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Capítulo Quatro

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O ÔNIBUS saiu do Terminal Rodoviário do Tietê as oito horas e cinco minutos. Eu estava tremendo de tanto nervoso, mas tentava disfarçar o quanto conseguia para não dar bandeira.

A noite tinha esfriado um pouco e aproveitei para colocar a touca do moletom na cabeça.

Alex comprou um lanche para mim antes de entrarmos no ônibus e me pediu para ficar de sentinela, pois ele iria tentar dormir um pouco. Eu tinha trazido Moby Dick e tentei ler enquanto comia, usando a lanterna do meu assento. Até Santa Maria seria uma longa viagem.

...

Despertei meio desorientada quando um caminhão passou buzinando e tentei me espreguiçar, mas notei que havia algo me enrolando.

Abri os olhos e vi a pouca claridade que entrava pelas fendas da cortina da janela.
— Bom dia princesa. — Alex disse ao meu lado e me virei o olhando.
— Oi. — murmurei tentando mover o corpo e sentindo um pouco de dor, afinal estava sentada na mesma posição por muito tempo.

Tirei o que estava me cobrindo e notei que era o casaco de Alex.
— Onde estamos? — perguntei tirando a touca e tentando ajeitar meus cabelos.
— Uma cidade no Paraná chamada São Mateus do Sul. O motorista avisou que vamos parar daqui a alguns minutos. Você pode tomar um banho e comer alguma coisa.

Quase gemi de alívio ao ouvir aquelas palavras.
— Isso é ótimo. Então, tá tudo bem? — perguntei o olhando me referindo a nossa situação.
— Sim, tudo perfeito. — Alex garantiu me abraçando. — Eu disse que ia dar tudo certo. — ele sussurrou a última parte e beijou meus cabelos.

Eu não queria ser pessimista e nem nada do tipo, mas ainda estávamos longe de dizer que ia dar tudo certo. Mas preferi ficar quieta.

Encostei em Alex e fiquei olhando a paisagem que passava pela janela do ônibus.
— Eu acho que quero ir para o Reino Unido. — falei baixinho e senti o braço de Alex me apertar, sinalizando que havia escutado. — Mais precisamente Escócia.
— Por que Escócia? — Alex perguntou também em um sussurro.
— Os livros em que a trama se passa nas Terras Altas da Escócia sempre foram os meus preferidos. — falei sorrindo e ele também sorriu de encontro aos meus cabelos. — Li um romance que se chamava Filha da Bruma, de uma autora chamada Quinn Taylor Evans. Ele se passava nas Terras Altas escocesas e contava a história de lady Brianna, uma garota que era filha do mago Merlin, mas foi criada no mundo mortal e tinha poderes, agora não me lembro muito bem o que ela podia fazer, mas era uma criatura mágica. A propriedade onde Brianna morava se chamava Inverness, um típico castelo de um clã escocês. Já li outros livros que também se passavam na Escócia, mas esse foi um dos que mais me marcou.
— Então você quer conhecer a Escócia por conta dos romances que já leu?

Me virei um pouco apenas para poder encará-lo e sorri assentindo com a cabeça.
— Sim.
— Ok, vamos conhecer a terra dos seus sonhos.

Sorri animada e beijei sua bochecha. Alex me encarou com intensidade e fez um carinho em meu rosto. Nesse momento o ônibus se aproximou de um perímetro urbano e me aproximei da janela para ver, uma placa anunciava o nome de São Mateus do Sul.

Quando o ônibus parou na entrada da cidade, eu praticamente saí correndo para ir até o banheiro. Queria um banho rápido e tomar um café da manhã reforçado.

Eu já estava treinada em tomar banho rapidamente por conta dos banhos no colégio e cinco minutos depois saí do banheiro indo para o restaurante. Olhei ao redor procurando pelo meu irmão, mas ele ainda não estava aqui.

Fui até o balcão e peguei um cardápio avaliando as opções.

Não hesitei em pedir pão de queijo que eu era simplesmente apaixonada e foi uma das coisas que senti mais falta quando fui para a Suíça. Além de uma porção dos pãezinhos deliciosos, pedi também um café com leite e peguei um pacotinho de biscoitinhos caseiros de leite condensado, feitos ali mesmo na cidade. Estavam com uma cara deliciosa.

Escolhi uma mesa perto da janela pra ficar de olho no movimento, e também no nosso ônibus.

Instantes depois Alex entrou me procurando e acenei para ele que acenou de volta, e foi até o balcão.

Abri o pacotinho de biscoitos para provar e levei um à boca. Fiquei surpresa com o sabor, era uma delícia. Tinha o gostinho perfeito do leite condensado e derretia na boca.

Alex se sentou ao meu lado e abraçou meus ombros como se realmente fossemos um casal de namorados. Ele também tinha pegado um café com leite e pão com queijo e presunto.
— Tá cheirosa, isso é bom. — ele comentou e eu o encarei enquanto comia um dos meus biscoitos. — Já tava ficando um pouquinho incomodado com o seu cheirinho.

Olhei indignada para Alex e ele deu risada.
— Seu idiota! — falei também rindo e batendo no seu ombro.
— E esses biscoitos aí?
— São uma delícia, prova.

Alex abriu a boca e lhe dei um biscoito.
— Nossa que delícia!
— Não é. — concordei rindo e comendo mais um.

Faltavam dois minutos para o ônibus sair e Alex foi pagar a conta, eu peguei garrafinhas de água, mais biscoitos e pacotes de salgadinhos. Provavelmente só pararia agora na hora do almoço, e só vamos chegar em Santa Maria a noite.

Alex dormiu boa parte da viagem, mas eu não conseguia. Estava preocupada e me perguntava a todo momento se Lorenzo Fiore já havia descoberto sobre a fuga.

Em minha mente só conseguia imaginar seus capangas atrás de nós e parando o ônibus a qualquer momento para nos arrastar de volta à São Paulo. Me mexi incomodada com aqueles pensamentos e Alex, que estava encostado em mim também se mexeu.

Tentei focar em Moby Dick, mas estava inquieta e preocupada demais para isso. Pensamentos acelerados e confusos.

...

Finalmente chegamos em Santa Maria.

Eu não consegui dormir o restante da viagem, só conseguia pensar que algo ia dar errado. Estava tensa e em constante estado de alerta.

O ônibus finalmente parou e Alex levantou se espreguiçando. Pegamos nossas mochilas e descemos junto com os outros passageiros.
— Tudo bem? — ele perguntou segurando meu braço e me olhando.
— Tá sim, só tô cansada. — respondi mentindo, eu não queria preocupá-lo.
— Vamos pra um hotel ou uma pousada agora descansar. Amanhã vou falar com um conhecido de um amigo que mora aqui em Santa Maria, ele vai arrumar um carro pra gente cruzar a fronteira e ir até Rosario.
— Não vai dar problema pra gente cruzar a fronteira? — perguntei fechando a blusa pois estava fazendo frio agora a noite.
— Não, estamos com nossos passaportes. — ele disse me olhando e piscando um olho.

Eu realmente não conseguia compartilhar da mesma alegria dele. Talvez quando eu tomasse um banho e dormisse algumas horas em uma cama confortável, me sentisse melhor.

Encontramos uma pousada modesta perto da rodoviária de Santa Maria e pedimos somente um quarto, afinal estávamos fingindo ser um casal.

Tive vontade de me jogar na cama assim que entrei, mas eu precisava tomar um banho e tirar aquela roupa.
— Enquanto você toma banho, eu vou comprar uma pizza pra gente comer. Quer mais alguma coisa?
— Traz um chocolate pra mim? Pode ser um bombom ou uma trufa.
— Trago sim. — ele disse sorrindo e beijou minha testa. — Tranca a porta quando eu sair.

Assenti e ele colocou o boné de novo antes de sair. Tranquei a porta e fui direto para o banheiro.

Aqui não tinha sabonete, mas eu comprei um antes de vir pra cá.

A água felizmente estava morna e eu absorvi com prazer a temperatura quentinha em minha pele, tirando o cansaço e o estresse da longa viagem. Quero dormir bem e descansar bastante para a segunda etapa da jornada, ir até Rosario, na Argentina. O que seriam mais doze longas horas dentro de um carro.

Quando eu saí do banheiro enrolada de toalha, Alexandre já estava batendo na porta e eu corri para atender.

