Capítulo - 33
A semana passou tão rápido que Christian e eu mal tivemos tempo para ficarmos juntos, pelo menos não da forma que gostaríamos, é claro. Encontramos um novo Arquiteto e um Design de Interiores – que não há nenhuma ligação com a Empresa da família da Violet Sanders – e a decoração do nosso apartamento começou há dois dias, o que por mais que sejam profissionais qualificados, decidimos que iríamos fazer parte da escolha de cada móvel que haverá em nosso futuro lar.
Lucca e eu decidimos comprar o imóvel que Khalan nos ofereceu e após verificar tudo que deveria ser feito no prédio, inclusive a troca dos elevadores para outros com tecnologia mais moderna e a reestruturação de alguns ambientes, assim como acessos para portadores de deficiências físicas, ficamos acertados que Lucca seria o responsável pela abertura da S&P Fashion Ltda., enquanto eu ficaria responsável pelo registro da patente da nossa marca, mas isso só depois que eu voltasse de lua de mel. Afinal, teremos alguns meses de reformas pela frente, além de termos vários croquis prontos, desde que vínhamos alimentando o sonho de ter a nossa própria Empresa.
Christian também começou a fazer algumas pesquisas de mercado para ver em qual ramo de atividade poderia se encaixar, tendo em vista que ele não pretende seguir a nenhuma de suas formações acadêmica, sendo Filosofia e Teologia. No entanto, decidiu que não iria retornar para a Universidade e ingressar no curso de Direito, que era a sua primeira opção antes de ter entrado para o Seminário.
Claro que isso tem o deixado frustrado e muito irritado por não conseguir a resposta que tanto quer para começar a investir o seu dinheiro, mesmo que ele não precise se preocupar com isso por enquanto, mas apenas permaneço ao seu lado, apoiando no que ele decidir, da mesma forma que ele tem me apoiado quanto ao Ateliê.
E, entre toda a turbulência que estava sendo a nossa semana, ainda tínhamos que nos preocupar com os preparativos finais para o casamento da Melissa e do Andrew, no meu caso em específico, as provas do meu vestido, que foi feito de última hora, mas que no fim deu tudo certo, além de focar na organização do meu próprio casamento.
– Céus! Eu vou ter um ataque de nervos e Andrew ficará viúvo antes do casamento. – Sorrio da ansiedade da Melissa, mas ela para e pensa por um momento, fazendo uma careta. – Deus me livre! Se eu morrer antes do casamento vai chover piranha no meu enterro e tenho certeza que nenhuma será por causa do meu belo rostinho e sim para abocanhar a vara do viúvo.
– Credo, Melissa! Pare de falar essas besteiras. – Grace repreende a filha, que apenas dá de ombros, olhando-se mais uma vez no espelho.
– Faltam poucos minutos, Melissa! Mantenha a calma. – Minha mãe tenta acalmá-la, mas sem deixar de sorrir do drama dela.
– Estou tentando, Tia Carla, mas sinceramente, estou com medo mesmo e do meu futuro marido ter um treco quando eu me aproximar do altar. – Ela dá uma risadinha nervosa e não consigo evitar a gargalhada.
Que a Melissa seria uma noiva nada convencional, isso já sabíamos, ainda mais depois que ela esteve no meu apartamento em Milão e disse que o seu vestido não seria vermelho, mas que teria alguns detalhes. Ela só se esqueceu de dizer que os detalhes não seriam em vermelho e sim em branco, pois na verdade o seu vestido é um conjunto de blusa, modelo cropped sem mangas em renda e uma saia branca estilo princesa com a parte de trás mais alongada, parecendo uma pequena calda, com o cós em cetim vermelho, mas a cereja do bolo são as rosas vermelhas que vão aumentando de tamanho, finalizando em toda a barra.
É bem diferente, mas devo confessar que não imaginaria Melissa com um vestido tradicional branco. E, a cara que a Dona Laura fez quando viu a neta pronta para o casamento, foi impagável e é claro que ela não deixou de resmungar antes de deixar o quarto e ir para o jardim esperar junto com os demais convidados.
