Seu beijo é perdição
Adriel a encarou intensamente, o olhar carregado de uma seriedade desconcertante.
— Precisamos sair daqui. — Ele falou com um tom baixo, quase inaudível, para garantir que ninguém mais ouvisse. A audição dos vampiros era incomparável, e Adriel sabia que qualquer palavra errada poderia ser fatal.
Susan arqueou as sobrancelhas, claramente desconfiada.
— O que te faz pensar que eu vou fugir com um vampiro que quer arrancar meu coração para sabe-se lá o quê? — Ela o desafiou, a boca curvada em um sorriso sarcástico, os olhos cheios de um misto de desdém e tensão.
Adriel revirou os olhos, sabendo que teria que ser firme com ela. Nada parecia ser fácil quando o assunto era Susan.
— Em primeiro lugar... porque eu ainda não arranquei seu coração. — Ele se levantou da cama, agora totalmente ereto, seus olhos fixos nos dela, o rosto mais sério do que nunca. Ele estava ali, imponente e inabalável, e ela precisava entender isso. Precisava saber quem estava no comando. — -Em segundo lugar, não estou te pedindo para fugir comigo. Eu estou te dizendo que você vai comigo. E ponto final.
O silêncio que os envolvia era sufocante, pesado como uma tempestade prestes a se desatar. Susan encarava Adriel, a raiva em seu olhar lutando contra algo mais profundo, mais complicado, que ela não queria admitir nem para si mesma. Quando abriu a boca, foi para atacá-lo com palavras, o único recurso que parecia ter naquele momento.
— Você não manda em mim, seu cafajeste desprezível! — A voz dela saiu cheia de desprezo, e antes que ele pudesse reagir, ela o atingiu no peito com um soco. Não satisfeita, iniciou uma sequência de golpes que não eram capazes de machucá-lo, mas que despertavam nele uma raiva que ele raramente experimentava.
Adriel segurou os braços dela com firmeza, mas com um controle surpreendente, segurando-se para não a ferir. A irritação fervia dentro dele, mas ao olhar para os olhos verdes de Susan, tão brilhantes e intensos, algo o desarmou. Aqueles olhos eram uma mistura de inocência e desafio, uma contradição que o deixava vulnerável, mesmo quando não queria.
Susan abriu os lábios, talvez para lançar outro insulto, mas a proximidade de Adriel a silenciou. O calor da respiração dele contra sua pele, combinado com a intensidade em seu olhar, a fez estremecer. Algo dentro dela reconhecia o perigo, mas também uma atração irresistível que ela não sabia explicar.
O coração de Susan batia alto, e o som rítmico pulsava nos ouvidos de Adriel, cada batida enfraquecendo ainda mais seu controle. Quando ela mordeu os próprios lábios, num gesto inconsciente, foi como se ela o tivesse convidado a cruzar uma linha que ele sabia ser perigosa demais.
Embriagado pelo cheiro dela, Adriel se inclinou, os lábios pairando sobre o pescoço de Susan, tão perto que podia sentir o calor pulsando por baixo da pele. Ele não a tocou, mas a tensão era quase insuportável, como uma corda prestes a se romper.
Antes que cometesse algo do qual se arrependeria, ele recuou ligeiramente e tomou uma decisão impulsiva. Empurrou Susan contra a parede com delicada firmeza, seu corpo bloqueando qualquer tentativa de fuga. Ele soltou os braços dela, e as mãos de Susan caíram ao lado do corpo, sem reação.
Ela não sabia o que esperar, mas seu corpo parecia antecipar algo que sua mente não conseguia negar. A respiração de Susan acelerou, e ela não fez nenhum movimento para se afastar. Pelo contrário, ela ficou ali, os olhos fixos nos dele, o peito subindo e descendo rapidamente, esperando qualquer ação.
Adriel não entendeu por que ela não resistia. Era teimosa, orgulhosa, sempre pronta para lutar, mas agora ela estava parada, como se estivesse entregue a ele. Aquilo o confundia e o irritava, mas também o atraía de uma forma que ele não conseguia controlar.
Ele se aproximou mais, os rostos tão próximos que suas respirações se misturavam. Quando seus lábios finalmente encontraram os dela, não houve delicadeza, não houve hesitação. O beijo foi feroz, carregado de uma intensidade quase violenta, como se ele quisesse arrancar dela todo o desafio, toda a resistência, e deixá-la completamente vulnerável.
Susan não teve tempo de processar o que estava acontecendo. O toque dos lábios de Adriel era avassalador, e mesmo que ela soubesse que deveria lutar contra aquilo, seu corpo não a obedecia. Suas mãos, que antes o golpeavam, agora se ergueram lentamente, de forma insegura, tocando os ombros dele, como se buscassem equilíbrio em meio à tempestade que ele havia desencadeado dentro dela.
Adriel não sabia quanto tempo aquele momento duraria, mas por agora, ele não se importava. Tudo o que importava era ela, seu cheiro, seu calor, sua presença. E, pela primeira vez em séculos, ele sentiu que estava verdadeiramente no paraíso.
Infelizmente, o momento durou menos que o esperado, pois Adriel ouviu passos caminhando até o quarto e foram separados pela voz irritante de Cristina na porta.
— Senhor Adriel? — Chamou a mulher, com um desdém visivelmente voltado para Susan.
Adriel se afastou com relutância, controlando-se para não resmungar. As bochechas de Susan coraram violentamente e sua respiração estava totalmente descompassada.
Ele quis sorrir da situação em que deixou a garota, mas ainda estava estressado por terem o atrapalhado.
— Sim?
— Eu trouxe o que você me pediu. E, a senhora Sierra também chegou. — Ela anunciou e fez uma reverência, saindo dali rapidamente.
O cérebro de Adriel retornou ao funcionamento normal e ele se lembrou que tinha pedido para Sierra o visitar. Ele precisava urgentemente de ajuda, e ela também era sua amiga.
Adriel já tinha Susan, agora só precisava saber como fazer para quebrar a maldição e poder finalmente morrer, mesmo não gostando nada da ideia de levá-la para o túmulo junto dele.
Ele sabe que tem que quebrar essa maldição logo, porque se ficar mais tempo na presença de Susan, claramente se tornará incapaz de matá-la e terá que conviver com a maldição... Para sempre.
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