante! Tenho uma semana para me dar bem no vestibular e ainda encontrar um apartamento legal. Quer dizer, eu estudei bastante e ouvi boas novas sobre imóveis aí na sua cidade de um guri que trabalha numa imobiliária daí, um amigo do André.

— Vai dar tudo certo sim! — afirmo e começo a preparar o brigadeiro. Então estreito os olhos para Letícia. — Então tu andas a falar em demasia com o gajo¹, hum?

Ora, pois, já estás a falar como eu! — Nós gargalhamos. — A gente se fala pouco, por causa do meu colégio e da faculdade dele, mas André está sempre a me ajudar.

— Faculdade exige muito dele mesmo, teve até que dar uma pausa na sua missão de "fazer a Versos e Frases chegar às dez mil curtidas" — comento e solto um risinho antes de abaixar o fogo. — Mas bom saber que já está provando da recepção mineira.

Já dizia Lindomar: se ele quiser, eu quero. — Voltamos a rir.

De início eu estava um pouco hesitante com a aproximação dos dois, que começou logo quando eles se conheceram quando André ficou me vigiando quando passei mal, contudo, fui me acostumando com a ideia e já torcia para eles ficaram juntos. Ouço um barulho proveniente do lado dela da tela e olho para lá; a tela desfoca rapidamente.

Hora de estudar.

Despedimos-nos, eu termino o brigadeiro, porém o deixo na panela. Adoro comer brigadeiro de panela. É tão bom quanto fotografar. Melhor que isso, só fazendo as duas coisas ao mesmo tempo. Corro até meu quarto, pego minha Polaroid – ela não foi esquecida mesmo com a chegada da minha Cânon. Pego uma colher do doce e coloco na boca, depois de soprar para esfriar. Viro a câmera para mim e tiro uma selfie.

Estudo a foto, ficou boa. O sol já está descendo pelo oeste e o céu começa a ganhar a típica coloração alaranjada, rosa e por algumas vezes, roxo. Conseguir uma fotografia do céu neste horário e em boa qualidade é incrível! Contudo, não me lembro de nada memorável hoje para ter algum motivo para colocá-la no meu varal – ou qualquer frase para colocar atrás.

Pego um pano de prato, que coloco sob a panela, e uma colher, com a câmera pendurada no pescoço, o celular no bolso do short, a foto numa mão e a panela na outra, sigo para meu quarto. Eu estou sozinha em casa, meus pais saíram e o Edu foi para casa de um amigo.

Já no quarto, chamo Erik para uma conversa por vídeo, algo que já vem se tornando hábito há algum tempo.

— Boa tarde, Erik — aceno e sorrio.

Não me surpreendo ao ver areia à sua volta. Nem vê-lo sem camisa. Não que Erik fosse corpulento ou musculoso, porém ele parecia gostar andar por aí sem camisa e só teve um dia em que ele atendeu uma chamada de vídeo minha com o peito coberto; num dia de chuva em Salvador.

Mas não é como se a gente tivesse reclamando, ok? Consciência entrega, e suspira, apoiada na bancada da Central de Controle para olhar melhor, no rosto, uma expressão de boba apaixonada. Eu rio, mentalmente.

Ele me olha curioso, noto a panela no meu colo.

— Brigadeiro, aceita?

Oi, Leta. Aceito! — Ele sorri de lado. — Mas só se você trouxer pessoalmente.

— Pedido meio difícil, mas se eu pudesse, o realizaria.

E como diversas vezes a gente fica se encarando, sem falar nada.

Quando as conversas por vídeo começaram, por eu sempre cobrar e por querer nos aproximar quanto mais fosse possível, eu não imaginei que seria ainda mais difícil negar ou esconder o que eu sentia. Quer dizer, eu já pisava em ovos com as mensagens, por vergonha, timidez, medo de um fora ou qualquer que fosse meu drama, porém, quando vi Erik pela primeira vez, pela câmera, além de calcular minhas palavras eu comecei a ter que controlar minhas expressões. E ter uma Consciência duplamente apaixonada não ajudava – e ainda não ajuda – neste quesito.

Quando um novo sorriso de lado começa a brotar em seu rosto, eu volto ao presente e lembro o que me fez ligar para ele – além da simples vontade de vê-lo.

— Hum, eu te chamei porque tenho uma foto aqui, ela tá muito linda, modéstia à parte. — Sorrio e Erik me olha como se pedisse para que eu continuasse. — Mas eu não sei qual das suas frases, ou poemas, eu poderia usar para compor, pra postar a página.