– Você está linda, Melissa! – Consigo falar depois de controlar o riso, fazendo com que ela sorria. – E, eu tenho certeza que Andrew poderia se espantar sim, mas se você aparecesse com um vestido tradicional branco e não estando com o seu estilo próprio. – Ela se vira para mim e dá uma voltinha, antes de fazer de conta que beijaria o próprio ombro.
– É verdade! Eu sou o máximo mesmo! – Damos risada dela e ouvimos uma batida na porta, para logo em seguida vermos Christian e Carrick entrando e dando um sorriso para Melissa.
– Filha! Você está linda! – Carrick se aproxima e beija a testa dela.
– Obrigada, Papai! – Vejo os seus olhos marejarem e Christian também a abraça.
– Tenho que concordar com o papai, você realmente está linda, minha irmã maluca.
– E você está um gato nesse terno, meu irmãozinho favorito. – Christian nega com a cabeça, afastando-se e vejo um sorriso em seus lábios antes de ter o seu braço em volta da minha cintura.
– Eu sou seu único irmão, Melissa! – Ela olha para cima, tentando controlar as lágrimas e faz um gesto desdenhoso com a mão.
– Isso é apenas um detalhe. – Ela sorri e pisca para mim. – Você parou para pensar que logo será o pinguim plantando naquele altar esperando a sua noiva, Christian? – Ele me olha com carinho e sorri, ficando com o rosto corado, fazendo-me sorrir também.
– E, eu serei o homem mais feliz desse mundo. – Ele acaricia o meu rosto e beija suavemente os meus lábios. – Você está linda, meu Anjo!
– Obrigada, Amor! Mas você realmente está lindo com esse terno. – Sorrio ainda mais por ver o quanto ele ficou vermelho e me aproximo para beijá-lo, sendo interrompida por minha mãe que nos separa.
– Os dois estão lindos e espero que continuem assim, por isso vão descendo, ocupando os seus lugares que já está na hora da cerimônia começar.
Melissa e Grace dão risada vendo o quanto Christian ficou vermelho, o que não devo estar diferente, por sentir o meu rosto esquentando. E, até mesmo Carrick sorri, mas com um brilho no olhar e imagino o que ele esteja pensando, mas ninguém fala mais nada, apenas saímos do quarto, esperando o momento do casamento começar.
[...]
Assim como eu, Melissa também optou em não ter o seu casamento celebrado em uma Igreja – para desgosto de Dona Laura, é claro –, tendo a cerimônia e recepção no jardim da casa dos pais dela.
Está tudo tão bonito que enquanto o Juiz de Paz celebra a cerimônia, sem perceber começo a sorrir, imaginado que em breve serei eu a noiva, que tem um grande sorriso em seus lábios ao lado do seu noivo que estava extremamente nervoso, mas que bastou ver a excentricidade da mulher que pretende passar os próximos anos ao seu lado, sendo sua amiga e companheira de vida, que um grande sorriso iluminou o seu rosto.
Mas também não posso deixar de sentir uma pontada de tristeza, por me lembrar de que há três meses eu estava recusando o seu convite para ser a sua madrinha, apenas pelo fato de que eu precisaria estar com o seu irmão, que eu acreditava fielmente não me amar da mesma forma que eu o amava e que logo seria consagrado um Sacerdote.
Que por pouco, eu não joguei fora a minha chance de ser feliz ao lado do meu melhor amigo, que foi o meu primeiro amor e o único homem que tem o meu coração, no qual eu sempre amei e com certeza amarei até os fins dos meus dias, por medo de ter que olhar novamente nos olhos cinza que me perseguiram durante os oito anos que ficamos separados.
Mas o meu coração novamente se aquece por pensar que em dois meses serei eu a estar dizendo sim ao meu noivo. Que serei eu a realizar a troca das alianças e ouvindo os seus votos e promessas que me amará por toda a nossa vida. Que serei eu a agregar o sobrenome dele ao meu e que poderemos finalmente reafirmar que seremos sempre um do outro.
– Em breve seremos nós, meu Amor!
