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Capítulo - 20

Incertezas!

Durante muitos anos esse sentimento fazia parte diariamente da minha vida, pois quando eu me apaixonei pela minha melhor amiga na adolescência, eu comecei a acreditar que esse sentimento era impuro e muito errado. Quando eu decidi entrar para o Seminário, eu não conseguia me sentir parte daquele lugar, mesmo lutando dia após dia para me adequar e me convencer que o Sacerdócio era realmente para mim.

Quando eu estava me habituando e aceitando o meu destino, Ana retornou para a minha vida, fazendo-me novamente questionar o que eu estava fazendo, principalmente por ter todos os sentimentos que eu tentei reprimir vindo à tona, de forma ainda mais avassaladora do que havia sido anos atrás. Quando eu me permiti admitir que de fato eu a amava, não apenas como um amigo e irmão mais velho, mas como um homem deve amar uma mulher, a incerteza de estar cometendo outro erro insistia em me assombrar.

No entanto, quando eu a pedi em casamento e ouvi o seu sim, dizendo que me amava e me aceitava como seu futuro marido, nunca me fez ter tanta certeza de estar fazendo o que é correto pela primeira vez na minha vida como agora. E foi nesse momento que eu senti que as amarras que eu prendia a mim mesmo se libertaram, fazendo-me sentir verdadeiramente feliz, ainda mais por tê-la em meus braços e me aconchegando aos seus.

Retornar para casa foi mais fácil do que eu imaginava que poderia ser, sem correntes me prendendo, sem medo de estar cometendo um pecado ou a incerteza de continuar sendo infeliz, pois agora não apenas o meu coração me dizia que eu estava certo, mas também a minha razão que me alertava o tempo todo o erro que eu iria cometer se insistisse em prosseguir com o Sacerdócio.

Por mais que eu estivesse nervoso e um tanto quanto ansioso, a reação da minha família já era a esperada por mim, pois tanto os meus pais como a minha irmã e o meu melhor amigo, nunca concordaram - mesmo não interferindo na minha decisão - que eu fosse Ordenado. No entanto, a reação da minha avó me deixou assustado e muito chateado, pois hoje eu percebo que para ela a minha felicidade não importa - e agora acredito que nunca importou -, desde que eu siga os desígnios de Deus que ela acha que são os corretos para mim.

Por um momento, fiquei sem reação com a sua explosão e mais ainda por ver o ódio refletido em seu olhar que era direcionado a Ana e mais uma vez, o meu Anjo mostrou o quanto é decidida, segura de si e determinada no que quer da mesma forma que eu percebi que pelo nosso amor, ela está disposta a enfrentar seja quem for, mesmo que isso ferisse os seus princípios por acreditar estar desrespeitando alguém mais velho. E eu pude comprovar isso, quando ela direcionou seu olhar para mim, antes de me beijar e cruzar a sala a passos rápidos subindo as escadas.

- Mas isso é uma falta de respeito! - Minha avó bate a bengala no chão, quebrando o silêncio ensurdecer que ficou na sala no momento que Ana e Melissa subiram as escadas. - Você não vai fazer nada, Grace? - Ela direciona seu olhar afiado para minha mãe que está incrédula com o que acabou de acontecer. - Aquela desavergonhada fala que vai ficar no quarto do meu neto para induzi-lo ao pecado, faltando um pouco mais de dois meses para a Ordenação dele e você não vai fazer nada? - Minha mãe suspira e olha para mim antes de voltar a encarar a minha avó.

- Claro que irei Laura. Eu irei ajudar a Ana a organizar as suas roupas no quarto do noivo dela. - Minha avó fica vermelha de raiva encarando a minha mãe que dá um beijo no rosto do meu pai, olhando em seguida para o Andrew que está constrangido sem saber o que dizer. - Venha comigo, Querido, vamos deixa-los conversar.

- Mas isso era de se esperar mesmo. - Minha avó fala com escárnio vendo a minha mãe e Andrew sumirem do nosso campo de visão e direciona o seu olhar para o meu pai. - O que eu poderia esperar da mulher que engravidou de um Seminarista, obrigando-o a deixar o Sacerdócio?