Me manda a foto e... — ele pensa um pouco, seus olhos bem expressivos me encaram enquanto como um pouco de brigadeiro. — Me diz o que você vê nela.

Assinto e largo a colher. Com a conversa de vídeo em segundo plano, envio para ele a foto no WhatsApp.

— São dois amigos meus, depois de quatro meses enrolando, o Arthur fez negócio bonitinho pra Dani e eles meio que estão ficando, essa eu tirei pelo celular quando eles só estavam conversando — conto e divago um pouco sobre o que realmente vejo na foto. — Queria algo bem singular e ao mesmo tempo como se fosse declaração que um faria para o outro...

Sei, mas como seria isso? — ele pergunta.

Sem olhá-lo, pela conversa ainda estar em segundo plano, penso mais um pouco. Não sei se pelo doce do chocolate, porém algo me vem à mente.

— Eu tenho uma ideia! — Erik volta à conversa. — Lembra daquela vez que eu pedi para você imaginar e a gente meio que se abraçou?

Claro — ele afirma rápido e eu sorrio —, quer dizer, eu lembro sim.

— Tá, então você tem que imaginar de novo. — Uma ansiedade me bate antes que eu finalmente diga minha ideia. — Hã... Se imagine agora, de frente para mim, só que... Só que mais que isso. Bom, imagine que você está apaixonado por mim e... e resolva... Bem... Se declarar enfim. O que diria, tendeu? Consegue fazer isso?

Você gaguejou tanto que eu duvido que alguém tenha entendido. Acho que Erik estava bem certo quando disse que você é uma incógnita; a incógnita favorita dele. Consciência atiça, sorrindo muito.

Na verdade isso é muito fácil. — Erik desvia os olhos, contudo, eu vejo um sorriso mais intenso e largo brotar em seus lábios. Então Erik me olha, eu me questiono o que ele pensa quando o faz, tão logo, ele solta: — Você é altamente apaixonante.

Consciência está desmaiada.

— Céus, Erik! — Abaixo a cabeça e me escondo atrás do meu cabelo. — Por que parece que você sempre sabe o que dizer para me deixar encabulada?

Eu tenho um caderno onde faço anotações das cifras e poemas, aproveito e crio frases para usar contigo — ele diz, numa forma de me deixar menos envergonhada. No entanto, aquilo soou como uma possibilidade tão real que só piorou meu estado. — Mas sobre sua ideia... É que eu meio que eu já tinha escrito algo sobre. Eu ia te mostrar um poema novo ontem, lembra?

— Minha memória tá péssima ultimamente, mas óbvio que lembro. Lembro também que a gente conversou sobre a festa e... que eu quase escrevi uma redação digna de ENEM com "formas de não constranger a Sabrina". — Semicerro meus olhos em direção ao garoto, que fez cara de inocente, do outro lado da tela do meu celular. — Mas parece que não funcionou bem.

Desculpa. Sério — ele pede, porém acaba rindo. — Só que percebi que o poema não estava tão verdadeiro e até por isso não te lembrei ontem. Mas escrevi um microconto com base nele, algo que nunca tinha escrito, e ainda quero te mostrar.

— Vou desligar, me manda no whats. — Finalizo a chamada e vou para o aplicativo de mensagem, no mesmo momento, uma mensagem de Erik chega.

[Erik]

Erik: Por que é tão difícil explicar o que é paixão?

Ele não sabia quando começou

Afinal, nem entendia o que era amor

Nunca amou

Como se apaixonar por quem nunca tocou?

O que sentia outrora

Não chega perto do que sente agora

Uma coisa diferente, chega a tocar na alma

Começou sendo uma coisa serena, calma

Foi se tornando intensa, um sentimento doido

De deixar o coração batendo como louco.

Sentir-se flutuar,

sem sair do chão

Com o coração na mão

O sentimento, oh tão certo, o intrigar.

É difícil de explicar

Porque não tem explicação

É sentir sem buscar elucidação.

Erik: Remédio do coração

A paixão é como um remédio para alguém que sente muita dor, uma dor causada pelo próprio corpo. Primeiro você começa com poucas doses, para saber o resultado. E o resultado impressiona. Com o passar do tempo ele te agrada mais e mais. E você pensa: eu não conseguirei viver um dia sem sentir isso. Sem sentir o amor, sem sentir o efeito desse remédio. Mas e se ele acabar? E se não houver mais desse remédio em nenhuma farmácia da cidade?

Você já está viciado, e vai até o outro lado do mundo atrás disso.