Sorrio e apoio a minha cabeça em seu ombro, quando sou abraçada por trás, assim que os noivos seguem para o local que será a festa, sendo acompanhados pelos nossos pais e os convidados.
– Eu estava justamente pensando nisso. – Viro-me para poder olhá-lo e passo os meus braços por seu pescoço, vendo o sorriso tímido que sempre amei. – Mas eu estava pensando também que tudo poderia ter sido diferente se eu não tivesse escutado o meu coração para estar aqui hoje. – Ele suspira e assente, entendendo o que eu quero dizer.
– Ainda bem que você sempre foi mais corajosa e decidida que eu, pois assim não desistiu de mim, mas principalmente não desistiu de nós. – Sorrio e selo rapidamente os nossos lábios, sentindo o meu coração acelerar e acho que sempre será assim, quando eu estiver em seus braços.
– Eu nunca desistiria de nós, Christian. E, confesso que se você tivesse insistindo a continuar com a Ordenação ao Diaconato, talvez nem assim eu parasse de acreditar que você perceberia o que estava fazendo e iria atrás de mim, para então podermos não recomeçar, mas criar uma nova história. Um novo começo, onde seria eu e você contra o mundo. – Ele assente com um sorriso de lado, mas tão triste que dói no meu coração.
– Quando Melissa e Andrew começaram a falar sobre a organização do casamento, eu me sentia tão mal e tão culpado, porque por mais absurdo que fosse, por eu ser um Seminarista na época, eu sentia muita inveja deles.
– Christian... – Ele me interrompe dando um beijo casto nos meus lábios, continuando em seguida.
– Eu parei de vir para casa nos fins de semana que éramos liberados, pois eu não conseguia permanecer ao lado deles, presenciando toda aquela euforia, assim como a minha mãe, que estava muito feliz em organizar o casamento de um dos seus filhos, o que seria o único na verdade, mas sabe o quê acalmava o meu coração nesses momentos?
– As suas orações?
Respondo o que acredito ser o óbvio, com a voz embargada, tentando segurar o nó que se formou em minha garganta, mas ele nega com a cabeça e leva a mão à gola da camisa, soltando um pouco o nó da gravata e retira o cordão com o pingente que dei a ele no seu aniversário de 17 anos, segurando-o com tanto carinho que é impossível segurar minhas lágrimas.
– Esse pingente, Ana. – Sorrio entre minhas lágrimas, enquanto recebo um beijo rápido em minha testa, mas percebo que ele também está com os olhos marejados. – Sempre que a saudade aumentava e apertava em meu peito, eu o segurava e sentia que você estava ao meu lado, junto comigo, pois em meu coração você sempre esteve. – Volto a beijá-lo antes de abraçá-lo e ouvir o retumbar acelerado do seu coração, que está batendo no mesmo compasso que o meu.
– Mas agora não precisamos mais nos agarrar as lembranças que temos um do outro para tentar amenizar a saudade, Christian. – Afasto-me e acaricio o seu rosto. – Porque agora nós temos um ao outro e sempre estaremos juntos. – Ele assente e sorri, secando rapidamente uma lágrima que deslizou por seu rosto.
– Sempre, Meu Anjo de olhos azuis.
Sorrio, pois ele sempre me chamava assim, desde que éramos crianças e sem conseguir mais me segurar beijo os seus lábios, tendo a certeza que de fato nascemos para ser um do outro e se assim for da vontade de Deus, permaneceremos juntos, amando-nos e nos completando, tornando-nos uma única alma e dois corações que baterão sempre no mesmo compasso.
[...]
– Você não quis se juntar àqueles desesperados para pegar a caixa de uísque do noivo? – Sento-me ao lado de Khalan, depois de Andrew arrastar Christian e Lucca para ver quem pegaria a caixa que ele jogaria, mas ele nega com a cabeça e sorri.
– Não. Lucca está representando a nós dois, achei melhor ficar aqui sentado. – Dou risada vendo como Lucca está animado, o que acho que ele está mesmo é levemente bêbado, isso sim. – E, parece que o seu noivo também não foi de muita boa vontade, não é?
