Capítulo - 34
Viver por tanto tempo longe, morando em um Seminário, fez com que eu não me prendesse a memórias vividas na casa dos meus pais, principalmente depois de tentar abstrair as que me machucavam, lembrando-me da causa que me levaram a tomar decisões erradas, quando eu ainda achava que eram as corretas.
Talvez por essa razão eu não esteja me importando tanto em passar alguns dias na casa dos meus sogros, mesmo que Raymond seja uma figura e me deixe a maior parte do tempo, morrendo de vergonha.
Mas eu não posso negar que o motivo que esteja me fazendo sair de casa, antes do meu casamento, não esteja me incomodando porque está e muito. Não pelo fato de ter que ir para outro lugar, mas sim pelas atitudes da minha avó, que mesmo tendo uma razão - ou que ela acredite de fato ter uma -, para agir assim, nada justifica a forma que ela vem tratando a minha noiva.
Posso ter passado um pouco dos limites, pela forma que falei com ela, afinal, independente do que vier a dizer, pensar ou fazer, ela ainda é a minha avó e lhe devo respeito. Contudo hoje eu consigo perceber o que sempre esteve bem diante dos meus olhos e cego, eu não quis enxergar a verdade, pois Laura Grey sempre conseguiu me manipular durante toda a minha vida. Fazendo-me acreditar que um sentimento tão puro e nobre, como o amor, fosse pecado, quando direcionado a alguém, melhor dizendo, direcionado a menina que - mesmo que eu fosse tão pequeno -, vi nascer, crescer e vir a ser a minha melhor amiga.
Não! Eu não irei me eximir da culpa por ter ficado 8 anos trancado em um Seminário, da mesma forma que eu não posso dizer que a decisão para isso ter acontecido não tenha sido totalmente minha, mas se não fosse pela manipulação, pela pressão e opressão vindas por parte dela, eu jamais veria o sentimento que queimava o meu peito, como algo errado e que nunca, jamais poderia ser seguido adiante.
- Quer conversar, Christian? - Olho para Ray, que está sério agora, assim que entramos no quarto de hóspedes, onde ficarei com a Ana e nego com a cabeça.
- Está tudo bem, Ray. E, obrigado, por permitir que fiquemos aqui até que o nosso apartamento fique pronto. - Ele nega com a cabeça e arrasta a cadeira da escrivaninha, sentando-se de frente para a cama, indicando para que eu me sente nela.
- Primeiro que eu não tenho que permitir nada, aqui é a casa da minha filha e sempre será a sua também. - Sorrio um pouco envergonhado e assinto, mas ele continua. - Segundo que você não precisa tentar demonstrar que é forte o tempo todo, Christian. Temos o direito de estar chateados, até mesmo com alguém da nossa família. - Deixo o peso da tensão em meus ombros caírem e suspiro, dando-me por vencido, afinal, preciso mesmo conversar com alguém que não esteja envolvido nessa questão.
- Eu só queria entender o porquê da minha avó ser assim, Ray. O meu pai fala que ela tem as suas razões, das quais ele não poderia compartilhá-las comigo e até aí tudo bem, porque isso não é algo dele para poder contar. Da mesma forma que ela tenha me manipulado por toda a minha vida e quanto a isso eu tenho ciência que só foi possível por eu ter permitido que acontecesse, mas agora ela não conseguir respeitar uma decisão que cabe somente a mim e ainda por cima tentar magoar e ofender a minha noiva, não dá para entender. - Falo tudo num fôlego só e parte do que estava me sufocando, parece ter se dissipado.
- O ser humano é difícil de entender, Christian. O porquê de serem assim? Quais razões poderiam ter para que ajam dessa forma? Ninguém sabe. Mas ficar pensando nisso ou tentando adivinhar as motivações de cada pessoa, só farão com que você comece a criar situações e teorias que nunca chegarão a uma resposta, deixando-o sempre mais confuso e aflito, podendo inclusive causar mais conflitos, não apenas com ela, mas também entre a sua família. - Assinto, porque quanto a isto, ele não poderia estar mais certo. - No entanto, você tem que pensar sobre as suas escolhas e as suas decisões. E se estiver certo quanto a elas, não dê ouvidos a quem não consegue compreender os seus sentimentos. Ninguém é obrigado a aceitar a decisão de outra pessoa, mas o mínimo que podemos fazer e que esperamos que os outros também façam, é respeitar.
