Atração mortal
Aquilo tudo era culpa dele, ela estar sozinha, não ter pais, não ter vivido sua adolescência da maneira comum...
Os seus pensamentos despertaram um ataque de fúria nela, e a dor começou a correr Susan por dentro, e ela mal notou quando tudo aquilo se externalizou, formando uma nuvem preta sobre sua cabeça.
Susan sentiu vontade de quebrá-lo, gritar com ele até seus tímpanos estourarem, e enquanto isso, Adriel apenas a observava com interesse genuíno, seus olhos em uma tonalidade totalmente diferente do habitual.
Sem que Susan fizesse nenhum movimento, a força de sua ira fez com que as janelas do quarto se quebrassem em pequenos estilhaços, estourando vidros por todos os lados.
A reação de Adriel foi rápida e ele se colocou na frente de Susan antes que o vidro tocasse em sua pele, sendo ele o atingido. Alguns gemidos baixos escaparam da boca dele, diversos ferimentos ficaram em seu corpo, e mesmo percebendo que ele tinha preferido se machucar a deixar ela sofrer, Susan não conseguiu evitar um sorriso que brotou em seus lábios.
— Eu achava que estava lidando com uma bruxinha estressada, mas vejo que é bem pior, estou lidando com uma completa maluca suicida.
Adriel resmungou e, em um simples gesto, tirou Susan do chão, a pegando no colo e saindo de dentro do quarto, levando-a até um ambiente gigantesco, com dois sofás cinzas.
A garota não disse nada enquanto era carregada e foi colocada em cima do sofá. Ela olhou ao redor e notou que toda a casa é pintada em um tom escuro de cinza, isso deu calafrios nela. Na sala também tinha uma lareira feita em tijolo, que parecia nunca ter sido ligada.
Ele andou até seu quarto, buscando uma pinça e até mesmo pensou em retirar ele mesmo aqueles vidros de seu corpo, mas nada seria mais justo do que colocar Susan para fazer aquilo, não queria ser aproveitador, porém era necessário ensinar para aquela garota que tudo tem consequência.
Adriel caminhou de volta à sala, o som de seus passos ecoando como um aviso. Ele carregava uma pinça em uma mão, o rosto sério, mas os olhos carregavam algo indefinível – talvez irritação, talvez outra coisa que ele mesmo ainda não compreendia. Susan, sentada no sofá, mal percebeu sua aproximação, tão perdida estava em seus próprios pensamentos.
Quando ela notou sua presença, endireitou-se abruptamente, o coração disparando de forma quase dolorosa. Ele a deixava assim, se sentindo nervosa, pequena, como se ele pudesse enxergar através dela.
Sem dizer uma palavra, Adriel puxou a própria blusa rasgada e a jogou de lado, fazendo com que Susan arregalasse seus olhos por alguns segundos. O tecido caiu no chão com um som abafado, mas a atenção de Susan já estava totalmente presa aos cortes que marcavam seu torso, alguns ainda sangrando. Ela desviou o olhar rapidamente, tentando ignorar a presença imponente e o calor estranho que subia pelo seu rosto.
Ele deu mais um passo, parando bem à sua frente, e inclinou-se para segurar suas mãos. A pele fria dele contrastava com o calor que queimava nas palmas dela.
— Você vai tirar os cacos — disse ele, baixo, mas firme. — Um por um. E, antes que pense em fugir ou tentar algo estúpido, vou deixar claro: não vai funcionar. E, caso tente, há dez vampiros lá fora esperando o menor sinal para agir.
O tom era cortante, mas seu rosto parecia mais cansado do que ameaçador. Susan engoliu em seco, apenas assentindo. Qualquer resposta verbal parecia perigosa demais.
Com um gesto simples, Adriel quebrou as algemas que ainda prendiam os pulsos dela, como se fossem feitas de papel. Susan soltou um suspiro de alívio, mas logo arquejou de dor quando tentou mover os braços, uma pontada aguda a fazendo gritar.
— Ótimo — resmungou ele, esfregando as têmporas. — Depois disso, vamos dar um jeito nesse seu braço. Não aguento mais ouvir seus gritos. Você está praticamente me deixando surdo.
Ela estreitou os olhos, tentando ignorar o comentário sarcástico. Havia algo nele, um tom quase protetor escondido sob a frieza, que a desconcertava mais do que ela gostaria de admitir. Ainda assim, manteve-se quieta, decidindo que talvez sua melhor chance fosse seguir as ordens dele. Pelo menos por enquanto.
Susan deu de ombros, não se importando se o mataria de surdez, ou de qualquer outra coisa, a intenção principal era apenas tirar sua vida.
Adriel a deixava tão confusa que Susan teve vontade de arrancar a própria cabeça, na esperança de fazê-la funcionar novamente. Seus olhos, porém, traíam sua determinação. Sem conseguir evitar, deslizaram para o abdômen exposto do homem, absorvendo cada detalhe com uma mistura de fascínio e irritação consigo mesma. Um rubor profundo subiu ao seu rosto antes que ela pudesse contê-lo.
— Está gostando da visão, bruxinha? — A voz de Adriel cortou seus pensamentos, grave e perigosamente próxima.
Susan ergueu o olhar, esforçando-se para manter uma expressão impassível.
— Não. Está bem feio. — Rebateu, mentindo descaradamente.
Adriel riu, um som rouco que reverberou pelo ambiente.
— Então por que seu coração está disparando assim? — zombou, a satisfação evidente em seus olhos escuros.
Susan cerrou os dentes, decidida a não recuar.
— Porque eu tenho um. — E antes que ele pudesse responder, ela avançou, puxando um dos cacos de vidro preso em seu peito.
Adriel arfou, sua mão instintivamente cobrindo o ferimento. Ele fez uma careta, os olhos faiscando de irritação.
— Você é completamente louca! — rosnou, seu tom carregado de frustração.
Susan ergueu o queixo, desafiadora.
— E você é patético. Quanto tempo mais pretende me manter aqui?
Antes que ele pudesse responder, algo na sala mudou. A lareira apagada, esquecida no canto, de repente se acendeu em chamas vivas, lançando sombras oscilantes pelas paredes. Susan sequer percebeu o que havia feito, mas Adriel notou, os olhos estreitando levemente. Ele decidiu permanecer em silêncio, por ora, sobre o poder crescente dela.
Sem aviso, ele avançou novamente, os dedos frios envolvendo o pescoço delicado de Susan. Não era um aperto ameaçador, mas ela sentiu o peso daquele toque. O contraste entre o frio da pele dele e o calor que queimava dentro dela a deixava atordoada.
— Eu não sei, bruxinha. Talvez eu deva acabar com isso agora... Sugar cada gota de sangue do seu corpo. — A ameaça foi sussurrada em seu ouvido, mas o que a paralisou foi o toque inesperado de seus lábios no pescoço dela, leve como um sopro.
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