- Mãe, por mais que eu a ame e a respeite, eu não permitirei que a Senhora falte com o respeito e muito menos ofenda a minha Esposa que é a dona dessa casa. - Meu pai fala calmamente, mas vejo que ele está se segurando.

- Ah, claro! Vai jogar na minha cara agora que eu vivo nessa casa de favor? - Meu pai suspira e passa as mãos no rosto e eu continuo sem reação, não acreditando que um dos dias mais felizes da minha vida, irá terminar com essa discussão. - Você desviou dos caminhos de Deus, Carrick, e agora quer que o seu filho siga o mesmo caminho se entregando ao pecado. Você não percebe que aquela desavergonhada só está fazendo isso por capricho? E isso não é de agora, pois eu sempre vi o quanto ela se insinuava para o meu neto desde que eram adolescentes. Mas o meu neto não vai cometer os mesmos erros que você cometeu, pois eu não irei permitir.

- Erros? Está dizendo que os meus filhos são erros, Mãe? - Meu pai se exalta e antes que ela responda, eu os interrompo.

- JÁ CHEGA! - Eles se assustam quando grito, mas respiro fundo me controlando. - A Senhora não tem que permitir nada, Vó. A vida é minha, assim como a decisão deve ser tomada apenas por mim. - Ela tenta falar, mas eu não permito continuando em seguida. - Hoje eu consigo ver que a Senhora nunca quis a minha felicidade, pois se assim fosse, jamais teria me manipulado, me fazendo acreditar que o amor que eu sentia pela Ana era errado, me convencendo a ir para o Seminário, me afastando da minha melhor amiga e o meu primeiro e único amor.

- Você está enganado, Christian, eu sempre quis a sua felicidade e é por essa razão que eu sei o que é melhor para você. - Eu nego com a cabeça e me afasto quando ela tenta pegar a minha mão.

- A Senhora não sabe o que é melhor para mim, Vó, pois até alguns dias atrás, nem eu mesmo sabia o que seria o melhor para mim. - Ela me encara e posso ver a raiva contida em seu olhar e hoje eu consigo ver tudo com mais clareza, o que eu não me permiti ver por todos esses anos. - Hoje eu vejo que essa sua insistência, em me fazer ver que o Sacerdócio seria a única maneira de me livrar da culpa que eu sentia por ter começado a amar a menininha que eu vi crescer, não era nada por amor e sim uma obsessão. - Ela tenta negar, mas eu levanto a mão interrompendo-a. - Hoje eu vejo que se a Senhora me amasse verdadeiramente como dizia amar, não teria feito de tudo para me afastar da minha melhor amiga. Não teria destruído as cartas que foram enviadas para mim e muito menos tentaria ofender a mulher que eu amo, sabendo que a minha felicidade é ela.

- Você não a ama, meu querido! Você ama a Deus! - Dou uma risada sem humor e nego com a cabeça, não acreditando no que estou ouvindo. - Você está confuso e deslumbrado, pois admito que ela seja uma mulher bonita. Uma mulher que hoje é vivida, que sabe seduzir um homem e que com certeza, você não deve ser o primeiro que ela faz isso. - Ela se aproxima pegando a minha mão e eu fico apenas a encarando. - Aquela Menina tinha uma vida regrada a luxos, festas e glamour, usando aquela pouca vergonha de ficar se esfregando em homens, chamando de trabalho. - Respiro fundo, mas não falo nada, eu a deixo falar os absurdos que ela quiser. - Você não consegue enxergar que ela te vê apenas como um desafio? Que para ela isso deve ser uma diversão, fazer um homem se desviar dos caminhos de Deus, apenas por capricho? - Meu pai tenta falar alguma coisa, mas eu nego com a cabeça e ele entende, ficando quieto. - Mas você não vai demorar a abrir os seus olhos, quando na primeira oportunidade ela voltar para o mundinho promíscuo que ela está acostumada, mas isso só irá acontecer quando ela conseguir te corromper. Quando ela conseguir manchar sua alma ao ponto de não se consagrar um Santo e ser um Sacerdote. Eu só quero o melhor para você, meu neto. - E mais uma vez, minha Avó tenta me manipular e não vou negar, pois isso me deixa muito chateado, além de decepcionado, por essa razão eu me afasto de seu toque, que está me incomodando no momento.

