Capítulo 01
"Nós somos os campeões, meus amigos
E nós continuaremos lutando até o fim
Nós somos os campeões
Nós somos os campeões
Os perdedores não têm vez
Pois nós somos os campeões do mundo"
We Are The Champions – Queen
"E os vencedores do nosso 15º programa são..."
Os minutos se passaram, no entanto, eu ainda continuava completamente em choque. O anúncio dos campeões permanecia ecoando na minha cabeça e eu não conseguia acreditar que tínhamos sido nós, que éramos, de fato, uma banda.
Todos os outros competidores nos parabenizaram e eu, junto aos outros três vencedores, agradecemos. Em poucos minutos, nos encaminhamos para a saída do palco. Eu só conseguia sorrir, sem reação para tamanha felicidade.
— Cara, somos oficialmente uma banda, tem noção disso? — James questionava, passando um dos braços pelos meus ombros, a expressão de felicidade nítida em seu rosto.
Nenhum de nós tinha noção de como reagir. James falava com o máximo de pessoas que via, independente de quem fosse, se ele conhecia ou não. Liam e Scarlett conversavam animados, sorrindo e gesticulando, apesar de ela ainda parecer bastante nervosa.
Cada um sentia à sua maneira.
Depois de um tempo, os assistentes de palco nos levaram até uma sala, composta por uma grande mesa no centro rodeada por cadeiras. Algumas pessoas já estavam sentadas e se apresentaram como advogados tanto da produtora, quanto da banda. Nos sentamos, aguardando quem quer que fosse chegar, e acabamos por ficar em silêncio enquanto a tensão sobre o que aconteceria em seguida pairava sobre nós.
— Eles simplesmente vão nos deixar aqui esperando? — Scarlett perguntou para ninguém em especial.
Passei meus olhos por todos que estavam sentados no ambiente. Além de James, meu melhor amigo há algum tempo, conheci Liam e Scarlett durante o programa. Ele veio da Irlanda do Norte e ela, do País de Gales, ambos correndo atrás dos sonhos de se tornarem famosos, ganhando o programa e, depois disso, vivendo da música.
Durante o concurso, nos reunimos aos poucos. Primeiro, competíamos de modo individual, cada um de acordo com a habilidade musical que possuía, e, só então, éramos colocados juntos. Apesar de termos passado pelas provas finais como uma banda, só naquele momento nos sentíamos, de verdade, como uma.
Esta era uma noite em que sonhos estavam sendo realizados. Por mais que sempre pensássemos em tudo isso e, em especial, neste dia, ainda era chocante que ele estivesse acontecendo de verdade.
— Nos desculpem pela demora. — Ouvimos a voz antes de ver quem falava. Um homem alto, vestido de maneira formal e segurando pastas em suas mãos, entrou na sala com outro o seguindo. O primeiro sorriu ao se aproximar de onde estávamos, deixando a papelada que trazia consigo sobre o vidro e se sentando na cabeceira. Seus olhos passaram por cada um de nós antes de voltar a falar. — Boa noite! Meu nome é Daniel Palmer e esse é meu sócio, Tyler O'Connor. Nós somos da Lighthouse, a produtora responsável pelo programa, e estamos aqui para a assinatura do contrato de formação da banda, conforme anunciado como um dos prêmios da edição.
Daniel passou as pastas por cima da mesa, cada uma com uma cor e nomes diferentes no topo. Scarlett Harrison, vermelho. Liam Thompson, azul. James Hall, amarelo. Ryan Lewis, preto.
— Cada pasta contém o contrato escrito, com todas as informações sobre duração, regras, shows... — Tyler continuou, atraindo nossa atenção. — Vocês podem ler com calma, não se preocupem. Os advogados estão aqui para tirar dúvidas e corrigir qualquer possível erro.
Nós trocamos um olhar antes de voltar nossa atenção, de maneira integral, para a pasta à nossa frente. Era hora das coisas começarem a acontecer de verdade.