- E, é justamente este o problema da minha avó, Ray. Ela não quer aceitar, mas também não respeita a minha decisão. - Falo a contragosto, e ele sorri de lado.
- Você é um homem de 25 anos, Christian, não precisa da permissão de ninguém para decidir o que é melhor para a sua vida, desde que realmente esteja certo quanto ao que possa ser o correto para você. E se esse for o caso, deixe que a Laura pense o que quiser e continue com os seus planos, pois só você tem o poder de saber se será feliz com as escolhas que pretende seguir ou não.
- Por muito tempo eu tentei me enganar, forçando-me a permanecer no Seminário e não fraquejar para desistir de tudo, seguir o meu coração e ir atrás da Ana. Mas então eu me prendia a certeza de que estava fazendo o que era correto por ela e essa era a motivação que fazia com que eu trancasse qualquer sentimento que permanecia, mais vivo do que nunca, dentro de mim, para conseguir seguir em frente com o Sacerdócio.
- Para você ver que tudo é uma questão de escolhas, Christian. E por mais que a sua avó possa ter conseguido mexer com a sua cabeça, usando os sentimentos que tinha em seu coração, como se fosse algo errado, a decisão de continuar sofrendo trancado em um Seminário para seguir com o Sacerdócio foi totalmente sua. - Assinto, mesmo que ele não esteja fazendo um questionamento. - E é onde entra o respeito que acabei de mencionar, pois independente do quanto a minha filha estivesse sofrendo, desde que você foi para New York, ela respeitou a sua decisão, por mais que não aceitasse. - Sinto novamente o aperto em meu peito, toda vez que essa situação é mencionada, fazendo com que eu respire fundo, tentando amenizar a sensação que sempre tenta me sufocar.
- Se eu pudesse mudar o passado, eu jamais faria o que fiz, quando tinha 17 anos, Ray. - Falo com amargura, e ele nega com a cabeça, dando-me um sorriso afetuoso.
- Infelizmente não podemos mudar o passado, pois é ele que nos faz ser melhores e mais fortes, Christian. Mas podemos tentar fazer o certo no presente, para que no futuro, seja da forma que desejamos que possa ser. - Mais uma vez assinto absorvendo bem as suas palavras. - Quanto a Laura, não deixe que sentimentos ruins apoderem do seu coração, pois isso fará mal apenas a você e independente do que vier a acontecer, ela continuará sendo a sua avó.
- Eu sei.
- Mas... Eu preciso fazer essa pergunta, Christian, por mais absurda que possa parecer neste momento. - Assinto sem interrompê-lo e espero que continue. - Você realmente está certo quanto ao seu casamento com a minha filha? Você realmente não se arrependerá de ter desistido do Sacerdócio e quem sabe, ser infeliz e fazer com que ela também seja?
- Não me arrependo de ter desistido do Sacerdócio, Ray, pois nunca foi o que eu de fato quis e confesso que não fui feliz estando no Seminário por todos esses anos. - Falo com toda certeza do meu coração, e ele apenas fica me olhando, sem me interromper. - Sempre senti a falta de algo, um vazio que nunca era preenchido, nem mesmo se eu passasse horas a fio em orações, como nos era orientado a fazer sempre que isso acontecesse, pois o que me faltava... Quem me faltava era a Ana. E, quanto ao nosso casamento, eu nunca estive mais certo de algo, como estou em relação a isso, pois mesmo quando eu achava que era errado, sempre foi ela que esteve, por todo esse tempo, dentro do meu coração. - Ele me analisa por um momento, mas assente dando um sorriso.