- Sabe Vó? Por quase oito anos, eu acreditava que o impuro fosse eu e por essa razão eu tomei a decisão mais precipitada da minha vida, quando entrei no Seminário, mas isso não foi por mim, foi por ela. - Ela arregala os olhos com a minha confissão, mas não me interrompe. - Pois eu acreditava que amar a Ana fosse errado, sendo que eu deveria protegê-la como um irmão mais velho. Que mesmo sabendo que não tínhamos nenhum laço sanguíneo, fomos criados juntos, muito além de melhores amigos, mas como irmãos. E saber que eu nutria sentimentos diferentes do fraternal por ela, me fazia sentir sujo, imoral e de fato um pecador.

- Christian... - Ela tenta me interromper, mas eu continuo não permitindo.

- Durante todo esse tempo, eu mergulhava mais fundo na minha própria dor e não conseguia me encaixar naquele lugar. Eu não conseguia me entregar por completo, mesmo tentando. Mesmo negando a mim mesmo o que eu sentia, pois eu precisava me convencer que era o certo a se fazer. - Respiro fundo, tentando dissipar o nó que ameaça a sufocar a minha garganta. - Eu me sentia sozinho, vazio e sabe quando esses sentimentos mudaram? - Pergunto retoricamente, pois continuo em seguida. - No momento que ela retornou para minha vida, entrando por essa porta e pude envolvê-la novamente em meus braços ao cumprimenta-la. No momento que eu vi o brilho daqueles olhos azuis que me assombraram por todo esse tempo. Quando eu senti o seu toque suave e delicado. Quando eu finalmente ouvi o meu nome ser pronunciado por seus lábios.

- Você não pode...

- E sabe quando eu me senti verdadeiramente feliz, como eu não conseguia me sentir por todo esse tempo? - Ela não fala nada, fica apenas me encarando. - Quando eu a tive em meus braços, no momento que eu me entreguei a ela e a fiz minha, unindo não apenas os nossos corpos, mas também os nossos corações e almas, fazendo com que nos tornássemos um só. - Ela arregala os olhos e eu sei que é desnecessária essa informação, mas estou cansado de ter a minha vida moldada por outras pessoas, ou seria melhor dizer por ela? - Eu perdi muito tempo abnegando a minha felicidade, mas isso não irá mais acontecer, Vó, pois eu irei me casar com a Ana dentro de três meses e se a Senhora não pode respeitar a minha decisão, espero apenas que não se intrometa e muito menos use palavras de baixo calão para falar da mulher que eu amo, pois a Senhora não sabe nada sobre ela e muito menos a conhece como eu conheço. Se para a Senhora a minha felicidade não importa, se preocupando apenas com uma Fé cega que eu não entendo a razão, eu sinto muito, mas nada e nem ninguém irá me fazer desistir de ficar com a mulher que eu amo. - Decidido a encerrar essa discussão, tento passar por ela, mas ela segura o meu braço, fazendo com que eu encare seus olhos raivosos.

- Você irá se arrepender se abandonar a sua vocação. E se depender de mim você irá ser Ordenado como tem que ser. - Solto meu braço de seu toque delicadamente e dou um passo atrás.

- Se eu me arrepender de abandonar uma vocação que nunca foi para mim ou não, o problema será apenas meu. - Soa mais rude do que eu gostaria e respiro fundo, controlando esse lado que eu nem sabia que existia em mim. - Eu já me decidi e irei apenas comunicar o Arcebispo da minha decisão de sair do Seminário. E quanto a depender da Senhora, não se preocupe Vó, pois eu não dependo de ninguém para decidir sobre a minha vida, pelo menos não mais.