— Tudo certo, então? — perguntei, sendo o último a devolver o contrato assinado.
Tyler se levantou com os papéis, entregando-os para uma mulher que eu imaginava ser sua secretária. Daniel fez o mesmo que ele, abotoando outra vez o terno que usava e demonstrando estar animado.
— Agora, vamos deixar vocês à sós por um momento, porque precisam decidir mais uma coisa... — Fez uma pausa dramática, me deixando curioso e confuso ao mesmo tempo. — O nome da banda, claro.
Nós assentimos, nos dando conta de que este era um dos detalhes mais importantes e que tínhamos esquecido diante de tudo que estava acontecendo. Assim que os produtores saíram, nos olhamos, sem dizer uma palavra, tentando controlar as emoções para decidir com clareza.
— Como vamos fazer isso? — James foi o primeiro a expressar algo.
— Acho que precisa ser um nome com significado, com conceito. — Liam apontou e Scarlett o encarou, fazendo uma careta.
— Não somos uma banda indie, Liam.
Fiquei em silêncio, pensando em vez de falar. Geralmente, eu não calava a boca, porém sabia quando precisava tomar decisões sérias e não poderia brincar, nem gastar tempo com isso. Percebi James me encarando, entendendo que eu estava refletindo sobre o assunto, e o encarei de volta.
— Precisamos de algo que faça sentido para todos, que tenha conceito, como Liam disse. — Apoiei e ele sorriu para Scarlett, que revirou os olhos. — Mas também precisa ser simples, para que as pessoas lembrem e saibam quem nós somos. Uma marca forte.
— Tem que ser algo que sempre quisemos, que sempre sonhamos — James explicou, também pensando de maneira focada.
— Tem que ser tudo o que sempre sonhamos — concordei.
Ficamos em silêncio, voltando ao estágio um: pensar. James se levantou depois de cinco minutos, passando a andar de um lado para o outro. Liam encontrou uma bola de baseball em algum lugar e estava jogando-a para cima em um ritmo irritante. Scarlett só abaixou sua cabeça sobre a mesa, batendo as unhas no tampo de vidro.
— É óbvio — Liam murmurou de repente, virando-se para nós e deixando a bola cair em sua cabeça. — Ryan, me diga tudo o que você sempre quis.
— Viver da música — respondi, como se fosse óbvio. Tentava entender aonde o irlandes queria chegar.
— James? — Ele voltou sua atenção para meu melhor amigo.
— Ser um baterista de sucesso.
— Scarlett?
— Me tornar uma grande cantora.
Liam abriu os braços, nos encarando, achando que tivéssemos compreendido. Em seguida, bufou de frustração ao ver nossos rostos confusos.
— Vocês não entenderam? Tudo, tudo isso aqui é sobre o que nós sempre quisemos ser, fazer, viver. É sobre nós e nossos sonhos. Sobre tudo o que você sempre...
— Quis.
— Sonhou.
— Precisou.
Falamos ao mesmo tempo, olhando uns para os outros. Liam sorriu, fazendo uma reverência, como se tivéssemos acabado de agradecer pela incrível ideia que ele havia acabado de nos dar.
— O problema é que nós não podemos colocar Everything You Ever no nome da banda, é grande demais — James argumentou, voltando a se sentar na cadeira.
Sentei-me ao seu lado, analisando a opção. Liam e Scarlett também fizeram o mesmo. Levantei meu rosto, observando a cidade através da janela ao fundo da sala. A ideia surgiu como uma lâmpada acendendo sobre minha cabeça.
— Nós estamos em Londres — afirmei, percebendo que eles prestavam atenção em mim — Temos a London Eye como inspiração.
— Everything You Ever... — James murmurou, enfim entendendo. — EYE.
— EYE. — Assenti, sorrindo. — Agora, nós somos a EYE.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro