Cap. 23: It's about who you really are
Humilhação.
Era tudo o que Camila conseguia sentir em seu caminho de volta para a casa. Assim que chegou lá estacionou seu carro em sua garagem, suspirou, enxugou os resquícios de lágrima que havia em seu rosto e saiu do carro, caminhando em direção à sua porta.
Destrancou a porta e se deparou com Trixie dormindo abraçada com Dinah, que lhe lançou um olhar confuso e, apesar do coração de Camila estar apertado e dolorido, ela deixou um sorriso fraco dominar seu rosto. Era adorável ver como Beatrice se apegou a Dinah em pouco tempo. E o apego era recíproco, Dinah adorava a pequena.
Dinah apoiou seu dedo indicador em sua boca em um pedido mudo de silêncio e Camila assentiu. A loira se esquivou lentamente do aperto da menina e a pegou no colo, a levando para seu quarto. Camila jogou as chaves sobre a mesinha e olhou para a TV, onde passava um desenho animado. Camila riu por ver que Dinah se fazia de durona, mas fazia de tudo para agradar a pequena, inclusive assistir desenho animado.
Seus pensamentos foram cortados pela televisão que apagou. Seus olhos correram pelo local e então encontrou Dinah com o controle na mão.
"Por que voltou tão cedo?" Dinah perguntou arqueando uma sobrancelha e Camila suspirou. "O restaurante era tão ruim que não demoraram quase nada lá?" Brincou rindo.
"O restaurante era tão maravilhoso que me permiti ficar mais de três horas lá admirando e remoendo a sensação de ter ficado plantada." Falou se jogando no sofá. "Obrigada por ter cuidado de Trixie para mim, à propósito."
"Como assim plantada?" Dinah perguntou se aproximando e se sentando ao lado de Camila. O cheiro de álcool era nítido em Camila e Dinah também pôde reparar os olhos vermelhos da outra mulher. "Lauren não fez mesmo isso, fez?"
"Não sei por que o espanto." Camila falou seca, passando os dedos entre seu cabelo. "Era óbvio que ela não estava interessada em mim. Foi sempre um jogo para ela, Dinah." Disse sentindo sua garganta se apertar. Sua fala estava levemente arrastada. "Um jogo onde eu a deixei ganhar." Sussurrou a última parte.
"Eu vou arrancar os olhos daquela demônia." Dinah falou exaltada. "Eu não fiquei milhares de anos a seguindo para ela me decepcionar desse jeito."
"Você não vai fazer nada." Camila disse firme. "Já aprendi a lição! Na lábia de Lauren Morningstar Jauregui eu não caio nunca mais."
"O trabalho de ser durona aqui é meu. Não precisa fingir que está tudo bem, Chancho." Dinah falou. Camila a olhou tristemente.
"Você mesma disse que Lauren nunca muda e eu concordo. Ela nunca vai mudar." Disse mordendo o lábio para conter o mesmo de tremular. Não queria mostrar que estava prestes a chorar mais. "Então para que me remoer mais por ter esperado horas por alguém que nem sequer deu uma satisfação?"
"Você ficou fazendo o que tanto tempo lá?" Dinah perguntou.
"Bebendo; relendo o bilhete que ela me deixou; olhando para a entrada do restaurante a cada trinta segundos para ver se ela aparecia; fazendo o famoso papel de trouxa." Disse dando uma risada sarcástica.
"Não acredito que não me ligou. Veio dirigindo alcoolizada?" Dinah perguntou frustrada.
"O que seria mais uma multa no meu histórico de fracasso?" Camila disse rindo fraco, se abaixando para retirar o calçado de seu pé.
"A multa é o que menos me preocupa. É perigoso dirigir assim, você poderia ter sofrido um acidente ou algo assim." Falou. Camila terminou de retirar o calçado de seus pés e negou com a cabeça.
"Eu dirigi bem devagar, eu juro." Falou se encostando no sofá e jogando a cabeça para trás. "Trixie deu muito trabalho?"
"Imagina. Cansei a pestinha em meia hora." Dinah falou gargalhando.
"Você sabe que eu poderia continuar com a babá, certo? Não quero incom..."
"Aquela babá era uma tapada. Não confio nela para olhar a sua filha." Dinah falou. "Imagina se entra um bandido aqui. Aquela lerda morreria na hora. Já comigo Trixie não tem com o que se preocupar." Dinah falou se gabando. "Se entra um bandido aqui enquanto eu estou o pobre coitado sai daqui chorando." Gargalhou alto, levando a mão na boca logo em seguida ao se lembrar que Trixie dormia.
"Obrigada novamente." Camila soltou. "Agora, se me der licença, vou ir tomar um banho e dormir. Preciso apagar o dia de hoje." Falou se levantando. Dinah assentiu, porém se levantou junto e puxou Camila para um abraço. Camila a abraçou de volta e quando tentou se soltar Dinah a apertou mais forte, rompendo a barreira de proteção que a morena havia construído e a mesma se permitiu cair em um choro intenso.
"Vai ficar tudo bem." Dinah sussurrou, sentindo Camila afundar seu rosto na curva de seu pescoço.
"Ela me deixou plantada lá." Falou em meio ao choro. "Fez eu perder tempo me arrumando. Escolhi minha melhor roupa, meu perfume preferido..." Um soluço escapou por entre seus lábios. "Eu passei o dia pensando nela." Confessou. "Não que eu esteja apaixonada ou algo do tipo, porque não estou, mas criei expectativa." Falou, sua voz ligeiramente mais calma, mas soluços ainda eram escutados. "Eu sei que era só um encontro, mas ela nem sequer me deu uma satisfação." Dinah a abraçou mais forte e Camila suspirou se tranquilizando um pouco. "Não me dê ouvidos. Sou só uma bêbada chorando."
"O choro de uma pessoa alcoolizada costuma ser um dos mais sinceros." Sussurrou e Camila se desfez do abraço.
"Só estou sensível. Devo estar de TPM." Disse enxugando suas lágrimas e tentando cessar os soluços que ainda apareciam. "Vou para meu quarto. Boa noite, Dinah." Disse.
"Ah! Camila." Dinah chamou e Camila se virou para ela novamente. "Keana ligou."
"O que ela queria?"
"Disse que encontrou um tal de Connor, protegido do Padre." Falou e Camila arregalou os olhos e assentiu.
"Amanhã retorno. Hoje não estou em condições de resolver nada do trabalho." Falou. "Obrigada, Dinah."
"De nada." Dinah respondeu, vendo Camila dar as costas para ela e subir as escadas. Apesar de tentar disfarçar, Dinah sabia que Camila choraria mais naquela noite.
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Ally estava sentada em sua poltrona havia horas. Jogava a mesma maçã para o alto e se concentrava em parar o tempo, porém o mesmo parava por míseros segundos e logo voltava ao normal, fazendo a maçã cair na mão da loirinha.
Parava às vezes para olhar para o consultório a sua frente. A porta de Normani vivia fechada e todas as vezes que ela tentava falar com a negra seu pedido era negado.
Sentia-se péssima. Depois de tanto analisar suas próprias atitudes começou a ver o quão ruim ela havia sido. Havia pecado contra tudo que pregava. Havia machucado pessoas de bem, tudo por um único objetivo. Havia sido egoísta, chantagista, manipuladora, mentirosa, entre outras coisas.
Ela podia lembrar de uma Lauren de anos atrás. Era exatamente assim, ou pelo menos Ally costumava achar que era. Isso lhe diziam e ela acreditou. Começou a pensar em tudo desde o princípio. Nunca havia sido justa com sua irmã.
Olhou para o céu e começou a conversar com seu pai.
"Eu sei que estou sendo afetada por estar na Terra, pai. Eu posso sentir." Sussurou. "Eu não consigo entender o objetivo de ter sido enviada para cá se o Senhor sabia que isso aconteceria." Falou. "Eu sempre fui boa, sempre lhe obedeci, lhe respeitei, então guiai os meus passos, Óh pai." Falou angustiada. "Porque eu não quero me perder na escuridão. Eu sei que errei muito aqui, mas não quero mais errar e me afastar de ti."
