O Cisne Negro
Se foram apenas um dia e meu maior receio aqui é quanto tempo eu iria durar no meio dessas pessoas.
Eu tinha medo...medo de fazerem algo comigo. Medo de não ter para quem contar. Medo de virar refém de monstros sem valores e escrúpulos. Seria então chegada a hora de eu deixar ir embora a criança que pedia socorro e deixar o adulto defensor surgir? Bom, eu não sei bem o que fazer e ainda sim, isso me deixa ainda mais assustada.
Se houvesse um lugar para qual eu pudesse ir e ficar longe disse tudo. Um lugar como aqueles das histórias que eu ouvia quando criança. Claro que eu nunca acreditei, com excessão de apenas um, que poderá ser contada quantas vezes forem necessárias e todas as vezes eu ficarei encantado com tamanha surrealidade.
Já a caminho do teatro de minha cidade, hoje seria mais um dia de ensaio para a apresentação recorrente no final do ano. Até essa parte, única parte, parecia ser algo mais coerente para aliviar o meu estresse e dor que ainda continua recente.
Abro a porta, dando de cara com a balconista da recepção. Uma senhora de idade, apaixonada pela arte da dança, vive sozinha com seus gatinhos em uma casa aqui próximo. Seus filhos as visitam com frequência o que é ótimo. Ela já me conheciam então, apenas a cumprimentei:
— Bom dia senhora Chang...— me curvo, observando a mesma procurar seus óculos sobre o balcão totalmente perdida.
— Aqui está...— entrego os óculos que estávamos em minha frente.
— Ow...— os colocou devagar— Jimin? Ah Jimin...— agora que me reconhecia, sorria de maneira forçada a querer dizer algo que eu já sabia bem o que era.
— Como vai a senhora?— Pergunto.
— Vou bem querido e você? Parece tão pálido e magricelo, está se alimentando direito pequeno?— Pergunta de forma a parecer que sou uma criança ainda. Bem, de fato eu pareço ser bem mais novo para a idade que eu tenho. Quem chega aos dezenove com um o físico de um pré-adolescente? Sim eu.
— Eu garanto que estou bem, na medida do possível...— respondo baixo.
— Ah...sim é claro, eu gostaria de dizer que sinto muito pelo o ocorrido. Meus pêsames pela a sua avó.— Segurou a minha mão, tentando demonstrar seu luto por mim.
— Muito obrigada, já disse o quanto a senhora é gentil hoje?— Pergunto.
— Estou sendo humana, agora vá. Você está atrasado e quero vê-lo dançar.— Me empurrou para dentro da porta de acesso somente aos funcionários.
A minha paixão pela dança começou desde muito cedo. Foi a minha primeira forma de expressar o que eu sentia para as pessoas. A maneira em que eu convertia as minhas dores, nos mais belos passos pelos palcos.
Hoje em dia faço parte da companhia da cidade, já foram tantas apresentações e até hoje nunca são a mesma coisa, cada uma me traz um sentimento diferente. Uma sensação diferente. Subir ao palco nunca é como as outras vezes.
Alguns dos bailarinos já se encontravam se alongando para começarmos o ensaio, alguns dos nossos professores e críticos, estávamos sentados nas arquibancadas do lugar. Eles dizem que preferem ter a visão do público ao nos ver e claro é uma forma deles berrarem para todos quando erramos em algo. Tudo precisa ser perfeito e eu me esforço ao máximo para suprimir suas expectativas.
Dessa vez o diretor de nossa companhia, resolveu que iríamos trazer ao palco um clássico do Ballet. :O lago dos Cisnes", dificilmente você encontrará alguém que não conheça essa história, essa performance. De fato é muito bonita e exige demais tanto dos bailarinos quanto dos músicos. A melodia contém um componente importante para a história o que dá um ar melodramático na história de Odette.
Para a minha felicidade quando surgiu essa novidade, esse tema. Foi deixado claro que os papéis irião ser invertidos. Odette e Odile, serão interpretados por dois bailarinos de gênero masculino. E eu obviamente, tentei ao máximo para conseguir o papel de Odette. Mas, não o consegui e por isso fiquei com a de Odile. Mas, tudo bem é um personagem muito importante o cisne negro até mesmo interessante.
