As portas do elevador se abriram. A detetive saiu de dentro dele, adentrando o andar de cima da boate de Lauren, que é onde a mesma morava. O grande piano no meio da sala não negava ser realmente de Lauren.

"Olá?" Chamou. "Lauren?"

"Já vou, detetive." Gritou do quarto.

"Okay. Você fez o que falei e ligou para o clube dos conquistadores?" Perguntou olhando em volta.

"Sirva-se de uma bebida, detetive." Lauren voltou a gritar.

"Não! Chega de bebidas, chega de insinuações, chega de invadir a minha casa ou de tentar dormir comigo." Falou alto para que Lauren pudesse ouvir. "Olha, esta é uma relação profissional. Sou policial e você..." Parou de falar ao se deparar com Lauren completamente nua em sua frente. Seu queixo caiu e Camila levou a mão até sua boca, chocada. "Você está nua." Falou se virando.

"Falando da visita que fiz na sua casa onde te vi nua, achei justo retribuir. Sabe, do tipo uma mão lava a outra." Falou sorrindo.

"Oh meu Deus. Isso vai além de inapropriado." Camila falou ainda de costas para Lauren.

"E corajoso, não acha? número 3 da lista é Arriscar-se, você mandou eu anotar." Lauren falou. Camila caminhou e pegou uma toalha que tinha sobre o sofá, se virando para Lauren para lhe entregar, mas paralisando ao ver as curvas da morena.

O olhar de Camila focou nos seios de Lauren e ela respirou fundo.

"Okay, Só...Se cubra, tudo bem?" Pediu fechando os olhos e estendendo a toalha para Lauren.

"Tudo bem." Lauren estranhou. "Mas tem certeza? Estou no ponto, é só aproveitar." Ela falou colocando a toalha em frente ao seu corpo. "Digo, olha pra mim." Balançou as sobrancelhas e Camila olhou. Lauren deu uma volta, mostrando suas nádegas e suas curvas, mas a parte da frente ainda estava coberta, pois a toalha tampava. Quando estava virada Camila notou duas enormes cicatrizes em suas costas "É difícil resistir, não é?" Falou sorrindo.

"O que houve com...Oh meu Deus." Falou apontando para as costas.

"Bem, acho que é culpa dele." Falou rindo e virando de frente novamente.

"De quem?" Camila perguntou preocupada.

"Do meu pai."

"Seu pai fez isso com você?" Camila perguntou chocada.

"Não, não. Foi onde cortei minhas asas."

"O quê?"

"Bem, não cortei. A Dinah cortou. Eu mandei ela cortar."

"Não... é sério, Lauren." Falou tocando no ombro dela e virando ela de costas. Suas mãos acariciaram o ombro de Lauren e foram escorregando para a cicatriz, mas Lauren se virou prontamente, segurando o braço da detetive.

"Não faça isso, por favor." Falou desconcertada.

"Okay." Camila sussurrou abismada.

"É melhor eu ir me vestir ou vamos perder a festa." Falou correndo para o quarto.

"Então... Você fez a ligação que falei?" Camila perguntou, mudando de assunto.

"Sim. A festa será aqui na Morningstar. As palavras : Bebida à vontade, são mesmo eficientes." Falou rindo. "Então parabéns, boa idéia."

"Certo." Falou sem jeito por Lauren reaparecer ainda de toalha.

"Ah, não pode ir com essas roupas. Chamará a atenção como uma policial magoada." Falou e Camila olhou para as próprias roupas.

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"Onde conseguiu esse vestido? Não parece ser o tipo de roupa que você usa." Camila falou. Seu vestido vermelho sangue, brilhante e extremamente curto, moldando totalmente o corpo da detetive. Ela estava linda, mais do que o normal.

"Foi deixado por uma garota que transei." Ela respondeu sincera.

"O que ela vestia quando foi embora?" Camila perguntou curiosa.

"Um sorriso." Lauren respondeu erguendo uma sobrancelha e sorrindo.

"Se eu pegar uma DST disso, vou matar você."

"Hey, seu pai é padeiro?" Um dos caras que estavam na festa perguntou se aproximando se Camila.

"Não." Camila respondeu.

"Porque você é um pãozinho." Sorriu galanteador.

"Pobre alma. Isso realmente funciona?" Lauren perguntou rindo, tirando o sarro do rapaz.

"Na verdade não." O rapaz confessou sem jeito.

"Achei que não mesmo." Falou ainda rindo. Camila riu.

"Ele é fofo, não é?" Ela perguntou, fazendo o sorriso de Lauren morrer na hora.

"Sou?" O rapaz perguntou.

"Sim. Você é adorável, muito adorável." Falou com a voz sensual olhando pra ele. Se aproximou e sorriu. Levou sua mão à gravata do rapaz e ficou brincando com ela. Sua boca ficou bem próxima da do cara. Seu olhar desviou rapidamente para Lauren, vendo a mulher de cara fechada e logo em seguida seus olhos voltaram para os do homem. "Hey, estava naquela festa semana passada?" Perguntou mordendo os lábios.

"Não. Essa é a minha primeira festa." Respondeu sorrindo.

"Okay. Vaza." Falou colocando cara de tédio no rosto, fazendo Lauren rir.

"Eu amo essa música." Outro cara chegou em Camila.

"Acho que eu te emprestar esse vestido não foi uma boa idéia." Lauren falou emburrada.

"Hey, você estava na festa da semana passada?" Camila perguntou ao outro cara, sorrindo abertamente. Lauren empurrou o cara e ele, por conhecer ela, saiu.

"Esse babaca não estava e ficar sorrindo pra eles pra tentar descobrir não acho que vá fincionar." Lauren olhou ao redor e viu que quem ambas seguiam as olhava. "Acho que fomos notadas." Falou. O cara saiu correndo, mas Lauren o alcançou e parou em sua frente.

"Me deixa passar. Eu preciso ir." Falou sacando a arma.

"Acho que não vai ser possível, tenho outra opção pra você. Que tal uma lesão na coluna?" Assim que falou isso, a detetive puxou o braço do homem armado e o prensou contra o piano, com os braços nas costas.

"Vocês não entendem. Eu preciso ir. Eles vão matá-la."

"Eles quem?"

"As pessoas que a sequestraram." Ambas se entreolharam. Elas tinham trabalho a fazer.

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"Mais 10 minutos, tenha paciência." Lauren falou. Ambas estavam sentadas dentro do carro parado.

"Tem certeza que esse é o endereço?"

"Absolutamente."

"Algo não parece certo." A detetive falou.

"Claro que não, isso é um sequestro. Eu vou sozinha, okay?"

"Não, Lauren. Eu vou com você."

"É muito perigoso e eu sou imortal, lembra?" Camila mordeu os lábios intrigada.

"Tudo bem. Digamos que você seja mesmo o diabo. Poderosa, imortal, blá blá blá. Significa que você não sente dor?"

"Eu gosto dessas perguntas. Significa que está mudando de idéia?" Lauren perguntou sorrindo.

"Não. Só responda a pergunta."

"Bem, eu sinto algo, mas não é dor. É tipo uma pressão, um incômodo mesmo."

"Okay. Então qual a sensação de levar um tiro?" Perguntou. Lauren juntou seu dedo médio com o polegar e soltou o dedo médio em Camila, acertando seu braço. "Ouch."

"Você perguntou."

"É isso? A bala ricocheteia em você?"

"Não há ferida ou sangue, se é que quer saber." Lauren disse olhando para Camila. "Então quer dizer que você acredita em mim? Eu não posso mostrar o rabo ou o chifre como provas." Falou rindo.

"Então nada de chifres?" Perguntou rindo.

"Nope. Isso é coisa de filmes e TV. Sempre retratam errado."

"Olha, eu devo admitir que vi coisas que não posso explicar, mas não acredito nessas coisas de bíblia."

"Então você é atéia? Que irônico." Lauren falou rindo.

"Não. Não exatamente. Acredito que haja o bem e o mal, certo e errado. Mas essa história de condenação eterna, não." Confessou.

"Isso te assusta?" Lauren perguntou.

"Como eu posso ter medo de algo que eu não acredito?" Perguntou e sorriu.

"E eu? Te assusto?" Lauren perguntou temerosa da resposta. Camila se virou para ela, a encarou por uns segundos antes de responder.