- Fico muito feliz em ouvir a certeza da sua decisão, porque eu odiaria ter que sumir com o homem que eu vi nascer e que sempre tive como um filho se quebrasse o coração da minha Princesa mais uma vez. - Arregalo os olhos pela seriedade com que ele fala isso, mas logo ouço a sua risada, possivelmente da minha cara assustada. - Vamos descer, porque eu tenho certeza que a sua noiva deve estar se perguntando o que eu fiz com você para estarmos demorando tanto. - Ele se levanta, e eu faço o mesmo, ainda pensando em suas palavras. - Fique tranquilo, meu genro, estou apenas brincando com você... Ou não, quem sabe?
Continuo calado e dessa vez ele gargalha, mas saímos do quarto e sinceramente, não duvido nada que Ray realmente suma comigo caso eu magoe novamente a Ana. Algo que se depender de mim, jamais irá acontecer, pois ela é a minha vida e a amo mais do que um dia eu poderia sequer mensurar poder amar alguém.
[...]
Sempre admirei o relacionamento dos meus pais e consequentemente a forma com a qual criaram Melissa e eu, onde o diálogo era à base da nossa convivência, por mais que comigo, por ser um Seminarista, as conversas possam ter sido um pouco diferentes.
Os meus pais nunca sentaram comigo para falar sobre sexo, bebidas, drogas ou relacionamentos, porque até então eu estava decidido a seguir com o Sacerdócio e o celibato era a minha única opção, por essa razão, seriam assuntos desnecessários a serem discutidos.
Claro que nunca fui ignorante quanto a nada disso, contudo não havia razões para se aprofundar em cada tópico ou discutir sobre outros assuntos como o caso de preferências e orientação sexual. Talvez seja por isso que eu esteja tão admirado com a família da Ana, quanto à forma que apoiam o Lucca em relação a sua sexualidade e a forma que receberam tão bem o Khalan, o namorado dele.
Da mesma forma que a harmonia seja tão diferente da que vivíamos na casa dos meus pais, onde sempre é possível sentir um clima pesado, parecendo que uma nuvem densa sempre está presente nos ambientes. E, por mais que seja difícil de admitir, eu sei bem qual é a razão, melhor dizendo, quem causa todo esse desconforto no lugar que deveria ser sinônimo de paz e tranquilidade.
Não deixei de ir à casa dos meus pais e jamais farei isso, porém comecei a fazer como Ray me sugeriu, afinal, minhas escolhas e minhas decisões e ninguém tem o poder de interferir naquilo que eu ache que é o melhor para mim. Por outro lado, não sei dizer se devo confiar na resiliência da minha avó, que não tentou mais tocar no assunto "Sacerdócio" nos momentos em que estivemos juntos, mas pela forma que ela me olha, eu sei que vontade não lhe falta.
Contudo tenho tanta coisa para me preocupar no momento, que não pretendo mais me prender a um assunto, que para mim, já foi encerrado. Preferindo focar - com a ajuda do meu pai, Ray e até mesmo do Khalan, o namorado do Lucca -, na pesquisa de mercado que estou fazendo para ver em qual ramo de atividade irei me enquadrar, uma vez que não pretendo dar aulas, seguindo com as minhas formações acadêmicas. Mas confesso que isso tem me deixado muito irritado, pois nada parece ser o ideal para que eu possa investir não apenas o meu tempo, mas também o meu dinheiro.
Mas cheguei à conclusão que o meu pai tem razão ao dizer que eu não preciso me preocupar agora ou me precipitar em fazer algo que eu possa me arrepender depois. Sugerindo então que eu deixe para pensar nisso depois que eu voltar de lua de mel, pois com a decoração do apartamento, os preparativos para o meu casamento, do qual faço questão de participar em cada detalhe que me for possível, junto com a Ana, além do retiro que terei que ir de qualquer forma, não está me sobrando tanto tempo quanto eu gostaria, nem mesmo para estar com a minha noiva. Razão que está fazendo o tempo passar tão rápido, que mal vimos à semana passar e o dia do casamento da minha irmã e meu melhor amigo finalmente chegar.
- Eu não acredito que a Melissa, depois de me fazer esperar mais de oito anos, ainda irá se atrasar! Ela só pode estar tentando testar a resistência do meu coração, pois não há outra explicação para essa demora. - Nego com a cabeça com o surto de Andrew, que olha no relógio a cada minuto, parecendo que não conhece a minha irmã, enquanto Lucca e Breno apenas dão risada e Khalan apenas sorri.