– O Christian é bem tímido para esse tipo de brincadeira, mas ele foi apenas porque o Andrew é o melhor amigo dele, caso contrário, nada o tiraria dessa cadeira. – Ele dá risada e vemos o momento que Andrew joga a caixa, caindo nas mãos do Lucca. – Acho que teremos outro casamento em breve, Khalan. – Ele sorri envergonhado, quando Lucca aponta a caixa para ele, dando uma piscadela.
– Nada me faria mais feliz quando esse momento chegar, Ana. – Ele me olha e vejo toda a sinceridade em seus olhos amendoados.
– Por que sinto que tem um "mas", por trás de suas palavras? – Ele volta a olhar rapidamente para onde os rapazes estão cumprimentando o Andrew, focando novamente em mim, dando um suspiro.
– Sean não consegue aceitar que Lucca e eu estamos juntos agora e que desde que o conheci, ele foi o único a ocupar o meu coração, mas você sabe como aquele Italiano é não sabe?
– Cabeça-dura e muito inseguro quando se trata de relacionamentos. – Nego com a cabeça, pois nisso eu tenho certeza que Lucca não vai mudar nunca, sempre pensando que alguma coisa errada irá acontecer e poderá ser rejeitado a qualquer momento.
– Exatamente! – Ele suspira e me dá um sorriso triste. – Ele está reticente inclusive com o pedido que fiz para que ele pudesse ir morar comigo em meu apartamento, mas eu acredito que pelo fato do Sean morar no prédio, esteja sendo uma desculpa para ele sempre recusar.
– Sinceramente não sei o que faço com aquele Carcamano. – Nego com a cabeça e Khalan sorri de lado. – Eu acho que você tem que pegar aquele Italiano teimoso de jeito e mostrar para ele que já perderam tempo demais ficando longe, Khalan, quando tudo poderia ter sido resolvido com diálogo e não fugindo, como ele sempre faz, a menos é claro, que haja alguma possibilidade dessa insistência do seu ex-namorado vir a fazê-lo se tornar novamente o atual. – Arqueio uma sobrancelha para ele, apenas para vê-lo negar enfaticamente.
– De forma alguma. A minha história com o Sean acabou há muito tempo. E, não vou negar que às vezes que eu ainda tentei dar uma chance a nós dois, foi justamente pela insistência dele e por eu acreditar que Lucca havia se afastado de mim por ter percebido alguma coisa quanto ao meu interesse nele, quando nos conhecemos, e que isso o tenha incomodado, por isso nunca tentei procurá-lo novamente. – Nego com a cabeça e suspiro, colocando a minha mão sobre a dele, tentando reconfortá-lo.
– Acredito que Lucca já tenha lhe falado isso, mas ele se afastou justamente por ter se apaixonado e por acreditar que havia confundido os seus carinhos e cuidados com ele com algo que nunca iria existir, pois até então, você e o Stronzo eram namorados.
Faço uma careta, lembrando-me do olhar triste do meu irmão do coração, quando nem eu mesma sabia a razão para isso, pois só vim saber sobre eles no dia que reencontramos Khalan naquele Restaurante, assim que chegamos a Washington.
– Nisso eu sou culpado, pois eu fazia mesmo todos acreditarem que ainda éramos um casal, mesmo mantendo o profissionalismo em nosso local de trabalho, mas hoje eu percebo o que a falta de diálogo pode fazer com duas pessoas que estão apaixonadas, mas que não têm certeza de serem correspondidas ou se algum dia poderia ser. – Assinto, vendo Christian e Lucca caminhando de volta para a nossa mesa.
– Eu sei exatamente o que você está falando, Khalan, afinal, passei pelo mesmo e por pouco não perco o meu primeiro e único amor para o Sacerdócio. – Ele apenas assente, talvez porque já conheça a minha história. – Mas não desista dele, o Lucca só precisa estar seguro quanto ao que sentem e você vai ver que logo ele irá perceber que perderam muito tempo estando separados para continuar a recusar o seu pedido.
– Jamais desistirei dele, quanto a isso você pode ter certeza. – Sorrio e tiro a minha mão de cima da dele, quando Christian e Lucca se sentam à mesa.