"Não." Falou tranquila, fazendo Lauren sorrir. "Alguém está estrando." Camila falou apontando para o local. Lauren saiu correndo do carro. Camila a seguiu mas não a tempo de alcançá-la. Lauren trancou a porta assim que entrou e sorriu para Camila através das grades.

"Isso é sério?" Camila sussurrou irritada.

"Confia em mim quando digo que é perigoso. Eu não minto, você sabe."

"Lauren." Camila advertiu.

"Não se preocupe, eu sou imortal, lembra?" Disse sumindo da vista da detetive.

"Eu sabia! Droga." Sussurrou, pegando seu celular e chamando ajuda.

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"Aqui está o dinheiro, agora me entregue a garota." Lauren falou.

"Desculpe, mas isso não será possível."

"Oh, será sim. Pacto é pacto. Principalmente com o diabo. Se você disse que me entregaria ela, você vai cumprir." Falou irritada.

"Mãos para o alto se não eu atiro." Uma voz feminina invadiu o lugar. Lauren olhou para a garota e começou a gargalhar.

"Você se auto-sequestrou, é isso?" Perguntou, ao reconhecer a menina das fotos que a detetive lhe havia mostrado. "Seu ex é rico e você usou isso ao seu favor. Danadinha." Ela falou ainda rindo, se aproximando da garota.

"Para trás ou vou atirar." A menina gritou. Lauren caminhou até a menina e fez seus olhos ficarem vermelhos. "Me perdoa, eu sinto muito, eu sinto muito, eu sinto muito. Nâo me mate. Me perdoa." Falou, jogando a arma longe.

"Por que todos falam isso antes de serem punidos?" Lauren perguntou rindo.

"Lauren, para trás. Cheguei." A voz da detetive resonou no lugar, atrás dela.

"Não vai acreditar, detetive. Ela é a garota má." Lauren falou ainda olhando para a menina, que rezava de olhos fechados. Camila abriu a boca em descrença ao ver no reflexo do vidro os olhos de Lauren.

"Quem é você?" Camila perguntou. "Ou melhor...O que é você?" Perguntou apontando a arma para Lauren.

"Tentei te dizer que sou o diabo, mas está difícil de você acreditar." Lauren falou.

"Isso não é possível." Falou negando com a cabeça.

"Garanto a você que é, detetive. Você mesma disse que viu coisas inexplicáveis." Sorriu. "Precisa de mais provas? Você tem uma arma, atire."

"Não. Eu não posso atirar em você." Camila falou abaixando a arma.

"Claro que pode. É só apertar o gatilho."

"Não." Camila falou sentindo vontade de chorar. Milhares de dúvidas aparecendo em sua mente.

"ATIRE, DETETIVE." Lauren gritou. "Talvez assim finalmente você entenda que eu sou..." O disparo foi feito na perna de Lauren. Camila abriu a boca ao perceber o que fez. Lauren olhou pra ela antes de falar.

"Viu? Nem dói." Falou sorrindo.

"Não acredito." Camila falou chocada.

"Ouch, na verdade dói um pouco." Reclamou levando a mão na perna. "Está doendo bastante." Reclamou ao tocar o lugar. "Merda, Isso dói mesmo." Ergueu sua mão e abriu a boca em descrença. Isso não era possível, como raios isso estava acontecendo? "Eu estou sangrando." Falou perplexa.

"Você está sangrando." Camila repetiu.

"Estou." Falou surpresa.

"É claro que você está sangrando." Camila falou deixando uma lágrima escapar de seu rosto. "Deus o que eu fiz?" Correu para Lauren.

"Eu não sangro." Lauren levou a mão à ferida novamente. O tiro foi de raspão propositalmente. O menino atrás delas estava quieto olhando horrorizado para a garota que ainda rezava.

"Lauren, eu sinto muito. Me perdoa. Você está bem?"

"O que isso significa?"

"Que atirei em você e que sou uma idiota. Me desculpa." Falou. Policiais invadiram o local. "Estou muito encrencada." Sussurrou para si mesma.

"O que está havendo comigo?" Lauren perguntou. Sangrar definitivamente não estava em seus planos.