Sasá: Erik, meu Deus, é perfeito! São perfeitos! Dá vontade de imprimir e sair pregando por toda cidade.

Sasá: Aposto que tem uma genética de escritor vinda da sua mãe!

Erik: Obrigado. Realmente acho que tem mesmo algum gene dela.

Sasá: Esse você escreveu pra alguém?

Erik disse uma vez que sempre tinha um motivo, uma inspiração ou um alguém que o fazia escrever. Também dedicava, muitas vezes, os poemas para algumas pessoas. Dia 15, feriado, fez exatamente cinco meses que nos conhecemos, por mensagem, talvez uns quatro meses por ligação e dois meses por vídeo. No fundo, eu esperava que um dia ele dedicasse algum dos seus poemas para mim. Só não poderia esperar que fosse esse.

Erik: Uma garota. Minha crush, que eu recentemente descobri que eu sou o crush dela, ou algo mais dinâmico como ela tá muito na minha.

Eu rio, mesmo sentindo minhas bochechas pegarem fogo. Meu coração dá um salto e posso afirmar que minha Consciência está berrando, mas aquele tal Bloqueio Emocional Consciente está funcionando, agora, e bloqueando as funções dela.

Antes que eu pense em o que digitar, ligo para Erik. Se eu vou mesmo fazer o que estou pensando, preciso ouvir sua resposta.

O QUE ESTÁ PENSANDO?

Quando ele atende, eu suspiro, tomo coragem e enfim pergunto:

— E você também está tão na dela?

Felizmente, ele não demora em responder.

Tão é eufemismo. — Eu coloco a panela de brigadeiro do lado e deito, fechando os olhos. — Sabe, Leta, o meio poema e o micro conto que escrevi pra você só serviu para exprimir o que eu já queria dizer há algum tempo. Eu tô apaixonado por você.

Abro meus olhos devagarzinho e é como se eu tivesse vendo o teto do meu quarto pela primeira vez. E as borboletas lá não me assustam como antes. Acho que o choque inibiu minha fobia. Choque por uma resposta que eu já ansiava, porém não tinha certeza. Ser correspondida.

Eu sei que pode ser bobeira, mas quem nunca acreditou que era só uma coisa da cabeça, que seja lá qual seja o motivo, só você via sinais? Eu vi esses sinais, achava que era aquela inocente carência ou hormônios que piscavam na minha cabeça: "ele está gostando de você", "ele está a fim de você", "ele está tão na sua". Só que quando isso se torna real, quando é verdade, quando vai além dos sinais, a gente sente como é incrível, mas não sabe como reagir.

O que eu acreditava que só acontecia em livros e filmes aconteceu comigo.

Eu estou apaixonada pelo meu melhor amigo virtual.

E ele está apaixonado por mim.

📷📱📌

— Isso não te assusta? — sussurro, quando já estou pronta para dizer algo. — Se apaixonar por alguém que mora tão longe?

— Muito — ele confessa e eu pisco várias vezes. — Mas eu não vou fugir de algo que sinto quando só a distância é a vilã da história. Te assusta?

— O que me assustava era que o que eu sentia... sinto não seja recíproco — admito mordendo de leve o lábio inferior. — Agora nada mais importa. E um dia a gente vai se encontrar?

Cedo ou tarde — ele parafraseia a música do NX Zero com esse título. Suspiro igual uma boba. — Mas eu espero que seja cedo. Aliás, aposto muito nisso.

Nós sorrimos. E eu me pego imaginando, como tantas outras vezes, como seria vê-lo de verdade pela primeira vez.

— Minha mãe tá me chamando e acho que vou ser interrogado até perder a fala por causa do sorriso idiota nos meus lábios. — Ouço duas gargalhadas e deduzo que uma seja de Ana. Acabo rindo também, com as bochechas em chamas. — Ah, ela disse que tem capítulo novo no Wattpad hoje. Tenho que ir.

— Vou ficar esperando por isso! Até mais, E.

— Até, Leta.

Nós finalizamos a chamada. O sorriso não sai dos meus lábios. Algo nas minhas costas ainda me incomoda, rolo na cama e vejo que é a foto que tirei na cozinha. Pego-a e analiso.

E você acreditando que não haveria nada de marcante no dia de hoje.

A vida tem dessas. De nos surpreender de uma hora para a outra.

Diferente das minhas outras fotos, essa vai ter outro destino. Pego meu post it e a caneta e escrevo para colar no filme fotográfico.

