Cap. 39: I'm feeling so small
Nem o tempo frio cortante era capaz de distrair Lauren conforme ela corria sem rumo, deixando as lágrimas inundarem seu rosto sem pudor. O vento era forte o suficiente a ponto de bagunçar seus cabelos, mas ela não se importava com nada disso.
Um lampejo clareou o céu, indicando que choveria a qualquer momento, mas ela não se importou, apenas fez questão de deixar suas pernas se moverem para o mais longe possível.
Quando seus pulmões queimavam a ponto de ela já não conseguir mover suas pernas sem vacilar, ela estendeu seu braço e não demorou muito até um táxi parar. Ela não pensou duas vezes antes de entrar no mesmo e discar o número da única pessoa que ela não ligaria em qualquer outra situação: Veronica.
[...]
Os olhos castanhos piscavam mortificados, enquanto a dona deles sentia seu peito se comprimir. Ela não fazia ideia do que havia acontecido com Lauren, porém algo no olhar vazio e perdido de sua namorada lhe indicava não ser nada de bom.
"Ela acabou de... fugir de mim?" Camila perguntou apenas para encarar os fatos.
"Dê um tempo a ela, Mila." Dinah disse e logo comprimiu os lábios.
"É. Ela acabou de descobrir algo sobre, uh, sobre nosso pai que a deixou abalada." Ally disse, vendo Camila a fitar rapidamente.
"Ela está bem?" A morena indagou e Ally fez um careta.
"Não sei bem, mas creio que ela ficará." Ally disse e Camila deixou um longo suspiro se esvair de seus pulmões.
"Eu... Não sei o que fazer. Se supõe que ela deveria correr para mim quando algo a abala." Camila disse ainda desconcertada. "É o que eu costumo fazer: Buscar abrigo em seus braços."
"Ela fará isso em seu tempo." Dinah disse e Camila assentiu, fazendo uma careta e pedindo licença ao ouvir seu celular tocar em seu bolso. Ela inspirou profundamente ao ver que se tratava de trabalho. Sempre trabalho.
"Alô?" Ela atendeu, ouvindo tudo atentamente. Dinah e Ally analisaram como a cor sumia de seu rosto conforme medo dominava sua expressão.
"O que houve?" Dinah indagou assim que Camila encerrou a chamada.
"Parece que receberam uma denúncia de assassinato vindo do prédio da Lauren." Falou com temor. "Estão à caminho e eu preciso ir, garotas. Preciso saber se está tudo bem. Ela saiu daqui agora a pouco e deve estar chegando por lá caso tenha ido para casa."
"Vou com você." Ally disse e Camila a fitou.
"Desculpe, mas vou à trabalho."
"Preciso saber se Troy está bem." Ally disse e Camila umedeceu os lábios.
"Foi no andar onde Lauren mora, não na boate, não se preocupe." Camila explicou. "Dinah, avise minha mãe que precisei ir. Nos vemos, garotas."
[...]
Lauren estava sentada no bar de sua casa, tomando mais uma dose de bebida. Ela havia entrado ali e, sem fazer mais nada, apenas caminhou até o bar e se sentou, não o abandonando desde então. A mulher já podia se sentir bêbada, o que era estranho, já que a bebida não a afetava tanto. Seus olhos ardiam por ela ter chorado, porém não doíam mais que seu coração.
"Mandou chamar, priminha?" Veronica perguntou ao entrar no apartamento de Lauren. Os olhos verdes viraram com raiva para a garota e apenas pelo olhar Veronica soube que algo não estava certo.
Lauren avançou em Veronica sem dizer nada, segurando o topo de seu vestido antes de usar a outra mão para desferir um soco no rosto dela com toda a força que encontrou em seu ser.
"Você enlouqueceu?" Veronica perguntou, sentindo outro soco encontrar o caminho de seu rosto.
"Você não queria que o pior fosse evocado em mim?" Lauren perguntou e Veronica se irritou ao receber outro golpe, perdendo a linha o suficiente para começar a agredir Lauren também.
Veronica não entendia o que se passava com Lauren, mas conhecia sua prima suficientemente bem para saber que ela precisava descarregar sua dor. Ela arremessou Lauren no chão, o que enfureceu ainda mais a garota, que se levantou e a empurrou contra a plataforma de bebidas. Alguns segundos foram o suficiente para tudo desabar, causando um imenso estrondo graças ao ruído dos estilhaços de várias garrafas ao mesmo tempo.
As duas trocaram socos e golpes até ambos os rostos estarem cortados e sangrando.
"Lauren, chega!" Veronica gritou puxando a maior para seus braços e, mesmo com muito esforço, conseguiu abraçá-la. "O que deu em você?"
"Nada deu em mim. Só percebi o que você e Ally queriam que eu visse." Ela rebateu gritando, sentindo lágrimas amargas inundarem seu rosto agora machucado. "Eu sou má. Eu nasci para comandar aquela merda de lugar vazio e triste e tudo... tudo de bom que acontecer na minha vida será arrancado sem dó de mim." Ela disse tentando se desvencilhar dos braços de sua prima, no entanto a garota a segurou ainda mais forte, impedindo-a de conseguir soltar-se.
"Você não é má." Vero disse com firmeza. "E eu vejo isso agora." Ela completou. "Você mudou muito, Lauren, muito." Aquilo pareceu desarmar a garota de olhos claros, que deixou o silêncio invadir o local por longos segundos antes de voltar a falar:
"Então por que meu pai não me deixa ser feliz?" Lauren sussurrou em um fio de voz, deixando seu corpo cair sobre o de Vero. "Por quê?"
"Por que diz isso?" Vero perguntou, envolvendo a garota tão frágil naquele momento em seus braços.
"Porque ele vai tirá-la de mim, eu sei." Lauren disse, caindo em um choro alto e doloroso finalmente. "Ele a pôs em meu caminho apenas para tirá-la de mim." Ele disse entre um soluço e outro. "Ele fez isso com o Padre e ele fará isso com ela, eu sei." A dor era dilacerante, tanto que até Veronica podia senti-la. "E eu a amo, droga. Eu a amo, Vero, e agora estou me sentindo tão, mas tão pequena por não poder fazer nada para impedí-lo de tirá-la de mim."
Aquilo cortou o coração de Veronica. Sua prima estava lhe confessando amar um ser humano, deixando seu orgulho completamente de lado para tal ato; se mostrando abertamente, deixando-a conhecer sua alma, aliás, sua nova alma. A garota poderia provocar Lauren sempre, mas se importava com ela de uma maneira intensa, afinal eram milhões de anos de amizade.
"Não chora, Loser." Vero tentou, acariciando as costas de sua prima com carinho. "Olha só, talvez você devesse se acalmar e pensar melhor nas coisas. Vejo que bebeu e aposto que Camila não aprovaria essa atitude, então foque em ser alguém melhor para ela que o resto a gente resolve." Ela disse docemente, fazendo Lauren assentir.
O primeiro passo seria acalmá-la e depois pensaria em algo. A princípio ela queria que Lauren voltasse ao inferno, porém ao ouvir sua prima confessar seu amor por Camila ela viu que seu lugar era ali, nem que para isso precisasse subir ao reino dos céus e bater na porta de Deus, exigindo que deixasse Lauren ser feliz.
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