Abri a porta e ele me encarou de cima a baixo, parecendo surpreso.
— Tudo bem? — perguntei estranhando e ele sorriu balançando a cabeça.
— Sim, tudo ótimo.

Entramos e Alex trancou a porta de novo. O cheiro da pizza estava uma delícia.
— Trouxe seu chocolate. — ele disse tirando uma barra de chocolate de dentro da sacola e eu sorri como uma criança, meus olhos com certeza brilharam.
— Obrigada! — comemorei dando pulinhos de alegria e beijei sua bochecha fazendo um estalo. — Eu vou vestir minha roupa pra gente poder comer a pizza.

Peguei uma calça jeans, uma blusa de mangas compridas e uma calcinha e voltei correndo para o banheiro.

Sentei na cama e Alex puxou uma poltrona que tinha ao lado da porta, e comemos a pizza de muçarela que sempre foi minha favorita. Eu amo queijo!

Depois de comer, ele foi tomar banho e eu fiquei deitada comendo minha barra de chocolate.

Minutos depois Alex saiu vestindo uma calça moletom e uma camisa de mangas compridas.
— Você dorme na cama e eu fico aqui mesmo na poltrona.
— Não Alex. — protestei olhando para ele. — É uma cama de casal, cabe nós dois. Eu durmo virada para a cabeceira e você virado para os pés da cama, que tal?
— Você não vai se importar?
— Claro que não, você é meu irmão. Além do mais, tá muito frio aqui.

Alex sorriu e veio sentar na cama também.

Eu deitei me enrolando com uma das cobertas e fechei os olhos, adormecendo quase que instantemente. Estava exausta.

...

As pessoas não mentem quando dizem que aqui no Rio Grande do Sul é muito frio.

Levantei com a maior preguiça do mundo e Alex foi até uma padaria comprar nosso café da manhã. Ele também já havia ligado para o tal conhecido do seu amigo que iria conseguir o carro e estava esperando uma resposta.

Alex havia trazido dois copos de café com leite, dois mistos-quentes e uma porção de pão de queijo.

Enquanto a gente tomava café, o telefone celular simples que ele usava agora tocou.
— Alô. Isso, eu te liguei hoje mais cedo.

Era o cara que iria arrumar o carro pra gente ir até Rosario.

Alex e o homem, que se chamava Magrão, eu imaginava que isso fosse um apelido, ajeitavam os últimos detalhes.

Voltei meu olhar para a única janela do quarto. Permanecia fechada por conta do tempo frio e as cortinas brancas estavam parcialmente abertas, mas ainda assim permitiam uma visão da cidade ao redor.

A rodoviária e a pousada onde estamos fica quase no centro. Tinham belíssimos prédios históricos e montanhas ao redor.

Se eu pudesse, gostaria de sair por aí, conhecendo a cidade, mas é melhor não fazer isso. Eu queria não pensar, mas era inevitável não me lembrar da bagunça que deixamos em São Paulo. A todo o momento eu me perguntava se Lorenzo Fiore já tinha descoberto sobre nossa fuga, eu esperava que não.

Alex e o tal Magrão combinaram de se encontrar as nove e quinze em ponto, o Magrão iria levar o carro. Faltavam exatamente meia hora para as nove e eu fui tomar banho e me arrumar.

...

O local marcado para o encontro foi próximo ao Hospital Regional de Santa Maria, quase na saída da área urbana da cidade, de lá nós já podíamos sair em direção a Argentina.

Alexandre foi conversar com o Magrão que já estava esperando e eu fiquei perto de uma banca de jornal fingindo ler algumas revistas. Estava fazendo frio e uma garoa fina caía, o que era uma excelente desculpa para usar a touca do moletom.

Folheei um gibi enquanto observava Alex e o homem conversando, minutos depois meu irmão lhe deu um maço de notas azuis, imaginei que fossem notas de cem reais, e eles trocaram um aperto de mãos.

O carro que Magrão nos arrumou era um Volkswagen Gol na cor prata. Parecia velho, mas estava em bom estado. Colocamos as mochilas no banco de trás e entramos, o tanque estava meio cheio, Alex disse que pararia para encher antes de pegar a estrada.
— Tá tudo bem? — ele perguntou e me virei para olhá-lo. — Você tá quieta, parece pensativa, sei lá.
— Não consigo deixar de pensar na bagunça que deixamos pra trás. — respondi e soltei um longo suspiro depois voltando a olhar pela janela do carro.
— Ilsa tenta esquecer tudo isso, a gente tá começando uma nova vida. Vamos morar na Escócia como você quer, não tem por que pensar no que ficou pra trás.

Assenti em silêncio e tentando dar um sorriso, mas lá no fundo me sentia aflita e angustiada.

Foquei na leitura de Moby Dick para distrair a mente de qualquer outra coisa enquanto meu irmão dirigia. Iriamos parar para almoçar em Uruguaiana, cidade que faz divisa com Paso de los Libres, na Argentina, e depois Alex só iria parar em Victoria, que fica um pouco antes de Rosario.

...

Tentei não dormir, mas foi inevitável e só acordei quando Alex balançou meu braço me chamando.
— Acorda dorminhoca, chegamos em Uruguaiana.

Me espreguicei bocejando e olhei ao redor. Ele estacionou em frente a um enorme restaurante e mais a frente tinha um posto de gasolina. Por ser uma cidade fronteiriça, Uruguaiana era muito movimentada.
— Quer tomar banho? — Alex perguntou me olhando.
— Não, tá muito frio. Quando pararmos pra dormir eu tomo. Vou só almoçar, ir ao banheiro e repor meu estoque de chocolate e salgadinhos.
— Ok. — ele disse sorrindo e saímos do carro.

Depois de usar o banheiro, nos encontramos no restaurante e a comida estava com um cheiro delicioso, e eu estava faminta. Fiz um prato bem generoso e fomos nos sentar em uma mesa ao lado da janela.
— Quero chegar em Rosario antes das dez da noite. — Alex comentou. — Vamos dormir lá e amanhã bem cedo, compramos passagens para o Panamá.

Assenti enquanto mastigava.

Terminamos o almoço e enquanto Alex esperava na fila para pagar, eu preferi esperar do lado de fora.

Tinha pegado um pacote de jujubas e fiquei comendo encostada ao carro.

Ele demorou alguns minutos porque a fila estava grande e quando saiu do restaurante, veio andando na minha direção.
— Pronta? — perguntou quando parou à minha frente e eu assenti balançando a cabeça.
— Sim.

Alex fez um carinho em meu rosto e beijou minha testa. Eu o peguei de surpresa lhe dando um abraço e senti seus braços me apertarem também.
— Obrigada por se arriscar por mim. — falei baixinho ainda abraçada a ele.
— Eu faria qualquer coisa por você Ilsa, nunca divide disso.

Ele me deu mais um beijo e entramos no carro para seguir viagem. Depois de cruzar a ponte, estaríamos na Argentina.

Alex continuou dirigindo e vi a placa que indicava o aeroporto mais próximo. Notei pelo espelho retrovisor um carro preto se aproximando de nós, talvez ele estivesse com pressa e queria ultrapassar, mas senti uma sensação estranha.

Enquanto meu irmão dirigia, eu continuava olhando o carro pelo retrovisor e ele não parecia querer ultrapassar.
— Ah não! — Alex disse olhando para a frente e segui seu olhar.

Alguns metros à frente tinha uma blitz formada por muitas viaturas. Instantaneamente eu já fiquei nervosa, nós estávamos usando documentos falsos!
— É a Polícia Rodoviária Federal! — Alex disse me olhando e percebi que ele também estava nervoso.
— O que... o que a gente faz? — balbuciei tentando ficar calma.
— Vamos ter que seguir, se eu der meia volta eles vão desconfiar e vir atrás da gente. Isso deve ser comum por aqui, é fronteira entre dois países. Só vão ver nossos documentos.
— E se descobrirem que são falsos?! — perguntei apavorada de somente pensar nessa possibilidade.
— Não vão descobrir princesa, são muito bem-feitos. Relaxa, tenta ficar calma. Daqui a pouco a gente tá na Argentina.

Alex me olhou e piscou sorrindo de leve. Olhei pelo retrovisor e o carro preto continuava atrás do nosso.

Somente um lado da pista estava liberado e os carros passavam pela blitz um por um. O movimento estava tranquilo.