- Andrew, a sua noiva ainda não está atrasada, mas caso estivesse, você sabe que ela jamais perderia a oportunidade de aumentar as expectativas de todos para fazer a sua entrada triunfal. - Breno quem o responde, depois de controlar o riso e mais uma vez, Andrew olha em seu relógio, mas dando um sorriso de lado.
- Não posso negar Breno. Porque eu não tenho a menor dúvida que Melissa realmente fará isso. - Ele volta a verificar a hora e olha em volta. - E esse Juiz de Paz que não chega também.
- Andrew, o Juiz de Paz está atrás de você, preparando-se para iniciar a cerimônia. - Aponto para o homem de terno preto e uma capa sobre seus ombros, e ele assente.
Melissa e Andrew decidiram que não iriam se casar na Igreja, optando por ter um Juiz de Paz que também é Celebrante de Casamentos com conotação Religiosa, tendo a cerimônia realizada no jardim da casa dos meus pais, assim como a recepção, fato que Ana e eu também optamos em seguir pelo mesmo caminho. Mas confesso que essa decisão me incomode um pouco, mas eu sei que isso é causado por toda a Doutrina na qual fui ensinado sendo um Seminarista por longos oito anos.
Posso não ter vocação para ser um Sacerdote, mas as minhas convicções cristãs não poderão ser mudadas ou arrancadas de mim de uma hora para outra, assim como a minha Fé continuará inabalável, fato que como um cristão, eu esteja em falta com Deus, pois abandonei o Sacerdócio, não a minha crença nEle. Porém não insistirei para que o nosso casamento seja celebrado em uma Igreja, se esta não é a vontade da Ana, pois independente de onde for à cerimônia, a nossa união será abençoada por Deus e é isso que realmente importa.
- E, quanto a você, Christian? Falta apenas dois meses para o seu casamento, está nervoso também? - Lucca bate no meu ombro com o seu, e sorrio, negando com a cabeça.
- Nervoso não, mas ansioso para ter a Ana como a minha esposa o quanto antes, com toda certeza.
- Quero ver se você ficará tranquilo desse jeito no dia do seu casamento, Christian, pois a sensação que poderá ser abandonado no altar a cada minuto de atraso da sua noiva, vai aumentando o desespero que você nunca imaginou ser capaz de sentir.
- Deixe de exagero, Andrew, 10 minutos não podem nem ser considerados como atraso, principalmente se formos julgar que estamos falando de Melissa Grey, a ser a noiva.
Lucca responde com um sorriso, enquanto abraça o seu namorado por trás, apoiando o queixo em seu ombro. E, percebo o quanto Khalan está envergonhado, o que imagino que seja pelo fato de que a minha avó e alguns convidados estejam olhando-os de forma acusatória. O que devo confessar que essa situação esteja deixando até mesmo a mim, desconcertado e ainda mais decepcionado com as atitudes de Dona Laura.
- Filho, eu estou indo agora buscar a sua irmã, quer vir comigo?
Meu pai se aproxima, fazendo-me desviar o olhar da minha avó e a forma que ela está encarando o Lucca e Khalan, mas assinto, deixando Andrew a beira de um colapso, por saber que a cerimônia está prestes a começar.
[...]
Não sei como ainda consigo ficar surpreendido com a minha irmã, mas jamais imaginei que ela iria se casar de vermelho. Certo! Não totalmente vermelho, mas é como se fosse. E a julgar pelo sorriso orgulhoso em seus lábios vendo a reação dos convidados, o desgosto da minha avó e o sorriso divertido e amplo de seu noivo, eu sei que ela alcançou o que havia planejado para o momento de sua entrada, que como Breno havia dito: realmente foi triunfal.
Ouvir as palavras do Celebrante faz com que eu imagine o dia que chegar o meu casamento com a Ana, mesmo que as razões tenham sido diferentes, mas Andrew e Melissa também tiveram um longo caminho a percorrer para poderem estar juntos hoje. E, diferente do sentimento que eu tinha há alguns meses - dos quais não me orgulho nada -, estou feliz por eles, que estão realizando e caminhando para mais um passo em suas vidas, assim como agora eu também poderei dizer que em breve, realizarei a minha real vocação, que é ser marido, companheiro e se for da vontade de Deus, pai dos filhos da única mulher que sempre amei.