— Vamos lá pessoal, começaremos com o dueto de Odile e do Príncipe. Jimin expressões em seu rosto, eu quero sentir ódio vindo de você enquanto dança.— O diretor Robs disse pelo o microfone, assim sendo possível todos ouvirem até mesmo quem está ao lado externo do teatro.
— Sim senhor...— me posicionei ao meio do palco.
Respirei fundo e tentando me verificar de que estava tudo certo desde a roupa leve, quanto às sapatilhas de ponta.
— Está pronto?— Meu colega Kol pergunta. E aoenas balanço a cabeça confirmando.
— Podem começar!
Assim se ouviram as primeiras notas da família das cordas serem tocadas. A repercussão aumentava suas notas e com a melodia transmitida pelos os instrumentos, sugiram-se passos leves pelo o palco. Passos leves, mas dramáticos e cheios de irá.
Este era o terceiro ato de Lago dos Cines e aqui era marcado por um momento que é muito guardado pelos apreciadores deste clássico.
Enquanto em alguns momentos as mais de meu colega deslizava pela a minha cintura sustentando meu corpo sobre a ponta dos pés.
Jeté, grand battement, adagio. Uma sequência interminável de piruetas. Subindo e descendo na ponta dos pés, girando e girando continuamente. Era só fechar os olhos que tudo a minha volta desaparecia e em meu lugar era tomado por Odile.
— Perfeito...— ouço dizerem.
— No total, trinta e duas vezes girando sem perder a postura, sem cair, sem ao menos cometer um deslize.— Olho para as arquibancadas, eu não sabia dizer se em seus olhos eram admiração ou se estavam a procurar algum erro cometido durante para esfregar em minha cara. Mas, lá embaixo estava a senhora Chang, aplaudindo devagar sem causar barulho e sorrindo, como se o que acabaste de assistir fosse a coisas mais linda que já virá em sua vida.— Alguém tem algo a dizer?— Perguntou olhando para os professores e demais críticos.
Eu torcia para que não, mas infelizmente um dos críticos convidados resolveu dizer algo sobre a minha performance. Fazendo um pré julgamento, assim como todos ele parecia ser exigente. Usando tons neutros e um chapéu, ele aparentava ser o tipo não misterioso de pessoa o que gosta que todos te uma conhecimento sobre sua vida. Com a afeição mais pálida que a minha, braços finos, de cabeça erguida e nariz empinado eu já poderia imaginar que estava prestes a ouvir algo que eu não gostaria.
— Um excelente bailarino você é...— me curvo agradecendo— mas, gostaria de dizer que você não é a Odette.— Abaixo a cabeça no mesmo instante.— Não se esqueça que seu papel é interpretar Odile, lhe fartou os mesmos sentimentos que ela. De fato é um grande bailarino, com uma leveza no corpo impressionante até acreditei que estivesse flutuando. Mas, precisa ser um pouco mais brusco, sedução precisa estar presente neste momento, é o terceiro ato e muito aclamado. Precisa incorporar o personagem.
— Farei de tudo para melhorar...— me curvo novamente e caminho em direção a saída do palco, seguindo assim para a sala de ensaio que usamos em outros dias mais comuns.
Entro no banheiro e fecho a porta rapidamente e a tranco. Eu deveria encarar isso como algo normal, mas talvez a morte recente de minha avó esteja abalando o meu emocional e atrapalhando o meu psicológico nos outros quadros da minha vida. Me sento sobre um dos bancos que haviam e pego meu livro da bolsa.
Eu pesquisei muito sobre essa peça, mesmo já conhecendo sua história, era o mínimo que eu poderia fazer já que interpreto um personagem importante da história.
"Condena assim sua graciosa e linda princesa
Que agora nunca mais irá se libertar
O cisne negro vence o cisne branco
Fazendo o príncipe arrependido se afogar...
Mergulha no lago profundo e lá irá ficar..."
Era só uma frase na qual encontrei uma vez sobre, mas que me ajudou muito na compreensão sobre Odile. É um personagem intenso e odiado, mas encantador...
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