– Aconteceu alguma coisa? – Lucca pergunta alternando o olhar entre nós dois e negamos com a cabeça, mas decido dar algo para que ele possa pensar.
– Não aconteceu nada, Lucca. Estamos apenas falando sobre quanto o tempo é precioso para continuarmos a insistir em perdê-lo com receios e medos infundados. Quando na verdade deveríamos lutar por aquilo que queremos e amamos, não dando oportunidade para algum stronzo tentar usurpar um lugar que demoramos tanto para conquistar. – Ele me encara intensamente com seus olhos verdes e sorri de lado, olhando para Khalan de esguelha.
– Touché, Bella Mia.
Dou uma piscadela para ele, enquanto sorrio e percebo que Christian também absorveu parte do meu recado, pois sinto a intensidade do seu olhar sobre mim, mas decido não prolongar o assunto.
Afinal, só falei a verdade, sendo que o tempo não para e muito menos espera ajustarmos as nossas incertezas, ele simplesmente segue o fluxo e quem quiser que o acompanhe ou quando perceber pode ser tarde demais.
[...]
– Ana! Você teria que ter ido ficar com as meninas para pegar o meu buquê. – Melissa choraminga, quando caminhamos na direção da casa para que ela possa tirar o vestido, pois está quase na hora deles irem para o Aeroporto.
– Melissa, eu irei me casar em dois meses, então achei justo dar a oportunidade para outra pessoa pegá-lo na brincadeira, pois sei que você o jogaria na minha mão. – Ela dá de ombros, mas sem me desmentir, pois eu sei que ela faria isso mesmo.
– Eu iria apenas dar mais um incentivo para a concretização do seu casamento, nada mais justo que usar uma tradição de eras para que nada pudesse fazer com que vocês mudassem de ideia. – Dou risada do exagero dela ao dizer "eras" e subimos as escadas.
– Melissa, nada iria me fazer mudar de ideia sobre o meu casamento com o Christian, a não ser ele mesmo.
– Como assim? – Ele chuta os sapatos para longe, quando entramos no quarto e começa a tirar a saia, enquanto começo a abrir os pequenos botões do seu cropped. – O Christian jamais desistiria do casamento de vocês, disso eu tenho certeza. – Dou de ombros e me afasto, vendo-a se despir e sento-me na cama.
– Eu sei que ele não desistiria, mas a única razão que poderia me fazer mudar de ideia seria se ele realmente não tivesse certeza quando a sua decisão em desistir do Sacerdócio. E, mesmo que eu ainda pudesse esperá-lo por algum tempo, porque eu sei que faria isso, eu não insistiria, apenas respeitaria se fosse mesmo da vontade dele. – Ela dá uma risada incrédula e para na porta do banheiro, encarando-me.
– Ana, o Christian experimentou o fruto proibido e pelo que eu já ouvi, quando vocês estavam morando aqui em casa, duvido muito que ele consiga voltar a seguir com o celibato. – Ela dá um sorriso debochado e arqueia a sobrancelha. – Você literalmente desvirtuou o inocente do meu irmão, não é sua safada? – Nego com a cabeça, mas é impossível não dar risada dessa maluca.
– Melissa, vá tomar o seu banho! Senão vocês irão se atrasar para embarcar e perderão o voo.
– Estou indo, sua Desvirtuadora de Seminaristas Inocentes.
Ela gargalha e entra para o banheiro, mas apenas reviro os olhos e resolvo usar o banheiro do antigo quarto do Christian, mas mudo de ideia assim que chego ao quarto e vejo uma caixa de madeira sobre a escrivaninha, tendo a certeza de não tê-la visto antes e muito menos no dia que fizemos as nossas malas para irmos para a casa dos meus pais.
Aproximo-me e a abro, encontrando uma bíblia antiga, que sei ser do Christian, um terço e o clérgima que ele usava. Há também uma fotografia de nós dois, de um pouco antes do aniversário de 17 anos dele. Mas acabo me assustando e arregalo os olhos, sentindo uma sensação ruim em meu estômago, assim que encontro várias cartas, mas especificamente as cartas que eu enviei para o Christian nos primeiros anos que ele entrou para o Seminário.