Saio da sala deixando-a incrédula com a minha grosseria, afinal, eu nunca falei dessa forma com ninguém e muito menos com ela, nem mesmo no dia que eu descobri que ela destruiu as cartas da Ana. Mas eu estou cansado de ser considerado o filho perfeito, o futuro Sacerdote puro e inocente, sendo que na verdade eu sou apenas um homem suscetível a erros como qualquer outro. Eu sou um homem que percebeu a tempo o quanto estava perdendo da sua vida, trancafiado num lugar que eu nunca nem mesmo deveria ter ido.

Estou cansado de não agir por mim mesmo, pensando apenas no que poderia ser melhor para as pessoas - mesmo que essa decisão fosse a mais tola possível -, porém a partir de hoje, não farei mais isso. A partir de hoje serei um homem diferente do que venho sendo por todo esse tempo. Hoje eu serei um homem que quer viver, dividindo a sua vida com a mulher que com toda certeza foi destinada apenas para mim.

(...)

- Eu posso entrar Filho? - Desvio a atenção da noite nublada que vejo através da janela do Escritório e encaro o meu pai.

- Claro Pai. - Ele abre a porta e senta na cadeira a minha frente, colocando uma pasta preta sobre a mesa.

- Você está bem?

- Estou sim, só um pouco decepcionado com as atitudes da minha Avó. - Ele assente e sorri de lado, talvez por ter passado por algo semelhante a isso no passado.

- A sua Avó não é má pessoa, meu Filho, mas ela tem mesmo uma obsessão quanto a seu Sacerdócio. - Quem assente agora sou eu, pois percebi o quanto isso é verdade. - Comigo não foi diferente, porém eu não demorei tanto tempo quanto você para perceber o erro que iria cometer se tivesse me ordenado um Padre. Quando eu conheci a sua mãe, foi como um bote salva-vidas que me foi arremessado no momento que eu estava definitivamente confuso e quase acreditando que estava no lugar certo, mas além de ter o amor da mulher que eu amava, eu tive também um grande amigo que me orientou no momento certo e me fez ver e entender os motivos da minha mãe, mesmo não concordando com eles.

- Um amigo? Quem? - Ele sorri e nega com a cabeça e sei que não irá responder. - Então o Senhor sabe por que a minha avó age assim? - Ele apenas assente, mas não fala nada. - Por que, Pai? Por que a minha avó tem essa obsessão em ter um Padre Consagrado na família? - Ele suspira e por breves segundos vejo-o com um olhar triste, mas ele nega novamente com a cabeça.

- No momento certo você vai saber sobre o que estou falando, mas por enquanto... - Ele pega a pasta e coloca na minha frente. -... Eu quero te entregar isso.

Alterno o olhar entre o meu pai e a pasta e ele me incentiva a abrir e ver o seu conteúdo, o que a princípio fiquei um pouco confuso, até me dar conta do que se tratava, pois na pasta havia a escritura do meu apartamento e alguns documentos de uma conta bancária em meu nome, deixando-me espantado com a quantia que há nela.

- Pai, o que... O que significa isso? Que dinheiro é esse?

- Quando o seu avô faleceu, ele deixou em testamento o seu patrimônio dividido para a sua avó e eu, porém eu já estava estabilizado financeiramente e decidi pegar o valor que me foi deixado e dividi entre você e sua irmã, deixando a quantia em questão aplicada.

- A Melissa sabe disso? - Ele assente e sorri possivelmente do meu espanto.

- Sim, quando ela completou 21 anos eu entreguei uma pasta a ela como essa que estou te entregando agora. - Apenas balanço a cabeça por não saber o que falar. - A sua eu teria entregado também quando completasse 21 anos, porém você estava decidido em não ter nada, abrindo mão de tudo que o dinheiro pudesse proporcionar, disposto a viver com o mínimo possível, se preparando de fato para ser um futuro Sacerdote, aceitando apenas o carro depois de tanto a sua mãe insistir e por isso deixei o valor aplicado e apenas administrando os seus rendimentos.

- Mas por que o Senhor não transferiu para o seu nome, sabendo que eu não usaria?

- Christian, tanto a sua mãe quanto eu, tínhamos esperança que você iria perceber que a escolha do Sacerdócio não era para você, mas não vou negar que com o passar dos anos, começamos a acreditar que você não iria mudar de ideia e insistiria no erro, disposto a ser infeliz como esta sendo, pois víamos o quanto você estava angustiado, principalmente com a sua Ordenação que estava se aproximando. - Baixo a cabeça e sinto o peso de suas palavras, apesar de ter ficado confuso por um tempo, mas isso foi apenas consequência de longos anos de preparação e sim, eu teria me Ordenado se isso significasse que a Ana estaria bem e tivesse seguido a sua vida sem mim. - Mas eu preciso saber de uma coisa, Filho. - Levanto a cabeça e encaro seus olhos que são tão parecidos com os meus, aguardando que ele fale. - Você está mesmo certo da sua decisão em abandonar o Seminário, faltando tão pouco para a sua Ordenação? Você está mesmo decidido em formar uma família com a Ana?

- Sim, Pai, eu nunca estive tão certo em tomar uma decisão na minha vida. - Ele suspira aliviado e eu também tiro os resquícios do peso que sempre carreguei dentro de mim. - Quando a Ana voltou, eu me martirizei por diversas vezes, da mesma forma que questionei várias vezes a Deus do porquê de eu estar tão confuso se o Sacerdócio fosse mesmo a minha vocação. - Ele assente, mas não me interrompe. - No entanto, eu percebi que independente do tempo que passasse ou da distância que estivéssemos eu nunca iria deixar de amá-la. E isso me assustava na mesma proporção que me fazia sentir culpado, por estar desejando a mulher que eu me proibi de ter qualquer sentimento que não fosse o fraternal, mas bastou que estivéssemos no mesmo ambiente, para que tudo que eu tentei reprimir voltasse ao ponto de me sufocar se eu não colocasse para fora tudo o que eu sentia.

- Eu fico feliz em saber que você tomou a decisão certa para a sua vida, meu Filho. E não sabe o quão aliviado eu fico em ter sido você mesmo a perceber que por mais que não abandone a sua Fé, não abandone os seus princípios religiosos completamente, você tenha percebido que vocação não é apenas estar usando uma batina e sendo responsável por uma Paróquia, seguindo fielmente com o celibato. - Ele sorri de um jeito que me faz ficar envergonhado, com certeza se lembrando do momento que eu disse na sala que me entreguei a Ana e a fiz minha. - O matrimônio também é uma vocação, Filho. Formar uma família é ter ainda mais responsabilidade do que ser designado a uma Igreja e servir aos seus fiéis.

- Pai, por que o Senhor nunca tentou me fazer mudar de ideia? - Ele me encara intensamente e eu suspiro. - Por que o Senhor não tentou me proibir de ir para o Seminário quando eu tinha 17 anos, justamente por ter passado o que eu estava passando naquele momento? - Faço a pergunta que por diversas vezes martelou em minha cabeça e ele sorri.

- Apesar de ser jovem, você sempre foi muito responsável e muito teimoso também, meu Filho. - Sorrio sem graça, pois isso eu não posso negar. - Naquele dia, nós tivemos uma breve conversa e você estava mesmo decidido a seguir para o Seminário, mesmo que eu soubesse que estava sendo pelos motivos errados. No entanto eu não poderia proibi-lo, pois se de alguma forma você se encontrasse durante a sua preparação e desejasse no seu coração ser mesmo um Sacerdote, ou se você se tornasse de fato um Sacerdote e futuramente percebesse que não era isso que queria para a sua vida, a decisão teria que partir de você, pois dessa forma você não me culparia ou a quem fosse que estivesse tentado intervir no seu futuro. - Ele se levanta e caminha até a porta, mas para com a mão na maçaneta, me encarando. - Você já ouviu dizer que é com os erros que no fortalecemos? - Eu assinto e ele sorri de forma acolhedora. - Mas é nas decisões que amadurecemos. Nunca se esqueça disso.

Ele sai do escritório me deixando sozinho com os meus pensamentos e mais uma vez eu suspiro, analisando novamente os documentos que me foram entregues, mas por enquanto não quero pensar no que fazer com eles, além é claro, de levar a Ana para conhecer o apartamento que será o nosso lar.