"Acho que agora é com você." A voz de Troy preencheu o lugar. Ally o olhou assustada, mas logo sorriu fraco.
"Não entendi."
"Você sempre foi acostumada a não ter a maldade em volta de si. Não tinha a tentação, o desejo carnal, a cobiça, a inveja..." Falou adentrando o local e se sentando ao lado da mulher. "Mas aqui na Terra Deus aplicou aquele famoso livre arbítrio, sabe?" Troy falou rindo. "Daqui para frente, enquanto não volta para o céu, você terá que aprender a controlar suas próprias emoções e distinguir o certo do errado." Falou. "Sem a direta ajuda de Deus."
"Meu pai não faria isso comigo." Rebateu.
"Suas orações seguirão tendo efeito, assim como a de todos os outros, no entanto cabe a você decidir se me beija, se me ignora ou se me assassina." Falou rindo novamente. Ally o olhou e logo riu, suspirando logo depois e o encarando por um tempo.
"Por que voltou?" Perguntou não rudemente e sim curiosa. Troy suspirou antes de começar sua explicação.
"Vim pedir desculpas." Falou e Ally o olhou surpresa. "Digo, não pelo que eu disse, porque você mereceu cada palavra." Alertou. "Mas sim por ter ido embora."
"Não entendi."
"Quando cheguei na Terra tudo que eu queria fazer era pecar." Explicou. "Era a minha natureza, sempre foi. mas com o passar do tempo eu comecei a fazer pequenas coisas boas. Eu saía mais que Dinah da boate, então me entrosei mais com as pessoas fora do mundo de balada." Falou, Ally tinha toda a sua atenção voltada para o loiro.
"Ainda não entendi." Falou confusa.
"Ainda não terminei." Respondeu rindo. "Bem, com o passar dos dias comecei a ver o mundo com os olhos da população. Comecei a ver que assassinato, tortura, violência, entre outras coisas, eram terríveis para eles e de fato é." Falou. "Mas fui ensinado que isso não era errado, que machucar as pessoas, me refiro aos sentimentos também, era prazeroso. Eu tive uma versão do que era o certo e você teve outra, mas ambos surtamos quando já não entendíamos o que era realmente o certo." Falou.
"Você está querendo dizer que..."
"Que pare de agir de acordo com o que foi ensinada." Falou. "Eu ainda estou em processo disso. Não é facil desapegar de velhos hábitos, mas estou aprendendo a seguir meu coração." Falou.
"Mas eu nasci para..."
"Sempre me disseram que eu era mau." Ele a interrompeu. "Mas sempre amei a Lauren e a Dinah como irmãs, sempre as protegi, sempre desejei o melhor para elas, algo de bom, no fundo, eu sempre tive." Disse se levantando. "Não se trata de quem nascemos para ser e sim do que realmente somos."
"Está dizendo que sou má?" Perguntou preocupada.
"Estou dizendo que se preocupou tanto por seguir regras que, sem perceber, quebrou outras." Disse calmo caminhando em direção à porta. "Ah!" Parou e se virou novamente para a loira. "Se estava dizendo à Deus que não queria mais errar, no mínimo você também tem algo bom." Disse sorrindo. "Vê se se cuida." Disse piscando para a loirinha e desaparecendo da sala logo em seguida.
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Não me mateeem, plmdd. Eu juro que penso em vocês todos os dias. Sei que devem estar querendo me matar, mas é bem difícil atualizar enquanto estou aqui no BR. Toda hora vem alguém da família me visitar e minha família é imensa.
O meu sobrinho também quer brincar sempre e aqui o silêncio é escasso, não tenho como me concentrar. Vou tentar postar outro amanhã, juro. Esse capítulo foi ponte. Ia deixar para postar os dois juntos, mas iria demorar mais um dia. Amanhã venho com o outro.
Beijinhoos 😙
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