Percebo que algumas estão bem amassadas, como se tivessem sido lidas várias e várias vezes, mas... Não! O Christian não mentiria para mim, pois eu vi a verdade em seus olhos no dia que me disse com todas as letras que não havia recebido uma única carta que eu havia enviado. Então por que elas estão aqui no seu quarto? Ainda mais junto aos objetos que por tanto tempo fizeram parte da vida dele?
Fico não sei quanto tempo, analisando os envelopes, percebendo que estão organizados em ordem da data do envio e tentando entender o porquê de essas cartas terem aparecido só agora, parecendo que alguém as colocou de forma proposital para serem de fato encontradas ou talvez, a intenção fosse descartá-las para não serem encontradas e por alguma razão, a caixa foi esquecida em cima desse móvel.
– O que você está fazendo aqui?
Assusto-me com a voz de Dona Laura entrando no quarto e vejo a satisfação em seus olhos, percebendo o que tenho em minhas mãos, fazendo com que eu entenda o que está acontecendo aqui.
– Não que eu deva alguma satisfação à Senhora do por que eu estar no antigo quarto do meu noivo, mas irei responder assim mesmo. – Devolvo as cartas para a caixa, voltando a fechá-la. – Eu vim usar o banheiro, antes de voltar para a festa, mas confesso que por um momento eu quase... Irei repetir para não haver enganos, eu quase caí no joguinho que a Senhora tentou fazer aqui.
– Não sei sobre o quê você está falando, Menina. – Sorrio sem humor e nego com a cabeça, não acreditando o quanto ela consegue ser fria em relação a isso.
– A Senhora é boa, Dona Laura, muito boa devo admitir. – Nego mais uma vez com a cabeça e suspiro, encarando-a seriamente. – Mas está querendo jogar com a pessoa errada, pois se a Senhora se esqueceu, irei lembrá-la que trabalho numa área onde as pessoas conseguem ser dissimuladas, não medindo esforços para prejudicar algum colega de trabalho, por isso precisa saber que esse tipo de "armadilha" não funciona comigo.
– Acredito que o tempo que ficou tirando as roupas para aquela pouca vergonha que chama de trabalho, possa ter afetado o seu cérebro, pois você não está falando coisa com coisa, Menina!
– Eu queria entender como a Senhora consegue ser assim. Uma mulher, que até onde eu sei, teve tudo que um marido poderia oferecer. Tem um filho maravilhoso e netos incríveis, tudo que uma pessoa com a sanidade em seu perfeito juízo pediria a Deus, mas a Senhora parece que faz questão de ver a sua família, que é tão bonita, ruir por agir dessa forma.
– Você não sabe o que está falando e não blasfeme o nome de Deus! – Ela se altera, mas estou pouco ligando para isso. – Diferente de você, eu sei o que é bom para a minha família, por isso eu digo que aqui não tem lugar para você, sua enviada do diabo! – Gargalho! Eu simplesmente gargalho da falsa moralidade dela.
– Se a Senhora queria tanto alguém consagrado na família, porque não entrou para um convento? – Ela arregala os olhos, mas logo vejo mais raiva sendo direcionada a mim. – É serio! Por que querer que alguém cumpra um propósito para a "salvação de sua alma", quando a Senhora mesma poderia fazer isso? Sendo que dessa forma não tentaria acabar com a felicidade de quem nunca teve vocação para o Sacerdócio.
– Cale essa boca! – Ela bate a bengala no chão, como se isso me intimidasse, mas apenas reviro os olhos para o teatro dela. – Você não sabe nada a meu respeito, além de ter voltado de Milão apenas para fazer o meu neto pecar. Apenas para tirá-lo dos caminhos retos de Deus, mas eu não irei permitir isso. – Ela fala com tanta convicção que quase me convence que a errada da história sou eu, mas mais uma vez eu nego com a cabeça.
– Não é a Senhora que decide isso, Dona Laura, coloque de uma vez por todas em sua cabeça que o Carrick não tinha vocação para ser Padre, assim como o Christian que seria infeliz até o fim de seus dias se prosseguisse com essa insanidade.
