Vingança
Uma semana inteira se passou lentamente, entre estudos e aulas para Susan, e entre planejamentos de festa e fantasias para Adriel.
Ele detestava tudo aquilo, nunca pensou que dar uma festa era assim tão chato. Mas pelo visto, consistia em arrumar o local, decoração e mais um milhão de coisas.
Enquanto Adriel brincava de festa, Susan não descansou nem sequer um dia, sempre buscando evoluir na sua magia, e assim que chegava em casa se lançava na cama e desmoronava.
Seu corpo estava exausto, magia requer forças interiores e Susan no exato momento não tinha mais nenhuma, então decidiu faltar aula e ir descansar um pouco embaixo de uma árvore no parque próximo a sua casa.
Encostou suas costas na árvore e observou o fluxo de pessoas ali, a maior parte encarando-a. Susan nunca teve nenhuma amiga em Dempshire, parte disso porque detestava o fato de perder as pessoas uma hora ou outra, e outra parte por todos acharem estranho uma jovem órfã que possuía uma casa para morar.
Mas enquanto relaxava, Susan não fazia ideia dos olhos castanhos que a observavam como se ela fosse uma maravilhosa refeição.
Algumas vezes enquanto tentava se distrair, Susan se pegava pensando se realmente não era louca por querer matar um homem conhecido como o pior vampiro dos arredores. Entretanto, todas as vezes que queria desistir de sua vingança, a imagem dos pais retornava à sua mente, e enchia cada pedacinho da garota de um ódio jamais sentido.
O tempo estava bom, ventava forte, mas um pequeno sol passava por dentro das nuvens, trazendo um calor reconfortante para a garota. Ela lembrava como era bom brincar com os pais quando o tempo estava assim, e sabia que nada voltaria a ser como antes, e se não podia tê-los novamente, Adriel não poderia ter nada.
Com a quantidade absurda de esforço que Susan estava fazendo nos últimos anos, ela sentia que sua magia estava enfraquecendo, principalmente após treinar tanto.
Se não descansasse da magia, sabia que uma hora falharia, e isso não poderia acontecer, então ela encostou suas mãos na grama, tentando sentir alguma energia voltar para ela.
Ela tentou fechar os olhos e descansar, porém um pressentimento ruim tomou conta do seu corpo e ela logo os abriu novamente, olhando ao redor, e não vendo nada além de duas garotas que passavam na rua e comentavam sobre um baile.
Bem que ela gostaria de ser assim, uma vida fadada a sucesso social, ao invés de ter que lutar pela própria sobrevivência, dia após dias.
As duas jovens usavam vestidos lindos e armados, coisa que Susan detestava, pois impediam sua mobilidade. Seus cabelos estavam em coques perfeitamente alinhados, enquanto as madeixas negras dela estavam totalmente soltas e desgrenhadas.
Suspirou com a idiotice que pensava e, mesmo sem querer, prestou atenção na conversa das jovens, que a olhavam com desdém.
A sensação estranha persistiu incomodando Susan e ela decidiu olhar para o outro lado da rua, vendo que um homem moreno a encarava, e quando notou que tinha sido visto, ele deu um sorriso lateral diabólico, que em nada assustou a jovem.
Susan se levantou o mais rápido que pôde, mas ele já tinha ido embora, não dando nem sequer tempo de ela se aproximar. O infeliz estava sempre a muitos metros de distância dela.
Quando voltou para perto da sua árvore, as meninas ainda falavam sobre algum baile que teria no condado naquela semana. Seria na praça principal e durante a noite de sexta-feira.
— Nossa, esse baile vai ser tudo de bom! Fiquei sabendo que o milorde Adriel estará lá. Ele é definitivamente o homem mais lindo que já existiu. — As duas davam risadinhas enquanto Susan apenas franziu seu cenho, não poderia ser o mesmo Adriel, poderia?
Mas é claro que sim, o infeliz estava ali e provavelmente tinha hipnotizado as duas jovens. Ninguém diria que o homem era o mais lindo existente além dele mesmo, pelo menos era o que Susan acreditava.
— Infeliz convencido! — Resmungou a jovem, irritada com o homem.
As duas jovens a encararam como se ela fosse um extraterrestre, e ela teria revirado os olhos se não precisasse da ajuda delas para saber mais sobre a tal festa.
— Olá. Perdoem-me por estar falando sozinha, às vezes é meio solitária minha vida. — Brincou com um pouco de verdade, era mesmo solitária. — Podem me falar mais sobre esse baile?
— Ah... — A garota de mais ou menos um 1,60, corpo esguio e cabelos ruivos, começou a falar antes de sua amiga. — Bem, é um baile de máscaras que está sendo promovido por Adriel, um dos nobres mais desejados de Dempshire.
Nesse momento Susan teve certeza de que estavam enfeitiçadas, nunca ouviu falar de Adriel, muito menos achava que ele era um dos nobres mais desejados, não que o conhecesse bem para dizer se era um homem bonito ou não, mal conseguira o ver na distância que estava.
Susan se esforçava para manter interesse na conversa das garotas e até mesmo trocar algumas risadas com as jovens que suspiravam pelo homem.
Um plano se formou na cabeça da garota, o melhor que tivera em tantos anos.
Se ele queria a atrair para uma festa, ele conseguiu, mas não sabia o que o aguardava.
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