Quando foi chegando nossa vez, notei que o policial que falava com os motoristas segurava algo na mão, um papel. Me controlei o máximo possível para não sair correndo quando Alex parou o carro ao dele.
— Boa tarde. — meu irmão cumprimentou e eu mantive a cabeça abaixada, mas tentando ver alguma coisa pela visão periférica.
— Boa tarde. — o homem respondeu em uma voz grossa. — Pode tirar os óculos por favor, e você mocinha, olhe pra mim.

Meu coração disparou no peito me deixando quase sem ar e sufoquei a vontade de chorar! Se ele queria ver nossos rostos era porque tinha algo errado.

Levantei a cabeça e virei devagar na direção do policial enquanto Alex tirava os óculos.
— Documentos.

Alex pegou a carteira que estava no porta-luvas e eu peguei minha mochila no banco de trás.
— Vocês são irmãos? — o policial perguntou e minhas mãos tremeram.
— Não, ela é minha namorada. — Alex respondeu em uma voz surpreendentemente calma.

Entregamos os documentos e o policial olhou para eles, logo depois encarando nós dois.
— Encostem perto daquela viatura e liberem o tráfego, eu vou verificar uma coisa.

Meus olhos ficaram marejados, eu tava quase entrando em desespero já. Alex apertou a direção com força e olhei para ele. Meu irmão estava tenso olhando para a frente e percebi o que ele ia fazer.

Antes que eu dissesse ou fizesse algo para impedi-lo, Alexandre acelerou o carro para tentar fugir da blitz. Porém os policiais foram mais rápidos e apontaram as armas para nós. Eu gritei assustada e contive a vontade de sair correndo.
— Saiam do carro agora! Os dois! — o policial ordenou gritando. — Saiam com as mãos pra cima!
— Desculpe Ilsa... — Alex murmurou e abriu a porta saindo.

Eu fiz o mesmo e também saí levantando as mãos.

O policial jogou meu irmão de encontro ao carro com violência e eu corri para ajudá-lo.
— Não! Por favor, não façam isso!

Outro policial me segurou e eu me debati tentando me soltar.
— Não! Me solta! Não machuquem ele! Solta ele, por favor!

Alex foi algemado e pude ver o desespero em seus olhos.

O carro preto que nos seguia parou ao lado de uma viatura e três homens vestidos com ternos pretos desceram vindo em nossa direção. Um deles veio até onde eu estava e os outros dois foram falar com os policiais que seguravam meu irmão.
— Senhorita Ilsa? — ele me chamou e eu chorei mais ainda entendendo que estava tudo perdido.

As coisas passaram como um borrão em minha mente. Eu estava tão entorpecida que não conseguia discernir o que real e o que era alucinação. Fui carregada pelo segurança até o carro preto e não vi mais Alex.

Me sentia confusa e parecia que o mundo ao meu redor estava girando, uma náusea sufocante me tomou e o ar fugiu dos meus pulmões, logo em seguida não vi mais nada.

...

Acordei me sentindo meio zonza e notei que estava deitada em uma cama. Abri os olhos e pisquei várias vezes devido a claridade.

Sentei na cama devagar e olhei ao redor. Através da janela vi o sol tímido e imaginei que algumas horas tinham se passado desde que eu tinha desmaiado.

Estava em um quarto espaçoso, sobre uma cama de casal. A janela grande de portas duplas com as cortinas amarelas parcialmente fechadas ocupava toda uma parede lateral. Uma mesa pequena redonda acompanhada de duas cadeiras estava ao lado de uma porta fechada, aos pés da cama havia um sofá e de frente para esse sofá tinha uma mesinha de centro e duas poltronas. Na parede contrária à da janela tinha uma cômoda branca e ao lado do móvel ficava a porta para o banheiro que estava entreaberta.

Aquilo parecia ser um quarto de hotel. Em cima de uma das poltronas estava minha mochila, mas nem sinal dos pertences de Alex.

Levantei ainda meio zonza e caminhei até a porta que estava fechada. Tentei abri-la, mas estava trancada e como não vi a chave em lugar nenhum, alguém havia me trancado aqui dentro.

Fui ao banheiro lavar o rosto com água fria tentando me livrar daquela letargia. Desfiz a trança bagunçada dos meus cabelos e fiz um rabo de cavalo.