– Seguir os desígnios de Deus não é nenhuma insanidade é uma bênção. – Assinto, pois em algo ela tem razão.
– Concordo plenamente com a Senhora, desde que a pessoa em questão sinta em seu coração o chamado de Deus. Desde que essa pessoa tenha de fato a vocação para ser um Presbítero, mas esse não é o caso do Christian, então aceite e se acostume com isso, pois iremos nos casar e seremos uma família. E, assim como Carrick constituiu a dele, iremos fazer o mesmo.
– Não se eu puder evitar.
– Mas é isso que a Senhora não quer entender, Dona Laura. A Senhora não tem poder para isso, pois o Christian é um homem capaz de tomar as suas próprias decisões e elas já foram tomadas. Já que a Senhora quer tanto ter o seu passado perdoado, confesse-se, pague penitência, promessas ou sei lá mais o que o Padre pode dizer para ser feito, mas não tente usar alguém que não tem nada haver com a sua vida e com os seus pecados para tentar ser salva.
– Escute aqui sua...
– O que está acontecendo aqui? – Christian entra no quarto, interrompendo o seu rompante de ódio destinado a mim, alternando o olhar entre nós duas.
– Não aconteceu nada, Amor. – Pego a caixa de madeira e me aproximo, dando um beijo em seus lábios. – Eu apenas estava falando para a Dona Laura que o passado deve permanecer no passado e que quem faz questão de continuar preso a ele, que pague pelos próprios pecados. – Ele me olha confuso, mas nego com a cabeça, pegando em sua mão. – Vamos descer, Melissa e Andrew devem estar quase saindo e quanto a Senhora... – Coloco a caixa em suas mãos, vendo o ódio refletido em seus olhos. – Cinzas precisam ser jogadas fora para que possamos renascer mais fortes, por isso, jogue esse lixo fora e se liberte de tudo que insiste em remoer e quem sabe a salvação não possa alcançá-la.
Não espero a sua resposta, pois sei que ela nada falará na frente do neto, por isso apenas saio do quarto levando o meu noivo comigo e espero que ela perceba que se quer ter a sua alma salva, não é agindo de forma errada que conseguirá fazer isso e muito menos usando quem nada tem haver com os seus pecados que ela encontrará a sua tão almejada salvação.
Mas a pergunta que não sai da minha cabeça é: Salvação para quê?
Alguém teria alguma dúvida que Melissa iria se casar de vermelho 😏😏? Eu que não duvidei nada daquela maluca 🤭🤭!
Agora Christian e Ana realmente não precisam mais sentir "inveja" de ninguém. Estão juntos e logo irão se casar também! Ou não! Vai saber 😏😏!
Ah, eu sabia que aquele Stronzo do Sean não iria aceitar a relação de Lucca e Khalan numa boa 😤😤. Mas se Lucca inventar moda, eu juro que dou uns tapas nele 😡😡.
Mas acho que mesmo ele tendo medo, não vai deixar mais o Boy dele sozinho não, mas está perdendo tempo como disse a Ana. Já não foi o suficiente todo o tempo que perderam por causa de inseguranças? Ai, ai! É cada uma que me acontece 🙄🙄.
Sinceramente, Dona Laura achou o quê? Que iria fazer a Ana duvidar da palavra do Christian? Que conseguiria colocar um contra o outro deixando aquelas cartas para serem encontradas? E, como ela sabia que a Ana quem as encontraria? Mas espera! Ela não tinha jogado as cartas fora 🤔🤔?
Ainda bem que a Ana conhece a Avó do noivo e pisou bonito, com classe e educação, mas aquelas verdades doeriam em mim, se fosse o caso. Mas parece que só serviram para alimentar ainda mais o ódio da Vovó Laura, não é verdade 😏😏?
Vamos ver o que isso vai dar, não é mesmo 😏😏?
Voltarei amanhã, conforme o nosso combinado e de acordo com o último cronograma deixado no meu Livro de Avisos. Quem não viu ainda, corre lá e dê uma olhadinha 😉😉!
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