Lar! Pensar nessa palavra me aquece o peito, pois o meu lar é justamente onde a Ana estiver e hoje eu percebo e desejo tanto isso como não me permitia desejar a alguns dias. No entanto eu acredito que Deus me preparou sim, mas não para ser um Sacerdote e sim para ser o melhor marido que garantirá que aqueles olhos azuis nunca percam o seu brilho e que aqueles lábios nunca deixem de sorrir.

(...)

Depois de passar mais um tempo no escritório, eu vejo a hora e percebo que está tarde. Percebo também que eu devo ter perdido o jantar, mas agradeço por terem deixado que eu tivesse esse tempo comigo mesmo. Não que eu estivesse com dúvidas ou algo parecido, dos próximos passos que irei dar. Muito pelo contrário, pois estou muito certo de tudo e pensar dessa forma me faz sentir uma paz que há muito tempo eu não sentia.

Porém eu devo dizer que eu não me arrependo de ter me privado de coisas que homens na minha idade costumam fazer, justamente por saber que poderei fazê-las junto com o meu Anjo, a minha Princesa que sempre teve o meu coração. Pensar nela me faz sorrir de forma involuntária e eu toco o pingente que sempre foi meu alento nos meus momentos de confusão e pode parecer piegas, mas faz também com que eu sinta saudade dela, mesmo que tenhamos passado o dia todo juntos e isso não faz mais que algumas horas.

Suspiro sentindo o meu coração acelerar apenas por pensar que assim que eu entrar no meu quarto, Ana estará me esperando, dormindo na minha cama que muitas vezes foi o palco de tamanho desespero da minha mente perturbada, por isso eu pego a pasta que o meu pai me entregou e levanto-me saindo do escritório, ouvindo apenas o silêncio que a casa está. Passo na cozinha e abro a geladeira, vendo que minha mãe deixou um prato montado para mim e o aqueço, sentando-me ao balcão mesmo, começando a comer.

Sorrio e nego com a cabeça, pois por diversas vezes essa mesma cena se repetiu, porém os motivos que me fizeram sentar sozinho na cozinha para comer parecem tão distantes que faz com que eu me sinta apenas um espectador da confusão que era a minha cabeça e coração naqueles momentos. Diferentes de hoje, que me sinto completo e feliz, como pensei que nunca mais seria.

- Você está bem?

Assusto-me assim que ouço sua voz e sinto o calor de seu corpo se aproximar do meu, quando apoia suas mãos delicadas em meus ombros. Sorrio e viro a cabeça para encarar seus olhos que estão preocupados.

- Estou sim, não se preocupe. - Pego uma de suas mãos trazendo-a aos meus lábios e a puxo para se sentar ao meu lado. - Eu pensei que você estivesse dormindo.

- Eu não conseguiria dormir estando preocupada, sabendo que você estava sozinho pensando em sabe-se lá o que naquele escritório. - Ela faz uma careta e eu nego com a cabeça. - Eu desci pronta para te resgatar dos seus pensamentos que talvez pudessem não ser muito favoráveis, mas então eu ouvi o barulho dos talheres e imaginei que fosse você. - Ficamos em silêncio, apenas analisando um ao outro e ela acaricia o meu rosto. - Termina de comer para podermos dormir. Está tarde e você deve estar cansado.

- De fato eu estou, mas não apenas fisicamente. - Ela assente sorrindo, entendendo o que quero dizer e eu volto a comer, enquanto ela leva a mão na minha nuca, acariciando os meus cabelos.

- Eu falei com os meus pais. - Paro com o garfo no caminho da minha boca e viro-me rapidamente para ela. - Eles conseguiram antecipar a vinda deles para Washington e chegam sexta a noite. - Engulo em seco e descanso o garfo sobre o prato, pesando as suas palavras.

- Você... Você contou para eles? - Ela assente e morde no lábio, tentando segurar uma risada que estou percebendo querer escapar. - Então... Então eles sabem que você... Que nós iremos nos casar?