Minuto se passaram e ninguém apareceu. Bati na porta gritando por uma resposta, mas também nada aconteceu. Tentei abrir as portas duplas da janela, mas também estavam trancadas e sem a chave por perto. Vi algumas placas de prédios próximos e notei que ainda estávamos em Uruguaiana.

Senti fome e peguei alguns salgadinhos na minha mochila. Estava sentada na cama devorando o segundo pacote quando ouvi a chave girar na fechadura. Meu coração disparou no peito e me obriguei a continuar na mesma posição, fingindo uma calma que eu estava longe de sentir.

A porta foi aberta e o mesmo segurança que foi falar comigo na estrada apareceu.
— Não devia comer essas porcarias. — ele disse em uma voz gentil olhando com reprovação para os pacotes de salgadinhos.
— Eu estava com fome. — rebati fingindo tranquilidade.
— Podia ter esperado mais um pouco, vim buscá-la para lanchar.

Encarei o homem tentando decifrar algo em seu rosto inexpressivo.
— Por que eu estou aqui? E cadê o meu irmão?
— Você vai ter as respostas que quer, vamos?

Pensei em recusar, mas eu estaria apenas me comportando como uma menina birrenta. Por isso me levantei em silêncio e decidi ir com o homem.

Andamos pelo corredor do hotel e tentei encontrar algo que pudesse me ajudar. Pensei em sair correndo, tentar fugir, mas eu não sei da situação toda e também não faço ideia de onde Alex esteja, além de mim mesma estar em um lugar desconhecido.
— Ah propósito, eu me chamo Jonas. — ele disse virando-se para me encarar.
— Eu diria meu nome, mas você já sabe.

Jonas apenas me encarou em silêncio e virou-se continuando a andar.

Paramos em frente a uma porta igual a todas as outras e Jonas bateu duas vezes. Alguém lá dentro disse que podia entrar e ele abriu a porta.

A primeira coisa que eu vi foram os outros dois homens vestidos de preto que apareceram junto com Jonas. Ele me deu passagem e entrei observando tudo. Jonas fechou a porta e ficou parado em frente a ela.

O quarto era bem parecido com aquele em que eu estava, mas me parecia um pouco maior. As cortinas estavam recolhidas deixando a luz do sol banhar o quarto completamente. A mesa estava posta com pãezinhos doces, salgados e recheados, suco que julguei ser de laranja, dois bules de porcelana, dois tipos de bolo, um era nitidamente de chocolate, presunto, queijo e cupcakes enfeitados e coloridos.

Um homem de cabelos negros estava sentado à mesa de costas para mim.
— Sente-se senhorita Albuquerque. — ele disse indicando a outra cadeira com a mão.

Minhas pernas tremeram e fiz o que ele pediu. Um dos seguranças me ajudou a sentar e agradeci baixinho.

Encarei o homem à minha frente e fiquei surpresa. Os cabelos negros emolduravam um belo rosto com feições marcantes. Os olhos azuis eram intensos e me encaravam sem piscar. Ele tinha um sorriso debochado no canto da boca e apoiava uma das mãos com unhas bem-feitas no queixo.

Percebi que estava elegantemente vestido com um terno escuro e uma camisa branca com os primeiros botões abertos.
— Está com fome? — sua voz era suave, mansa, mas sempre com aquele tom de deboche. — Sirva-se.
— Quem é você? — perguntei me sentindo intimidade por aquele olhar que parecia ver meu interior.

Ele sorriu e bebeu um gole do que estava em sua xícara, poderia ser café ou chá.
— Acho que você já sabe quem eu sou, Ilsa.

O modo como ele pronunciou meu nome me deixou extremamente desconfortável. Parecia íntimo demais.
— Não, eu não sei. — tentei ser sincera, mas lá no fundo da mente um pensamento insistente começava a ser formar, mas eu não queria aceitá-lo.
— Assim você me desaponta ragazza.

O fato de ele ter me chamado de ragazza deu a confirmação que eu não queria ter.
— Eu sou Lorenzo Spinelli Fiore, seu noivo.

O sorriso felino de quem havia ganhado o jogo foi o bastante para me dar a certeza de que eu estava muito ferrada!

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