"24 de novembro de 2013
Melhor que fotografia e brigadeiro é saber que você é a crush do seu crush."

Escolho essa frase, porque sei que quando eu olhar para a foto vou lembrar deste dia. E lembrar de tudo que ouvi do Erik e do que compartilhei com ele. Além de estar bem guardada, como Erik estava há algum tempo.

Busco pelo meu canetão preto dos sonhos, que fica escondido na minha estante de livro, pois, desde pequena, eu acredito que o que eu escrever com ela, se tornará realidade. Também pego uma fita dupla face e prego atrás da foto. Levanto sobre a cama. Tiro o quadro acima da cabeceira e encontro minha lista. Nove desejos, nenhum realizado.

Eu nunca mostrei essa lista a ninguém, é quase tão secreta quando minha motefobia – porque, sobre ambas, Erik sabe. Corro os olhos por todos os desejos.

"Lista do que fazer antes de desistir de tudo:

1° Viver de fotografia;

2° Aprender a falar francês;

3° Ter uma casa na Pampulha;

4° Ir para Las Vegas;

5° Ir para um lugar que neve (ou para Vegas quando, raramente, neva);

6° Viajar de avião;

7° Saltar de paraquedas;

8° Beijar no cinema;

9° Ir num show do Skank na virada do ano;"

São bobos e quase impossíveis, eu sei, mas eu venho com eles desde que era criança. Realizá-los é a minha maior meta de vida. E agora tenho um novo.

"10° 'Conhecer' o garoto 'virtual' por quem estou apaixonada."

O que ele diria ao ler isso na lista? O que aconteceria quando nos encontrarmos? Eu teria coragem de ir ao seu encontro sem saber o que esperar? O que faríamos quando ele tivesse que ir embora?

São muitas perguntas que apenas um verdadeiro encontro nosso poderia responder. Contudo, eu espero não ter de esperar tanto para ter as respostas para elas.

📷📱📌

A segunda-feira chega estranha. Chego atrasada na escola porque o trânsito da Pampulha até aqui estava um caos, logo percebo que Danielle não veio à aula, porém o estranho mesmo é que Arthur não está conversando comigo, sequer me cumprimentou depois que entrei pedindo desculpas ao professor de Ciências pela demora.

Algo me diz que tem a ver comigo, mas eu não me recordo de nada que possa ter deixado-o assim. Será que ele e a Danielle brigaram, um dia depois de terem ficado? E o que eu tenho a ver com isso?

A questão é que eu sei que aconteceu algo, tenho certeza. Que envolve os dois e eu, mas não sei o que aconteceu.

E eu odeio não saber das coisas que me envolve.

Além disso, Arthur não fala. Desde que chegamos, nenhuma brincadeira, nem mesmo um comentário sobre o drama no Facebook e no Whatsapp que fiz depois de terminar de ler Lacrimosa² ontem, por não aceitar bem o destino de uma das personagens. Indiferente, é a única palavra que consigo usar para definir Arthur agora.

— Hoje vamos falar sobre a terceira lei de Newton: toda ação gera uma reação, de mesma intensidade, ou seja, mesmo módulo, mesma direção e de sentidos opostos — enumera Cianeto e eu bufo. É o primeiro horário, e eu já estou irritada e com a curiosidade à flor da pele.

Pego meu celular e envio uma mensagem para Luís.

[Luís]

Sasá: O que aconteceu??? Arthur não tá falando comigo e a Danielle faltou.

Luís: Cê não viu o que fez?

Sasá: Não! Q merda eu fiz?

Luís: Acessa o site da escola

Saio da conversa e faço o que ele disse. Aparentemente, tudo normal. Passeio pelas fotos, onde deve estar a resposta para tudo isso. E é então que vejo. A carta errada nesse baralho. A foto que eu deveria ter colocado em uma pasta diferente e acabei esquecendo. Danielle e Arthur estão nela, abraçados e se beijando, perto dos banheiros do colégio.

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¹ Gajo: homem, garoto.

² Lacrimosa é o conto de @EC-Punk, disponível no Wattpad. Recomendo todos os contos dele, tem uma lista de leitura no meu perfil, onde vocês podem encontrá-los.

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Twitter: Eoreovlivro

Facebook: Entre o Real e o Virtual

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Maior capítulo! Caraca! Obrigada a que teve paciência hahaha postagem no dia correto (ou quase isso) e grandão, hein?! Me digam o que vocês acharam, por favor ♥ e não desejem minha morte pelo final desse capítulo. Tento voltar semana que vem!

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