Abrir o meu coração mais uma vez para Ana, sempre faz com que o meu amor por ela aumente cada vez mais - se isso realmente for possível -, fazendo-nos perceber que realmente fomos feitos um para a outro, que temos as mesmas motivações, sonhos e desejos, desde que éramos adolescentes. Só que não posso deixar de me sentir culpado, mesmo que eu tente esquecer o passado, do tempo que fiz com que ficássemos separados, mas Ana tem razão em dizer que não precisamos mais nos agarrar as lembranças que tínhamos um do outro, pois agora temos um ao outro e ficaremos sempre juntos.
- Ei, solteiros de plantão! - Desvio minha atenção dos meus pensamentos, para Andrew que interrompeu o som e está com o microfone não mão. - Sabemos que jogar o buquê é uma tradição das noivas, mas como nós, também precisamos das nossas próprias tradições, afinal, nós temos que ser solidários com os encalhados. - Todos dão risada, mas eu apenas nego com a cabeça vendo que ele está levemente alcoolizado, enquanto segura uma caixa vazia de uísque em sua mão. - Por isso quero todos vocês aqui, para receberem um pouquinho da minha sorte e poderem se casar logo.
- Se a minha sorte for como a sua e eu precisar esperar oito anos para me casar, ficarei sentado aqui mesmo, obrigado. - Breno levanta o seu copo, enquanto grita a sua piada para poder ser ouvido, arrancando mais risadas, inclusive de Ana que esconde o rosto em meu pescoço.
- Ora, meu caro amigo, já ouviu dizer que a pressa é inimiga da perfeição? - Andrew dá uma piscadela para Breno, que nega com a cabeça, mas dando uma risada.
- Concordo com você, meu amigo, mas apenas se essa pressa for... Na cama. - Mais risos são ouvidos e Andrew continua.
- Bom ponto, Breno, mas agora, venham! Quero saber quem será o próximo a desencalhar. - Os amigos dele começam a se levantar e alguns amigos dos meus pais também, mas ele olha para a nossa mesa. - Christian! Lucca! Khalan! Ainda estão sentados aí por quê? - Nego com a cabeça e ouço a risada de Lucca, que também está um pouco alterado por causa do álcool.
- Vamos lá, Christian! - Breno se levanta e tenta me puxar pelo braço, mas nego com a cabeça.
- Não preciso de mais sorte, pois tenho tudo necessito bem aqui. - Beijo os cabelos de Ana, que está com um imenso sorriso nos lábios. - E, se não se lembram, eu me casarei em dois meses.
- Hoje eu sou o noivo, então vocês irão fazer o que eu quero. - Andrew solta o microfone e caminha decidido na direção da nossa mesa e com a ajuda de Breno, consegue puxar a mim e Lucca com eles.
E, mesmo contra a minha vontade, fico ali parecendo um dois de paus enquanto ele volta a subir no palco improvisado e fica brincando, instigando os seus amigos, até que joga a caixa de uísque que cai nas mãos de Lucca, que fica muito animado apontado para o seu namorado que permaneceu sentado à mesa, conversando com a minha Ana.
[...]
Depois que Melissa jogou o seu buquê, acabou indo para a casa, com a Ana, para poder trocar de roupas, pois logo estará saindo para o Aeroporto e seguir para Phi Phi Don, na Tailândia, local escolhido para passarem a lua de mel.
Andrew acabou indo fazer o mesmo e aproveitaria para colocar as malas da minha irmã no carro, mas percebo que Lucca ficou bem pensativo quanto ao que ouvimos da Ana assim que retornamos para a mesa, enquanto Khalan está entretido falando com o Breno, sobre o seu País de origem, depois de ouvir o roteiro de viagem que será feito por minha irmã e meu melhor amigo.
Olho para a pista de dança e vejo os meus pais e meus sogros dançando e sorrindo, o que é impossível não fazer o mesmo e desejar que o meu casamento com a Ana seja parecida com o deles, pois não pretendo que sejamos iguais. Afinal, nós iremos fazer com que a nossa relação seja tão especial quanto, mas a nossa maneira.