- Hurum! - Ela murmura balançando a cabeça ainda segurando o riso e eu pego o copo com água do balcão e bebo um gole generoso para amenizar a minha garganta que ficou seca.

- Por Deus, Ana! O que eles falaram?! - Ela gargalha do meu desespero enquanto o meu coração falta saltar do meu peito.

- Christian... - Ela tenta falar entre o riso e eu não estou vendo nenhuma graça nisso, a não ser que ela esteja pronta para ficar viúva antes de nos casar. - Não precisa ficar com essa cara assustada. - Ela respira fundo, secando o canto dos olhos, das lágrimas que surgiram por sua crise de risos. - Os meus pais sempre te amaram como um filho e sempre souberam dos meus sentimentos em relação a você. Quando eu decidi vir tentar lutar por nosso amor e não deixar que você se Ordenasse, eles me apoiaram, então não precisa ficar preocupado. - Ela acaricia o meu rosto e eu respiro fundo.

- Mas agora é diferente, Ana. Eles me amavam como um filho e agora eu serei o genro deles. - Ela nega com a cabeça e se aproxima selando os nossos lábios rapidamente.

- Eu não vou negar que eles estejam preocupados, mas não em relação ao nosso casamento, mas se por ventura você puder...

- Voltar atrás e decidir me Ordenar. - Completo vendo que ela não iria fazer e eu suspiro, virando-me completamente para ela. Com uma mão eu pego a sua e com a outra eu acaricio o seu rosto delicado. - Eu te amo, Ana. Eu sei que você ainda pode ficar insegura em relação a isso, mas a culpa é minha por ter sido um idiota. Porém, eu voltaria sim para o Seminário, me Ordenaria a Diácono e futuramente um Sacerdote, apenas se você me abandonasse caso percebesse que não vale a pena permanecer ao meu lado.

- Mas por que você voltaria para o Seminário se, e eu disse se isso acontecesse, sendo que você tem a certeza que não quer ser um Sacerdote? - Ela pergunta apreensiva e eu dou um sorriso triste, sentindo o meu peito se comprimir por pensar nessa possibilidade.

- Pois se eu não tivesse você ao meu lado, Ana, nada mais faria sentido e se fosse para viver infeliz não tendo o seu amor, eu iria preferir ser infeliz sendo útil de alguma forma, sendo um missionário de Deus, para acalentar o coração de quem precisasse em busca do meu próprio alento.

Ela não fala nada por um momento, mas seus olhos brilhantes não desviam dos meus, até que ela se joga em meus braços, assustando-me e segurando-nos para que não caíssemos do banco estreito do balcão.

- Nunca mais diga isso, está me ouvindo? - Eu apenas balanço a cabeça ouvindo a sua voz que sai abafada por estar pressionada na curva do meu pescoço. - Eu te amo, Christian. Nunca duvide do meu amor por você. Nunca! - Ela se afasta e vejo seus olhos marejados e logo uma lágrima desliza por sua face, que a capturo com os meus lábios.

- Eu também te amo, minha Princesa. Sempre te amei. Nunca duvide disso também. - Ela assente e eu a aconchego em meus braços.

Eu suspiro e fecho os olhos por um momento, apreciando o calor do seu corpo junto ao meu e sentindo que agora tudo está em seu devido lugar, do jeito que tem que ser, enquanto eu sinto o seu coração bater tão acelerado quanto o meu, por estarem enfim juntos. Por estarem se entregando um ao outro e se completando, pois hoje eu vejo que o nosso amor é sim capaz de enfrentar tudo, desde que permanecemos juntos.

E se depender de mim, eu não cometerei mais os erros do passado fugindo desse sentimento que hoje eu sei e reconheço ser puro e verdadeiro.

Ah! Eu estou tão soft com você, Christian, sendo decidido assim 🤧🤧🤧!

E Dona Laura que lute, pois o ex-Seminarista abriu os olhos de vez agora 🤭🤭🤭!

Só espero que nada e nem ninguém atrapalhe a felicidade de vocês 😏😏😏!

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