Vejo a minha avó pegar a sua bengala e levantar também, caminhando na direção da casa, não antes de me lançar um olhar, como se estivesse decepcionada comigo, principalmente por eu evitar estar ao lado dela, falando apenas o essencial, ainda mais vendo que ela não pretende mudar a sua postura diante o relacionamento com a Ana. O que me faz suspirar, pois não precisaria ser dessa forma, se ela simplesmente entendesse e respeitasse a minha decisão.
- Christian? - Encaro Lucca, que se aproximou e baixou o tom de voz, para que somente eu ouvisse. - Eu sei que não é o caso, pois nem você ou a Ana tiveram relacionamentos no passado, mas hipoteticamente se tivesse um ex-namorado desequilibrado, que insistisse em perturbar a Ana o que você faria?
Olho para Khalan e Breno que continuam conversando e sei que a sua pergunta resultou depois de ouvir as palavras de Ana, que mesmo que eu não soubesse exatamente o contexto, algumas delas também me fizeram refletir.
- Sinceramente não sei dizer Lucca, mas de uma coisa que eu tenho certeza além do meu amor pela Ana, é que sou muito ciumento. - Ele sorri de lado e arqueia a sobrancelha, como se dissesse "Eu não sabia disso", mas continuo. - Porém se a sua pergunta tiver alguma relação com o que a Ana disse, sobre perder tempo, eu concordo com ela, afinal, assim como nós, vocês também perderam longos anos distantes, quando poderiam ter evitado toda a dor e sofrimento causado pela distância imposta por falta de diálogo.
- Nisso você tem razão. - Ele volta a olhar para o namorado, que parecendo sentir o seu olhar, para de conversar com Breno por um momento, apenas para encará-lo e sorrir. - O Khalan me chamou para morar com ele. - Ele solta de uma vez e suspira. - Mas eu não sei Christian. Aquele Farabuto (Canalha) não consegue entender que Khalan não quer mais nada com ele e que está comigo agora.
- Então você prefere continuar distante, facilitando a vida para esse ex-namorado tentar se aproximar cada vez mais do Khalan? - Ele fica em silêncio, pensando por um momento e nega com a cabeça.
- Vocês têm razão! E, eu amo o Khalan, mesmo que para mim às vezes seja difícil enfrentar alguns receios, mas eu não posso mais perder tempo, quando eu sei que ele também me ama.
- Então você sabe o que tem que fazer Lucca.
- Obrigado, Christian! - Ele sorri e coloca a mão em meu ombro, dando um aperto, voltando a se aproximar do namorado.
Sorrio por ver o quanto Lucca realmente é uma boa pessoa, razão pela qual a minha noiva e seus pais o acolheram como um membro da família, mas logo franzo o cenho quando percebo que Melissa retornou para a festa com o Andrew, porém não vejo a Ana. Levanto-me e caminho na direção dos dois, chamando a atenção deles e dos nossos pais, assim como a de Ray e Carla, que estão ao lado deles.
- Onde está a Ana, Melissa? - Ela franze o cenho e olha em volta.
- Eu pensei que ela já estivesse com você, pois quando eu saí do banheiro, ela já tinha saído do meu quarto.
- Ela pode ter ido descansar um pouco no antigo quarto de vocês, Filho.
Minha mãe sugere e imagino que possa ser isso, mas me dou conta que a minha avó também não retornou, desde que entrou na casa, mas não menciono esse detalhe, não tendo um bom pressentimento quanto a isso.
- Então vá chamá-la, Christian, por favor! Daqui a pouco Andrew e eu estaremos saindo e quero me despedir de vocês. - Mais uma vez assinto e sem falar mais nada, caminho na direção da casa.
Quero pensar que a Ana realmente esteja apenas descansando e não que Dona Laura Grey foi tentar provocá-la ou ofendê-la, pois não quero ter que me afastar ainda mais da minha avó, para que ela perceba de uma vez por todas que não tem o direito de interferir no meu relacionamento e que independente do que ela queira, farei exatamente da forma que eu achar melhor para a minha vida.
Mas a julgar pela capacidade que minha avó tem em não respeitar a decisão de outra pessoa, no caso a minha, encontrei as duas dentro do meu antigo quarto e pelo visto discutindo, pois a tensão dentro do ambiente é tão palpável que chega a ser cortante.
Mas Ana se aproxima beijando os meus lábios e vejo que há uma caixa de madeira em suas mãos, que eu nunca tinha visto antes. Porém ela volta a olhar para a minha avó e as suas palavras me deixam intrigado, antes de sairmos do meu quarto, quando ela coloca a caixa nas mãos dela, que a encara com tanto ódio que nunca havia visto antes.
- Cinzas precisam ser jogadas fora para que possamos renascer mais fortes, por isso, jogue esse lixo fora e se liberte de tudo que insiste em remoer e quem sabe a salvação não possa alcançá-la.
Sinto a mão que segura a minha, muito gelada, e percebo que Ana está trêmula, mas ela continua me puxando, como se quisesse sair dessa casa o quanto antes. Entretanto, ainda confuso com a sua atitude, assim que descemos as escadas e chegamos à sala, eu paro no lugar, obrigando-a a fazer o mesmo e me encarar.
- O que aconteceu, Ana? Sobre o quê vocês estavam conversando? E, o que tinha naquela caixa? - Ela respira fundo, desviando o olhar dos meus.
- Depois conversaremos Christian. Vamos nos despedir da sua irmã e do Andrew ou eles irão se atrasar. - Ela tenta voltar a caminhar, ainda sem me encarar, mas seguro firme a sua mão e puxo o seu corpo de encontro ao meu.
- Não desvie os seus olhos dos meus, Ana. E, só sairemos daqui depois que você me falar o que aconteceu. - Ela foca seus olhos azuis nos meus, mas apoia a cabeça em meu ombro, dando um longo suspiro.
- Vamos nos despedir da Melissa e do Andrew, então poderemos ir embora e conversar, pode ser? - Não respondo, mas faço com que ela volte a me olhar. - Prometo contar tudo, Christian, mas apenas quando estivemos na casa dos meus pais, então não insista, por favor! - Vejo a determinação em seus olhos e quem suspira agora sou eu, mas acabo assentindo.
- Tudo bem, meu Anjo, faremos do seu jeito, mas eu não quero que você me esconda nada. - Ela assente e sela rapidamente os meus lábios, voltando a se afastar.
- Não esconderei, mas agora vamos, pois quero logo ir embora dessa casa.
Pelo seu tom de voz irritado, o que é raro de acontecer, eu apenas assinto e voltamos a caminhar para o jardim, encontrando a minha irmã e meu cunhado se despedindo da nossa família, mas não ficarei tranquilo enquanto não souber o que estava acontecendo naquele quarto.
Raymond é língua de trapo, mas sabe conversar sério também, não é mesmo 🤭🤭? Além de ser muito bom em conselhos e também em breves ameaças 😏😏.
Andrew nervoso com o atraso, que nem era atraso da Melissa. Coitadinho 🤭🤭! Mas Christian está pleno porque não era com ele, alguém tem alguma dúvida que ele também estaria surtando 😏😏?
Andrew estava todo engraçadinho, mas hoje ele "pooooddeee", afinal, é o grande dia dele, depois de "tantooosss" anos esperando a louca da Melissa, não é verdade 🤣🤣?
Vamos ver se Lucca acorda para a vida e agarra o Khalan de uma vez por todas, pois se marcar bobeira, o Sean vai querer atacar, com toda certeza 🙄🙄.
Ah, Christian! Você conhece a praga da sua Avó e por mais que quisesse estar errado, você sabe que ela não estava naquele quarto apenas para um visita cordial 😤😤.
Mas Ana está certa. Conversar onde outras pessoas poderiam ouvir, não é nada interessante, sem contar que a Vovó Laura pode aparecer e querer distorcer a história 😤😤. Alguém dúvida que ela seria capaz disso 🤔🤔?
Ps.: Até domingo ainda teremos mais dois capítulos, então logo estarei de volta 😉😉.
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